“O Intenso” – Parte 7

O Lado B da História

Parte 1

Preparados para o maior plot twist da história?!

A primeira red flag ocorreu exatamente duas semanas depois que nos conhecemos. Numa noite de quinta-feira, por volta das 21h17, ele me chamou no whatsapp pra compartilhar como tinha sido sua sessão de terapia.

– E aí, como foi? Quer compartilhar?

– Sim. Você está ocupada?

– Agora podemos falar. – Respondi 40 minutos depois.

– Estava trabalhando?

– Não. Tô com visita em casa. – Respondi 14 minutos depois e ainda mandei a foto do meu amigo sentado no sofá.

– Outra hora a gente se fala. Boa noite. – Visivelmente aborrecido.

– Pq você tá fazendo isso?

– Eu te chamei faz mais de uma hora. Custava falar que estava com visita?

– Mas o Fulano é de casa, não tem problema não dar atenção pra ele. Só demorei pq tava distraída. Mas podemos falar sim, só tá rolando o desencontro de resposta.

– Não. Está rolando falta de atenção. Quando você estiver disponível pra dar atenção, aí a gente pode tentar conversar.

– Eu estou falando que estou disponível agora.

– Eu não queria falar com vc por palavras. Queria te ligar.

– Ele vai embora. Calma que vou me arrumar, pq já tava sem make rs.

– Eu estou indo dormir. Não se preocupe.

– Você ficou bravo?

– Faz duas horas que eu tô tentando falar com vc. Você não deu a mínima atenção. Nem pra falar que estava ocupada. Reveja suas mensagens. A mesma mulher que ontem falou pra mim que me daria todo o suporte.

*

Mas que suporte seria esse? Você deve estar se perguntando…

Preparados para uma GRANDE revelação?

Ao contrário do que pareceu em todas as outras partes já postadas, o Intenso não é cuckold. Na verdade, o que ele gosta é de participar. Ele curte o fato de eu transar com outros caras, desde que ele esteja presente, se divertindo junto. O que significa que ele nunca lidou bem com o meu trabalho. Ele tinha ciúmes, sentimento de posse e a minha liberdade e independência o incomodavam muito. Então eu tinha essa constante missão de fornecer um suporte emocional para as inseguranças dele.

Talvez pra você que está de fora seja óbvio a grande cilada que eu estava me metendo, mas quando você está por dentro da relação e muito envolvida pela pessoa, os sinais são interpretados como pequenos obstáculos, afinal, o amor nem sempre vem preparado, às vezes precisa ser lapidado.

*

– Entendo meu lindo. Vou te confessar que experimentamos aquele gummy e fiquei um pouco desnorteada. Entramos numas linhas de reflexões da vida, de modo que eu não conseguia me concentrar em algo externo. Não foi proposital, eu achei que te chamando eu conseguiria concentrar a brisa, mas um minuto que vc demorava parecia uma eternidade, e nisso eu me distraía de novo por aqui. Tudo isso pra dizer que não estou no meu normal, então não define que eu seja assim.

*

Essa tinha sido a primeira vez que comi uma bala de goma de maconha e quase passei mal de tão forte que bateu. Senti dificuldade pra respirar, tinha que puxar o ar com maior esforço, depois senti muito frio, e tudo isso sem transparecer para o meu amigo, preocupada em não estragar a brisa dele. E ainda tendo que lidar com a DR que se instaurava. 

*

– Não vou mendigar atenção. Quando vc estiver lúcida e entender que tinha uma pessoa do outro lado preocupado com vc, aí conversamos. Estou indo dormir.

Eu poderia tê-lo deixado ir dormir, acalmar os ânimos, mas quis mantê-lo na conversa e tentei reverter a situação:

– Não sei como te explicar o quanto esses momentos são importantes pra mim, pois é quando eu consigo me conectar com a minha sensibilidade. Pra mim, enquanto atriz, fazer isso me coloca num estado criativo que me traz insights de coisas que podem me ajudar no que eu preciso. Era nesse lugar que estávamos trocando, com um contando do seu insight pro outro. Eu tentei executar as duas tarefas e não desempenhei muito bem, peço desculpas. Eu realmente fiz um grande esforço pra conseguir me desconectar daqui e falar com você ao mesmo tempo, mas o meu espaço-tempo estava alterado. E aí, como foi na terapia?

– Era tão simples, era só ter avisado.

– Eu achei que conseguiria executar as duas tarefas normalmente. Sem necessidade de um aviso.

– Eu não quero conversar com vc em um estado que vc não está sendo você. O que eu tenho pra te falar é muito importante pra vc ler chapada. 

– Sou sempre eu em todos esses momentos, estou sempre em estado presente. E considerando que estou mais sensível, seria ainda mais intenso. 

– Se tem algo que vc não estava, era presente.

– Tô sentindo que do seu lado existe uma questão, e podemos conversar sobre isso depois.

– Sério mesmo que vc percebeu isso? Será que foi sua sensibilidade aflorada? A questão não é a brisa que vc está, é o fato de vc não ter dado a mínima importância nem pra avisar que estava com visitas. Assim eu não ficaria te mandando mensagens. É o tipo de comportamento que não condiz com as coisas que vc me falou ontem olhando em meus olhos. Esse comportamento bateu muito errado pra mim. Desculpe. Vc é uma pessoa incrível, e eu realmente desejo que encontre outra pessoa incrível como vc. Tenha certeza que a conexão que eu tive com vc, nunca irei me esquecer. Fique bem.

Ele estava terminando comigo porque não lhe dei atenção? Achei aquilo tão exagerado e bizarro!

– Entendo que pra você foi uma questão de etiqueta, o que realmente concordo. Não estou acostumada a esperar por uma mensagem. Fiquei desatenta. E lendo o restante da mensagem, quero acreditar que você não seja alguém que pega uma amostra e acredita que ele representa um todo. Deve estar cansado, falamos amanhã. Boa noite.

Resumindo, que não vou ficar aqui transcrevendo toda essa novela exaustiva, com muita dificuldade, após horas de conversa pelo WhatsApp, no dia seguinte, fomos nos entendendo, ou melhor, eu que fui me adaptando ao modus operandi dele.

Toda semana a gente brigava, sempre por assuntos relacionados ao meu trabalho. Mas quando estávamos juntos era tudo lindo, incrível e perfeito. Ele cozinhava pra mim, me levava para passear, jantar fora, viagens, o sexo era incrível, safado, carinhoso, ele era o homem perfeito… perfeito, se não tivesse esse lado B.

ACHISMOS

Na primeira semana de julho, quando saiu a minha participação no podcast do Maurício Meirelles, que inclusive, trago abaixo para quem ainda não viu essa preciosidade, a minha vida pessoal conflitava com a profissional visceralmente.

Só nos víamos aos finais de semana, mas durante os dias úteis ele sempre caçava algum motivo relacionado ao meu trabalho para brigarmos, fazendo com que eu ficasse tão perturbada, ao ponto de não conseguir trabalhar, produzir conteúdo, ou ficar feliz pela minha conquista de ter aparecido num podcast grande, de um comediante famoso, com o meu celular bombando de mensagens.

Fomos num show do James Blunt, em São Paulo, e ali eu tive um triste insight. Enquanto o cantor performava no palco e o Intenso me abraçava por trás, todo carinhoso, eu comecei a chorar, enquanto refletia sobre como era possível alguém estar feliz e infeliz ao mesmo tempo. Ele era tudo que eu pedi num homem, mas ao mesmo tempo ele detestava a Sara. Ou seja, ele odiava uma parte minha. Eu estava no auge da visibilidade e não podia externar essa minha alegria com ele, pois todas as vezes que eu compartilhava algo do meu trabalho, ele fechava a cara e o momento azedava. Mas porra, eu tava no canal do Maurício Meirelles!! Ele não podia ficar feliz por mim?!

Eu já previa que quando ele parasse para assistir o podcast, novamente brigaríamos, então pedi que tirasse um tempo para assistirmos juntos, afinal, eu estando presente seria melhor para contornar qualquer fala que ele não gostasse. Eu tinha gravado em 28 de abril e o conheci em 2 de maio, algumas falas tinham perdido a validade depois que me apaixonei por ele.

Daí, numa segunda, à noite, após termos passado um fim de semana maravilhoso juntos, lá foi ele repetir o seu padrão de caçar briga. Me mandou o link do vídeo no WhatsApp, demonstrando que ia começar a assistir naquele momento.

– Por iniciativa própria? – Questionei.

– Sim.

Daí, conforme ele foi assistindo, trazia algumas citações minhas na conversa.

– “Queria ter alguém que lidasse com isso pra que eu não parasse, eu quero ter as duas coisas”.

– Eu sabia que você ia falar desse trecho, rs. Queria ter as duas coisas pq é minha fonte de renda e não quero ser dependente de ngm. Lembre-se que eu vinha de um “casamento” que decidi sair por ficar falida. E não estava saindo com ngm pra estar apaixonada. 

Mas ele ignorou a minha justificativa e dali a pouco trouxe mais citações. E assim foi fazendo até que terminasse. E aí veio o silêncio. 

– Assistiu até o final? – Puxei assunto, em algum momento.

– Sim.

– Quer conversar sobre isso?

– Não estou certo disso. Não tenho muita coisa a dizer.

Dei uma insistida e aí ele soltou:

– Eu assisti a entrevista com duas visões. Uma sendo um espectador externo… como se não te conhecesse. E nessa visão, eu achei incrível. A forma como vc se portou. Toda elegante. Formidável mesmo… não poderia ter se saído melhor. Por outro lado, também olhei com as lentes de uma pessoa que pretendia ter um futuro a seu lado… e por essa lente, foi bem desanimador. 

Argumentei que na entrevista quem falava era a Sara, uma personagem, mas que na minha vida particular era com a ***** que ele deveria se preocupar, mas nada disso adiantou. 

– Algumas falas não é a profissional.

– Tipo quais?

– “Eu consigo envolver ele em uma atmosfera que ele vai acreditar que eu realmente gosto dele, e vários se apaixonaram”; – e ainda parafraseou uma outra do Maurício ou da psicóloga, falando de mim: – “Cada vez que ela faz, ela goza, e ela gosta”. Se eu não fosse seu ficante, com certeza seria seu fã.

– Eu acho interessante como quando te convém, você rebaixa o que nós temos. Então agora somos só ficantes?

– Que nome vc quer dar?

– Que nome estávamos dando, Fulano? O que tem demais nessas frases? Sim, eu envolvo o cliente numa atmosfera de fantasia. Te falei que os meus clientes são tranquilos, que gostam de conversar, me dar presentes, e eles fazem isso pq eles me imaginam como uma pessoa que realmente tem algum envolvimento que não seja o financeiro, pq eu atuo bem. Quem sai comigo não está buscando um buraco pra enfiar o pau. Ele quer alguém que saiba conversar, ouvir os problemas dele e demonstrar se importar com isso.

– Vc sabe que não precisa ficar me dando satisfação né?

– Precisar ninguém precisa de nada, mas quando um se importa com o outro e demonstra uma relevância pelo que está sendo construído, faz essas coisas.

– Vc tbm não me passa a segurança de um relacionamento sólido. Ainda mais quando fala.

– Quem estava falando era a Sara, não a ******.

– Então, foi incrível. Parabéns pelo seu trabalho.

– Você almoçou com a minha mãe ontem, fez altas declarações pra ela sobre o que sente por mim, pra no dia seguinte rebaixar o que temos a “ficantes” e dizer “alguém que *pretendia* ter um futuro com você”. – Reclamei. – Percebe que o que vc pega pra dizer que eu não te dou segurança de uma relação sólida, são falas minhas ditas quando ainda não nos conhecíamos? Já você me causa essa insegurança com falas suas do presente. O que é muito pior. Pq o que eu falei antes de você estar na minha vida, perdeu completamente a validade a partir do momento que me apaixonei por você. Já o que vc diz é atual, é válido, é no presente. E aí eu te pergunto: até o onde você realmente gosta de mim, se tudo é tão frágil pra você?

– A Sara tem o poder de quebrar toda a solidez que a gente tenta construir. Eu vou pra cama. 

– Não é a Sara que tem esse poder. É o seu ciúme e a sua insegurança.  A Sara só está fazendo o trabalho dela pra sobreviver. Foi graças a ela que pude sair da pobreza, conquistar uma moradia melhor pra mim e pra minha mãe. Inclusive foi graças a Sara que nos conhecemos, nossas vidas nunca se cruzariam se eu ainda morasse em Guarulhos. Nem sei o que seria da minha vida hoje, se eu não tivesse tomado esse caminho.

– Sim, concordo e respeito isso. Que bom que vc conseguiu tudo isso as custas da Sara. Vc tem mesmo que se orgulhar dela sim. Está cheia de razão. 

– Você provavelmente nem teria se interessado por mim se eu não tivesse toda essa bagagem. Antes de entrar nesse meio eu era cafona, menos inteligente e não tinha nada de requinte, sofisticação e elegância, que você tanto aprecia em mim hoje.

– Sim, possivelmente não. Aliás, eu tenho certeza que não. 

Daí ele voltou na questão que eu falava sobre ter dito tais falas no passado, quando ainda não o conhecia:

– Mesmo as coisas ditas no passado, ainda tem o poder de ecoar e ferir. Suas palavras irão ecoar pela eternidade, independente de com quem vc esteja. Suas entrevistas, seus textos…

– Palavras ditas no passado ecoam sim, mas também amadurecem com o tempo, assim como as pessoas que as disseram. Usar algo fora do seu tempo e contexto como argumento contra o que vivemos hoje é escolher olhar pro passado com mágoa, em vez de enxergar o presente com verdade. Eu não sou a mesma de antes e se você quiser caminhar comigo, vai precisar me ouvir com os ouvidos de agora, não com os ecos do que já passou.

– A Sara deixará um legado bom e ao mesmo tempo sombrio para a ******. São consequências das escolhas. Quantos clientes vc conquistou com essa entrevista?! (Não precisa responder, foi retórico.)

– A Sara terá sido uma personagem pública criada com coragem e propósito. Escolhi dar voz a uma realidade marginalizada, com a intenção de informar, empoderar e combater o preconceito. Se isso soa sombrio pra alguns, diz mais sobre o olhar de quem julga do que sobre as minhas escolhas. A ****** não é vítima desse legado, ela é autora dele.

– Tem toda razão. 

E ficamos 24h sem nos falar depois disso. 

No dia seguinte, à noite, eu acabei quebrando o silêncio:

– Por que você faz isso?

– Fazer o que exatamente? – Ele respondeu quase imediatamente, 7 min depois. 

– Ficar sem falar comigo.

– Eu simplesmente deixei de te encher o saco. Te deixei em paz.

– Eu não vejo isso como “me deixar em paz”, mas sim como me punir com silêncio. E isso pra mim não é sinal de amor, nem de maturidade emocional.

– Concordo em partes. Tenho muita maturidade emocional e não queria te punir com o silêncio, pq eu estaria punindo a mim mesmo. Olha, eu não vou mais conversar por mensagem ok?

– Quer falar em ligação?

– Se vc quiser falar, ok… mas por mensagem não vai rolar.

– E pq essa trava com trocas de mensagens, agora?

– Não é uma trava. Só quero evitar ruídos. Muitos ruídos ontem.

– Ok. Podemos falar agora?

– Tudo bem. 

A ligação durou 49 minutos. 

Nos entendemos e no dia seguinte ele estava todo amoroso, nem parecia que tinha rolado todo aquele estresse. Me chamava de amor, lindeza, todo feliz por naquele dia eu não ter cliente agendado, sabendo que a minha atenção seria toda pra ele. 

Mas essa paz durou pouco tempo. 

Ele percebeu que eu estava meio estranha.

E por que eu estava estranha, se tínhamos feito as pazes? Porque lá no fundo me incomodava a gente ter se entendido apenas por que EU fui atrás. E comecei a observar que sempre era assim. Sempre eu quebrando o silêncio e sendo a compreensiva com as inseguranças dele. Percebi também que por eu trabalhar com sexo, na visão dele, ele já estava fazendo muito em “me aceitar”, o eximindo de qualquer responsabilidade de reconciliação, mesmo quando ele que tinha sido um babaca. Ou seja, não importava o motivo, eu trabalhar com sexo já me deixava em desvantagem em qualquer discussão, na visão preconceituosa dele.

Imaginem o quanto era exaustivo tentar combater esse preconceito dentro do meu próprio relacionamento. Ele, mais do que ninguém, por me conhecer nos meus dois lados, que deveria ser o mais gentil com todo o contexto.

– Conversando com o Ricardo (meu Personal) hoje, sobre as nossas constantes brigas e etc, ele achou condizente me enviar um podcast que ele ouviu sobre casamento e tô ouvindo agora, enquanto faço as coisas aqui. Tô achando muito interessante, pois o casal entrevistado tbm brigava muito no começo. Vou te mandar, quando você tiver tranquilo, deixa tocando na sua casa, enquanto você faz suas coisas também:

– Então estava correto na minha percepção de você estar estranha. Blz… farei isso… Só é importante frisar o seguinte: nos meus relacionamentos anteriores eu NUNCA brigava… sou um cara MUITO MUITO tranquilo… eram raras as brigas… 

– Sim. Eu tbm não brigava nos meus anteriores, já mencionei isso com você, inclusive. E realmente você não é explosivo, nem nada, mas a sua frieza me preocupa as vezes.

– Minha frieza vem do meu afastamento quando eu fico chateado. Quando eu fico chateado, eu me afasto. No nosso caso é um cenário completamente diferente de outros casais comuns né. Temos que levar isso em consideração. Infelizmente não dá pra comparar nosso relacionamento com os demais.

– Brigas são brigas. Independente do motivo. Se está rolando desentendimentos é pq muitas coisas precisam ser trabalhadas na relação, independente se um dos lados trabalha com sexo ou é um caixa de supermercado.

– Sério que você encara dessa forma? É essa a comparação que você faz? Eu aceitar você trabalhar num caixa de mercado e aceitar vc transando com outros homens? Desculpe, não é assim. Só perguntar pro seu personal como ele se sentiria se fosse com ele.

– Ele disse que não conseguiria lidar, mas uma vez que tivesse aceitado, não se incomodaria com o que já foi acordado. 

– Talvez então eu não tenha aceitado isso, e nem consiga aceitar. É uma possibilidade também. Eu estou fazendo o possível pra conseguir aceitar. Se eu ver que não vou conseguir, e vou continuar te incomodando com isso, então terminamos. 

– Sua frieza me remete a desinteresse.

– Já observou como ficamos bem quando estamos juntos? Ali não há desinteresse, mas não é nada fácil pra mim. Me desgasta emocionalmente, me desgasta mentalmente e fisicamente. Eu tô passando por cima de muita coisa pra conseguir lidar com isso. Um olhar de quem está de fora, é muito fácil.

– O problema principal é o ciúmes. O que é muito contraditório, pq você tem tesão em me ver transando com outros homens.

– Já exploramos isso… uma coisa é eu estar com você, participando. Outra coisa é eu não estar. Veja suas falas no podcast… não tem como não sentir ciúmes. Não se sentir ameaçado. É natural. Mas eu vejo que vc está muito incomodada com essas brigas e obrigado por me trazer isso, principalmente antes de eu te apresentar para meus amigos. Mas entendo que você não é capaz de entender meu ciúmes e não o aceita também.

– Não estou incomodada, estou preocupada, sensibilizada. Pq ontem, apesar de termos nos entendido, ficou reverberando na minha cabeça algumas falas suas, quando eu te perguntei se você não ia me mandar mensagem e você disse que não, que ia ficar no silêncio pra sempre.

– Foi uma fala retórica. Você sabe que íamos conversar em algum momento. Eu disse que se acontecer de terminarmos, haverá um diálogo antes, não sou esse tipo de homem que simplesmente some, não vou te dar Ghosting. Da mesma forma que se em algum momento eu sentir que não tenho mais o suporte necessário do seu lado pra enfrentar isso, e me sentir sobrecarregado emocionalmente, eu vou chegar em vc e falar… e se for o caso, rompemos. 

– Não quero falas retóricas. Quero falas sinceras, com real sentimento. Sem joguinhos sentimentais. Você já sabe que eu sempre vou atrás e por isso se acomoda em demonstrar qualquer arrependimento quando brigamos.

– Vc sempre vem atrás pq em algumas vezes, a briga ocorre de seu lado… como os dias que vc deu crise de ciúmes também… E quando eu sei que vc sai pra trabalhar, eu fico me sentindo da mesma forma. Ou seja, que relacionamento é esse onde os dois ficam se sentindo mal? Era pra ser algo leve, feliz… É como se eu fosse feliz só às sextas, sábado e domingo, e o resto dos dias minha vida se torna um inferno. Também me dói quando vc minimiza o ciúme que eu sinto, pq eu gosto muito de você…. e você lida e defende seu trabalho, sempre minimizando o que estou sentindo.

– Mas desta vez a briga foi do seu lado. Você que foi atrás de assistir algo que claramente causaria algum conflito e quando me posicionei pra me defender, você me deixou de castigo como se eu fosse a errada. Sendo que ali foi apenas um conflito de valores, não tinha certo ou errado.

– Vc foi defender a Sara, enquanto eu estava machucado. Você não olhou para meu lado, não olhou para como eu estava me sentindo. Não me acolheu. Eu estava mal, machucado, chateado…E você ficou ali, me olhando sangrar no chão e defendendo aquela situação. Foi assim que me senti. – Um tanto dramático, não? – Talvez, devêssemos ter nos conhecido alguns anos pra frente, onde você não exerce mais esse trabalho e não surgiria esse tipo de briga. Seríamos o casal perfeito.

– Eu me ausento por no máximo duas horas. Duas. A primeira coisa que eu faço quando saio de um cliente é mandar msg pra você. Tudo que está ao meu alcance eu tô fazendo também. E seu ciúmes nem deveria ser um problema, meus clientes não te representam uma ameaça, você deveria confiar no meu sentimento por você.

– Não é por quanto tempo vc se ausenta, É  O QUE VC FAZ NESSAS DUAS HORAS. Como vc pode achar isso normal? Como vc pode achar que tem que ser normal um homem que te ame aceitar isso? É uma tortura psicológica sem tamanho. Eu não me sinto ameaçado por eles… a questão é o que vc faz. Vc sabe que sentiria ciúmes se me visse com outra mulher, fazendo o que eu faço com vc. Vc romantiza algo que não deve ser romantizado. Eu gosto de vc… e não é pouco não… mas definitivamente, não vou suportar ficar sentindo isso e quando sentir, ser tratado dessa forma por você… romantizando seu trabalho como se fosse algo “normal”, pq não é.

– Você disse “alguém que *pretendia* ter um futuro com você”. Jogou pro passado, logo, já não pretende mais. Também se referiu a nós como *ficantes*. Eu não vi um homem machucado nessas falas, vi alguém rebaixando o que tínhamos, como se eu não tivesse mais a mínima relevância pra você. Então me defendi. E foi isso que aconteceu.

– Vc entende isso? Entende que é muito dolorido pra mim pensar e saber exatamente o que vc está fazendo com outro homem? E não mesmo…vc não viu uma pessoa machucada, pq quando vc se sente atacada, vc chama a Sara pra te defender… e ela vem com unhas e dentes, sem olhar para o quanto o outro está machucado. E esse machucado é pq vc causou isso… eu não me machuquei sozinho… mas a Sara não olha pra isso, não aceita isso… acha que eu estou errado em me machucar… e isso me machuca mais ainda.

– Eu só gostaria de um pouco mais de resiliência do seu lado. Mais demonstração de afeto por mim, não só quando estamos juntos, mas tbm quando brigamos, vindo atrás, demonstrando interesse em continuar comigo. Você precisa parar de me atacar sempre que vc se sentir machucado. Pq quando você o fizer, é claro que vou me defender, pq ali eu não estarei vendo uma pessoa machucada e sim uma pessoa com raiva, me atacando. E eu não te causei esse machucado. Você foi atrás de ver o podcast por vontade própria. Estávamos bem, inclusive. Já tínhamos combinado de assistir juntos. Você furou o combinado e ainda ficou me atacando com citações minhas, sendo que aquilo foi gravado em 28 de abril, eu mesma te falei que tais falas tinham perdido a validade e você continuava me atacando, sem absorver as minhas explicações. Não sou saco de pancada.

– E vc continua sendo impositiva e na defensiva. Mesmo já tendo conversado a respeito. Eu tenho a impressão que depois da briga de ontem regredimos tudo que tínhamos avançado no relacionamento. Eu gostaria de um pouco mais de empatia do seu lado quando eu disser que estou mal pq vc saiu pra trabalhar.

– Eu já não faço isso? Mas veja que a nossa última briga não foi por eu ter ido atender, mas pq vc viu uma gravação de meses atrás e me atacou como se eu tivesse dito aquelas coisas ontem. 

– É natural. Já estávamos esperando uma reação negativa minha. Eu concordo e entendo que não devo me incomodar mais com coisas do passado. Nem com seus posts, nem com seus livros, nem com seus podcasts… Mas agora, pedir para eu não me incomodar com o fato de saber que você está na cama com outra pessoa, aí é pedir demais… É algo que eu ainda estou me adaptando, e estou tentando fazer de tudo pra minimizar o sofrimento que eu sinto. É um processo, e eu estou me esforçando muito pra conseguir suportar isso e aceitar. Então não me peça pra não ficar mal quando vc sai pra trabalhar.

– Eu nunca te pedi isso. Só estou pedindo pra não me atacar quando você tiver machucado.

– Trabalharei isso, ok?

– Pq esse tipo de atitude me machuca tbm e não estou te machucando de propósito.

– Se a gente continuar se machucando mutuamente, não vai fazer o menor sentido continuarmos juntos. Então eu prometo que do meu lado, vou olhar com mais atenção pra isso. Você não vai me ver mais falando do seu passado, ou reclamando de coisas que você disse ou escreveu no passado. 

– E o que mais eu poderia fazer, além do que já venho fazendo, que você gostaria e te passaria mais confiança?

– Esta é uma excelente pergunta.

– Não precisa me responder agora. Reflita com calma e se encontrar algo, compartilha comigo depois.

– Mas fica muito claro e muito nítido que ambos estão fazendo sacrifícios. Os dois estão assumindo riscos, eu do meu lado, você do seu lado… Como você mesma disse: está deixando de trabalhar três dias por semana, isso pode impactar na sua vida financeira… E do meu lado, entrei em um jogo muito perigoso psicologicamente… Um jogo que se der errado pode me destruir para sempre. Eu nunca mais serei o mesmo psicologicamente. – E mais uma dose de drama aqui.

– Estamos conversados então? Acho que foi boa essa conversa.

– Acredito que sim. Também acho. Fomos sinceros um com o outro, sem agressões verbais. Foi uma conversa madura, fora do calor da emoção.

*

Essa nossa conversa foi numa quarta-feira. No dia seguinte, na quinta à noite, eu fui para a casa dele, passarmos o fim de semana juntos. 

Sexta-feira, dia 1 de agosto, eu vivi o meu pior pesadelo. 

Duvido vocês adivinharem o que foi dessa vez! 

Palpitem nos comentários, quem acertar ganhará um presente!

47 comentários em ““O Intenso” – Parte 7

  1. Eita. Eita. Agora é esperar o final dessa história. Cara, tu viveu muitas vidas em uma, cada doideira e experiência, isso é muito legal.

    Fico imaginando quantas páginas no word deu esse texto. Trabalhou pesado.

    Ah, e muito legal de sua parte, vc disse que em torno de duas semanas escreveria a continuação e cumpriu. Botei foi fé 👏👏👏👏👏

    1. Sinto que vivi um ano em cinco meses.

      Esse post deu 12 páginas do word! Levei o dia inteiro escrevendo. 😮‍💨 obrigada por reconhecer o meu empenho! 🥲 A intenção era contar tudo de uma vez, mas quando vi que já tinha 12 páginas e ainda faltava bastante coisa, me dei conta que estava exausta e decidi dividir mais um pouco.

      Pretendo levar o mesmo tempo, ou menos, para postar a continuação! 🙂

  2. Foi difícil ler as mensagens dele, um tom de arrogância e superioridade. Lógico que você dentro da relação não notou fácil, e sinto muito por isso, mas tenho a mais absoluta certa que não importa a sua profissão, você poderia ser a virgem Maria, ele arrumaria outro jeito de te controlar, de te acusar de coisas erradas.
    Enfim, no aguardo para saber o resto.

  3. Confesso que foi difícil demais ler a parte dele, porque me vi em várias partes desse texto quando alguém estava me manipulando. Triste saber que ele terceirizava a própria culpa das próprias escolhas dele. Nenhuma escolha sua foi feita no presente, ao contrário das dele que foram feitas sabendo de toda sua história. É ridículo pensar que ele gostava do controle de dizer como, quando e onde você deveria transar e quando não tinha controle sobre isso, surtava. A relação dele TODA moldada no controle absoluto e rédeas da sua vida, mostrando isso em TODAS as interações. Na minha cabeça, não fazia sentido algum você levar esse relacionamento adiante.

    1. Não dá para justificar um comportamento preconceituoso, controlador e perigoso apenas com uma questão mental. Eu sei bem sobre borderline, e ele tá mais pra machista e misogino do que isso.

      1. de fato não da pra justificar logo de cara com uma questão mental.
        é que lendo o post me deu gatilho (rs) pois parece é um comportamento muito parecido com duas pessoas que conheço e que são diagnosticadas formalmente (por psiquiatras) como borderline: uma pessoa com quem já me relacionei no passado e uma pessoa bem próxima da minha familia.

  4. Nossa, fiquei vidrado lendo o desenrolar todo mas era de se esperar esse ciúme todo, principalmente no inicio de relacionamento. Lembro que vc já comentou que sua mãe não aceitou vc ser gp logo de cara e vcs brigaram mas hoje em dia ela aceita. Acho que se a pessoa realmente gosta de vc ela vai voltar atras e te aceitar do jeito que vc é. O que me deixou desconfiado foi esse não ser o post “Final” pois depois desse drama todo certamente vcs teriam terminado e fim de historia, mas se tem mais uma parte por vir então prevejo mais um plot twist mas dessa vez um plot twist feliz ou será que estou vendo filmes de romance demais ?

    1. Não é de se esperar esse tipo de ciúmes em nenhum relacionamento, inclusive a Sara foi bem certeira em dizer Red Flag. Aconselho parar um pouco os filmes românticos haha

    2. É horrível vc ter um relacionamento com uma pessoa assim, Sara. Eu já tive um relacionamento com uma mulher manipuladora, e, no caso dela usava a religião como arma. Chegou uma hora que tomei as rédeas da minha vida de volta e mandei ela ir..”em direção ao infinito”..rs! Como ele é manipulador, acredito que ele deve ter sido “não tão fiel” como cobrava de você. Essa é a minha aposta

  5. Concordo com a Mari e “um Cara”. Nenhuma profissão taparia este buraco e o Intenso é borderline.

    Sempre que estamos confusas é interessante imaginar o oposto. Imagine o qual brava VOCÊ teria de estar para usar as palavras que ele usou com vc.

    “Poderíamos ter tido algo”
    “Voltamos para trás “
    “Você me deixou sangrar no chão”

    E como vc muito bem argumentou, ele briga usando o passado do qual não temos controle e te machuca em troca de forma proposital.

    Ele se sentir no direito de sentir que vc deve algo a ele sobre o passado é uma desculpa para te acorrentar a ser passiva.

    Eu não sou acompanhante, eu tive menos parceiros que uma mão, e mesmo assim, já ouvi cara procurando coisas para me fazer sentir culpada, o que reforça o comentário da Mari.

    Eu jamais iria cobrar meu marido de algo feito antes de me conhecer e vc também não. Pq somos pessoas normais, já ele tá seguindo a cartilha “como fazer a sua mulher ser submissa “.

    1. Concordo totalmente com a sua leitura. Ele realmente usa o passado como arma emocional, uma forma de manipulação sutil, disfarçada de sensibilidade. E isso acaba me prendendo numa culpa que nem é minha.

      Faz muito sentido o que você disse sobre ele seguir uma “cartilha” de submissão. É exatamente isso: ele inverte os papéis, faz parecer que é o ferido, mas o objetivo é me desestabilizar e recuperar o controle. Nenhuma relação saudável se sustenta em cima dessa dinâmica.

      E o paralelo com a fala da Mari também é perfeito, não tem profissão, beleza ou intensidade que preencha o buraco emocional de alguém que ainda não se trabalhou.

  6. O “Intenso” não é intenso, é fraco. Se esconde atrás de drama e ciúmes porque não tem estrutura emocional pra sustentar uma relação adulta. Vive cobrando suporte, mas nunca oferece de verdade. Se diz maduro, mas age como adolescente inseguro. No fundo, não passa de um homem pequeno tentando diminuir uma mulher grande demais pra ele!

  7. Que difícil ler isso, Sara!
    Você tentando e sendo compreensiva e ele num drama/manipulação terrível.

    Quando reparo no período de tempo e nas datas vejo mais sentido no título haha Na real, vocês dois foram bem intensos e rápidos.
    Não que isso seja ruim, nem de longe, mas coisas intensas são as que mais ferem.

    Estou muito ansiosa para a próxima parte e chuto que o que aconteceu foi você estar com ele e trombar com um cliente. Cheguei perto?

    1. Essa é só a ponta do iceberg Amanda.

      Mas você tem toda razão, quanto mais intenso, mais fere, por isso é difícil se libertar, pq as partes boas são tão proporcionais quanto as ruins, até que as ruins supere…

      Também estou ansiosa pra trazer todo o babado que aconteceu! Essa semana mesmo já devo soltar a continuação, meus dedos estão coçando!!

  8. Sara posso estar errada, mas me parece que você também acredita no fundo que ele “está te fazendo um favor” aceitando sua profissão. E me parece que ele sempre irá usar isso para te manipular. Não sou acompanhante mas já me fizeram muitas vezes acreditar nisso também. Você é uma mulher linda, elegante e inteligente e não é um favor que ele te faz. Você merece alguém que te ame por completo e não alguém que te manipule, e é muito contraditório ele gostar de te ver com outros mas só na frente dele, me parece alguém extremamente controlador.

  9. Aguentou muito e ainda ficou calada… Vi muitos comentários teorizando e sendo reflexivos. Eu só consigo pensar que porre de cara. Não sou a dona dos segredos do universo, mas homem nao sente como mulheres eles nao sao sentimentais como nós, se você ver um cara fazendo muito drama, principalmente por mensagem, 99% das vezes ele nao está sendo sentimental, ele está tentando te manipular. Meu palpite do que ele fez: procurou algum cliente seu ou te atrapalhou em atendimentos

    1. Concordo que eu aguentei muito, mas não fiquei calada não, amiga! Sempre busquei me impor, na medida do possível, por isso tantas brigas, pois ele detestava quando eu me defendia.

      Quanto ao homem ser dramático nas mensagens, acho que concordo com você, tendo a visão do todo que tenho hoje, também não acho que era sentimentalismo e sim manipulação.

      Sobre o palpite, indiretamente me atrapalhou nos atendimentos sim, mas ainda não é isso não!

  10. Pior pesadelo: Ele te seguiu (talvez escondido) em um atendimento?
    Em relacao ao podcast, fiquei curioso quanto a voce dizer que os clientes bonitos sao mais raros. Poderia elaborar mais? De cada 10 clientes, quantos seriam bonitos, feios, mais ou menos?

  11. O “pior pesadelo” de uma tia minha que namorava com um cara desse jeito, foi após mais uma das 300 brigas sem sentido, em um encontro que era de “reconciliação”, teve o celular destruido na parede, ganhou um olho roxo e um braço quebrado.

  12. Poxa, sinto empatia por ambos, já estive em uma situação a onde perdi o amor pelo excesso de ciúmes, nunca acaba bem.
    Pelo andar da carruagem o relacionamento veio a terminar, é uma pena.

    Seu maior medo = ter vida/dados pessoais expostos.

  13. Desculpa a sinceridade: não consigo entender como alguém tão experiente em um assunto correlacionado pode ser tão ingênua em outro.

    Será que você já não se auto se sabota no momento da escolha do par? Não se acha digna de alguém diferente.

    Sempre são os arrogantes e manipuladores. Já tentou alguma vez alguém com perfil diferente?

  14. Olha, palpitar é fácil, né? Só vivendo e estando na situação para saber. Porém, qualquer que seja o relacionamento tem que haver confiança. Esse sentimento de ciúmes constante não vai mudar. É algo muito forte e vai além do que ele pode possivelmente controlar.
    Dito isso, fica difícil continuar, infelizmente. Por mais que seus finais de semana sejam maravilhosos.

    1. Criativa! Uma vez ele propôs de sair com uma GP e fazer com ela o mesmo que os meus clientes faziam comigo (levar pra jantar, comprar presente e etc), mas não concordei. Então não, ainda não foi isso! Rs.

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