
Querido diário,
Sei que tenho algumas pendências de postagens, mas, preciso admitir, essa semana está sendo uma merda. E como é difícil a vida adulta, quando você não pode nem sofrer pelas suas dores, por falta de tempo pra isso. O que é muito estúpido, afinal, no fundo, ninguém consegue performar com o seu emocional batendo na porta. Olha, pensando na proposta da série Ruptura, até que não seria má ideia.
Agora entendo quando dizem que de tudo de ruim que acontece com a gente, se ganha um aprendizado. Não que nunca tenham me acontecido coisas ruins antes, mas, conforme vamos amadurecendo, aprendemos a refletir sobre o que nos aconteceu, e não somente passar pelo ocorrido reclamando e não compreendendo o aprendizado daquilo.
Tem coisas que acontecem com a gente que reprimimos para evitar a dor, mas são justamente essas questões que precisamos trazer pra fora. Em sua maioria, as pessoas vivem a base de anestésicos, incentivando umas as outras a deixar tal assunto pra lá, ignorar que passa, sendo que não tem aprendizado nenhum agindo dessa maneira. Somente quando colocamos todas as emoções pra fora e pensamos sobre determinada situação por muito e muito tempo, que os aprendizados vêm surgindo, podendo às vezes serem, até piores do que a própria experiência. Aprendizados que custamos a acreditar que seja verdade, pois, por estarmos tão anestesiados desde sempre, o sabotamos, dizendo que é paranoia da nossa cabeça.
Uma vez eu estava na praia, viajando com alguns colegas (nem vou dizer amigos, pois em dois anos não tenho mais qualquer contato), e nunca vou esquecer de uma frase que ouvi de determinada pessoa, enquanto estávamos em pé, na areia, conversando. Essa pessoa disse: “Sempre que estamos sentindo algo, temos que parar e nos perguntar do porquê estarmos sentindo aquilo.” Achei muito profundo quando ouvi, pois, de fato, vivemos camuflando o que sentimos o tempo inteiro, e quando falo isso, não digo sobre confrontar terceiros com os nossos sentimentos, mas, sim confrontar a nós mesmos. O que é ainda mais difícil, nos darmos essa devida atenção. É tanta coisa acontecendo na nossa vida, que lidar com o que você está sentindo é o menos importante naquele momento. Por isso que muitas pessoas fazem retiro, porque não tem como você se desligar das coisas para cuidar de si mesmo, sem que seja arrancado de tudo isso.
Sempre que você estiver mal, não tente se anestesiar com prazeres momentâneos, mas também não se obrigue a fazer coisas que você precisa fazer, mesmo não estando bem. Não faça nem um, nem outro. Fique um tempo só com você e os seus pensamentos. Por mais que tenham pessoas queridas, que se importem com você, ninguém te aconselhará melhor do que você mesmo. Existe esse “eu” que você vê e controla, mas tem um outro “eu” lá dentro, que quer se conectar e não consegue. Temos tantas barreiras e camadas internas que muitas vezes não conseguimos nos ouvir.
Não jogue um tapete em cima de nenhuma situação, esmiúce todos os desdobramentos do ocorrido. Quando estamos dentro de determinada situação não temos uma visão imparcial das coisas, mas, se olharmos de cima, naquele momento em que estamos refletindo, o tão sofrido aprendizado vem!