
O Grande Mentiroso
– Bruxaaaaaaaa!!
– Eu bruxa? Como assim? Kkkkk.
– Amiga, já reparei isso em você. Com certeza você é! – Dizia meu amigo, Denis, cheio de convicção, enquanto eu narrava mais uma das presepadas do Intenso.
E de tanto ele falar, comecei a achar que talvez eu fosse mesmo, já que as verdades caíam no meu colo feito mágica, como um presente do universo, me dizendo: “Ei, acorda pra vida! Desperte desse feitiço, quem enfeitiça aqui é você!”
Por mais que a sua manipulação estivesse evidente, eu permanecia cega de amor, muito apaixonada, porém, mesmo “cega”, houve situações em que esse véu sofreu singelos rasgos.
A primeira situação ocorreu aquela vez, quando descobri ele conversando com a tal Maristela, narrado na Parte 8. A segunda, enquanto ele dormia ao meu lado, na minha cama, numa tarde de domingo.
SEGUNDA MENTIRA
Seu celular apitou de mensagem. Bati o olho na tela para ver se era algo de trabalho, já que para alguns clientes ele precisava estar sempre online, independente do dia ou horário. Então se fosse algum nome de empresa, eu o acordaria.
Apareceu na tela o nome: “Dr. Rafael”. Pensei: “Nossa será que ele tá com algum problema de saúde? Por que um médico entraria em contato em pleno domingo à tarde?” Lembrando que eu ainda tinha a senha do celular dele, mas não vi aquela notificação como uma ameaça, só fiquei curiosa para perguntar depois, se ele estava com algum problema médico ou planejando fazer algum procedimento. – Ele vivia falando sobre aumentar o tamanho do pênis (que já era grande), ou deixar o pau com uma consistência mais rígida (que eu também falei que não precisava, pois pau duro igual pedra machuca, gostava que o dele tivesse uma consistência mais macia), ou até mesmo fazer a cirurgia para remoção daquela pele. Me passou pela cabeça que a mensagem pudesse ter alguma relação com coisas desse tipo.
Nesse dia ele estava muito dorminhoco, dormiu praticamente o dia inteiro, teve uma hora que até preparei um café da manhã, no intuito de despertá-lo de uma forma gentil, que ele rudemente recusou e voltou a dormir. Achei bem grosseiro, na verdade. Tomei meu café da manhã sozinha e depois voltei a deitar com ele, também sou dorminhoca e de buchinho cheio bateu aquele soninho novamente.
Mais tarde, quando ele começou a despertar, transamos, e ali, naquele momento de descontração pós sexo, lembrei da tal notificação.
– Quem é Dr. Rafael? – Perguntei despretensiosamente, apenas curiosa.
– Como assim?
– Um tal de Dr. Rafael te mandou mensagem. Quem é?
– Você mexeu no meu celular?
– Não mexi, só vi a notificação na tela e agora estou te perguntando.
– Você mexeu no meu celular! – Em tom acusador e ali meu alerta acendeu.
Diante da resistência dele em responder uma pergunta simples, a resposta já não me supriria mais, agora eu queria ver a mensagem com os meus próprios olhos!
– Quero ver a mensagem que ele te mandou! – Exigi.
– Você já viu no meu celular! – Novamente me acusando, não atribuindo a minha desconfiança a sua própria postura, que levantava suspeitas.
Aquela coisa né, quem não deve, não teme. Ele temia, porque devia.
– Eu já falei que não mexi! Você acha que se eu tivesse mexido teria essa frieza de preparar o café da manhã e ainda transar com você?! O que é que tem essa pessoa?!
Comecei a me alterar também, pois a relutância dele em responder uma simples pergunta, me confirmava que alguma coisa tinha!
Quando eu li a mensagem…
Gente…
Sério…
… mais uma vez ele conseguiu me surpreender!
Era um textão, não me recordo de tudo que estava escrito, só lembro das partes mais marcantes:
“Espero não estar sendo inconveniente…” “Penso muito naquela noite, no seu apartamento…” “Fico lembrando do seu gemido…” “Toda vez que estou com uma mulher de quatro, fico imaginando que é você…”
C A R A L H O
Que mensagem homossexual era aquela?!
– Que porra é essa?! – Perguntei e na mesma hora ele tomou o celular da minha mão.
– Que mensagem é essa?! – Repeti a pergunta, enquanto ele continuava mudo, provavelmente tentando estruturar qual mentira me contaria.
– Anda, responde!! – Eu não queria dar tempo pra ele pensar em nada, mas continuava calado, com seu cérebro fritando em busca de uma rápida justificativa plausível.
Daí ele se fez de ofendido com a minha pergunta e se levantou da cama, com movimentos rápidos, começando a arrumar suas coisas para ir embora. Uma estratégia astuta para tirar o foco da minha pergunta, enquanto ele ganhava tempo para pensar em algo. Quando ele estava prestes a sair pela porta, fiz uma última inquisição:
– Sério que você prefere ir embora do que me contar a verdade?
– Você não está me deixando falar.
Oi??? Como eu não estava o deixando falar, se justamente lhe exigia uma resposta?! Até nisso ele manipulava!
– Só está me pressionando, toda julgadora.
– Te pressionando? Eu só quero a verdade!
– A gente fez um ménage com outra mulher.
– Não, isso não tá com cara de ménage, e sim algo só entre vocês dois!
– Tá vendo? Você não quer ouvir o que eu tenho a dizer. Já está fazendo conjecturas a meu respeito.
– Não estou fazendo conjecturas, estou trabalhando com as provas que tenho, vamos reler a mensagem juntos?
– Mas não era, tinha uma mulher junto.
– Ele disse que ficou pensando no seu gemido!
– Você sabe os barulhos que eu faço quando tô gozando, ele tá se referindo a isso.
– E ele disse que foi no seu apartamento! Você me disse que nunca levou nenhum rolinho pra dentro da sua casa!
– Era o apartamento do Ciclano. – Mentindo sobre a época em que ele morou de favor com aquele casal que eu conheci, quando ele se mudou pra Campinas, sem muitos recursos.
Na hora até engoli essa história de não ter sido no apartamento dele, mas em outro conflito futuro, me dei conta que era mentira, pois ele era polido demais pra fazer esse tipo de baguncinha no apartamento de outra pessoa. E futuramente ele confessou que tinha mentido nessa parte mesmo (não só nessa, né meus amores?), por não querer piorar a situação naquele momento.
*
Sempre que ele mentia pra mim, outras situações linkavam na minha cabeça, como quando uma vez ele me disse que sua diarista tinha falado “A ‘Maria’ veio aqui no fim de semana, né?”, quando ela “achou” uma xuxinha minha, sendo que semanas depois, quando calhou de eu conhecê-la, – numa noite em que ela precisou me receber por ele estar no barbeiro -, conversando com ela, me dei conta que até aquele momento ela sequer sabia da minha existência, logo, como ela poderia ter comentado com ele, sobre a minha xuxinha perdida?
– Mas não fala pra ele não, por favor. – Ela me pediu discrição, ao constatarmos juntas a mentira.
– Claro, fique tranquila.
Tinha sido uma mentirinha boba, que naquele momento interpretei como uma tentativa de me dar uma certa importância, me fazendo sentir mais especial, quando agora, diante dos novos fatos, vejo como tinha sido só mais uma de suas manipulações perversas.
*
Mas voltando a história do Dr. Rafael, segundo o que me contou, era um ‘conhecido’ que fez ménage uma única vez, e que sempre esse Dr. lhe enviava mensagem tentando ajeitar outro ménage com mulheres do seu trabalho.
– Onde vocês se conheceram?
– No sexlog. – Para quem não sabe, é um site/rede social de putaria, onde pessoas se conectam para viver “aventuras sexuais”. – Conheci esse Rafael através de lá, fizemos amizade e aí ele ajeitou esse ménage pra gente. Mas eu percebi um comportamento dele estranho comigo, por isso mesmo que não saímos mais e ele tá sempre insistindo.
– Quando foi isso?
– Sete anos atrás.
Nesse momento eu ri. Ele realmente subestimava a minha inteligência.
– Para vai, ele não ia tá no seu pé até hoje de algo que aconteceu sete anos atrás!
– Mas foi isso mesmo!
– Deixa eu ver uma coisa no seu celular.
Ele me passou o aparelho, voltei na conversa deles e voltei até o início. Aquilo tinha se iniciado em 2024.
– Ué cadê as conversas de 7 anos atrás?
– Eu apaguei né, não era uma pessoa que eu tinha interesse de ficar mantendo a conversa. – Manter a conversa ou provas contra si mesmo?
Comecei a ler tudo desde o ano passado e algumas coisas encaixaram com o que ele disse. Esse Dr. Rafael sempre tentava um novo encontro, falando de alguma enfermeira gostosa que tinha entrado no seu trabalho e muitas vezes até cobrando uma atenção do Intenso, com frases como: “Dá uma atenção pro seu amigo aqui” ou “Você anda muito ocupado hein”. Fora as várias mensagens em que ficou no vácuo ou respondido de forma genérica, sem muita empolgação por parte do Intenso.
– Porque você ainda mantém contato com ele, se não é uma pessoa que vc gostaria de sair de novo?
– Só porque ele é médico, vai que em algum momento eu precise de alguma coisa dele?
Enfim, eu acreditei nele. Acreditei desconfiando, algumas justificativas batiam com o que vi nas mensagens, mas é claro que achei estranho alguém insistir tanto em algo que tinha acontecido tantos anos atrás, duvidava que aquilo estivesse tão no passado assim. Mas relevei, se ele mentia sobre o tempo, imaginei que fosse por sentir alguma vergonha e apesar dos seus traços bissexuais que, aos poucos, foi me trazendo, eu tinha mais ciúmes de mulher do que de homem. Percebi que não me senti tão mal como quando descobri dele conversando com aquela menina, ou também eu que já estivesse ficando mais calejada.
– Eu quero que você bloqueei esse cara e apague o contato dele. – Ordenei.
– Farei agora mesmo.
– Mas antes quero que você responda, dizendo que foi inconveniente sim, pois A SUA NAMORADA viu e não gostou.
Ele fez na minha frente, sem pestanejar. Disse ao cara que eu tinha visto, que interpretei da pior maneira possível, não entendendo que tinha uma mulher com eles e pediu para nunca mais ser incomodado. O tal Dr. só respondeu com “desculpe”, e na sequência já foi bloqueado e deletado.
Hoje me arrependo um pouco dessa postura, poderia tê-lo feito levar a conversa adiante, pra ver o que mais eu descobriria daquela noite deles, mas na hora nem me ocorreu seguir por essa linha investigativa, eu só queria cortar o mal pela raiz.
O Intenso ficou extremamente sem graça pelo ocorrido, me pedindo desculpas pelo desenrolar da situação, mas procurei tranquilizá-lo, dizendo que estava tudo bem, afinal, se eu tinha escolhido acreditar na história dele, não tinha porque continuar naquele clima.
TERCEIRA MENTIRA
Agora corta para a terceira situação, novamente envolvendo um homem, não sei quantos dias, semanas ou meses depois.
Estávamos na sua casa, finalizando um jantar fitness com muita salada, que ele gostosamente preparou pra gente, quando entrou no assunto sobre como era bom ter essas liberdades comigo, de ser quem ele era (bissexual), sem máscaras, trazendo até meus clientes como exemplo, sobre eles não terem essa cumplicidade com suas esposas e por isso buscarem os meus serviços.
Daí trouxe também como exemplo um outro ‘amigo’, um tal de Marcelo – outra amizade advinda do sexlog – que por acaso ele estava combinando de tomar um café, para finalmente se conhecerem, na sexta-feira daquela próxima semana, em que ele estaria na minha casa e iria aproveitar enquanto eu estivesse na faculdade, pela manhã, para encontrar esse tal amigo. Cujo encontro ele já tinha pedido a minha autorização, me trazendo seu interesse de “pura amizade”. Quando ele tocou no nome desse Marcelo, minha bruxaria foi ativada e lembrei de uma vez que ele me contou de um cara que era anestesista no Einstein, que ele desconfiava curtir homens, por já ter dado em cima dele.
– Esse não é aquele cara que você me falou uma vez, que dava em cima de você?
– Não lembro de ter te falado isso. Acho que não.
– Deixa eu ver o Instagram dele.
Comecei a zapear as fotos e me recordei com mais clareza, pois esse cara tinha uma foto com seu filho, este de cabelo verde, e aquele cabelo verde da criança foi bem marcante pra mim.
– É ele mesmo! Lembro desse cabelo verde! Você tinha me falado que ele ficava tentando te chamar pra tomar um café, sempre que você estava em São Paulo, e que você desconfiava dele ser bi.
O Intenso continuou se fazendo de sonso, o que imediatamente fez o meu alerta disparar mais uma vez!
Fui para as conversas deles na DM e só tinha uma interação recente no story. Ou seja, ele tinha apagado as conversas anteriores e se apagou era pra esconder algo!
– Vocês conversam pelo WhatsApp? – Questionei.
– Não, nem tenho ele no WhatsApp.
– Deixa eu ver. – Nisso ele já tomou o celular da minha mão novamente.
– Entra nas conversas do WhatsApp e busca pelo nome dele. – Exigi, já em pé do lado dele.
Ele o fez, repetindo que não tinha ele no WhatsApp. Quando escreveu “Marcelo”, apareceram alguns, mas fui certeira em um que estava muito com cara de fake, “Marcelo SP” e a foto de um pôr do sol.
– Clica nesse pra eu ver.
Batata! Era o dito cujo. Comecei a ler e conforme eu me exaltava com o que lia, o Intenso novamente tomou o celular da minha mão, não me deixando continuar investigando.
– POR QUE VOCÊ MENTE PRA MIM?! – Comecei a chorar de desgosto.
Outra mentira.
Outra decepção.
– Não estou mentindo.
– PARA DE ME TRATAR COMO IDIOTA! Está tudo aí, você sabe que tá!! QUERO QUE ME RESPONDA POR QUE VOCÊ MENTE PRA MIM?!
Fiquei repetindo inúmeras vezes essa pergunta, sem nenhuma resposta. Ele se comportou igual quando eu li as conversas do Dr. Rafael: se calou, igual um réu que fica em silêncio pois qualquer coisa dita pode e será usado contra ele.
Cara, eu era tão de boa com a bissexualidade dele, falávamos putaria durante o sexo, envolvendo outros caras, já combinávamos sobre fazer ménage com um outro amigo dele, já tínhamos feito brincadeiras com o cu dele, não tinha razões para esconder algo de mim. Quando rolou aquele lance com a Maristela, ainda perguntei se ele queria abrir a relação, e ele reforçou que não, que se completava com uma pessoa só, que tinha sido uma situação isolada. Por que mentia, então?!
– POR QUE VOCÊ MENTE PRA MIM?! – Repetia completamente histérica.
– Não vou te responder enquanto você estiver nesse estado alterada.
– EU SÓ VOU ME ACALMAR QUANDO VOCÊ ME RESPONDER! POR QUE FICOU SE FAZENDO DE DESENTENDIDO, FINGINDO NÃO LEMBRAR QUE ERA O CARA E MENTINDO QUE NÃO TINHAM CONVERSAS NO WHATSAPP?? E POR QUE IA ENCONTRAR ESSE CARA, SABENDO QUE ELE ESTÁ A FIM DE VOCÊ?!
– Dá pra você falar baixo?
– TÁ COM MEDO DOS SEUS VIZINHOS OUVIREM QUE VOCÊ É BISSEXUAL?! – Baixou a barraqueira em mim. Incrível como algumas pessoas conseguem despertar o nosso pior.
– Não sabe ter uma conversa sem se alterar?
– E VOCÊ NÃO SABE TER UMA CONVERSA SEM MENTIR?!
– Dá pra falar baixo? Você está na minha casa!
Isso foi um soco no meu estômago.
– Ahhh sua casa?! – Ironizei. – A casa que iríamos “morar juntos”, agora é a “SUA casa?” – Continuei com desdém.
Daí ele se levantou e veio pra bem perto de mim, falando colado na minha cara, num tom ameaçador, como se quisesse me botar medo.
– Você é barraqueira então? Não sabe falar baixo?
Naquele momento fiquei com a sensação de que se eu empurrasse ele, partiríamos para uma agressão física.
– Está chegando perto de mim, por quê?! – Rebati sem demonstrar intimidação, no entanto, dando dois passos pra trás.
– Olha como você sabe falar baixo. É tão difícil assim?
– SE VOCÊ NÃO ME RESPONDER EU VOU EMBORA.
– Então pode ir. – Estupidamente calmo e tranquilo, sem qualquer resquício de culpa.
Fui imediatamente para o quarto, arrumar as minhas coisas. Porém, temos um agravante aqui, nesse final de semana em específico, eu tinha levado uma mala enorme de 32kg cheia de roupas pra lá. Como estávamos avançando nos planos de morarmos juntos em janeiro, eu tinha começado a levar algumas roupas, até para testar se caberia, pois suspeitava que o espaço seria pequeno, mesmo ele insistindo que daria. Então eu abri a minha mala e quando olhei para todas aquelas roupas, já acomodadas no guarda-roupa, senti uma enorme exaustão e voltei pra sala, a fim de retomar a discussão, pois preferia me resolver com ele a dirigir por 1:30 até São Paulo, de sangue quente, tarde da noite.
– É sério que você vai preferir me deixar ir embora do que me mostrar o que estou te pedindo e se resolver comigo?! – Eu queria que ele me deixasse continuar vendo as mensagens no seu celular, já que ele tinha me interrompido, quando comecei a ficar alterada com as coisas que eu estava lendo.
– Você já viu.
– Eu não vi tudo! Da mesma forma que eu deixei você ver todas as minhas conversas com Fulano – um cliente fixo meu que ele morria de ciúmes e que me fez parar de sair – eu também tenho o direito de ver as suas mensagens com esse cara! EU TAMBÉM TENHO ESSE DIREITO! – Enfatizei.
Daí ele deixou.
– Eu não acredito que você namorou com a Bruna!! Você tinha me dito que era só uma ficante de quatro meses!
– Mas foi isso mesmo.
– Não! Aqui você disse pra ele que era sua NAMORADA e que namoraram por 6 meses! Pra mim você ficava se fazendo de desentendido com a real duração.
– Eu arredondei pra ele e falei que era namorada pra passar mais credibilidade de fazermos alguma coisa a três ou troca de casal.
Mas nas mensagens aquele Marcelo não demonstrava nenhum interesse em fazer algo a três ou a quatro, pelo contrário, já tinha sido claro que sua esposa não curtia, e quando o Intenso trazia sobre fazerem algo com a Bruna, o Marcelo não embarcava. Estava nítido que o interesse dele era em algo sozinho com o Intenso.
– Por que você queria encontrar esse cara?
– Pra fazer amizade, eu já te falei. Você tem o Denis, tem seus amigos, rede de apoio, eu não tenho ninguém.
Por que será, né?
– Você só consegue fazer amigos nesses sites de putaria?
Daí ele se fez de magoado, como se eu tivesse dizendo que ele só sabia fazer amigos assim.
– Você entendeu muito bem o que eu quis dizer. Não estou dizendo que você SÓ é capaz de fazer amigos assim, estou justamente perguntando por que você só busca amizades dessa forma?!
– Eu não saio muito, é a forma que encontrei de fazer amizades sendo eu mesmo, sem máscaras.
– Por que você ia encontrar esse cara sabendo que ele tá a fim de você?
– Eu não percebi isso.
– Como não?! Você mesmo já me disse isso uma vez!
– Eu desconfiava, mas levei pro lado da amizade, fui muito ingênuo.
Ingênuo ele era de achar que eu iria cair naquele papinho.
– Ele disse na mensagem: “se você quiser vir pra tomarmos um café, mas pode ser que não role nada”, o que você interpretou disso, afinal?!
– Interpretei que ele queria tomar um café.
– Não né! Quando a pessoa diz “pode ser que não role nada”, o que você acha que poderia rolar?
– Sei lá, alinharmos sobre ménage ou troca de casal.
– Para! Já estava claro que ele não queria nada disso! Você sabe muito bem que essa frase não quer dizer isso.
– Quer dizer o que? O que você acha que faríamos de manhã, durante um café? Ir pra motel?
– Mas é claro!
– Eu já te falei que não tenho interesse em fazer nada com homens, sozinho. Meu interesse é ter interações no momento da baguncinha somente. Jamais sairia com um homem sozinho.
MENTIROSO!
– Então por que estava marcando um café com ele, sendo que eu acabei de te trazer o visível interesse dele somente em você?!
Daí ele quis tentar uma outra tática, dizendo que estava pensando em nós, em viabilizar uma brincadeira a três.
– Você perguntou pra mim se eu queria algo com esse cara? Se eu me senti atraída por ele?
– Eu ia primeiro falar com ele.
– Não, primeiro você teria que falar comigo. Se o seu intuito era esse, de que adiantaria falar com ele, se eu não estivesse interessada?!
– Você tem razão, agi errado.
Eu que agi errado de passar por cima disso e ainda assim ter continuado com ele.
Enfim, novamente o fiz bloquear a pessoa e deletar o contato. Eu sei, eu sei, podem se indignar, eu também estou muito indignada enquanto escrevo.
Dormimos brigados. Eu dormi no quarto de hóspedes e ele na sala, nenhum dos dois quis dormir sozinho na mesma cama que dormíamos juntos.
No dia seguinte, após ter uma noite extremamente mal dormida, acordei e fui me deitar com ele, sem dizer uma palavra. Ele me abraçou e transamos.
Eu precisava urgentemente parar de deixar ele me levar no papo, através do sexo.
Mas o universo não desistiu de mim. As verdades continuaram a cair no meu colo, se encaminhando para fatos cada vez mais incontestáveis.
Novas decepções.
Novos ataques por conta do meu trabalho.
O cara vivia me diminuindo e também não era nenhum exemplo de lealdade. A conta não estava fechando.
Mas calma, que o pior ainda está por vir!
Preciso da continuação 👀
Contagem regressiva!
Como diria o Chapolin Colorado, suspeitei desde o princípio
Hahahahaha