Cuidado com Bookers!

Querido diário…

Eu nunca te contei, mas por um período, enquanto acompanhante, eu tinha um desejo latente em ser agenciada por Booker. Mesmo que ele ficasse com um percentual do encontro, pois imaginava ganhos mais interessantes, além da oportunidade de me relacionar com clientes de poder aquisitivo maior, que talvez não se arriscassem contatando uma gp diretamente, sem um intermediário lhe garantindo total anonimato.

No entanto, apesar de ter muitos bookers à solta por aí, só tive duas experiências e uma delas foi bem traumática (hoje já superada). A primeira experiência foi mais light. Uma mulher. Ela queria marcar um almoço para conversarmos, mas foi logo quando comecei, minha agenda bombava, eu não conseguia uma brecha para encontrá-la e sempre priorizava os meus clientes. Ela insistiu por um tempo, até recomendou que eu ocultasse o valor do meu cachê no meu site, recomendações essas que ignorei. O blog é meu e eu deixo disposto a informação que eu quiser, pensei. Ela acabou desistindo e não me contatou mais.

A segunda experiência que tive já foi mais intensa. Presencial.

Quem me acompanha há mais tempo, deve lembrar de uma postagem que fiz com o título “Despedida de Solteiro”. Foi um post muito acessado, em que relatei a minha participação nesse tipo de evento com outras acompanhantes. Infelizmente a postagem não está mais disponível no blog, as meninas que estiveram presentes já não atendem mais e vez ou outra me enviavam mensagens para que eu removesse os seus nomes. Para evitar de ficar editando toda hora, preferi ocultar.

Nessa despedida, conheci uma garota que não foi citada em tal relato, pois no evento em si não tivemos nenhuma interação. Era uma ruiva, com um ar de sabichona. Ela falou sobre um booker que a agenciava e vendeu a ideia como se fosse a coisa mais incrível do mundo. Para ser agenciada por ele, bastava apenas uma visita no seu apartamento para que ele me conhecesse e se gostasse de mim, estaria no esquema! Confesso que no fundo achei um pouco estranho que fosse somente isso e questionei mais alguns pontos, mas a ruiva foi muito enfática, dizendo que ele era gay, e que no mínimo seria divertido ir lá conhecê-lo. Se a própria estava dizendo isso, confiei.

Na época eu ainda residia em Guarulhos, mas já morava sozinha, e não tinha muita manha de andar em São Paulo. Até então, só encontrava os clientes nos hotéis Lido, Gloria ou Metrópolis, por estarem localizados próximos a estações de metrô. Não tinha o hábito de usar Uber (coisa que só comecei a fazer mais tarde, quando me mudei para São Paulo). Combinamos que eu iria até o apê dele por minha conta (no Morumbi) e na volta ele chamaria um Uber pra mim, até Guarulhos.

Cheguei no apartamento dele por volta das 19h ou 20h, não me recordo ao certo, só sei que já tinha anoitecido. O prédio, na época, me pareceu bem sofisticado, assim como o apartamento dele, que possuía até uma jacuzzi na varanda. Ao me receber tive a impressão dele ser bem articulado, carismático. Me ofereceu uma bebida (cuja garrafa ele abriu na minha frente), bebericamos, conversamos, ele me mostrou algumas partes do seu apartamento, disse que era dono de uma marca de maquiagem e ainda me mostrou alguns mimos que eu ganharia quando fosse embora (bolsa e maquiagem).

Após um tempo de conversa na varanda, com a jacuzzi atrás de nós borbulhando naquela luz verde que emergia de dentro da água, e uma música agradável de fundo, ele começou a ficar mais à vontade. Tirando sua roupa. Não ficou completamente nu, mas ainda assim foi estranho uma pessoa se despir daquele jeito sem nenhum contexto. Depois quis me mostrar o restante do seu apartamento e chegamos no quarto. Ele se sentou na cama e percebi que queria algo a mais comigo.

Sendo bem sincera com você, não vou ser hipócrita dizendo: “Teste do sofá? Que coisa imoral! Jamais faria!” O problema aqui é que: eu fui enganada! Aquela ruiva aliciadora disse que ele era gay! Não disse que eu precisaria mostrar quaisquer “habilidades”. E sério, se ela tivesse sido transparente quanto a isso, eu talvez aceitaria da mesma forma, mas iria outro dia, em outro momento, mais preparada para aquilo.

Naquele dia eu tinha atendido três clientes e três era o meu limite diário. Mais do que isso minha xana ficava assada, me impedindo de trabalhar pelos próximos dias. Então não é que eu não estava disposta a transar com ele se fosse preciso, eu não estava disposta Naquela noite. Me senti ludibriada e não estava preparada fisicamente, nem psicologicamente para isso.

Ele tentou me beijar, me seduzir, mas não rolou. Não me forçou, mas via-se que ele não estava gostando da rejeição. Nosso encontro minguou e no seu comportamento pude perceber que se eu não queria dar para ele, então não fazia sentido a minha presença ali, reduzida a uma grandiosa insignificância. Não me deu os tais mimos, chamou o Uber pra mim e me acompanhou até a portaria do prédio.

Eu disse para ele que podíamos marcar outra data, que naquele dia eu já tinha atendido e não estava disposta (preocupada ainda em dar satisfações) e ressaltei que a garota disse que ele era gay. Ele manteve a cordialidade, mas o que veio a seguir me mostrou que ele só estava mantendo a pose.

Nos despedimos e me encaminhei até o Uber que ele tinha chamado. Um minuto depois que a corrida iniciou, ele a cancelou, comigo dentro do carro. Achei aquilo tão baixo. Na hora me bateu o desespero e lhe enviei uma mensagem, perguntando porque ele tinha feito aquilo. Ele respondeu o seguinte: “Se você não tem obrigação de transar comigo, então também não tenho obrigação de pagar a sua viagem”. Ainda recebi mensagens malcriadas da ruiva por eu ter revelado que ela o apresentou como gay, sendo que a errada, por ter mentido, era ela!

Eu comecei a chorar dentro do carro, assustada com a situação. Eu não tinha o hábito de pegar Uber e desembolsar mais de R$ 100 numa corrida pra mim era uma fortuna (ainda é na verdade, rs). O motorista foi super bonzinho, tentando me acalmar, devia ter achado que era um namorado meu me sacaneando, não fazendo a menor ideia de que eu era uma gp e que quem chamou a corrida foi um booker criminoso. Por sorte eu tinha dinheiro na bolsa, dos atendimentos do dia. Paguei a viagem com dignidade, mas fiquei realmente muito transtornada com toda aquela situação.

Eu jamais havia sido tratada com tal desrespeito, por ninguém e tampouco pelos clientes, ao contrário, era mimada e paparicada, então aquela situação pra mim foi a pior experiência possível. Hoje, quando olho pra trás, não acho mais tão assustador assim, mas na época foi muito. Era o meu segundo ano como acompanhante, cabaço em muitas coisas, fiquei traumatizada de lidar com outros bookers. Ainda fiquei me culpando, pensando: “Se eu tivesse dado pra ele, nada disso teria acontecido”.

Na época fiquei com muita vontade de soltar o verbo aqui, nessas páginas, igual eu sempre fazia com os clientes desagradáveis ou com as postagens do “Cuidado Ao Abordar Uma GP”, mas eu não sabia o alcance do meu blog, temia chegar até ele e sofrer alguma retaliação, visto que ele tinha o meu endereço no seu aplicativo do Uber.

Quatro anos depois, em junho deste ano, descubro que ele foi indiciado por tráfico de mulheres! Saiu numa edição do Fantástico a reportagem:

 

Na época me culpei por não ter dado certo, mas a vida se encarrega de todas as coisas. Ainda bem que não rolou! Me ralei no chão para evitar que um acidente maior acontecesse e o machucado fosse mais profundo.

Por essas e outras que decidi lançar o serviço de Coach para garotas iniciantes. Acho que muito da minha experiência como acompanhante poderia ter um propósito ainda maior, tive muito crescimento pessoal e financeiro, nesse período de quase 6 anos. Sempre existiu a prostituição e sempre vai existir! É a profissão mais antiga do mundo! Modelo ficha rosa, acompanhante, messalina, garota de programa, puta, meretriz, muitos nomes, pequenas diferenças, a atividade principal continua sendo a mesma. Então por que não ensinar a essas mulheres os traquejos da profissão? Principalmente as novas, sem que elas precisem penar para entender como funciona esse mercado. Dicas para que situações recorrentes sejam evitadas e que “ossos do ofício” também possam ser encarados de forma mais amena possível.

Eu tive sorte, não tive traumas. Mas quem garante que com todas também será assim?

 

Filme: “Bruna Surfistinha”

Olá!

Para não deixar o blog sem nenhuma postagem durante esse período em que estou “de molho” irei falar do filme da ex garota de programa mais famosa do Brasil, que estava passando no canal Sony semana passada e acabei assistindo pela terceira vez.

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Acredito que a maioria de vocês já devem ter assistido. Eu o assisti no cinema inclusive (na expectativa igual de todos ali de que o filme fosse a maior putaria rs) mas assistindo agora, (onde também faço programa) foi mais interessante ainda pois me proporcionou uma perspectiva totalmente diferente do que quando assisiti sendo uma “mulher comum” rs. Antes eu estava do outro lado, e agora estou do mesmo lado que a Bruna esteve, onde fez com que eu me identificasse ainda mais com a história! Claro que, eu não teria a ousadia da Raquel de sair de casa (até porque não tenho razões para isso) para viver de programa em um privê horroroso como aquele que ela foi parar. Mas ainda assim me identifiquei pelo contexto principal. E não poderia deixar de dizer que ela foi corajosa, muito corajosa.

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Antes de começar a fazer programa, ao assistir o filme tive a pior impressão do mundo sobre esse ramo. Quando a Bruna tem seu primeiro cliente, onde ela deita de bruços e ele a penetra sem que ela sinta, ou demonstre prazer algum, eu pensei: “nossa que horror, deve ser horrível fazer programa” e no entanto não está sendo daquela forma como foi retratado, pelo menos não para mim. Apesar que se formos analisar são cenários diferentes. Ela vivia daquilo. Eu faço para atingir um objetivo, mas não é para minha sobrevivência, nem sequer para pagar minha faculdade. Talvez se eu tivesse essa obrigação, como era o caso dela, onde nem sequer tinha total autonomia sobre o próprio dinheiro (já que boa parte ficava para a cafetina) provavelmente eu teria uma outra visão e até mesmo outro tipo de experiência também.

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O bacana da história é que a Bruna soube se desenvolver. Ela podia não gostar no início, mas foi se aperfeiçoando e se adaptando, como acontece em qualquer campo de trabalho quando estamos iniciando. O começo é difícil, ou pedimos para sair, ou nos superamos, e foi o que ela fez, se superou.

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Uma das cenas que mais gostei (apesar de ser bem baixo nível) é quando elas estão no salão de beleza e uma das garotas diz alto, irritada para as outras clientes: “enquanto vocês ficam aí, seus homens estão pagando para transar gostoso com a gente” não com essas palavras, mas nesse contexto. Uma coisa bem vulgar de se dizer em público, mas gostei pela veracidade, afinal sabemos que é verdade, eu mesma que nem sou tão rodada assim, já atendi muito cliente casado! Rsrs. Mas não penso que a esposa seja ruim de cama ou frígida (apesar de algumas vezes ser o caso), tenho a mente muito aberta quanto a isso e sabe o que eu penso? Acho muito normal que um homem queira dar uma escapadinha de vez em quando, “comer uma carne nova”, isso não quer dizer que não amem suas mulheres, claro que amam! O homem sabe muito bem separar amor de sexo, eles sentem essa necessidade, é automático! Impossível virem uma mulher gostosa passando na rua e não imaginarem comendo ela, faz parte da sua natureza, estou errada?

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Outro ponto que gostei nessa cena é a passagem que ela tem, em um momento estão andando na rua descabeladas e mal arrumadas (após serem expulsas do salão) e depois já está de noite e estão produzidas e lindas indo para a balada, como qualquer grupo de amigas indo se divertir. Uma cena muito bem feita.

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O próximo ponto que gostaria de comentar é quando ela começa a atender em um flat. No meu ponto de vista (e acredito que na maioria dos homens também) atender em um flat é top demais!! Acho chique e digno! Mas apesar de achar muito incrível, não me vejo nesse patamar pois minha ambição é outra e também não me vejo vivendo somente de programa, mas mesmo assim não há como negar que é um diferencial muito grande. Uma vez atendi um cliente que revelou que antes só saía com garotas que possuíam flat próprio, pois tinha um certo “preconceito” com as que não tinham. Refleti por um tempo sobre isso, e cheguei a conclusão que deve ter muitos homens que pensam assim também, não é mesmo? Mas por que? No que elas são melhores do que as que não tem? Por não existir custo extra com o motel? Conforto? Segurança?

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Na parte em que a Bruna cria o blog, da primeira vez que assisti aquilo foi indiferente, mas na atual situação (agora que também tenho um) não tive como não comparar com o meu! Hahaha. Ela parecia ser bem mais objetiva e direta nos relatos, enquanto eu pareço uma contadora de histórias! Hahaha.  Acho que nunca chegarei a bombar o meu blog como aconteceu com o dela, pois hoje em dia é uma coisa muito comum, muitas garotas tem, enquanto na época da Bruna foi algo totalmente novo e inusitado.

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É uma pena que no decorrer do filme ela tenha muitos baixos, pois sua vida estava indo bem. Realmente o uso de drogas só estraga a vida da pessoa, e se tem uma coisa que me orgulho nos meus programas é que não preciso me drogar para aguentar o tranco, faço por que gosto e no limite aceito pelo meu corpo, até bem abaixo do que realmente aguento, pois não tenho como fazer somente programa no meu dia.

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No filme da Bruna aprendi duas importantes lições. A primeira que percebi logo de cara é que é muito difícil termos amigos verdadeiros nesse meio (ou talvez em qualquer outro que envolva muito dinheiro e fama) aquela Carol esteve ao lado dela somente nos momentos de curtição, apesar de ter aberto muitas portas para a Bruna, quando ela mais precisou virou as costas, ao invés de dar um bom sacode como fez a Gabi que não estava preocupada somente em aproveitar a boa vida que a Bruna lhe proporcionava. (Até gostaria de saber se a Bruna se reconciliou com ela depois)

Filme-Bruna-Surfistinha-fumando-e-refletindo

E a outra lição que pude absorver é que nunca devemos deixar que o poder nos suba a cabeça e perder nosso foco, nem deixar que influências do mundo nos distraia do nosso objetivo. Um cliente uma vez me perguntou se eu conhecia outras garotas, lhe respondi que não, e ele me falou da existência de boates, onde as garotas se encontram para socializar e conhecer mais clientes. Junto com a sua informação veio um alerta, ele me sugeriu que continuasse a atender da forma como atendo (particular) pois muitas se drogam e poderiam me levar para o mal caminho. Achei bacana da parte dele ter essa preocupação, realmente em determinados ambientes extrapolamos um pouco mais, levados pelo calor do momento, mas não posso perder meu foco, estou nessa para atingir um objetivo (mais do que um na verdade rs) e quando alcançar farei igual a Bruna, sairei de cabeça erguida e muito resolvida do que fiz e o que sou. Se eu chegar num ponto em que não aguentar ou não quiser mais fazer programa, simplesmente irei parar do que me drogar para conseguir suportar as coisas, tudo bem que a Bruna não tinha outra fonte de renda para simplesmente parar, mas em contramão teve cliente querendo tirá-la daquela vida e ela fez a sua escolha para não perder sua liberdade.

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Como todo e qualquer filme, sempre tem as suas críticas e reclamações. Eu gostei do filme, apesar de não ter me passado despercebido a omissão dos filmes pornográficos que ela fez. Achei que a história prende sim, pois como em qualquer outra trama, o protagonista teve seu começo, os altos, os baixos e depois a recuperação. Só fiquei curiosa para saber se o cliente que ela ficou no final (e está atualmente) foi algum que mostrou no filme ou se nem sequer foi mencionado… ?

Abaixo para quem não souber, Bruna Surfistinha (Raquel) e Déborah Secco

Bruna-e-Debora

Para finalizar um Meme que um amigo íntimo (o único que sabe desse meu “emprego” extra) me enviou para “zoar” com a minha cara, mas que adorei! Rs.

meme-com-o-filme-Bruna-Surfistinha