
E a primeira coisa que ele respondeu após a grande revelação da mensagem anterior, foi:
– E essa semana em vários momentos que vc não me respondia, vc estava com outro né?
– Não necessariamente, pois muitas vezes me ausento para fazer coisas particulares minhas tbm. Faço cursos, estudo, escrevo. Nada disso é mentira. E a forma correta de dizer não é “estava com outro” e sim “trabalhando”. Há uma grande diferença entre eu, na minha vida pessoal, e eu trabalhando. Sei muito bem delimitar uma coisa da outra. Nenhum cliente é meu “ficante” pra ser colocado dessa maneira. – Tentei tomar as rédeas da situação.
Daí ele me mandou um print da nossa própria conversa. Apagou logo em seguida, mas eu já tinha visto.
– Tá mandando um print da nossa conversa pra quem?
– Pro meu psicólogo. Preciso de um suporte.
– Ele atende de domingo à noite?
– Não. Ele não trabalha em hipótese alguma aos finais de semana. Mas quando mandei o primeiro print, ele me respondeu na hora. Quer conversar comigo mais tarde.
DaÍ ele voltou na minha última mensagem:
– Desculpe, eu não quis parecer presunçoso ou ofensivo. Apenas perguntei.
– Gostaria que você considerasse tudo que sentiu estando comigo e não me julgasse por essa informação nova que te trouxe. Já faz anos que passo por esse processo de me aceitar e não me colocar nesse lugar que a sociedade por si só já me coloca.
– Não será colocada. Não vou te julgar (te prometi isso). E não dá pra afetar o que senti no passado, baseado nessa informação.
– E você não sabia de nada disso?
– Não. Eu não sabia. Mas eu sou observador e algumas coisas não faziam sentido… rotinas… padrão de vida que vc leva… Então eu perguntei.
– Posso até ter sido “misteriosa”, como você trouxe em várias situações, mas em momento algum inventei qualquer história. Preferia não abrir nada, do que mentir sobre qualquer coisa. E como ainda estávamos nos conhecendo, era algo que eu ainda estava vendo uma forma de contar.
– Vc tem minha admiração e respeito por isso.
Ele não sabia.
Na verdade, suas perguntas a respeito da minha proximidade com a sexualidade, em parte foram por ele desconfiar de algo, mas também por ser muito safado (como vocês descobrirão daqui pra frente) e querer testar até que ponto eu era safada também, já que ele buscava alguém compatível.
*
Voltando agora para o nosso primeiro encontro, tem uma parte da história que deixei para contar somente agora. Quando estávamos no carro, quase chegando no restaurante, enquanto ele contava suas histórias e causos, por acaso (ou não), ele adentrou no assunto casa de swing.
Ele narrou uma aventura em que ele precisou se fingir de gay para ir na Hot Bar com um casal de amigos e outra mulher. Ele estava com esse casal e eles disseram que iam na Hot Bar. O Intenso ficou curioso para ir também, mas, naquela noite, em específico, só entravam casais e não singles. Daí esse casal teve a ideia de chamar uma outra amiga deles, que também tinha curiosidade em conhecer a Hot, mas para que não ficasse estranho “arranjar” ela com o Intenso, assim do nada, decidiram inventar que ele era gay, para que ela se sentisse mais confortável e a vontade de embarcar no rolê, sem qualquer obrigatoriedade de ficar com ele.
Nessa sua ida a Hot Bar, ele se divertiu muito, mas ficou impossibilitado de tentar se dar bem com a moça, pois precisava sustentar a mentira de ser gay, com medo de levar um tiro (ela era policial e estava portando duas armas kkkk).
Enfim, ele encerrou sua narrativa e fiquei esperando que ele perguntasse: “E você?”, mas ele silenciou e fiquei na dúvida, por uns dois segundos, se eu comentava ou não da minha experiência em casa de swing (uma que tive, não com clientes, mas com um ex contatinho que saí no passado), com receio dele me achar uma piranha. Decidi arriscar e soltei que também já tinha ido. Seus olhos brilharam e ele disse: “Espera a gente chegar no restaurante e você me conta tudo!!” Super empolgado para ouvir. Tempos depois, venho descobrir, que naquele momento eu estava sendo testada. E passei no teste – da safadeza.
Ao longo dos dias, descobri, em demasiadas conversas com o Intenso, que ele tem um repertório de putaria tão extenso quanto o meu, envolvendo casais, homens cuckold e mulheres ninfomaníacas, obsessivas, que ficam no pé dele depois, mesmo após o rompimento. Com o agravante de que ele, ao contrário de mim, não estava trabalhando, foram situações que desenrolaram organicamente. Impressionante não?!
Uma dessas histórias aconteceu com a dona de uma loja de alfaiataria dentro de um shopping, que ele era um cliente muito assíduo. Devido a sua frequência na loja, a dona lhe convidou para tomar um café, ali mesmo no shopping. Durante esse café, ele percebeu que ela usava aliança e a questionou se seu marido não se incomodaria dela estar ali com outro homem. Surpreendentemente, ela respondeu que seu marido já sabia que ela estaria ali com ele. O Intenso se espantou e pediu que ela explicasse melhor a situação. Ela então disse, que em um combinando com seu marido, cada um escolheria uma pessoa para sair. Ele já tinha aproveitado o seu “vale ninght” e agora era a vez dela de escolher alguém, sendo o Intenso, o escolhido. Resultado: por quase um ano ele saiu com esse casal, até viajaram juntos, sempre com o marido dessa mulher, a assistindo dando pra outro. A brincadeira só acabou porque ela se envolveu pelo Intenso e ele, em respeito ao casal (e por não sentir o mesmo por ela), não a correspondeu como ela gostaria, fazendo com que ela voltasse para o seu marido depois.
Uma outra situação intrigante foi uma mulher, também casada, que ele conheceu no balcão de um bar. Ele costumava sair sozinho e nessa noite ela também estava na caça, com a permissão de seu marido, que não estava presente, a deixando livre para interagir com outros homens, com a condição de lhe enviar fotos em tempo real, para que ele acompanhasse a aventura. Naquela mesma noite, eles foram para o motel. Resultado: Saíram 3x, em intervalos de 4 meses, com o marido dela recebendo as fotinhas a cada encontro.
Mas o pior são as histórias das ficantes taradas que apaixonam e ficam atrás dele depois. As mulheres se humilham tanto, ao ponto de mandarem textos gigantescos e falando sozinhas, como se ele estivesse sendo recíproco, quando, na verdade, a conversa imaginária só está na cabeça delas. Obcecadas ao ponto de dirigir por duas horas até a casa dele, sem nenhum aviso (e dar com a cara na porta), ou lhe enviar presentes em datas comemorativas, mesmo quando sequer mais estão se falando. No fundo eu até entendo elas – o pau dele é mesmo muito gostoso. (Quem está no meu Only já sabe.)
Diante de toda essa devassidade que ele me trouxe, em contrapartida, ele também lidava com a minha devassidão de ser uma mulher que trabalha com sexo. Casal perfeito.
O Intenso é um cuckold.
Continua…