“O Intenso” – Parte 10

Viagem para Ilhabela

Querido diário,

Mais uma vez fui envolvida na teia dele.

Eis a nossa terceira viagem juntos.

Ele alugou um contêiner praticamente dentro da floresta, uma proposta muito mais interessante e romântica do que um hotel luxuoso, adorei! Tinha uma sala e uma mini cozinha no andar de baixo e subindo as escadas, a suíte e uma mini varanda com banheira. E uma peculiaridade que não pode deixar de ser citada: tanto o quarto, quanto a sala, tinham paredes de vidro! Ou seja, nossa cama ficava exposta para o lado de fora, virada para a rua, e a sala podia ser vista pelos outros dois contêineres que continham no mesmo local. Nessa viagem descobri mais uma camada do Intenso: Ele é exibicionista.

Após acomodarmos nossas coisas, abrimos uma garrafa de vinho, coloquei minha playlist de músicas sensuais para tocar e nos acomodamos no sofá, onde iniciamos deliciosas preliminares. Como vínhamos de dias conflitantes, aquele sexo foi providencial. Sexy e provocativo. Novamente ele não foi direto ao ponto, ficou naquele joguinho de sedução até me deixar completamente molhada, tão excitada, que nem foi preciso o gelzinho, mesmo o pau dele sendo grande e grosso. Me chupou deliciosamente, retribui o gesto (até rendeu um vídeo excitante lá no meu clubinho) e então implorei que me comesse, ele sabe provocar como ninguém. Foi uma das nossas melhores transas. Tinha desejo, romance e no final rolou até um fetiche!

Vou revelar aqui algo completamente inédito sobre mim, tenho um fetiche muito peculiar, que é tesão com estupro. Não que eu queira ser estuprada de verdade, Deus me livre! Mas fantasiar que estou sendo me dá bastante tesão e o Intenso também curtia realizar, não era a primeira vez que explorávamos isso. Então, em determinado momento da transa, ele foi conduzindo para como se fosse algo forçado e eu fui junto na interpretação, até mesmo tentando empurrá-lo com as minhas pernas, como se, essa devassa que vos fala, não estivesse gostando. Me masturbei durante o sexo e gozei deliciosamente assim.

Uma vez, conversando, ele já tinha proposto de fazermos algo mais elaborado, como se fosse um sequestro, com direito até a revólver, me transportar em porta-malas de carro, e tudo isso mediante a segurança de um contrato, mas acabei não seguindo adiante, me pareceu “verdadeiro” demais, gosto quando estou num ambiente seguro.

Depois que transamos e gozamos, ficamos deitados no sofá, ainda pelados, curtindo aquela vibe pós sexo. Daí, em algum momento, começou a rolar uma movimentação no terceiro contêiner e foi nesse momento que percebi seu lado exibicionista, pois não se intimidou que pudesse ser visto completamente nu, continuando tranquilamente onde estava. Acabei ficando junto, ainda que um pouco tímida com tal possibilidade de ser vista sem roupa por estranhos, sem ser numa situação de trabalho. Senti que ele queria, talvez, facilitar uma situação de troca de casais organicamente.

Não fomos vistos pelo casal do terceiro contêiner (felizmente) e então começamos a nos arrumar para o jantar. Nessa noite fomos num restaurante muito gostoso, que infelizmente não me recordo o nome, ficava dentro de um hotel. Pedimos o carro chefe da casa, que era camarão ao molho, servido dentro de um abacaxi.

E ali, naquela mesa de restaurante com uma vista linda, o Intenso fez altas declarações, dizendo que sentiu muito a minha falta, que era apaixonado por mim, que queria construir uma vida ao meu lado, todas as frases mais lindas e românticas que você pode imaginar. Eu ainda mantinha uma pulguinha atrás da orelha, um lado meu queria acreditar, estava aberta a isso, mas outro continuava cético, o vendo como um grande conquistador cheio de lábia.

– E quando iremos oficializar? – Aproveitei aquela chuva de declarações para trazer algo mais concreto.

– Era pra ter sido semana passada, quando fôssemos fazer aquela viagem com a sua mãe.

– Ah ta. Kkkkk. – Muito conveniente ele se apoiar num evento que sequer aconteceu.

*

Quando tivemos aquele day use em Brotas, eu comentei que minha mãe iria adorar aquele lugar, e aí ele ofereceu de voltarmos no aniversário dela. Porém, aconteceu aquela situação que vocês leram na parte 8 e ficamos duas semanas afastados, calhando com o fim de semana de aniversário da minha mãe. Olhando para trás com a sabedoria de hoje, até acho que o conflito que ele criou foi proposital para eximi-lo de uma programação que no fundo ele acharia chata e que só propôs para me impressionar naquele momento.

*

Voltando para a noite do jantar, ele se levantou para ir falar com o garçom e a tonta aqui pensou que ele estivesse tramando alguma surpresa, visto todas as declarações que ele estava fazendo, mas quando voltou e viu a minha cara de expectativa, brincou com um balde de água fria, dizendo que não era o que eu estava pensando e que ele só foi pedir uma coca, finalizando com uma risada. Levei na brincadeira e dei risada também, mas fala sério, qual a necessidade em debochar disso?

Mais tarde, de volta ao nosso cafofo envidraçado, deixamos a banheira enchendo e aquecendo, enquanto fomos brincar na cama. A luz do quarto estava apagada, mas como tal contêiner ficava no topo de uma ladeira, qualquer carro que subia, involuntariamente, iluminava a nossa cama com as luzes do carro.

E sempre que nos viam na atividade, piscavam os faróis, nos dando um aviso, como se só tivéssemos sido descuidados e não que aquele show erótico tivesse sido premeditado, rs. Teve um cara que até parou o carro e desceu, fingindo ir fazer xixi, mas o Intenso levou na malícia, dizendo que tal motorista estava se masturbando, já que ele ficou de costas para nós, mas se virando para espiar algumas vezes. A aventura voyer não durou muito tempo, pois dali a pouco veio outro carro e o que tinha parado no meio da rua, precisou voltar para o seu posto e seguir viagem.

Depois que a banheira terminou de aquecer os seus 38 graus, entramos e ali tivemos mais um momento delicioso. Ao som de “Surreal” da Luiza Sonza…

Fiz uma massagem tântrica nele, dentro da água, massageando a região pouco abaixo das bolas.

– Você pode fazer de novo isso que estava fazendo? – Ele pediu, quando interrompi ao término da música.

– Claro! – Até coloquei o som no repete, pra manter o mesmo clima.

Após um tempo, ele gozou sem ejacular. Ficou admirado por vivenciar isso.

*

No dia seguinte, fomos tomar café da manhã num lugar muito gostosinho a beira mar, já com as vestes de banho, para emendarmos a praia na sequência. E enquanto estávamos nessa lanchonete, ocorreram duas situações peculiares.

A primeira foi quando surgiu um menininho, de uns dez anos, vendendo trufa. O Intenso, educadamente, recusou, e enquanto o menino se afastava, comentei que gostava de trufa.

– Mas não sabemos a procedência desse chocolate. – Ele analisou.

– Que procedência você acha que teria? Com certeza deve ter sido feito pela mãe dele.

Nisso o Intenso ficou pensativo e então chamou o menino de volta. Perguntou quem tinha feito as trufas, e o garotinho respondeu que ele trabalhava para alguém, ou seja, não era uma simples criança vendendo na praia as trufas feitas pela mãe, como eu tinha imaginado. Daí o Intenso ficou interessado na causa da criança e perguntou por que ele trabalhava vendendo trufas. O menino compartilhou que queria juntar dinheiro para poder entrar num clube de futebol e ter aulas. O Intenso seguiu interessado e perguntou de quanto ele precisava para atingir esse sonho. Não me recordo o valor dito, mas quando o Intenso foi pagar pela trufa de R$ 1,50, lhe fez um pix de R$ 300 (segundo o que me disse, não vi o comprovante), e quando virou a tela do celular para que o garotinho checasse que foi efetuado a transferência, a reação do menino foi de total espanto, como se o Intenso tivesse lhe transferido uma fortuna.

– Eu não acredito! – O menino exclamou espantado.

*

A outra situação já não foi tão benfeitora assim, me senti desconfortável com determinada situação e trouxe à tona ali o meu desconforto. Eu já tinha reparado um comportamento um tanto deselegante no Intenso, toda vez que estávamos em público, principalmente em mesas de restaurante. Ele tinha o péssimo hábito de encarar as pessoas – que ele julgava interessantes – de outras mesas. Na primeira vez que isso aconteceu, ele atribuiu ao fato de estar incomodado que o rapaz da mesa ao lado estivesse me paquerando, mas na verdade ele que sempre ficava reparando nas pessoas, encarando-as de volta. Nesse dia, havia um casal muito bonito na mesa atrás de mim. Eles estavam acompanhados de uma senhora que deduzimos ser a sogra de um dos dois. Teve um momento que o Intenso mal olhava pra mim, que estava na frente dele, e só ficava com o olhar nessa outra mesa. Somando todas as outras vezes em que reparei este comportamento, desta vez chamei sua atenção.

– Nossa tá tão interessante assim na outra mesa pra você não tirar os olhos?

Como um bom manipulador, fez parecer que eu que estava exagerando e até trouxe um holofote para o meu tom de voz, dizendo que eu não precisava falar alto e que era importante olharmos para o que realmente estava me incomodando, como se tivesse algo por trás do óbvio. Novamente me pareceu que ele queria viabilizar uma troca de casais organicamente, já que me explicou que existe um código entre homens, que se for rolar algo do tipo, essa comunicação é feita através de olhares, quando o outro corresponde a encarada.

– É mas se a pessoa não estiver a fim, você estará sendo inconveniente, encarando as pessoas desse jeito. – Argumentei.

– Isso te incomoda?

– Me incomoda a pessoa que está comigo ficar mais atenta a mesa do lado do que na nossa própria conversa.

– Entendi. Vou me policiar com isso.

*

Depois fomos para a praia. Acomodamos nossas coisas numa mesa, bebi um drink, ele uma cerveja e então pedimos para uma família que estava ao lado, por gentileza, olhar as nossas coisas para que pudéssemos entrar na água. Infelizmente estava gelada, não tivemos coragem de entrar totalmente e ficamos só andando pela orla. Em algum ponto da caminhada, nos deparamos com outro casal minimamente interessante, e ele quis se demorar por ali, novamente tentando sua estratégia de contato visual, sem sucesso, o outro casal não entendeu ou não estavam a fim – suspeito que sequer perceberam as suas intenções, visto que pessoas comuns não vão para a praia com esse intuito. – Imagino eu.

A noite fomos jantar em outro restaurante alto nível, chamado “Casa Natu”, que ficava dentro do hotel mais caro de Ilhabela: DPNY Beach Hotel & SPA. O lugar era lindo, mas gostamos mais da comida do restaurante da noite anterior.

Antes de irmos embora, fomos dar uma volta na área da piscina do hotel, onde até fiz umas fotos, mas acabei não postando, vou trazer abaixo pra vocês. Já ele, postou essa foto com a vista no seu story, marcando a localização do lugar, visivelmente querendo fazer parecer que estava hospedado ali.

Depois que voltamos para o nosso contêiner, tivemos uma nova situação conflitante, envolvendo meu perfil do Tiktok. Comentei que eu tinha gravado vídeos contando do Intenso e ele ficou curioso para assistir. Daí, enquanto víamos o primeiro vídeo, ele se incomodou com a minha fala sobre no nosso primeiro encontro eu ter acionado o carisma da Sara e ali não ter sido eu, mas a “Sara” a sair com ele.

– Não era você ali! Eu me apaixonei por uma garota de programa.

Indignado, como se isso fosse um crime, uma vergonha.

– Tá tudo bem?

– Estou processando tudo isso.

Nem quis continuar assistindo. Mas ao contrário das outras vezes em que ele criava conflitos, desta vez eu não me preocupei em cavucar o assunto até que ficasse tudo bem e simplesmente fomos dormir com aquele clima estranho.

Na manhã seguinte, me surpreendi com ele me abraçando, demonstrando estar tudo bem de novo. Nada como uma boa noite de sono. Logo desenrolamos uma deliciosa transa matinal.

Ficamos na cama durante a manhã inteira, tinha chovido fortemente de madrugada, ocasionando numa queda de energia elétrica e o dia não estava nada convidativo, frio e chuvoso. Só saímos para almoçar e durante tal almoço ele trouxe na mesa sobre morarmos juntos.

– Você moraria comigo em Campinas?

Fui pega de surpresa, mas respondi que sim, afinal, eventualmente quando eu parasse de atender e fôssemos dar esse passo, faria mais sentido eu me mudar, visto que seu apartamento era bem maior e ele precisaria continuar morando perto do trabalho. Eu já tinha começado a faculdade de psicologia, – que a propósito foi ideia dele, para que, futuramente, quando eu não exercesse mais o meu trabalho com encontros, eu pudesse aproveitar toda a minha bagagem profissional, vindo a ser uma terapeuta sexual ou sexóloga, o que achei genial, sempre me interessei por psicologia – então ele acrescentou que eu poderia estudar na melhor faculdade de Campinas, que ele pagaria e a partir dali até assumiu o compromisso de pagar a minha faculdade desde agora.

– E você poderia trabalhar comigo, seria minha secretária.

– Mas como eu vou fazer algo que você faz, se você fez anos de faculdade para isso?

– Eu vou te ensinar exatamente o que precisa, direto ao ponto, na faculdade você aprende muita coisa que nem usa.

Segundo ele, eu teria um salário de R$ 6k, muito inferior à minha renda de hoje, mas achei plausível, considerando que até lá eu já teria quitado meus financiamentos, reduzido meus gastos e padrão de vida, um cenário até mais promissor do que quando parei para ir morar com o meu ex, que não me ofereceu nenhuma condição de trabalho para que eu tivesse alguma renda. E somaria também com a minha receita do OnlyFans, já que os conteúdos online acordamos que eu continuaria.

Fiquei muito tocada que ele já estivesse visualizando um futuro comigo, com uma pessoa que ele sequer ainda tinha pedido em namoro.

Viagem para Ribeirão Preto

Ele foi convidado para um evento importante de um escritório de advocacia em Ribeirão Preto, que ele presta serviço. Seria uma comemoração de aniversário da empresa, em que eles reuniriam todos os seus clientes numa casa de fazenda para falar das conquistas, dos números, enfim, uma forma de manter a boa relação com os clientes, lhes proporcionando um evento requintado com direito a comes e bebes, mimos e banda ao vivo. O Intenso disse que só iria se eu topasse ir com ele, pois não queria ir sozinho, já que ganhou dois convites. Achei aquilo o máximo, vi com bons olhos ele querer me incluir nas coisas do seu trabalho e ser visto ao meu lado, claro que topei.

Porém, no dia dessa viagem, lá estávamos nós enfrentando outro conflito, novamente ocasionado por ele. Seu incômodo da vez era com os meus conteúdos em colab com o Gabespec dentro do meu OnlyFans. Quem me acompanha no meu clubinho, sabe que tenho vídeos transando com o Gabe, que vendo dentro da plataforma para quem quer um conteúdo mais explícito. Ele queria que eu deletasse tais vídeos. Que ele, sendo meu namorado (namorado esse que ainda nem tinha oficializado), não se sentia confortável em saber que tinham vídeos na internet da namorada dele transando com outra pessoa, como se fosse uma atriz pornô. Claro que me impus, ofereci um meio termo. Falei que poderia não utilizar mais tais vídeos, mas deletar somente depois que fôssemos morar juntos. Eu que não ia perder os meus vídeos por uma relação que eu sequer tinha garantias que daria certo. Fomos para a viagem com um clima meio bosta, pois, por eu não ter cedido a vontade dele, emburrou a cara e seguimos em silêncio no carro.

De repente ele tocou no assunto de um anel que eu tenho.

Eu tenho um anel muito lindo da Swarovski que ganhei do meu cliente gringo das viagens e o Intenso detesta esse anel porque é muito parecido com a aliança que ele dizia ter comprado para mim, um ranço do tipo: “ia te dar uma coisa linda, mas já te deram”. Daí passei a evitar de usar o anel na sua presença, aliás, tudo que eu podia evitar para não desencadear em situações desagradáveis, eu evitava, como quando ele cismou com um colar de dois corações que eu tinha, também da Swarovski, presente de um outro cliente muito especial. “Esse cliente devia ser muito apaixonado por você, pra te dar um colar com dois corações juntos”, criticava, amargurado. Por ele eu deveria jogar esses presentes fora, não entendendo o valor de ter uma joia, independente de quem tenha presenteado.

Enfim, ele tocou no assunto desse anel, perguntado se eu tinha levado. Respondi que não, já que ele não gostava. Para a minha surpresa e grande contradição no seu comportamento, ele queria que eu tivesse levado, pois, nessa situação que seria conveniente pra ele, queria que eu usasse. E qual era o lance? Ele queria pagar de meu namorado nesse evento, e como o anel parece uma aliança, seria como se estivéssemos namorando, e ele também usaria a aliança dele. Achei aquilo péssimo, afinal, ele queria “fingir” que era meu namorado, mas não queria oficializar de fato. Fiquei sensibilizada com isso, ele percebeu e ficou preocupado, perguntando o que tinha acontecido. Não era óbvio?!

– Isso pegou muito mal pra mim. – E expliquei como me senti.

– Ô minha linda, me desculpa. Eu vou resolver isso então, não se preocupe! Não será do jeito que eu tinha planejado, mas vou resolver. – Todo acalentador.

Tínhamos ido até o seu trabalho buscar os convites e paramos para comer em uma lanchonete qualquer, daí, antes de cairmos na estrada rumo a Ribeirão Preto, voltamos até seu apartamento para buscar a minha aliança que ele tinha comprado. Na verdade, achei que tivéssemos voltado exclusivamente para isso, fiquei aguardando no carro e dali a pouco vejo ele voltando com o terno no cabide. “Tinha esquecido meu terno”, ele disse. Então não voltou por conta da aliança, como fez parecer inicialmente.

Nos hospedamos num hotel e começamos a nos arrumar para o evento, que pedia dress code casual fino.

Antes de irmos para o evento, o Intenso quis fazer um esquenta numa choperia, dentro de um shopping ali perto. Na mesa dessa choperia, de uma maneira nada especial, ele oficializou o nosso relacionamento.

Pedido de Namoro

– Você gosta de mim? – Ele me perguntou de repente.

– Gosto.

– Mesmo eu sendo todo problemático?

– Sim.

– Então namora comigo?

E tirou a caixinha da Vivara do bolso.

Não era o pedido de namoro especial que eu esperava. Quando abri a caixinha, inicialmente nem achei a aliança tão bonita assim, tendo como comparativo o meu anel que era muito mais brilhoso. Não consegui disfarçar minha cara de decepção. Não tanto pela aliança, pois mesmo sendo menos brilhosa, de fato era diferenciada e muito bonita, mas pelo jeito como ele pediu, acomodados numa mesa de uma choperia qualquer dentro de um shopping, imaginava num lugar muito mais especial e íntimo, com pétalas de rosas pelo chão, não da forma como foi.

– Sua cara não está boa. – Ele percebeu. – Não está sendo do jeito que eu tinha planejado, mas faz de conta que esse pedido aconteceu naquele restaurante em Ilhabela. Era pra ter sido lá, se eu não tivesse esquecido a aliança em casa.

– Tudo bem, capricha no pedido de noivado então.

– Pode deixar!

Enfim o pedido de namoro saiu, sob uma leve pressão.

Mas mesmo nessa situação que era pra ser um momento especial nosso, ele continuava com aquele comportamento deselegante de encarar as pessoas da outra mesa. Inclusive, analisando todas as situações em que almoçamos e jantamos fora, ele sempre escolhia se sentar onde mais favorecia sua visão.

Fomos para o evento.

Chegamos um pouco atrasados, um dos donos já palestrava sobre os progressos da empresa, ambiente cheio, pessoas bem-vestidas e algumas mulheres vinham cumprimentar o Intenso, todas simpáticas, me tratando super bem, perguntando se ele já tinha oficializado, ao que ele respondia todo orgulhoso que sim, mostrando as nossas alianças nos dedos. Ou seja, ele não oficializou porque gostava de mim o bastante para isso, mas porque queria impressionar outras pessoas. Seria eu uma namorada troféu? Mesmo com o meu histórico de ser uma profissional do sexo, algo que ele não gostava, se exibir comigo, a mulher mais gata que ele já pegou, era uma grande conquista para ser mostrada, pois elevava o seu status perante os outros.

Na saída do evento presenteavam os convidados com uma garrafa de vinho e uma impressão de fotos em polaroid. Tiramos a foto, nos deram a impressão, postei no meu insta pessoal marcando tal escritório, eles repostaram e um dos donos começou a me seguir (cujo dono sequer seguia o Intenso).

*

No dia seguinte, fomos tomar café num lugar muito fofo, todo na temática de gatos, chamado “My Cat Café”, adorei o ambiente.

No caminho de volta para São Paulo, acabamos parando num outlet pelo caminho, em que o Intenso me presenteou com dois calçados, uma sandália e um scarpin. Achei fofo. À noite, já de volta ao apartamento dele, fomos ao cinema, a meu pedido, que queria assistir “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”, não foi aquele filmão, mas eu tinha gostado muito do primeiro filme, então fazia questão de conferir a continuação.

No dia seguinte, fomos no parque Wet’n Wild para assistir um amigo meu que estava trabalhando no evento de terror do parque e curtimos o dia. Na verdade, não foi bem aquela curtição, o Intenso não queria ir em nenhum brinquedo aquático, frustrando a minha experiência. Eu estive lá apenas uma vez, no passado, com duas amigas e lembrava de ter sido muito divertido. Quando percebeu que eu estava cabisbaixa e externei que a minha expectativa para aquele rolê era outra, ele acabou cedendo e conseguimos ir em três brinquedos, que ele se divertiu na hora, mas, mesmo assim, não se entregou a experiência por completo depois, preferindo ficar sentado na grama.

Em algum momento fumamos um beck, camufladamente, e ele fez quase sermos expulsos do parque, quando ficou tão chapado, ao ponto de fazer movimentos insinuantes na grama, quase tirando o pau pra fora.

– Onde você vai com essa mão? – Perguntei a tempo de evitar tal vergonha.

– Nossa… – voltando em si – por um momento eu esqueci que estava aqui e achei que tava na minha casa.

– Pelo amor de Deus, rs. – Ri de nervoso.

Ele era mesmo fissurado no próprio pau. Sempre que estávamos em casa, na minha ou na dele, à toa, do nada colocava o pau pra fora, (que vivia duro), como um tarado ninfomaníaco. Teve uma vez que ele até pegou no sono segurando o próprio pau (juro, até tirei foto). Seria essa uma característica muito comum de um cara bissexual, mal resolvido, que idealizava no próprio pau a imagem de um outro homem? Faz sentido, ou viajei?

*

No domingo à noite, depois que voltei para minha casa, ele pediu a placa do meu carro e CPF para pedir uma tag para o meu veículo.

– Agora você não terá mais que ficar parando nos pedágios.

– Adoro quando você cuida de mim. – Uma forma de me controlar também.

Na manhã seguinte recebi um alerta da Nubank no meu celular, informando que ele tinha emitido um cartão de crédito adicional para mim.

– Cartão de crédito adicional?

– Não fica feliz não, só para gastos emergenciais.

– Achei bonitinho rs.

Novas Brigas

Mais tarde, ainda na segunda, lá veio ele repetindo aquele padrão de criar conflito, uma forma de não me deixar em paz para trabalhar, nos dias em que não estávamos juntos. Mas reparem que a manipulação dele funcionava da seguinte maneira:

  • Primeiro criava uma falsa sensação de estar tudo bem;
  • Para logo depois plantar sementes de discórdia;
  • Com isso me causava confusão e insegurança.

Veja a seguir:

– Que horas você vem? – Estávamos já combinando sobre o fim de semana, em que ele viria para a minha casa sexta à noite. 

– Depende de sua agenda. Se vc tiver trabalho, eu vou a noite… se você não tiver agenda, eu vou mais cedo. Não quero que você feche sua agenda por mim.

– Entendi. Então não precisa mais do combinado de não trabalhar quando formos nos ver?

– Não. Eu não vou mais te impedir de nada. Nem querer te controlar. 

Parecia que ele tinha evoluído. 

– Obrigada pela confiança. – Reconheci o avanço. 

– Não é confiança. 

– O que é então?

– É a sua vida. Você quem deve decidir o que fazer e como fazer com relação a ela e as pessoas que entram nela. Eu já te expus todos os meus desconfortos. Se um dia eu entender que está muito pesado ou desconfortável demais, eu chego pra você e te falo.

– Estou admirada com essa mudança de comportamento.

– É uma mudança arriscada. Pra atingir ela, acaba se abrindo mão de sentimentos. 

Veja aqui a estratégia dele. Me trouxe algo positivo, para logo depois trazer algo negativo e me deixar insegura. 

– Está querendo dizer que não tem mais sentimento?

– Quero dizer que pra fazer isso, atingir esse nível de comportamento, tem que engavetar alguns sentimentos. 

– E quais você engavetou?

– Ainda não sei. 

– É sério que você entrou nesse assunto pra finalizar dizendo “ainda não sei”? 

Mordi a isca de ficar incomodada.

– Você quem perguntou. Não sei quais sentimentos serão necessários engavetar. Mas sei que são necessários. 

– Eu não perguntei nada, apenas falei que estava admirada com o seu comportamento e você que trouxe essa questão de não ter mais alguns sentimentos. Se quer trazer algo, traga por completo.

– Onde eu disse isso, de não ter mais sentimentos? Em que parte do texto?

Daí puxei da parte que ele falava “Pra atingir ela, acaba se abrindo mão de sentimentos”

– Ou seja, você já atingiu, então você já abriu mão de sentimentos.

– São escolhas. Hoje eu fiz essa escolha. 

Falou nada com nada, né? 

– Entendi. Bom, tô indo pra aula de dublagem. 

– Fiz essa escolha por nós.

– Do jeito que vc colocou acima, parece que a escolha derivou da perda de sentimentos. Então não foi uma escolha por nós. 

– Sim, foi por nós, pois não vou permanecer num relacionamento se ele não estiver me fazendo bem e feliz. A escolha implica em arquivar alguns sentimentos que me fazem mal.

– Ciúmes?

– Poderia ser um deles sim. Bem apontado. Mas quando vc deixa de ter ciúmes, vc deixa de gostar, de se importar. Quem se importa e ama, tem ciúmes. É algo basilar.

– Não necessariamente, tem pessoas que amam e não são ciumentas. 

– Eu não sou esse tipo de pessoa. 

– O ciúme está mais ligado a insegurança na relação, do que ao amor propriamente dito.

– É a sua visão particular disso. Se for assim pela sua teoria, 99% dos homens são inseguros. Na minha teoria, o ciúmes está muito mais ligado a exclusividade do que a insegurança. 

– Assim como dizer que quem se importa sente ciúmes tbm é a sua visão particular disso. Só não acho bacana você trazer lá em cima que não quer me controlar, trazendo uma “falsa liberdade” que eu posso decidir sobre a minha vida, pra logo depois dizer que a sua mudança de comportamento não é pq você quer de fato me deixar a vontade, para tomar minhas próprias decisões, e sim pq está engavetando sentimentos. Qual a necessidade de você ocasionar esse mal-estar na relação? Novamente você repetindo esse maldito padrão de criar mal-estar entre a gente quando estamos longe. Será que em algum momento conseguiremos ter uma distância saudável?

– Não estava criando mal-estar algum. Apenas expondo mais sobre meu comportamento. Vc questionou e eu respondi. 

Isso foi numa segunda-feira, esse desgaste persistiu até quinta. Era sempre assim, toda semana o mesmo ciclo: Final de semana incrível, durante a semana um inferno. 

*

Tivemos uma outra briga na semana seguinte por whatsapp, uma conversa que começou sexy e desandou em algum momento.

Por volta das 17:36 de uma terça-feira, de repente, ele me mandou uma foto, de visualização única, do pau dele.

– DONEIDA KKKK. – Respondi. – Pau gostoso. Queria me comendo agora. Não quer vir me comer não? – Provoquei.

– Já tem uma fila 🙁 – disse ele, por saber que eu tinha cliente agendado para mais tarde. – Nossa eu tô com muito tesão.

– Eu cancelo. Vem vem vem.

– Não faz isso, você sabe que eu sou louco.

–  Eu não tenho aula amanhã. Nem compromisso agendado. Vem 😏😈

– Não faz isso não linda. São 1.500.

– Então pra que vc me atiça?

Daí ele mandou outra foto do pau dele. 

– Delícia. Vai vir ou não? Vem. Vamos comer aquele japa gostoso e transar gostoso. 

– Queria muito muito muito. Sábado na hot é noite das 100 calcinhas. Vc tem algum vestidinho bem curto? Quero levar minha putinha pra passear sem calcinha e acorrentada. 

– Tenho 😈

– Me mostra? 

– Nada de spoiler.

– Tô te atrapalhando?

– Lindo, tô aqui de pijaminha, tô tão aconchegada, não quero por roupa agora e também quero fazer surpresa. Mas a gente pode continuar trocando mensagem e eu ir te atiçando por aqui.  

– Atiçar por texto não é atiçar.

Daí eu mandei um áudio, falando num tom sexy:

– Eu posso te atiçar por áudio, safadinho, narrando alguma coisa… quer? 😈

– Não, valeu.

E lá vem o balde de água fria, quando você não entrega para o narcisista o que ele quer. 

– Ficou chateado?

– Só pensei o seguinte: vc vai sair com 2 hoje e na hora que seu namorado interage demonstrando o quanto tá com tesão em vc.. e te procura, vc não está disponível pra ele.

– Nossa lindo, não precisa falar assim, né? Eu atendi um casal hoje, isso já demanda energia, eu tô preservando a minha energia pra mais tarde. Se você viesse pra cá, eu super cancelaria o encontro pra ficar com você, eu ainda te chamei… Essa troca por mensagem pra mim não tem o mesmo peso que pessoalmente. E aí você já leva tudo pra esse lado, poxa… podia ser mais empático comigo também, né? 

– Esquece isso. 

– Falei pra você que tô aqui deitada no sofá super aconchegada, tô até coberta, aí você quer que eu levante pra por um vestido, já vou ficar com frio, sabe… se você tá com tanto tesão assim, se você quer tanto putaria, então vem me comer!

Ou seja, o boy que saia de Campinas, mas eu não iria sair do meu sofá kkkkk. 

– Tá bem. Já deu. Poxa olha como vc está me tratando. Veja seus áudios. Só pq eu estava excitado e falando com vc. 

– E olha como você está me tratando. Só pq não embarquei na putaria como você queria, você já “me descarta”. Propus por áudio de você vir, e se não é do jeito que vc quer, então não tá bom. 

Dois mimados. Eu queria do meu jeito (presencial) e ele queria do dele (fotinho a distância).

– Eu não te descartei. Onde eu descartei?

– Ali onde você disse pra eu esquecer e quando disse “já deu”.

– Já deu a briga. Pra esquecer esse assunto. 

– Eu só falei que não estava na vibe de levantar e trocar de roupa.

– Eu não falei que queria nada… apenas te perguntei do vestido. Só isso. Agora eu entendo alguns clientes seus.

– Como assim?

– Ah puta sacanagem né, cê trabalhou ontem, trabalhou hoje, vai trabalhar daqui a pouco. Eu, como namorado, a hora que eu vou fazer uma brincadeirinha com você, e olha que eu nem sou de ficar fazendo essas brincadeiras, a hora que eu vou fazer alguma brincadeirinha, você simplesmente ignora completamente, cê não pensa: “poxa, vou tirar dois, cinco minutinhos pra dar atenção pro meu namorado”, vc não faz isso, simplesmente ignora. Porra fiquei chateado pra caralho, fiquei de verdade muito chateado agora. 

– Eu não te ignorei. Eu tô falando com você desde o momento que vc mandou a primeira foto, inclusive te convidei pra vir pra cá hoje. Só pq não quis colocar um vestido, que inclusive falei “nada de spoiler”, você já ficou puto. Só não entendi pq agora você entende os meus clientes.

– Vc sabe do que tô falando.

– Se eu soubesse não estaria perguntando. Não entendi qual o link. 

– Quando eles se frustram em casa, buscam fora.

Affffff

– Nossa, que comentário péssimo.

– Que comentário muito real e pertinente. 

– Você tá sendo muito escroto agora. Dizendo que dá razão pros meus clientes, pq você pensou em fazer a mesma coisa.

– Se eu busco na minha namorada e ela não consegue atender, busco fora vídeos, sites etc…

– Ou seja, se eu não entrego o que vc quer, na hora que você quer, você sente que deve buscar fora. Péssimo.

– Estou falando de seus clientes. Que entendi como eles se sentem frustrados. 

– Não, você está falando das atitudes deles em solidariedade pq tbm sentiu vontade de fazer o mesmo.

– Se fosse outro cara, buscaria agora em um vídeo pornô ou algo assim.

– Você acabou de falar que faria o mesmo. Ou seja, se a sua escrava sexual não está inteiramente a sua disposição, você sente que deveria buscar fora como os meus clientes fazem.

– Não. Se a minha namorada está cagando pra mim, vendo que eu tô com tesão, e não quer nem dar 5 min de atenção, então pq eu não iria pra outros meios como vídeos? Porra eu fiquei bem chateado com o que rolou. 

– Não gosto desse tom que você tá falando comigo, tá? Eu não caguei pra você, eu tô te dando atenção desde a hora que você mandou a foto. Agora se eu não levanto na hora que você quer pra colocar uma roupa que você quer, olha como vc se transforma?! Isso é comportamento de gente mimada! Eu te falei como eu estava, te falei que tava aconchegada no sofá, por que você também não pode respeitar o meu momento? Eu te chamei pra vir pra cá! Você não valoriza isso não? Olha o escarcéu que você tá fazendo porque eu não levantei pra colocar a porra de um vestido! 

– Eu não estou falando de mim em específico, estou falando se a pessoa busca namorada e a namorada não consegue dar uma atenção pra ele, o que que ele vai fazer? Vai buscar fora, em vídeo, em sites… vai buscar através de outros meios, só fiz uma comparação com seus clientes… às vezes no relacionamento deles não têm o sexo em si e é por isso que eles buscam fora, através do seu trabalho. 

– Você não fez uma simples comparação. Eu entendi muito bem a ameaça velada. 

– Não tem essa de escrava sexual, eu nunca te peço nada, é muito raro eu entrar nesses assuntos. Você sabe como eu sou tarado e safado e nem por isso eu fico pedindo essas coisas toda hora, é raro. Aí quando acontece isso, eu me sinto simplesmente rejeitado. Foi assim que eu me senti. Você cagou pra mim, me rejeitou! E beleza, tá bom. 

– Nossa você se sentiu rejeitado porque eu falei que não ia dar spoiler do vestido? Só porque eu não quis levantar pra colocar um vestido pra você? Por isso você se sentiu rejeitado? Sendo que eu te chamei pra vir pra cá, que é muito melhor do que eu te mostrar um vestido no meu corpo é eu transar com você, com gosto. Olha para o que você tá dando mais importância. 

– Sim, me senti. Ahh pelo amor de Deus né, você acha que eu não queria tá aí? Cê sabe como eu sou, por mim eu pegava o carro e ia pra aí, mas você sabe que você precisa dessa grana, eu não vou te atrapalhar com isso, prometi pra você que eu não ia atrapalhar seu trabalho. Eu gosto tanto de você que eu ia praí hoje, daqui a pouco, e voltava amanhã de madrugada pra trabalhar, mas tem outras coisas em jogo. E sim, foi assim que eu me senti, ignorado pela minha namorada, no momento em que pedi um pouquinho de atenção, eu não tive.

De novo esse discurso de que eu não dei atenção pra ele, quando na verdade ele só estava frustrado por ter recebido um “não”. Não eu não vou levantar do sofá agora, não, eu não vou abrir mão do meu bem estar e passar frio pra satisfazer a sua vontade. 

– Eu não aceito você falar comigo desse jeito. Eu te dei atenção sim, dentro dos meus limites no momento. Não gostei desse seu comportamento. Sabe a impressão que me dá? Que toda vez que você tentar alguma coisa e eu não tiver 100% disponível pra fazer o que você quer, vai me tratar desse jeito. 

– Pois é, eu também não gostei desse seu comportamento. E eu não estou falando de comportamento sexual, – como não?! – eu não estou falando de putaria nem nada – como não?! –  eu estou falando de atenção mesmo, que custava você parar três minutinhos e dar atenção pra mim? 

Percebem como era cansativo lidar com ele?

– Eu não tava falando de sexo – ele continuou nesse discurso sem sentindo, quando era ÓBVIO que o seu incômodo foi por isso sim –  não tava falando de nada, eu só perguntei se você tem um vestido bem curtinho, e pedi pra me mostrar. O que custava você levantar dois minutinhos, ir lá no armário pegar ele e me mostrar? Não custava. E eu sentiria que você tava me dando atenção, então não é questão de ser escrava sexual nem nada disso, não sei com quem você tá me confundindo, com cliente seu, talvez, mas eu não sou cliente seu. 

Mas não é mesmo, meus clientes costumam respeitar quando ouvem um “não posso agora”. 🙄

– Ahh não vem com esse papo pra cima de mim agora não! Sabemos muito bem que você não ia querer que eu simplesmente pegasse o vestido e te mostrasse, você ia querer que eu colocasse o vestido no meu corpo. Você tava aí com seu pau duro pra fora e não ia se contentar em ver só uma foto de um vestido num cabide. Então não vem com essa! E eu simplesmente não quis me levantar pra colocar um vestido e ficar fazendo isso a distância, sendo que te chamei pra vir pra cá. Muita insensibilidade da sua parte. Você fala de um jeito como se eu tivesse abandonado o celular aqui e te deixando falando sozinho. 

– Eu só queria atenção da minha namorada, seja em brincadeira sexual, porque a gente já tava falando sobre isso, tanto que eu tava com tesão na hora, ou se não fosse esse contexto, – se não fosse nesse contexto nem estaríamos brigando – qualquer outra coisa, porque você tem amigos, você conversa com outras pessoas aí no WhatsApp, eu não tenho, então sinto muita falta de falar com você e de interagir com você. Aí quando eu busco isso e não encontro, fico chateado. Não é que eu seja mimado, não é isso. É que quando eu busco isso e não encontro, me chateia de verdade.

Conseguem visualizar a grande tentativa de manipulação? De repente o incômodo por eu não querer por o vestido, se transformou numa queixa dele não ter amigos para conversar.

– Ou seja, eu sou obrigada a fazer tudo que você me pede, pq senão você vai se transformar na conversa. Você não consegue entender: “poxa, ela tá quietinha lá no sofá, ela tomou banho, tá de pijaminha, tá aconchegada, pq vou fazer ela levantar do sofá, nesse frio, pra por um vestido e satisfazer a minha taradice, sendo que ela já está me dando atenção do jeito que ela pode nesse momento, trocando áudio, mandando mensagem escrita e etc”. Eu não gostei desse comportamento. Isso foi muito ruim. Só porque eu não fiz determinada ação, você desvalida todo o resto. 

– Não. Não fui capaz de pensar isso. Só pensei pelo lado da atenção que vc faltou comigo. Então sim. Foi uma situação muito ruim para os dois. E uma situação muito séria inclusive, pois cada um enxergou por uma perspectiva muito diferente e tóxica. 

– Eu te dei atenção em tempo real. A questão aqui não é que eu não te dei atenção, é que eu não quis te obedecer. Se não é do jeito que vc quer, então não tá bom.

– Vc não aceita o que eu tô expondo, de porque fiquei chateado, se blinda e ataca. Vc nem ouve, nem tenta se colocar no meu lugar. Mesmo eu te dando de forma cristalina a visão que eu pensei.

– Eu entendi muito bem pq você ficou chateado, simplesmente pq eu não me levantei pra colocar um vestido. Se você voltar a conversa e analisar, vai ver que ela começou a desandar nesse momento. Repito, isso é comportamento de gente mimada que quer as coisas tudo do jeito delas. Se eu tivesse levantado e colocado o vestido, não estaríamos tendo essa discussão agora. Então o problema aqui não é pq eu não te dei atenção, e sim pq eu não fiz uma coisa que você pediu. 

– Nem minhas ex-namoradas agiam assim.

– Nem meus ex-namorados agiam assim tbm.

– Então cada um volte pra seus ex. 

– Boa noite. 

Fiquei de saco cheio dessa discussão infeliz. Daí quando ele viu que eu joguei a toalha, me ligou. 

A ligação durou 51 minutos. 

Nos entendemos, cancelei com o cliente e ele veio pra minha casa. 

Transamos e provei o vestido pra ele. 🤡

Continua…