O Perspicaz | Parte 5: O Príncipe Virou Sapo

 
Eu já estava desistindo dele.
 
Da mesma maneira que ele dizia algo em mim não se encaixar, nele também muitas coisas eram um grande mistério. Se o cara desde o princípio te diz que não é para casar e não acredita em exclusividade sexual, o que se espera de um sujeito desses? Muito sexo. Que ele seja do tipo que transa bastante e com várias mulheres. Contudo, o que tivemos? Um homem sem a menor empolgação sexual, muita frieza nas mensagens e programas de namoradinho quando juntos. Nada combinava, tudo muito contraditório! Não pretendia mais investir nele.
 
Curti meu carnaval, também fui em bloquinhos (apenas dois dias e adorei) e no Vila JK com uma amiga. Foi uma noite mega agradável, assistimos ao show de um grupo chamado: “Atitude 67”, que gostei bastante, ainda que eu não tivesse o menor hábito de ouvir pagode (até salvei algumas músicas deles depois, destaque para a canção “Tão Linda”), e depois o estabelecimento virou uma balada.
 
Dois caras nos abordaram lá. Minha amiga se deu bem. Já eu não estava com o menor saco para a conversinha furada do outro que tentava ficar comigo. Definitivamente não tenho paciência para xaveco de cara mais novo do que eu. Mostrar os milhares de seguidores que possui no instagram é um marketing pessoal muito péssimo! Não estou atrás de homem narcisista. ?? Tentei ser simpática no começo, mas, após um tempo estava estampado na minha cara que eu queria que ele fosse embora. Foi ficando cada vez mais chato manter a conversa, até que finalmente ele se tocou e chamou o amigo dele para darem uma volta.
 
Assim que ele saiu, enviei uma mensagem para o Perspicaz no WhatsApp. Era cinco e pouco da manhã de uma segunda-feira de carnaval.
 

-Beijou muito no bloquinho? – Sabe quando você se depara com uma nova merda e passa a valorizar a merda anterior? Foi exatamente isso que aconteceu aqui.

-Caramba. Eu fico de cara com esses seus horários de vida. – Ele respondeu umas nove e pouco da manhã.

-Como você mesmo disse uma vez: “é carnaval”.

-Hahahaha. Tá certa, é carnaval! Beijei não. Já passei dessa fase haha. – Ué, então por que dá tanta importância para esses bloquinhos? ?

-Ótimo. Não quero pegar sapinho. Supondo que irá rolar um terceiro encontro né.

-Hahahaha. Será? ?

*

-E os bloquinhos hoje? – Ele puxou assunto naquele mesmo dia, já de noite.

-Bombando. – E enviei uma foto minha belíssima fantasiada, não que ele já não tivesse visto no meu insta.

Naquela mesma noite, ou melhor, na madrugada de segunda para terça, ele me chamou para dormir com ele. Foi um lance muito de repente…

-Tá acordada? – Era duas da manhã. – Eu vi que você tá acordada. – Olha ele dando um de espião.

-Estou. Viu como??

-Eu sei… Você vive online. Tô indo pra casa, vem dormir comigo. 

-Estava onde?

-Fomos pro Trabuca. – Ou seja, não deve ter rolado nada potencial no rolê dele e agora me chamava como um legítimo contatinho de stand-by. 

-Que convite tentador. Acho que vou aceitar hein. – Dignidade zero, eu sei. 

-Vem. Vamos dormir de conchinha. 

-Só vou por causa da conchinha. Vou jogar uma água no corpo e já vou.  Na verdade só queria terminar de comer a minha pizza.

-Tá bom. Tô te esperando.

Tive que ligar para ele quando já estava chegando – não me lembrava o número do seu apartamento – e o Don Juan havia cochilado! Comecei a me sentir uma idiota por estar me dando ao trabalho de ir até lá (o Uber ainda tinha ficado o dobro do valor devido a tarifa dinâmica), encontrar uma pessoa que estava caindo de sono, incapaz de me esperar acordado. Só não desisti porque não tinha mais como. Dentro do elevador a minha cara era de poucos amigos. Porém, quando ele abriu a porta, a minha chateação se dissipou. Estava muito sexy com aquela carinha de sono! Agradeceu por eu ter ido, pegou a minha mão e me levou para o quarto. Me deitei de roupa e tudo – quase não tive tempo de tirar os óculos – com reais intenções de dormir.

Deitamos de conchinha, mas ele não ficou parado. Começamos a nos beijar, em pouco tempo pediu para eu tirar a minha calcinha – eu estava de vestido – , ele também tirou sua bermuda e cueca e sem nenhuma preliminar decente foi entrando, se deparando comigo já molhada, sem precisar de uma chupada para isso. (Camisinha não mencionada no texto, apenas para não quebrar a fluência da narração. Mas é claro que a mesma esteve presente.) Ele me surpreendeu naquela noite. Transamos, dormimos, transamos de novo no meio da noite, dormimos, transamos pela terceira vez de manhã – somente dessa vez ele gozou – e voltamos a dormir. Aquele  era seu novo recorde. Me passando uma ideia errada de que dali em diante teríamos muito sexo.

Estamos chegando na reta final desta história…

Enfim chegou o dia dele me assistir na peça!

Se sentou na primeira fileira. Me assistiu com muitos olhares de admiração e todo sorrisos. Quando a peça terminou e fui cumprimentar os meus amigos, ele marcou presença como se fosse meu namorado. Muitos selinhos e abraços em público, o que me surpreendeu bastante, esperava uma postura mais libertária. Viemos para a minha casa depois da apresentação e a minha expectativa para aquela noite estava bem alta!

Tomei um caprichado banho, passei o meu óleo corporal mais cheiroso, coloquei a minha melhor camisola e… ele não tentou absolutamente NADA! Novamente fizemos brigadeiro – ele que fez – , assistimos um filme (Chamada de Emergência), pedimos pizza, comemos enquanto o filme ainda estava rolando e antes do filme acabar ele já tinha cochilado.

Amiga 1:

Amiga 3:

Nada minha gente. Absolutamente nada rolou naquela noite. Demos um único beijo de língua, porque em certa altura EU pedi, porém, nada desenrolou daquela troca salivaria. Parei de tomar a iniciativa desde que ele disse se sentir “pressionado”, no entanto, se ele se sentia assim, já eu me sentia podada. Com tesão e tendo que me comportar como se fosse moça virgem. ?

Eu ali, do lado dele no sofá, toda cheirosa, sensual e era como se tivesse usando um moletom velho. Se ele não tinha mais tesão em mim, afinal, eu já estava “conquistada”, porque ainda saía comigo? ? Acho que agora entendo porque ele nunca teve relacionamentos longos. Mulher nenhuma soube lidar com tanta falta de sexo assim. 

Naquela noite dormi frustradíssima. Na verdade, demorei bastante tempo para conseguir pegar no sono. Eu olhava para ele dormindo do meu lado e só pensava: “Só atraio os caras errados. Era pra eu estar transando agora…”

No dia seguinte, pela manhã, despertei antes dele, ainda indignada com toda a situação. Resolvi tomar a iniciativa. Comecei a alisá-lo enquanto ele ainda dormia e novamente nada aconteceu. Ele se manifestou três vezes ao meu toque e não foi positivamente. Na terceira vez até se virou de costas para mim!! Nesse momento desisti.

Mereço sexo ardente todos os dias, se eu quiser. Mereço um cara que quando me olhar, sinta uma mescla de amor e desejo incontrolável. Mereço um cara que nunca me diga não. Um cara que ao me atiçar vá até o fim. Cadê aquele cara dedicado do primeiro encontro??

Amiga 2:

 
 

Amiga 3:

A voz da experiência rs

Se já não bastasse todo o meu desencanto até este ponto da história, ficou ainda pior quando ele acordou. Exatamente do nada ele descobriu nós dois, me fazendo acordar sobressaltada. Perguntei o que ele estava fazendo e daí ele pegou a minha mão e levou até seu pau. Nossa que sutil. ? Fingi interesse e daí ele pediu para eu tirar a minha calcinha, semelhante ao nosso terceiro encontro, que narrei mais acima. Só que aquela vez eu estava animada para o ato, desta vez não, tinha acabado de acordar e ainda foi bruscamente. Retruquei:

-Tira você.

-Eu quero ver você tirando.

-Você não quer é ter trabalho.

-Terei trabalho daqui a pouco. – Ele sempre vem no papai e mamãe. 

Parecia aqueles velhos brutos sem o menor tato para o sexo. Ele me lembrou o personagem do José Wilker no remake de Gabriela:

Tirei a calcinha sem a menor vontade, esperando que ao menos ele fosse me chupar primeiro. Isso não aconteceu. O bonitinho queria enfiar o pau a seco – lubrificante de camisinha não é o suficiente se a mulher não estiver miseramente molhada – . Ele começou com as investidas e aquilo me incomodou fortemente, tanto pela postura dele, quanto pelo desconforto físico do ato. Falei para ele que se fosse pra transar daquele jeito, que então pegasse o gelzinho que estava na prateleira sobre as nossas cabeças. Ele recusou, dizendo que não estava com pressa e foi empurrando devagarzinho até entrar tudo. Que porcaria de transa. Não fingi prazer e continuei com a minha cara de bunda. Eu poderia ter interrompido, mas não sei porque não o fiz.

Após um tempo de estocadas, repentinamente ele parou de transar, dizendo que precisava de água (estava com a boca seca) e saiu de dentro de mim para ir em direção a cozinha. Quando retornou, percebeu a minha falta de empolgação e perguntou o que estava havendo. Sincerona, como sou, não deixei por menos.

-Eu queria ter transado ontem a noite e não achei bacana começar a transa assim.

-Tem que ter um ritualzinho? – Sim querido, tem que ter.

-Não deu nem tempo de eu lubrificar…

-Você quer que eu chupe a sua buceta? É só falar…

-Quero.

-Eu te chupo então, quando for assim é só pedir. – Pedir? Isso é o tipo de coisa que deveria ser obrigatório!

E desceu para me chupar. A chupada dele não me cativou. Logo interrompi e pedi que retomasse a transa. O que tinha acontecido com aquele oral incrível do primeiro encontro? Parecia que tudo estava perdendo a graça.

Quando a transa terminou e nos deitamos lado a lado, o encurralei na parede:

-Vou te fazer uma pergunta e gostaria que fosse extremamente sincero. – O encarei com atenção. – Você não gosta de sexo? – Eu estava realmente incomodada com tudo aquilo que estava rolando. Nossa sintonia no primeiro encontro não parecia mais existir e eu queria entender o porquê.

-Gosto. Ontem não transamos porque tínhamos comido, eu estava pesado.

Que desculpa mais deslavada!!! A pizza chegou bem depois do meu banho!!! Tivemos muito tempo para transar antes de comer, ele que não tomou nenhuma iniciativa para isso!!!

-Estou perguntando por que você é diferente de tudo que já tive. – Justifiquei.

Ele disse que nunca tinham falado isso para ele e ficou me olhando pensativo em silêncio. O incentivei a dizer o que estava pensando naquele momento, já que me encarava muito compenetrado, achando que viria algum comentário relacionado ao que estávamos falando, até que ele me solta:

-Do que você trabalha, mesmo?

O danadinho tirou o foco dele e jogou para mim! Fiquei mega constrangida com a pergunta inesperada e dei uma enrolada, repetindo o mesmo discurso fictício que eu já tinha lhe dito uma vez. Nesse momento fiquei super desconfiada que ele soubesse a grande verdade sobre mim. Sem contar que durante a manhã, eu tinha sonhado justamente com isso, com ele me dizendo: “Eu sei que você é puta”. Será que ele sabia?? Muita coincidência eu sonhar com aquela revelação e horas depois ele vir com uma pergunta dessas! Eu tive uma premonição?! Será que neste momento ele também está lendo isso??? ?

Depois que respondi a sua pergunta, ele me abraçou de maneira carinhosa, como se dissesse: “Pobre alma, eu te absolvo dos seus pecados” e encerramos o assunto. Preparei panquecas para nós de café da manhã e ele foi escolhendo um filme para assistirmos. Me deu duas opções de escolha. Falou a sinopse de cada um e como nenhum me interessou, ele mesmo que escolheu, sendo um chamado: “O Limite da Traição”. Foi a minha vez de cochilar durante o filme. Adormeci com a cabeça deitada no seu colo. Acordei com aquele agito das cenas finais e… vocês não vão acreditar…!!! A personagem que se revelou vilã no final da história, se chamava Sarah Miller!!!! E quando o filme acabou, ele me solta essa:

É… Sara Miller era do mau…

Ele se referia a personagem do filme ou a mim?! Ouvir o meu pseudônimo saindo dos seus lábios me causou uma forte sensação de que ele sabia. Que ele sabia de toda a verdade sobre mim e que escolheu aquele filme de propósito. Sem contar que, enquanto eu preparava as panquecas, antes dele começar a procurar um filme, foi até a minha estante de livros e pegou justo o “Kama Sutra Moderno” para folhear! Será que, por acaso, ele também já tinha notado um outro com o título: “As Prostitutas na História” sobre aquelas prateleiras?! Gelei minha gente. Olhando para a tela da TV eu estava, olhando para a tela da TV eu fiquei. Começaram a subir os créditos e eu não disse nada perante o seu comentário suspeito.

Transamos mais uma vez e acabou sendo melhor que a primeira transa do dia. Daí ele se banhou e quis assistir outro filme, mas, voltou atrás e disse que talvez fosse melhor ir embora. Percebi que esperou que eu dissesse algo do tipo: “Tá cedo, fica mais”, porém eu tinha cliente mais tarde e fiquei com receio de que se ele não fosse embora naquela hora, eu não conseguiria me livrar dele para ir atender depois. Fiquei um tempo quieta refletindo, até que disse:

-É, eu poderia dar uma estudada também.

-Captei.

-Captou o que? Você que falou de ir embora primeiro. – Um ficou jogando para o outro o peso da sua partida. Fiquei com a sensação de que ele gostaria de ficar mais, mas talvez fosse só cena da parte dele.

Não saímos mais depois disso. No entanto, até hoje continuamos trocando mensagens. Conversas esporádicas. Às vezes ele parece continuar interessado, outras vezes não, como se eu fosse nada mais que um contatinho que ele quer manter para os momentos de insucesso nos seus outros esquemas. Isso me frustrou por um tempo – mais pela questão do ego, do que por ele ser o fodão, já que nem me come direito – , mas decidi que aos poucos irei cortando o contato.

Agora lhes pergunto: Será que ele sabe a verdade sobre mim? Ou tudo isso não passou de uma série de coincidências?

Vocês acreditam em coincidências?

Eu não.

Amiga 2:

Amiga 1:

Vamos fechar esta série com os comentários de vocês? ? O que acham disso tudo?? Será que ele sabe? Por que as vezes demonstra estar interessado e outras não? Por que esse desinteresse sexual? ? Quero ler a opinião de vocês mais uma vez!!! ❤️

O Perspicaz | Parte 4: Segundo Encontro

-Que gostoso, que bonito acordar e as primeiras coisas a ler serem essas palavras tão doces e carinhosas, muito gostoso. Obrigada ********** (disse meu nome no diminutivo e depois deu uma risadinha). …Ô, mas deixa de ser palhaça, sabe que tudo isso aí não é verdade, que eu não sou isso, que eu não estou te tratando assim. É só porque é carnaval né, carnaval é diferente. Mas eu quero muito te ver. O que é que você vai fazer hoje?

Não imaginava que a minha mensagem da noite anterior fosse me render um áudio – positivo – de 30 segundos!! Fiquei bastante feliz com o resultado!!! ?

-Agora ele vem querendo me reconquistar jogando todo o seu charme sonoro pra cima de mim! Ai ai. – daí enviei uma figurinha com os seguintes dizeres: – Hoje eu to disponível! Amanhã também…

-Hahaha. Boa! Quando eu sair do trabalho te aviso.

-Que seria mais ou menos que horas?

-Eu saio tal hora. Quero comprar uma camisa de carnaval, bora?

Me chamando para ir às compras com ele?? Interessante… ?

-Topo! Vou te convencer a comprar uma bem feia e cafona pra não fazer tanto sucesso nesses bloquinhos.

-Hahahaha.

E assim fomos combinando o nosso segundo encontro…

Ele falou de irmos numa loja que, a propósito, ficava muito perto da minha humilde residência, fazendo com que ideias de trazê-lo para conhecer o meu cafofo brotassem na minha mente. Porém, acabamos não indo para a tal loja, por conta da repentina chuva que acometeu São Paulo. No entanto, ele foi para a minha casa, algo que me rendeu uma certa adrenalina!

Quando ele estava pegando o Uber, saindo do trabalho dele, eu também estava dentro de um Uber, voltando de um cliente. Ele saiu antes do previsto. Cheguei em casa toda esbaforida, fui direto para o chuveiro e com o tempo que me restou dei uma ajeitada mais severa no apartamento, camuflando possíveis pistas que ele não poderia descobrir (tão já) a meu respeito.

Interfone tocou. O boy já estava na portaria. Vocês  também sentem um friozinho na barriga sempre que recebem alguém na sua casa pela primeira vez? Confesso que não me sinto tão confortável sendo a anfitriã, prefiro muito mais ser a hóspede, mas, lá estava eu, apresentando a ele o meu paraíso particular. Esperei por ele na porta e assim que saiu do elevador, o vi se direcionar para o lado contrário rs. Estudou e andou pelo meu apartamento como se aqui fosse um museu. Viu minha estante de livros e filmes, comentou sobre certos quadros na parede e até o banheiro dos meus gatos virou pauta de assunto. Depois de todo “esse tour”, se sentou no sofá e me sentei no colo dele.

Sentiu saudade? – Ele perguntou.

-Me diz você… – Não entreguei o jogo.

-Hahaha, olha como você é… toda misteriosa… – pausa – senti sim.

Nos beijamos. Aquele costumeiro beijo gostoso e, por um segundo, achei que as coisas fossem desenrolar ali. Mas, não. Ele puxou mais assunto e entendi que não queria transar tão rápido. Daí falei de um texto que precisei desenvolver para a aula – o teatro também trazendo à tona os meus talentos como escritora – e levantei para buscar o meu caderno de estudo. Primeiro li para ele o texto que me foi dado como referência e depois o meu, que desenvolvi orgulhosamente. Quando terminei a leitura, olhei para ele e perguntei o que tinha achado. Ele pareceu impressionado e pegou a folha da minha mão, relendo direto da minha escrita. Fiquei mais uma vez orgulhosa com aquele texto, acho que consegui impressionar o boy. ?

Depois a conversa caminhou naturalmente para outros assuntos e dali a pouco, quando eu menos esperava, ele se voltou para o meu caderno que estava abandonado do seu lado. O meu caderno de estudo, devo alertá-los, é um mini diário de bordo, pois, muitos textos postados aqui foram primeiramente rascunhados lá. Então imaginem o meu pequeno pânico interior, quando ele começou a folhear as páginas, temendo que ele caísse ou chegasse numa página errada. ?

O texto “Eu, Tu e Ela”, por exemplo, também nasceu lá e de todos que escrevi era o mais destacado, escrito em caneta vermelha, com o gritante título: “Ménage à trois”. Ao mesmo tempo já comecei a pensar num plano de fuga, caso o pior acontecesse e decidi que se fosse preciso eu tomaria o caderno da mão dele repentinamente, com alguma desculpa que ainda não tinha conseguido elaborar.

Eu sei que não deveria escrever esse tipo de coisa num espaço destinado para outras finalidades, mas, sempre aproveito os momentos de inspiração onde quer que eu esteja. Imaginem só, a professora explicando sobre determinado conceito que, por acaso está me entediando, e eu lá dissertando sobre algo completamente inapropriado. ??

Felizmente não foi preciso nenhuma atitude desesperadora da minha parte, ele folheou as páginas por mais um tempo na ordem que as folhas se apresentavam e perdeu o interesse antes de chegar no primeiro rascunho. Nos beijamos mais uma vez e quando voltamos a nos olhar, ele me observou por tempo que considerei demais em silêncio. Acabei lhe perguntando: “o que foi?” e ele, inesperadamente disse que eu tinha “alguma coisa”. 

-Como assim, alguma coisa? – Perguntei confusa e curiosa ao mesmo tempo.

-Sei lá, alguma coisa. Alguma coisa não encaixa em você.

-Como assim?? Rs. – Que papo mais estranho era aquele?

-Sei lá, talvez você seja mesmo uma louca.

-Louca??! Como está na minha frase do Tinder? – O tal texto fora da casinha que bolei.

-Sim.

-Hahahahahaha. Já pensou??

O boy estava desconfiado. Disse que me achava misteriosa demais e que alguma coisa havia. E realmente havia, afinal, um segredo muito importante sobre mim estava sendo ocultado dele e, de alguma maneira, na sua visão coisas em mim não estavam encaixando. Talvez fosse a minha independência mesmo parecendo tão nova, sei lá, ele não foi mais claro e eu tratei de mudar de assunto.

Daí começamos a conversar sobre música e acabei colocando um videoclipe da Lana Del Rey que é brisa total:

Depois tivemos a ideia de assistir um filme e o escolhido foi: “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”. Durante a sessão sugeri fazermos brigadeiro de panela e coloquei o boy para “cozinhar” pra mim. ? O brigadeiro dele não ficou tão bom quanto o dos meus amigos, mas, ainda assim estava gostoso. (Qual brigadeiro consegue ser ruim??)

Em determinada parte do filme, fiquei com vontade de fazer uma pausa para intercalarmos com alguma outra atividade juntos (tipo sexo) e joguei a isca:

-Você não quer deitar mais o sofá?

-Não, melhor não, senão vou ficar com vontade de te agarrar e quero terminar de assistir o filme – Mas era justamente esse o intuito!

-Ahh, mas o filme dá pra pausar e voltar… – Fiz minha última tentativa, que ele ignorou.

Fiquei levemente desapontada, pois, não havíamos nos beijado pra valer ainda, muito menos transado e pelo visto somente eu estava preocupada com isso. Não forcei a barra e voltei a prestar atenção no filme, ainda que eu estivesse subindo pelas paredes. ?

Quando enfim o filme terminou, fomos para a minha cama de uma maneira um tanto ensaiada e me senti um pouco estranha, como se ele só quisesse seguir um script e não porque estivesse realmente excitado. Foi gostoso porque eu estava com muita vontade, mas, de longe via-se que não houve a mesma dedicação do primeiro encontro. Tomamos um banho, voltamos para a cama e fiquei na expectativa de um segundo round. Que não veio. Ele conseguiu perceber a minha empolgação por mais uma rodada e me jogou um grande balde de água fria, dizendo:

-Você é taradinha, né?

-Sou?

-Sim, você é muito sexual.

-Por que você diz isso?

-Aquele dia na minha casa, logo que terminamos de transar você já disse que queria de novo (verdade, eu disse mesmo) e antes de ir embora ficou querendo uma terceira…

-Ué, você que ficou me provocando antes de eu ir…!

-Eu estava só brincando… e agora durante o filme de novo você deu uma investida.

-Isso é ruim? – Fiquei realmente confusa já que ele percebia e não correspondia ao meu ritmo.

– Não, mas, às vezes me sinto pressionado.

Oi???? Eu não acreditei no que estava ouvindo. A gente mal se via e estávamos nos conhecendo, era completamente normal que rolasse muito tesão de ambas as partes no começo, ou pelo menos de alguma parte, já que o tesão aparentemente só vinha do meu lado. Estranho, muito estranho…

Dito isso, não rolou o segundo round que eu gostaria e saímos para comer fora. Os olhos dele estavam irritadíssimos da alergia dos meus gatos, então descartamos a possibilidade de pedir algo para comer no apartamento. Fomos numa pizzaria que não lembro o nome agora – uma que fazia pizza sem glúten – e foi engraçado nos depararmos com um público tão diferente de nós. Somente famílias e gente mais velha, sendo nós o único casal no estabelecimento.

Ele não gostou da pizza, achou mal servida e cara. Já eu, que estou acostumada com coisa boa, achei m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a. Ele não me deixou contribuir no momento de pagar a conta (ainda que tivesse reclamado do valor, dizendo que eu pagaria só na próxima) e em contrapartida pediu apenas que eu chamasse o Uber para nós, dali até a sua casa, que era bem mais perto de onde estávamos do que voltar para a minha.

Para a minha infelicidade, o que já estava lento parou de vez. Não transamos de novo em sua casa, ele colocou um filme para nós (um bastante sinistro, chamado: “Demônio de Neon”) e adormeceu com a cabeça deitada sobre as minhas pernas.

Após algum tempo que ele dormiu, pausei o filme e fui para o celular bombardear as minhas amigas de mensagens…

Para amiga 1:

Sim, minhas amigas sabem o que faço!
Sou mesmo muito detalhista, relatório completo!

Para a amiga 2:

Quando o filme acabou fomos para a cama, dormimos juntos naquela noite, porém nada de conchinha. Ele estava capotado. Dormi depois dele e acordei primeiro.

Amiga 1:

Esperei ansiosamente ele acordar para termos um matinal de respeito – já que não transamos na noite anterior, quando voltamos da pizzaria – e para o meu grande desapontamento, o matinal foi bem sem graça. Novamente fiquei com aquela sensação estranha de que ele estava executando a atividade somente por minha causa e não porque quisesse de fato.

Teve uma hora que fui por cima e ele fechou os olhos. Achei aquilo péssimo. Enquanto no primeiro encontro ele até acendeu a luz para me assistir gozar, agora ele ficava de olhos fechados, enquanto eu, lindamente, dava o meu melhor em cima dele. Gosto de olhar para a pessoa que estou transando e gosto mais ainda quando o outro também retribui o olhar. Fechar os olhos em algum momento ok, agora, permanecer o tempo inteiro de olhos fechados é broxante! Como se durante aquele tempo contínuo de ausência visual estivesse se utilizando da própria imaginação para pensar em outra pessoa. Me pareceu desinteresse e não me contive em interromper a transa. Saí de cima dele e falei que achava melhor fazermos uma pausa. Ele ficou sem entender, já que, afinal, a taradinha aqui parece estar sempre disposta e interessada.

Depois ele foi no mercado comprar algumas coisas para o nosso café da manhã e eu voltei a dormir mais um pouco. Não sei ao certo quanto tempo ele demorou para voltar, mas, tive a sensação que foi muito. Quando ele chegou, acordei na mesma hora com o barulho. Perguntei sobre a demora – apenas para me certificar que não era impressão minha – e ele disse que tal mercado estava fechado, fazendo com que precisasse ir até outro mais distante.

Fiz panqueca para nós, que não ficou das melhores já que alguns ingredientes tiveram que ser substituídos, mas, ele elogiou e comeu toda a sua parte. Durante a digestão do café da manhã assistimos a mais um filme – o convenci a assistirmos “A Família do Futuro” – e durante o filme rolou um negocinho!!!

De repente começou a rolar uma troca de carinhos. Talvez para ele fossem carinhos inocentes, mas, para mim pareceu uma abertura para algo mais, até porquê percebi que ele estava duro. Então abaixei a sua bermuda e comecei a chupá-lo. Ele entrou no clima e começou a me masturbar. Estava gostoso. Eu estava toda molhada. Ficamos naquela delícia por alguns minutos, até que interrompi para ir ao banheiro. Eu estava um pouco apertada e como todo o mundo sabe, transar com a bexiga cheia é mega desconfortável. Fui logo então, enquanto ainda estávamos nas preliminares ao invés de deixar para a hora H.

Daí, quando voltei, meus senhores, ele havia vestido a bermuda de volta!! Todo o clima tinha se dissipado e compreendi que não daria para retomar nada naquele momento. “Ok, vamos esperar o filme acabar”, pensei esperançosa. Lhes desafio a adivinhar o que aconteceu depois. Sim, acertou você que disse “nada”, absolutamente nada! Trocamos apenas alguns beijos e ele disse que também gostava só de carinhos, como se eu fosse uma ninfomaníaca que quisesse transar a todo momento. 

Nem tentei fazer a seduzente para conseguir alguma coisa, pois, naquele contexto seria como implorar e eu não precisava disso. Queria ser conquistada e não ter que conquistar alguém, ainda mais alguém que parecia tão inacessível sexualmente. Nunca imaginei que um boy da vida real me negaria fogo desse jeito. Sou de áries, gosto de intensidade! ? Emoções fortes! ? Coisas mornas não me encantam. Por acaso estávamos casados há mais de dez anos para já estar escasso daquele jeito?!

Aceitei as considerações dele numa boa e dali a pouco me vesti para ir embora, o que já estava previsto, independente de rolar uma nova transa ou  não. Ele gentilmente desceu comigo até a portaria e se despediu com o seu costumeiro: “tchau gata”.

Fui embora de lá sem uma saideira completamente frustrada! Como um cara que é apenas três anos mais velho do que eu, pode ter um ritmo sexual tão diferente?!

Amiga 2:

Maaaaaaaaaaas… apesar dos pesares, a história ainda não termina aqui! Ficamos juntos mais duas vezes e a próxima parte, que será a parte finalsim, acrescentei mais uma! – está ainda mais e-n-i-g-m-á-t-i-c-a!

Vocês não perdem por esperar! 

Enquanto isso… gostaria que continuassem compartilhando aqui qual a opinião de vocês a respeito de tudo que viram até o momento.

Seria eu uma tarada incorrigível? Precipitada e eternamente insatisfeita? Ou estaria ele exagerando por simplesmente não ter o mesmo apetite, não ser tão compatível ou qualquer outra discriminação que só quem está de fora poderia analisar? Quero saber!! Estou amando a interação de vocês nas postagens!! Continuem comentando!! ❤️❤️❤️

O Perspicaz | Parte 3: Pós-encontro

-Bom dia ******, chegou bem em casa?

-Bom dia ****, fui sequestrada! ?

-? Caramba! O que houve? Fala comigo! Tô preocupado!

-Estou brincando!! Hahahaha.
-?

Para mim, mais importante do que o pré e o durante, é o pós! Tão importante quanto todo o resto, pois, é nesse momento que você descobre quais são, de fato, as reais intenções do sujeito. O nosso “pós-encontro” começou bem, mas, foi enfraquecendo, o que me deixou mega frustrada. Quando me dei conta, as nossas conversas estavam ficando cada vez mais mornas. O que eu esperava também? Trocas de mensagens a cada vinte minutos? Nem antes de sairmos não foi assim e o rapaz tem um trabalho convencional, não é todo mundo que tem essa disponibilidade que eu tenho para responder mensagens…

Ignorem o erro de português, estava nervosa! Rs

Não é que eu esteja atrás de um namorado, ou marido, ou pai dos meus filhos (ou talvez esteja inconscientemente), mas, me causa um certo desapontamento quando vejo que alguém aparentemente promissor nada mais foi que um encontro vazio e supérfluo. Sei que há quem diga que no Tinder só se encontra isso, porém, discordo. As exceções existem em todos os âmbitos e situações, só não me deparei com elas ainda.

Nem mesmo nas duas vezes que tive autocontrole e fiz a difícil, não transando no primeiro encontro, nem assim os caras permaneceram interessados. O que funciona para um, não necessariamente funciona para outros, não é mesmo? Então confesso, fiquei sim um pouco chateada, pois, pareceu que ele também tinha curtido e se tinha sido legal e gostoso para ambos, por que não continuar e repetir?

Entrei em conflito por um tempo, mas, depois cheguei a conclusão que estava dando importância demais para alguém que acabara de conhecer. Por acaso eu estava perto do meu período menstrual para estar tão emotiva e sentimental? Precisava ser mais prática. Então, dois dias depois do nosso encontro joguei a isca para descobrir se ele ainda estava interessado. Não que ele não fosse legal comigo no WhatsApp, mas, ele demorava horas para me responder e sua simpatia, a distância, não me permitia saber se era sincera ou apenas uma mera formalidade.

-Oie, tudo bem? Vai me assistir tal dia mesmo? (Convite formalizado)

Ele respondeu seis horas depois.

-Boa tarde gata! Gata?? – Como você tá? Olha só que convite maneiro esse! Que horas é a peça?

-X hora.

-Então, eu quero muito ir. Mas, tenho que ir no bloquinho – é obrigado?? – com meu amigo que vai passar o carnaval aqui. Então se eu ficar muito louco e não ir vai ficar feio né? – À essa altura nem preciso dizer que achei a resposta dele péssima, né?! ?

-Muito feio, digno de separação! – Fiz a brincalhona, ainda que estivesse bem séria olhando para a tela.

-Hahahahaha.

E acabou aí. The end, game over, ele não disse absolutamente mais nada sobre o assunto. Fiquei decepcionadíssima! Desde a primeira conversa se mostrou tão interessado em me assistir e quando finalmente tinha a chance, me trocava por bloquinhos??! Faça-me o favor! Francamente! Onde já se viu?! ?

Naquela noite, antes de dormir, refleti demais sobre tudo aquilo. Refleti tanto, ao ponto de cair em mim, que eu estava exagerando. Só tínhamos saído uma única vez e era completamente normal que eu não fosse prioridade na sua vida. Eu mesma, não deixei de sair com uma amiga por causa dele, lá atrás, quando cancelei com ele repentinamente, antes mesmo de conhecê-lo. E daí que ele preferia ir para bloquinhos? Eu era o amor da vida dele por acaso? Não, né! E nem ele era o meu, então pra quê tanto drama?

Também estudei todo o nosso histórico de conversa desde o começo e cheguei a conclusão que quase sempre ele demorava para me responder do mesmo jeito e nunca fomos de conversar tanto no WhatsApp. Claro que, eu esperava que após nos conhecermos isso mudasse, mas não aconteceu, paciência.

Daí, como ariana teimosa e persistente que sou, dei a última cartada. Sim, eu sei que já disse lá em cima que tinha jogado a isca, mas, agora sim seria minha última tentativa. Revisitando nossas conversas, me deparei com uma brincadeira que ele fez comigo quando cancelei com ele da primeira vez (vide nesse post) e resolvi usar seus próprios truques contra si mesmo:

Não sei não, eu to muito confusa com tudo isso que tá acontecendo. Homens são todos iguais. Prometem mundos e fundos antes da primeira transa e depois que rola partem em busca de novos contatinhos em bloquinhos. Te negam um terceiro round com a desculpa de se guardar para o próximo encontro e esse fica só na promessa. Homens, quem precisa deles??

Vocês homens sempre dizem isso, mas sei que não é verdade… Eu me dediquei, me anulei por vc, pus nosso relacionamento acima de tudo, mas nunca houve reciprocidade.. agora eu entendo que pra vc eu sempre fui apenas um contatinho…

Se lembram disso? Mudei algumas palavras, encaixando no meu contexto, mas, em suma a base textual veio toda dele, o que me permitia brincar sem medo de parecer uma louca obsessiva kkkk.

Agora eu lhe pergunto: será que teve um efeito positivo? Se coloque no lugar dele e me diga nos comentários qual seria a sua resposta, se esta mensagem tivesse sido direcionada a você!

Quanto a resposta dele…  bem… farei um suspense até a próxima postagem. ?

CONTINUA…