
O Lado B da História
Parte 2
Querido diário,
Chegamos a continuação tão esperada, que rendeu 18 páginas do Word! Acho que nunca escrevi tanto numa tacada só! Peguem a pipoca e venham se horrororizar comigo.
Cheguei na casa dele quinta a noite e fui recebida da melhor maneira possível. Quando nos abraçamos no elevador, pude sentir uma onda forte de energia atravessando o nosso corpo, uma sensação muito intensa. Logo que entramos no seu apartamento, ele já partiu pra sedução, me encostando na parede, muitos beijos e amassos, desceu para me chupar, ele estava muito dedicado. Sempre que a gente brigava e depois transava, as transas eram ainda mais intensas, como se o medo da perda intensificasse ainda mais aquela oxitocina. E toda aquela devoção sexual que me demonstrava, enquanto me agradava, me fez sentir poderosa, como se nada pudesse separar a gente, porque juntos éramos imbatíveis. Tivemos um sexo selvagem delicioso com ele me pegando de quatro, uma de nossas melhores transas. Ficamos de grudinho pelo resto da noite, foi maravilhoso.
Para aquele fim de semana, ele tinha combinado um jantar na casa dele com um casal de amigos, para que eu fosse oficialmente apresentada. Seriam as primeiras pessoas que eu conheceria do lado dele. Enquanto o sábado não chegava, sexta ele conseguiu se liberar do trabalho e ficamos de preguicinha no sofá, até jogamos vídeo game, um jogo que eu adorei, chamado Death Stranding, foi alucinante jogar chapadinha, altas brisas e reflexões.
Mais tarde, enquanto eu escrevia em seu MacBook, subiu uma mensagem de um amigo dele, e só então percebi que o WhatsApp estava conectado. Eu, inocentemente, comentei com ele sobre a mensagem de seu amigo e foi então que ele também se lembrou que estava logado no computador.
– Ahh você viu aí? – E veio, como quem não quer nada, tentar deslogar.
– Tá tudo bem, pode deixar. – Falei numa boa, sem qualquer intenção de espionar.
– Não ia deslogar não, só ia desativar a notificação pra não te desconcentrar.
Sei.
Daí ele acabou cochilando no sofá e eu segui no meu processo criativo, naquele dia eu escrevia sobre a Parte 4, contando de quando fomos na Hot Bar (pra vocês terem uma ideia da linha do tempo de como as postagens aqui estão atrasadas em relação aos acontecimentos em tempo real).
Quando me dei conta que ele tinha dormido, me ocorreu o pensamento de dar uma espiada no WhatsApp dele. Juro pra vocês que eu pensei em olhar mais por curiosidade boba, não que eu esperasse encontrar algo de fato, afinal, ele sempre se mostrava muito apaixonado, mas já que estava ali, pensei: “por que não?”
Curioso que, ao mesmo tempo em que eu não esperava encontrar nada incriminador, uma vozinha na minha cabeça disse “termina de escrever primeiro pra depois olhar, porque se você encontrar algo que não gostar, vai estragar todo o seu processo de criação”. E assim o fiz, curiosa, porém focada, terminei de escrever toda a postagem e então, como ele ainda estava dormindo, fui espiar o seu WhatsApp.
Logo a primeira mensagem que constava, silenciada, nem arquivada estava, era de uma tal de Maristela, uma conversinha fiada entre eles, que se iniciou na quarta-feira.
*
Recapitulando os acontecimentos da postagem anterior:
Segunda: ele viu minha participação no Achismos e nos desentendemos.
Terça: ficamos o dia inteiro sem nos falar e nos reconciliamos somente a noite, porque EU fui atrás.
Quarta: estávamos bem, mas tivemos aquela leve DR, sobre o que rolou segunda e terça.
Ou seja, ele deve ter baixado o aplicativo na terça, que não estávamos nos falando, e na quarta, mesmo estando bem comigo, migrou a conversa com a menina para o WhatsApp.
Aquilo me deixou devastada.
*
– Bom dia Dra. Maristela, tudo bem? Aqui é o *Filho da Puta Cretino*… você me passou seu whatsapp à pouco… me contou também que está de mudança para Campinas (o que me deixou bem animado inclusive)…
BEM ANIMADO???!
– Sei como é corrido esse processo de mudança… então fica tranquila, responda só quando realmente puder. Gostaria também de me colocar à disposição se você precisar de qualquer coisa nesse processo… (não sei se já tem alguma rede de apoio aqui em Campinas, mas conte comigo para o que precisar.)
NOSSA COMO ELE É TODO SOLIDÁRIO COM UMA ESTRANHA, NÃO?!!
– Obrigada pela empatia e disponibilidade! Vc é mt educado e gentil. – Tadinha dela, mal sabia a grande cilada que era esse estranho “gentil e educado”.
Aí, em outro ponto da conversa em que ela perguntava o que ele fazia, lá veio ele, vendendo seu peixe de homem bem-sucedido:
– Mari… já trabalho há 25 anos com TI. Hoje sou Diretor de Tecnologia de uma farmacêutica Suíça e também tenho minha empresa de tecnologia. Mas só comento quando me perguntam, pra não parecer presunçoso. Não sei o que buscava no APP… mas olhando seu perfil acho que me identifico muito com você… Pelo menos a mim, me dediquei tanto ao trabalho, carreira, que esqueci da vida pessoal… E hoje estou num momento de conhecer pessoas… e quem sabe não rola uma conexão…
OI??????? E O QUE ELE ESTAVA FAZENDO COMIGO ENTÃO?!
Daí a moça contou algumas coisas da vida dela, e lá veio ele de novo:
– Quando você diz que pessoalmente me explica melhor, você está indiretamente me iludindo que vai aceitar tomar um café ou um drink comigo hahahahahaha.
Nossa, tô morrendo de rir. 😒
– Eu estou no APP há poucos dias… e sinceramente, não é qualquer perfil que me despertou interesse. Confesso também que paguei o APP só pra te mandar mensagem.
A MESMA COISA QUE ELE TINHA FALADO PRA MIM, QUANDO DEMOS MATCH NO APLICATIVO!! QUE ELE TINHA PAGADO PRA FALAR PRIMEIRO COMIGO. AFF.
– Eu instalei esses dias tbm… jura? Hahahaha que fofo!
Quando ele veio com essa pra cima de mim, eu falei: “Mas eu que te mandei msg primeiro, que estranho”.
– Não me julgue… mas quando vi pensei: “Eu preciso conhecer melhor essa mulher”. Inteligência me atrai e você exala isso em seu perfil.
OS MESMOS XAVECOS QUE ELE DISSE PRA MIM, SOBRE EU EXALAR INTELIGÊNCIA E BLÁ BLÁ BLÁ.
– Eu também moro sozinho aqui. Comprei meu apê tem 8 anos. Mas quase não saio… muita correria de trabalho.
Qual a necessidade de falar que tinha apartamento próprio? Mostrar pra ela que tinha recursos a oferecer para a pobre donzela que estava vindo morar de aluguel em Campinas?
Em outro ponto da conversa, ela revelou que tinha 33 anos e ele respondeu:
– Meu Deus, uma criança. Quase pedofilia eu falar com você.
Que nojento isso. Ele tinha 39, nem era tanta diferença assim.
Daí a moça mandou um textão contando mais coisas da trajetória profissional dela, que ele só respondeu com “Estou boquiaberto” e então lá vinha ele se exibindo de novo:
– Tem algo que eu possa fazer para te ajudar nesse lance da mudança? Algum apoio logístico? (Tenho um carro bem grande, caso você precise carregar algumas caixas frágeis).
Apartamento próprio, carro grande, Diretor de TI, o macho alfa gostava de exibir as suas conquistas.
Ela agradeceu, disse que não precisava, mas que se precisasse gritava ele.
– Perfeito. Ficarei de plantão então.
Como é solícito, não?! 😒
– Você que é muito educada em me responder, um cara que você não conhece, que te abordou em um aplicativo.
– Somos mto educados e gentis! E legais… hahaha. – Ela estava animada.
– Hahahahah uma combinação perfeita pra um date legal. Vc preferiria um café ou drink? – Lá vinha ele atacante. – E se em algum momento eu for chato ou inconveniente, me fale por favor rs… eu tenho um senso de humor mais ácido e irônico… mas adoro fazer rir.
Daí ela soltou alguns elogios a ele:
– Me parece ser meio nerd tbm… hahahahaha adorei!
– Eu sou! E acredita que sou subjugado por isso? As mulheres tem preconceito…
– E quero falar com vc das pesquisas de uma pós sobre docência na saúde e IA… kkkkk
– Estou fazendo meu MBA exatamente em IA hahahahahahahahahahah
Não achei nada engraçado.
Ela reagiu com palminhas.
– Posso te propor algo? – Ele atacou novamente. – Eu gostaria de te levar pra jantar em um lugar que é muito especial pra mim aqui em Campinas. Acredito que você ainda não conhece.
Tenho certeza que ele ia levar ela no ELIXIR, o mesmo restaurante que me levou, é um lugar muito chique e lindo, perfeito pra impressionar alguém.
Preciso salientar que NUNCA na minha vida eu tinha passado por uma situação dessa. Só tive três namorados e nunca peguei qualquer traição, sequer desconfiei de alguma coisa. Vivenciar algo sim é a pior experiência para uma mulher. Quando o homem se depara com uma traição, imagino que está mais afetado pela questão do ego, preocupado se o pau do outro é maior, se fez a mulher dele gozar mais do que ele, mas pra mulher isso pega muito no lado sentimental da coisa. “Ele não me ama mais”, “Ele não me deseja mais”, “Ele não me vê mais como a mulher da vida dele”. A gente não está nem aí se a outra beija melhor ou transa melhor, questões sentimentais causam muito mais estrago do que uma mera comparação sexual.
Eu conseguia ouvir e sentir o meu coração batendo. Uma sensação muito estranha, como se eu tivesse em perigo. Minhas mãos tremiam e suavam. Me senti dentro de um pesadelo. O cara que eu tinha idealizado pra ter um relacionamento sincero e profundo não estava mais me vendo com a mesma importância, e o pior, flertava exatamente igual flertou um dia comigo. Eu era só mais uma, assim como ela.
Tirei fotos, fiquei lendo e relendo, me torturando repetidamente.
Em algum momento ele despertou e eu quase não consegui voltar com a tela para o word. Falei que tinha mexido em outras telas pra enviar para o meu e-mail (coisa que eu tinha feito mesmo) e emendei que ia tomar banho. E tudo isso foi dito com MUITA dificuldade, era como se eu tivesse desaprendido a falar, as palavras quase não saíram, mal olhei na cara dele enquanto falava.
Me tranquei no banheiro e devo ter ficado uma hora lá. Entrei no banho e chorei demais no chuveiro. Como doía. “E agora? O que eu faço?” Eu não sabia o que fazer. Eu não conseguia simplesmente terminar e ir embora, eu ainda gostava muito dele e não conseguia virar a chavinha rápido desse jeito. Me senti extremamente impotente. Tivemos uma tarde tão gostosa, por que aquilo tinha que ter acontecido?
Disparei mensagens e prints para todos os meus amigos, quem me respondesse primeiro seria meu ponto de apoio naquele momento:
A razão dizia: “VAI EMBORA AGORA!”, mas já o coração: “Você gosta tanto dele, poxa…” Acabei pedindo ajuda pro ChatGPT também. Fiz um breve resumo da situação e pedi pra me ajudar a estruturar uma conversa, eu não tinha o menor discernimento pra isso naquele momento:

Um ano depois, criei forças para sair do banheiro. Fui para o quarto de hóspedes e ele estranhou que não voltei pra sala, me chamou, vendo que eu não respondia, veio até mim. Estampava uma fisionomia preocupada, me perguntou o que estava acontecendo e desatei a chorar, igual uma retardada. Não consegui trazer nenhuma fúria pra xingar ele, pelo contrário, parecia que eu tinha levado uma surra. Ainda fiquei com a sensação de que ele começou a ficar impaciente com o meu drama. Mais preocupada por estar lhe causando alguma irritação do que por estar pronta pra falar de fato, entre soluços e frases, fui falando o que o chat tinha estruturado.
Como a minha amiga tinha previsto, ele jogou a culpa em mim, disse que foi um ato desesperado pelo que viu sobre mim no Achismos e em nenhum momento demonstrou qualquer arrependimento ou pediu desculpas, como se os seus motivos justificassem tal ato. Eu queria vê-lo se rastejando, implorando pelo meu perdão, mas isso não aconteceu e a minha decisão de perdoar teria que se dar por mim mesma e não por ele estar se esforçando muito pra me convencer disso. O que é ainda pior. Eu já tinha idealizado tanta coisa com ele, os seus amigos que eu conheceria na noite seguinte, a viagem para Ilhabela, que já estava fechada para aquele mês, fora as outras muitas lembranças dos momentos bons que eu não conseguia simplesmente jogar no lixo. Fiquei um tempão ali chorando, após me trazer as suas justificativas, se vitimizando, como se ele tivesse sido obrigado a tomar tais atitudes.
– Eu estava tentando achar um relacionamento normal. Você sabe como é difícil pra mim lidar com o seu trabalho. Eu te falei que depois que vi o Achismos eu dei uma desanimada.
– Mas a gente já tinha se entendido! E mesmo assim você tava marcando encontro com ela!
– Eu não iria no encontro.
– Claro que iria!
– Não iria. Eu iria acabar desmarcando porque já estaria bem com você.
Enfim, chorei, chorei, chorei, até que em algum momento, quando eu já não tinha mais energia nenhuma, ele me abraçou e fomos para a cama.
O sexo foi delicioso.
Ainda mais intenso.
No dia seguinte acordei encucada. Ele ainda dormia e eu já com meus dois olhões estalados olhando para o teto, pensando mil coisas. Peguei meu celular, baixei o Bumble e fiquei passando os perfis pra ver se aparecia o dele.
E apareceu.
BUSCO:
- Um relacionamento sério
- Encontros divertidos e casuais
- Transparência
- Alegria
- Inteligência Emocional
O cara que enganava buscava transparência e inteligência emocional, que irônico e contraditório.
Quando perguntei na noite anterior se ele ainda estava no aplicativo, ele mentiu que tinha usado o Happen e Badoo, que já tinha desinstalado, sendo que ele nem usa esses outros. Ele achou que eu não me lembraria que demos match no Bumble?
Vendo que ele mentiu também sobre isso, duvidei que ele cortaria o contato com ela (apesar de tê-lo feito apagar e bloquear o número) e eu mesma mandei uma mensagem para ela do meu celular, 7 e pouco da manhã.
– Olá Maristela, tudo bem? Aqui é a ******, namorada do *****, que você deu match no Bumble. Vi umas conversas de vocês no whatsapp dele e vim te avisar que ele é comprometido. Comprometido e muito inseguro pra em qualquer briga nossa, baixar o aplicativo para firmar o seu ego. É muito chato que ele tenha te envolvido.
Ela nem me respondeu e as duas últimas mensagens sequer entregaram, ela devia estar online e quando viu eu dizendo que era namorada de alguém já deve ter bloqueado pra evitar de ler algum desaforo. Pois bem, enviei por torpedo, fazia questão que ela lesse as características nada atrativas dele.
Quando ele acordou, o confrontei sobre ainda estar no Bumble e o fiz deletar a conta na minha frente. Até então ele só tinha deletado o aplicativo, se fez de sonso. Depois fui tomar meu banho e quando o reencontrei na sala, ele estava com uma cara estranha.
– Você mandou alguma coisa pra menina? – Ele perguntou.
– Por que você tá perguntando isso?
– Ela mandou mensagem falando umas groselhas e me bloqueou.
– Então você não bloqueou ela e não apagou o contato quando te pedi fazer isso?! É ISSO MESMO?!
Fiquei muito nervosa.
– Claro que sim, eu fiz na sua frente.
– O que você fez na minha frente foi do Instagram. Então você não tinha bloqueado ela no whatsapp, mesmo eu te pedindo pra fazer isso???!!!!!
– Achei que tivesse feito, fiz na sua frente.
– EU JÁ FALEI QUE O QUE VOCÊ FEZ NA MINHA FRENTE FOI DO INSTAGRAM! COMO QUE ELA TE MANDOU MENSAGEM ENTÃO, SE VOCÊ TIVESSE FEITO?!
– Mas você mandou alguma coisa pra ela?
– POR QUE VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM O QUE ELA ESTÁ PENSANDO, SENDO QUE EU TE PEDI PRA FAZER UMA COISA E VOCÊ NÃO FEZ?!!! VOCÊ ESTÁ CHATEADO POR QUE EU TE QUEIMEI COM ELA?! É ISSO MESMO QUE EU TÔ ENTENDENDO?!
– Não estou preocupado com isso, mas não acho bacana você envolver outra pessoa.
– VOCÊ JÁ ENVOLVEU QUANDO BAIXOU O APLICATIVO!!
A fúria que eu não estava no dia anterior, veio pela manhã.
– AGORA EU ACHO O CÚMULO, DEPOIS DE TUDO QUE EU PASSEI, VOCÊ ESTAR MAIS PREOCUPADO COM ELA SABER QUE VOCÊ TEM NAMORADA, DO QUE FAZER ALGO QUE EU TINHA TE PEDIDO!!!! Como eu vou ter confiança em você desse jeito?!
Daí, para resolver aquela situação, ele disse que a partir dali eu teria a senha do celular dele, que a hora que eu quisesse eu poderia ver, que ele não tinha nada para esconder de mim. Me pareceu razoável. Nos entendemos.
*
No carro, enquanto íamos para algum restaurante almoçar, ele reforçou que eu poderia olhar o que eu quisesse no whatsapp dele e até me passou seu celular, para eu testar a senha. Daí perguntei se essa transparência se aplicava ao Instagram também, já abrindo o aplicativo e quando comecei a ver que ainda estava lá a conversa que ele teve com ela, ele delicadamente pegou o celular de volta e disse que antes precisaria apagar umas coisas “antigas”. Depois, já na mesa do restaurante, com o clima mais leve, ele reconheceu que eu era muito esperta, num tom do tipo “já me liguei que você é ligeira”, ao que eu respondia “não vem ser cafajeste comigo não, que eu descubro as coisas”.
A noite foi agradável, veio o casal de amigos dele, mas confesso que, lá no fundo, fiquei com a sensação de que o jantar não era para me apresentar de fato, e sim apenas uma social que ele estava fazendo com tais amigos, porque vieram o casal, a sogra do casal e os dois filhos adolescentes. Talvez tenha sido impressão minha. De qualquer forma, foi uma noite muito gostosa. Ele e o rapaz ficaram a maior parte do tempo na cozinha, cozinhando pra gente, enquanto eu, a esposa e a sogra conversávamos em outro cômodo, na mesa de jantar, super entrosadas, e os adolescentes jogavam vídeo game na sala.
*
No dia seguinte tivemos uma nova briga, pelo mesmo motivo, chamado Maristela. Saímos para jantar a noite e quando estávamos voltando para o carro, andando pelo estacionamento do shopping, em algum ponto da conversa que estávamos tendo, ele me acusou de ter mentido pra ele.
– Eu menti pra você?
– Sim.
– Sobre o que?
– Você sabe.
– Não, não sei. Do que você tá falando?
– Você mentiu que não mandou nada pra menina.
– Eu não estou acreditando que você tá voltando nisso de novo.
Cara, ele que era o errado da história, e ficava querendo reverter a situação a todo momento!!
– Então me fala quais as informações que você tem, que eu te falo das minhas. – Encurralei.
– Ela me ligou pra me esculhambar, e contou que você tinha ligado pra ela falando as coisas.
– Eu não liguei pra ninguém.
– Para de mentir.
– Você tá acreditando mais na palavra de uma estranha do que em mim?! Se eu tô falando que eu não liguei, é porque eu não liguei!
– O que você fez então?
– Eu mandei uma mensagem, falando que vi a conversa de vocês e que achava bacana ela saber que você é comprometido. – Omiti a parte dele ser um inseguro, que buscava afirmar o ego. – Agora eu não tô acreditando que você está voltando nessa história, porque ainda está preocupado com o que eu falei pra ela. Que que é?! Você não queria que eu te queimasse com ela? É isso?! Por que, afinal, você não deletou e bloqueou o contato dela coisa nenhuma, daí quando ela te mandasse mensagem durante a semana você ia fingir que nada tinha acontecido, não é?!
– Você que está fazendo conjecturas.
– É exatamente isso que está acontecendo! Você está mais preocupado com o que uma pessoa que você nem conhece está pensando a seu respeito, do que ficar bem comigo!!
Quando chegamos na sua garagem, desci do carro para que ele estacionasse na vaga encostada no pilar e nem o esperei para subir para o apartamento. Fui na frente, já sabia a senha da porta e fui para o quarto arrumar as minhas coisas, aquilo já era demais pra mim.
Quando ele chegou no apartamento, se assustou comigo arrumando as coisas e perguntou o que eu estava fazendo.
– Estou arrumando minhas coisas pra ir embora. Ridículo o que você está fazendo.
– Eu não estou fazendo nada, só te perguntei se você tinha mandado algo pra ela.
– O QUE INTERESSA SE EU MANDEI OU NÃO?! VOCÊ TINHA QUE ESTAR MAIS PREOCUPADO COM O MEU BEM-ESTAR E NÃO COM O QUE ELA ESTÁ PENSANDO DE VOCÊ! – Seu narcisista do caralho! (Essa sou eu pensando agora enquanto escrevo, naquela situação eu ainda não tinha percepção disso.)
Quando eu estava prestes a ir embora, indo com a minha mala de carrinho já em direção a porta, ele fez sua última tentativa:
– Se você for embora, você sabe o que isso significa, né?
– Que eu quero ir embora.
– Não.
– Significa o que então? Que acabou?
– Sim.
– É isso que você quer?
– Não.
– Você não tá demonstrando nem um pouco que quer que eu fique.
– O que você quer que eu diga?
– Que você reconheça o seu erro e pare de querer reverter a situação. Você que me traiu marcando de sair com outra pessoa e ainda vem reclamar de eu ter mandado algo pra menina. Coloca a mão na consciência!!
Daí ele baixou a guarda, com muito custo, e por fim me chamou para deitar no sofá com ele. Novamente a transa foi deliciosa. Ele lambeu todo o meu rosto, uma preliminar diferente, coisa que ele nunca tinha feito. Quando acabou, adormecemos ali mesmo.
*
Durante a semana seguinte, tivemos uma outra briga feia, lá pra quarta-feira, novamente envolvendo o meu trabalho.
No fim de semana tínhamos trocado algumas mensagens com um “amigo” dele, sobre fazermos um ménage. Aquele tal amigo que subiu a notificação de mensagem quando eu estava escrevendo no computador. O Intenso voltou nessa conversa. Eu estava aguardando no Delboni pra fazer alguns exames ginecológicos de rotina e ele aproveitou o gancho de algo que eu disse, já que eu estava aguardando pra fazer o exame do PH vaginal.
– Esse aí eu te chupo e falo fácil o resultado.
– Ela é ácida?
– Não. Docinha. Por isso eu saberei se o PH estiver ácido.
– Você falando de me chupar eu já fico excitada.
– Nem me fale. Hoje meu amigo me chamou de novo. Disse que ontem ficou muito excitado com a nossa conversa. Falei pra ele que depois que paramos de conversar você gozou duas vezes. Ele enlouqueceu. Falei pra ele que saímos pra jantar e vc me mandou foto da ppka quando foi no banheiro. Ele ficou doido.
– Vc mandou a foto pra ele?
– Mandei. (Não aparecia seu rosto)
E daí ele trouxe um print da reação do cara, elogiando a minha pepeka, dizendo que era linda.
Aquilo não bateu legal pra mim. Eu estava aguardando pra fazer um exame médico, não estava no clima e me senti desvalorizada, com meu próprio namorado me oferecendo pra um amigo. Enviando uma foto que eu tirei PRA ELE, sem a minha autorização, para outra pessoa.
Naquele momento eu refleti um pouco: “Será que estou sendo chata?”, “Será que deixo isso pra lá e sigo o bonde?”. Mas aí eu não estaria sendo sincera comigo mesma. E não seria justo eu invalidar o meu próprio sentimento, apenas para não me indispor com ele.
– Não sei se me sinto confortável com isso. Uma coisa é estarmos juntos durante tal conversa. Outra coisa é você, secretamente, ficar trocando putaria com seu amigo e enviando nude meu. Fico com a sensação de que sou um mero objeto sexual pra você ficar me “compartilhando” assim com seus amigos. Ainda mais um amigo que vc sequer tem tanta proximidade e que reapareceu de repente.
Coerente, não?
– Entendo. Me desculpe por isso. Não acontecerá novamente.
– Obrigada por entender.
– Ficou bem claro.
De repente ele pareceu ressentido.
– Vou corrigir, obrigada por compreender. Que estava entendível eu sei, mas a compreensão é de acordo com a sensibilidade do outro.
– Eu entendo, mas não compreendo. Você vende fotos e vídeos no Only, mas se irritou pq eu compartilhei uma foto sua, que não mostra seu rosto, com um cara que estávamos conversando aquele dia. But….
– Não é pq sou uma criadora de conteúdo adulto, que me agrada o meu namorado ficar enviando nude meu, sem a minha prévia autorização, pra uma pessoa que eu sequer conheço. Você disse bem, estávamos conversando *aquele dia*. A continuidade dessa conversa não se deu comigo junto.
– 👍🏻
– Vejo que falta muita sensibilidade em você, quando digo algo que me desagradou. Você faz parecer que eu sou a errada por ter achado ruim.
– De jeito nenhum, só achei hipocrisia. Vc tem fotos mostrando a buceta no seu blog, no seu twitter, e fica brava pq eu mandei uma. Não faz sentido pra mim. Tenho pra mim que não foi isso que incomodou. Se não gosta de se expor, não se deixe exposta como faz.
– O problema não é a minha exposição, é você trocar putaria com seu amigo, sem me incluir na brincadeira e usar foto minha pra alimentar a conversa de vocês. Além da falta de cumplicidade, me faz sentir um mero objeto sexual. As fotos postadas foram feitas por mim. Logo, eu posso fazer o que bem entender com elas. Agora você enviar uma foto minha, que enviei a você num momento íntimo nosso, pra uma terceira pessoa, sem a minha prévia autorização, não acho bacana.
– Está correta. Pode fazer o que bem entender mesmo.
– Você poderia ter compartilhado comigo a mensagem que ele mandou e irmos decidindo juntos se mandaria a minha foto ou não. Me senti excluída. Excluída, porém, a punheta dele foi as minhas custas. A Sara vive disso, quem tá no meu Only e viu a foto, tá pagando pra isso. A ******, namorada do ******, não. Você sempre fala da importância de separar uma da outra, mas quando é pra sua conveniência, você fala das duas como se fossem uma coisa só.
Continuei imbatível:
– E você ainda nem teve a delicadeza de enviar como visualização única. Fez questão de deixar lá no banco de imagens da conversa de vocês.
– Eu excluí para os dois… não se preocupe.
– Pq eu reclamei, não pq vc teve essa sensibilidade.
Daí voltei na parte da conversa em que eu dizia sobre a falta de cumplicidade, resgatando sobre me fazer sentir um mero objeto sexual:
– É isso que eu sou pra você?
– Se vc fosse um simples objeto sexual, eu pagaria pra transar com vc, igual seus clientes fazem. Depois, te daria tchau.
– Que resposta mais cruel. Ao invés de você trazer coisas positivas da nossa relação ou a meu respeito, você me traz isso, afinal, pra que vc pagaria, se você já tem de graça?
– Você quem está dizendo.
– E vejo que você nem se esforça pra me convencer do contrário mais. Claro sinal de que você já não se importa mais com a nossa relação.
– Você me dá uma liberdade, e depois me tira… Depois de hoje eu sinto que tenho zero liberdade com você… E tá tudo bem.
Sempre é sobre ele.
– Talvez se isso viesse à tona em outro momento, sem os últimos acontecimentos, eu poderia ter recebido de uma outra forma.
– Talvez.
– Sabe qual a minha análise de tudo isso? Você me usou pra deixar o cara excitado, igual aquele cara da natação usou a própria noiva pra excitar você. Você tá fazendo isso por você, e não por nós.
*
Vamos a um rápido adendo: Essa história da natação foi a primeira vez que ele me trouxe sobre o contato dele com outro homem. Disse que tinha sofrido um “abuso” de um cara que fazia natação com ele. Eles estavam tomando banho no vestiário, que lá não tem divisórias, e que o cara começou a falar da noiva, coisas do tipo: “Nossa você viu como ela tava gostosa hoje?”, “Sabe aqueles dias que a gente tá com muito tesão? Hoje eu tô assim, cara, quando chegar em casa vou fazer um estrago nela.” Daí o Intenso começou a ficar excitado com a descrição do cara e se virou de costas para o outro não perceber que ele se excitou com a noiva dele, mas quando se virou de volta, de repente o cara estava na frente dele e começou a masturbá-lo. 😮
Diz o Intenso que ficou completamente sem ação, que devido ao choque ficou paralisado, enquanto o cara continuava o masturbando. Ainda assim, como a ereção é estímulo, ele continuou excitado e estava quase gozando. Só não foram até o final, porque em algum momento alguém entrou no banheiro, e o cara voltou para o seu chuveiro.
Depois desse ocorrido, o Intenso evitou de ir à natação por algumas semanas, até que retornou com a rotina, porém em horários diferentes, de modo que não cruzasse mais com o cara no banheiro. No entanto, disse que a partir desse ocorrido, lhe despertou uma curiosidade pelo masculino.
Eu nunca fiquei, muito menos me relacionei, com caras bissexuais antes (pelo menos, não que eu saiba), mas, quando ele me contou essa situação no terceiro encontro, por vir dele, alguém que eu já estava gostando, procurei abrir minha mente.
*
Agora voltando ao momento atual do post, tive a percepção de que ele estava querendo seduzir o “amigo”, me usando como isca.
– Você não me incluiu na conversa em tempo real, não pq foi “algo pontual”, como você disse, pois deu pra ver que conversaram bastante pra você ter tempo de contar da quantidade de vezes que gozei e da nossa noite no restaurante. Você não me incluiu na brincadeira pq você queria ter essa troca com ele sozinho. – Continuei.
– Chegamos em um ponto onde começamos a puxar coisas do passado e trazer pra nosso relacionamento. Vieses antigos. Assim como vc fez agora. Vc tem dimensão do que vc acabou de dizer? – Ele se defendeu.
Não continuei mais a conversa e meia hora depois falei que não estava bem, pedindo para falarmos em ligação. A chamada durou mais de 1h. Falamos sobre o ocorrido novamente e percebi um clima hostil, ele ainda parecia ressentido por eu não ter embarcado no barato dele.
Na manhã seguinte, quando eu estava recapitulando a nossa programação do fim de semana (ele tinha comprado ingressos para irmos assistir um espetáculo), ele me solta essa:
– Acho que não vai rolar.
– Como assim?
– Eu não vou praí esse final de semana. Chama o Denis, vai com ele. Vou ficar em casa, descansando minha mente e refletindo. Nossa conversa de ontem à noite contribuiu muito pra essa decisão. Preciso de um tempo pra mim.
– Que parte exatamente da conversa?
– Toda nossa conversa à noite.
– Compreendo. O Denis começa a trabalhar no evento essa sexta. Eu gostaria muito de ir na peça com você, até pq, quando compramos, o intuito foi termos esse momento juntos.
– Eu sei que você sabe que é muito difícil pra mim já lidar com o seu trabalho… Imagina ainda com os surtos que andam ocorrendo… Só fica tudo mais difícil. É muita coisa pra eu lidar ao mesmo tempo… Eu estou ficando doente, estou ficando louco. Ontem pela primeira vez eu senti que perdi toda a liberdade com você. Não me sinto mais confortável em falar besteira, ou puxar algum papo mais quente… Me sinto extremamente limitado agora.
Sempre sobre ELE. Quando algo desagrada ele, zero sensibilidade para receber o que ME desagradou.
A manipulação dele foi tanta, que quando vi eu estava ME DESCULPANDO pelo ocorrido do dia anterior. Me desculpando pelo surto que eu tive por ele me expor pra um estranho, sem o meu consentimento. Ele conseguia me fazer me sentir mal por não estar bem com ele, mesmo que eu estivesse com a razão.
E o desentendimento ganhou uma proporção gigantesca e exaustiva. Dessa questão voltamos pro lance dele com a menina, disso pro Achismos e lá veio ele com as manipulações e vitimizações dele:
– Quando vc sai pra trabalhar eu me sinto um lixo. Vamos parar de nos machucar. Eu não aguento mais isso. E de todas essas pessoas que pagam pra sair com vc, quantas delas aceitariam sair de graça, em troca assumir um relacionamento?
* Deixo aí a indagação para os meus leitores/seguidores nos comentários *
– Talvez pra gente se reconectar, seja necessário nos afastarmos primeiro. – Sentenciou.
Insisti um pouquinho mais, tentando fazê-lo mudar de ideia, mas ele foi irredutível, determinado a ficar “sozinho” naquele fim de semana.
– Eu não quero ficar aqui falando coisas pra te ofender, mas não é só sobre o achismos, é sobre o trabalho, sobre os mais de mil homens, sobre o blog, sobre a Sara. Cheguei no meu limite de exaustão com tudo isso. Esse final de semana não vou praí. Preciso cuidar de mim agora. De me organizar.
Eu tinha pegado o cara flertando com outra na semana anterior, ainda ficou afetado porque eu queimei seu filme com ela, agora ficava puto porque eu fui contra uma interação masculina as minhas custas e ainda me manipulava para que eu me sentisse culpada por tudo isso.
– Esse afastamento será somente por um final de semana ou por tempo indeterminado? – Perguntei.
– Não sei. Só sei que esse fds eu quero ficar comigo mesmo.
*
Ficamos sem nos falar por quase uma semana.
No sábado ele me removeu do Instagram, me parecendo que já tinha tomado uma decisão, o que achei estranho, como que ele já tinha refletido em apenas um dia? E terminaria assim sem um diálogo antes? Simplesmente me removendo?

Domingo ele desativou a conta do Instagram e fiquei com a impressão de que estava querendo chamar a minha atenção, para que eu quebrasse o silêncio e fosse atrás (como eu sempre fazia). Mas me mantive firme, dando o tempo que ele queria.
Paralelamente, de domingo pra segunda, mergulhei nas pesquisas sobre o homem narcisista e fiquei impactada em como tudo encaixava!
O homem narcisista em relacionamentos costuma seguir um padrão bem característico: inicialmente encantador, mas depois profundamente destrutivo. Ele pode sentir atração, apego, dependência emocional ou até gostar genuinamente de algumas coisas na parceira, mas tudo isso normalmente está condicionado ao quanto ela supre as necessidades dele, e não a um interesse genuíno pelo bem-estar dela.
O Ciclo do Narcisista

- FASE DA IDEALIZAÇÃO
No começo, ele é intenso, encantador e sedutor. Faz a parceira se sentir única, especial, admirada — é o chamado love bombing.
- Demonstra extrema atenção e interesse
- Envia mensagens constantes, elogia e faz promessas de futuro
- Espelha gostos, opiniões e desejos da mulher (para gerar conexão imediata)
- Cria uma sensação de “alma gêmea”
Mas essa fase é estratégica, ele quer ganhar admiração, confiança e controle emocional rapidamente.
2. A FASE DA DESVALORIZAÇÃO
Assim que sente que “conquistou”, o comportamento muda.
- Passa a criticar, ironizar e diminuir sutis traços da parceira
- Alterna carinho com frieza e silêncio
- Faz com que você se sinta culpada e confusa, duvidando de si mesma
- Começa a testar limites emocionais, vendo até onde você aguenta
O objetivo é minar sua autoestima e reafirmar o poder dele sobre a relação.
3. FASE DO DESCARTE
Quando ele já extraiu o que queria (admiração, sexo, status, cuidados), ou quando a mulher começa a questioná-lo, não suprindo mais as suas necessidades, o narcisista descarrega e descarta.
- Se afasta friamente, como se você nunca tivesse significado nada
- Faz parecer que a culpa é 100% sua, mesmo que ele tenha causado os problemas
- Se aproxima de outro alvo antes mesmo de terminar, muitas vezes já existe outra pessoa “no ponto”. O objetivo é sair no controle da situação, sem parecer fraco ou rejeitado.
Ele pode sumir completamente (silêncio total) ou exibir nas redes sociais uma vida feliz, nova parceira, conquistas, tudo para provocar em você um sentimento de perda, ciúme ou arrependimento. – Sempre que postava foto comigo nos stories, ele ficava repetidamente olhando as pessoas que tinham visualizado, provavelmente eu estava cumprindo esse papel, de causar ciúmes na vítima anterior que ele tivesse se afastado. – O descarte não é necessariamente definitivo, ele pode voltar depois tentando reabrir o ciclo com promessas e nostalgia.
4. A FASE DO RETORNO
Quando percebe que você está se afastando de vez ou seguindo em frente, ele reaparece. Podendo:
- Vir de forma carinhosa (“sinto sua falta”), nostálgica (“lembra daquela viagem?”) ou até disfarçada de preocupação (“como você está?”)
- O objetivo não é necessariamente voltar para amar, é testar se ainda tem acesso ao seu afeto, tempo e energia
5. A FASE DA REPETIÇÃO
Se você cede, ele volta ao ciclo inicial, com nova fase de idealização. Porém, essa “segunda volta” costuma ser mais curta e mais intensa em termos de manipulação, porque ele já sabe onde atacar sua autoestima.
- Cada vez é pior
- O encantamento dura menos, a desvalorização vem mais rápido, o dano é mais profundo.
Até que, um dia, você desperta e entende: o verdadeiro amor começa quando você corta o ciclo e escolhe a si mesma.
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E isso é só uma fração do que pesquisei, fiquei HORAS estudando esse traço de personalidade, mergulhei muito mais fundo, fazendo mil questionamentos como, por exemplo: “O Narcisista nasce assim ou se torna com o tempo?”, “Eles nunca amam de verdade?”, “Por que o narcisista tem tanto ciúmes?”, “É possível deixar de ser um? Existe cura?”.
Eles não amam genuinamente, eles gostam de você, enquanto você oferece a validação que eles tanto precisam. Para existir amor precisaria haver empatia, algo que não existe no narcisista. (Isso explicava muito o fato de toda vez que a gente brigava – por eu me defender dos seus ataques – ele não vir atrás, ou admitir qualquer culpa).
Eles nunca reconhecem que erraram, porque isso ameaçaria diretamente o núcleo mais frágil da sua personalidade: o ego inflado e a necessidade constante de se ver como perfeito, superior e irrepreensível. Assumir erros exigiria empatia e autorreflexão, duas coisas que o narcisista geralmente não tem desenvolvidas. Ele vê as relações como jogos de poder, não como trocas de afeto.
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Aprendi que ele não era bom pra mim, nem pra ninguém. Essa concepção me ajudou na virada de chavinha, comecei a me sentir melhor, olhando para o seu afastamento como um grande livramento.
Mas…
Mesmo sabendo de tudo isso…
Infelizmente…
Ele me manipulou na fase 4 – a do retorno – e eu passei para a fase 5 – a da repetição.
Preparados para a segunda rodada?