“O Intenso” – Parte 12

Nesses 5 meses em que ficamos juntos, nos aventuramos na Hot Bar mais vezes do que relatei. E a nossa última aventura foi… olha… nem sei como adjetivar essa experiência. Deixo esse desafio pra vocês nos comentários!

*

Cada vez mais o Intenso me revelava camadas sobre a sua possível bissexualidade. Isso me preocupou um pouco no começo, por receio dele acabar se descobrindo gay e me trocar por um homem, mas procurei adotar um pensamento mais altruísta de que se isso acontecesse, eu deveria ficar feliz por ele, por finalmente se conectar com a sua real essência e deixar de viver uma mentira. Afinal, amor é isso, você quer que a pessoa seja feliz, mesmo que não com você.

Então eu dava corda pras fantasias dele, e já rolava algumas trocas de putaria nesse sentido, sobre chuparmos um pau juntos, por exemplo. Então fomos na Hot Bar transformar a fantasia em realidade.

MÉNAGE MASCULINO

Troquei olhares com um japonês interessante na pista de dança, ele estava single na balada. Foi o nosso segundo ménage com outro cara, com a diferença de que dessa vez eu interagi mais com os dois juntos, diferente dele ficar só assistindo e se masturbando. Não fiz dp, nem nada do tipo, apenas encostei os dois paus um no outro, enquanto chupava os dois ao mesmo tempo, um roteiro já pré-definido entre a gente. Em algum outro momento o Intenso também masturbou o japa, mas não passou disso. Depois que transei com esse rapaz e ele chegou lá, a brincadeira acabou e saímos em busca de uma nova aventura.

*

Nessa noite, podemos dizer que consegui ter a minha vingancinha por tudo o que passei e pelo que ainda iria passar, quando me deparei com a seguinte situação:

– Vi que você vai pra Hot Bar hoje, também estarei lá, estou te avisando para não causar nenhum constrangimento.

– Olha só. Quem sabe fazemos uma troca de casal?

– Acho que não vai rolar, a mina que eu vou é ciumenta.

– Ahhh, que pena.

Um ex ficante e o meu atual sob o mesmo teto. Que emoção!

O BOY ECONOMISTA

Fazendo um breve resumo sobre esse personagem, ele quase virou capítulo aqui no blog, foi o último que saí antes de me envolver com o Intenso. Inclusive, ele brincava que todas que ele ficava, namoravam o próximo rs, e realmente aconteceu kkkk.

Como nos conhecemos?

De uma maneira que eu jamais imaginaria. Ele já era seguidor da Sara no Instagram e me abordou pela rede social com um papo sobre investimento. Uma abordagem confusa, respeitosa e educada:

– Sim, essa é uma mensagem totalmente aleatória sobre o que eu estava pensando. E eu pensei: Será que ela já tem alguém que a ajuda na parte da organização financeira dela? Então, lá vai: Você já fez um Planejamento Financeiro? Precisa de ajuda com isso?

Como a primeira frase começou desse jeito engraçado, não falando nada com nada,  conseguiu chamar minha atenção e fui dar uma olhada no perfil dele. Continham alguns vídeos profissionais dele falando sobre economia, o que me passou uma certa credibilidade e fui cativada pelo seu jeito de se comunicar, além de tê-lo achado bonito. Correspondi o flerte, ainda que ele não admitisse que estava flertando com aquele papinho de investimento, rs.

– Gostei da ousadia.

– Eh sério, rs. Eu admiro seu trabalho e como vc trata ele. E acho que você precisa de ajuda com finanças, porque a maioria das pessoas precisam. Então, se quiser tomar um café pra falar disso, podemos tomar. A gente mora perto, rs.

– De repente podemos. Como sabe que moramos perto?

– Vc mora perto da Paulista. Eu moro na Vergueiro. Pelo menos parece pelos lugares que frequenta.

– Que observador.

– Ah sim, isso sim. Mas não sou stalker, pode ficar tranquila, rs. Eu tô indo pra uma convenção da empresa e depois viajo pra Patagônia, senão já te chamaria pro café. Posso te chamar na volta?

E aí trocamos muitas mensagens até de fato nos conhecermos pessoalmente.

Bom… não vou me delongar no nosso lance agora (vai que ele vira um capítulo mesmo depois), mas no total saímos três vezes. Desencanei quando percebi que ele era bicho solto. Eu tava querendo um romancinho e ele não estava na mesma vibe. Segue na pegação até hoje com várias.

Enfim, me avisou que estaria na Hot Bar e fiquei na dúvida se comentava com o Intenso ou não, já que era muito ciumento. De repente, vi o Economista na pista de dança e pareceu cena de filme, rs. Não estávamos muito perto, mas nos vimos praticamente ao mesmo tempo, ele levantou sua garrafa de cerveja no ar, em saudação, e eu levantei a minha taça de gim. Nossos pares não perceberam essa singela interação. Depois, conduzi o Intenso para que fôssemos mais perto deles, e aí o cumprimentei. Antes que eu pudesse fazer as devidas apresentações, o Intenso já estava o cumprimentando também, e ali decidi não revelar nada, e deixar o Intenso tentar desenrolar as coisas por si mesmo. O boy Economista entendeu a minha jogada e também agiu como se não me conhecesse.

O Intenso tentou um troca de casal, mas como eu já sabia, a garota era ciumenta e não rolou. O que foi um tanto frustrante, seria legal ter os dois caras que eu curto na mesma cabine, nus, além do Intenso também ter achado o Boy Economista interessante.

Daí sugeri para o Intenso tentarmos algo com eles organicamente, quando estivessem lá no inferninho, às vezes, na hora do tesão, quem sabe ela se permitisse? E em outro momento os vimos lá, na maior pegação, numa parte que permitia esse contato com outras pessoas, e não estavam dentro de uma cabine, o que facilitaria esse contato. Quando o meu olhar e o do Economista, que estava comendo ela de costas, cruzaram, antes que eu pudesse tentar qualquer coisa, no mesmo segundo um outro casal nos abordou, interessados em nós.

A NOVINHA E O ITALIANO

Quem nos abordou foi a menina, dizendo que nós tínhamos sido o casal que chamou muita atenção do seu par, que era um homem, mais velho, italiano. Demos corda e foi divertido as interações do Intenso se comunicando com ele, também em italiano (tentando rs). Fomos os quatro para uma cabine. O italiano pirou em mim, com poucas preliminares, já queria transar, ao que o Intenso tentou dar um freio, quando viu o cara já pegando o preservativo: “Calma aí”, ele disse.

Essa foi a segunda vez que vi o Intenso interagindo com outra mulher. – A primeira experiência tinha sido numa outra noite que fomos na Hot Bar, com uma menina linda de 23 anos, que me atacou cheia de tesão, rapidamente me deixando no clima também. Inicialmente ela interagiu somente comigo e eu que puxei ele pra brincadeira depois, por eu mesma ter ficado com muito tesão nela e querer compartilhar aquela delícia. Mas ele só a chupou e beijou, transar com outra na minha frente ainda não tinha acontecido. – E desta vez, surpreendentemente, ele não queria transar com a menina (por isso tentou frear quando viu que o Italiano já ia avançar comigo).

– Melhor não, ela tem ciúmes. – Me usando como desculpa.

– Pode transar, lindo, tá tudo bem. – Incentivei.

(Os sinais estavam lá e eu não percebi, rs.)

Ambos transamos, mas ninguém gozou.

No término, o Italiano e o Intenso trocaram número de telefone e cada casal pegou seu caminho.

O MAROMBADO MUSCULOSO

Nossa terceira interação ocorreu naquele mesmo inferninho, em outro momento, em que uma mulher começou a interagir comigo, ao mesmo tempo em que interagia com o seu parceiro. Daí ela incentivou uma interação minha com ele também, olhei para o Intenso que deu sinal verde para seguirmos. Achei o cara gostoso e interagi com vontade. Dali a pouco sua parceira incentivou que transássemos e após encapar o menino, me pegou deliciosamente no frango assado. Eu continuei sentada onde estava, com as pernas abertas, e o Intenso fugiu de interagir com a mulher do cara, preferindo ficar sentado do meu outro lado, se masturbando, enquanto assistia (provavelmente se imaginando no meu lugar). Foi uma delícia aquela transa, não sou fascinada em homens musculosos, mas aquele tinha uma forte presença. Gozou gostoso comigo.

*

Após todas essas interações, o Intenso quis tentar uma estratégia diferente, nos conduzindo para uma cabine, onde entramos e ele trancou a porta, deixando a cortina aberta, para que quem tivesse passando nos assistisse. Como já tínhamos tido três significativas interações, ao nos fechar ali, pensei que seria um momento só nosso, mas ele só estava me usando como isca para atrair outros homens. E funcionou. Colou um na porta (que deveria estar com sua parceira do lado, pois naquele ambiente só entravam casais e não singles) e esse cara colocou o pau pra fora, naquele buraco da porta. Comecei a masturbá-lo e chamei o Intenso para interagir junto. Era a sua chance de explorar, sem culpa, a sua bissexualidade. Daí ele fechou a cortina da porta, para que o rapaz não visse quem estava na ação e abocanhou o pau dele. Revezamos. Ora eu chupava, ora ele. Determinado momento o deixei chupando mais, até que… o cara gozou na boca dele! O Intenso quase se engasgou – veio de surpresa  –  e parou de chupar. O rapaz guardou o pau e fez um sinal de joinha, agradecendo.

Eu me diverti com a situação, celebrei que ele tinha conseguido fazer um homem gozar (achando que era a sua primeira vez naquilo) e aí o Intenso se voltou para o casal da cabine ao lado, pelo buraco da parede, que permitia essa interação, se estivesse aberto.

O cara que estava comendo uma mulher, em algum momento deu descanso para ela e colocou o pau no buraco da parede, tal como o outro tinha feito no buraco da porta. Deixei que o Intenso interagisse sozinho com esse e me voltei para ele, o chupando. Ou seja, enquanto eu chupava o meu homem, ele chupava outro cara. Ficamos nessa por algum tempo, até que fiquei com vontade de transar e pedi que me comesse. Ele atendeu prontamente, mas, após pouco tempo transando, quis interromper para interagir com outras pessoas que tinham parado para nos assistir pelo vidro da porta.

– Olha, chegou um casal aqui.

– Me come.

Ele continuou, mas dali a pouco tentou novamente:

– É um casal bonito, vem ver.

– ME COME!

Me irritou profundamente ele querer interromper a nossa transa pra chupar outro pau. Já não bastava não?!

Daí, adivinha o que aconteceu?

Ele broxou.

Em cinco meses, ele nunca tinha broxado comigo.

Quando comecei a sentir o seu volume perdendo força, interrompi a transa e falei que queria voltar pra pista de dança. Ele se vestiu, mas ao contrário do que solicitei, nos conduziu para a saída. Não contestei, não tinha mais clima pra continuar ali mesmo.

No Uber viemos em completo silêncio.

Assim que adentramos no meu apartamento, instiguei uma conversa:

– Vamos conversar sobre o ocorrido?

– Vamos. – Num tom tranquilo, demonstrando uma falsa boa vontade.

– O que aconteceu ali?

– Eu só não queria mais transar.

– Você não quis mais transar para chupar outro pau.

– Não.

– Foi exatamente isso que aconteceu. Você só broxou depois que apareceu aquele outro casal, porque você preferia chupar um pau do que continuar comendo a sua namorada!

– Não foi isso.

– CLARO QUE FOI!

Daí, como de costume, sempre que lhe é exigido alguma resposta, ele fica ofendido e faz movimentos de ir embora. Desta vez não o impedi, eu também estava irritada e se ele queria ir embora, que fosse com Deus!

Saiu sem dizer uma palavra. Quando percebi que ele tinha deixado peças de roupa para trás, fui até o corredor para avisar, mas quando abri a porta ele já tinha sumido. Sequer ouvi o barulho do elevador. Voltei para dentro do apartamento, tirei minha make, tomei meu banho tranquilamente, coloquei meu pijaminha, fiz meu skincare e fui dormir com a cama toda só para mim.

Quando acordei, por volta das 9:30 liguei para ele. Duas chamadas não atendidas. Daí mandei a seguinte mensagem:

– Você esqueceu roupas suas aqui em casa. Depois só me avisa se chegou em segurança.

Quarenta minutos depois e as minhas mensagens continuavam não entregues.

– Estou preocupada com você. Seu celular está desligado. Me avisa se chegou bem, assim que acordar. E vamos fazer uma chamada pra conversar sobre ontem. Muito impulsivo e imprudente da sua parte ir embora daquele jeito.

Fui passar o domingo com a minha mãe.

Já era duas da tarde e ele continuava sumido, celular permanecia desligado.

– Estou preocupada com você. Que crueldade sua sumir desse jeito, eu fico aqui achando que você sofreu algum acidente na volta. Só não baixo na sua casa pq o risco de dar com a cara na porta é grande, já que vc está incomunicável por aqui e não sei nem se vc tá na sua casa. (Meu amigo Denis acha que ele foi pra sauna gay.)

Ele foi aparecer duas horas depois, por volta das quatro da tarde, respondendo a minha mensagem inicial, sobre ele ter esquecido roupas no meu apartamento:

– Quando vc vier buscar as suas vc traz.

– Achei que tinha acontecido alguma coisa.

– Não tem que se preocupar comigo mais.

– Quer que eu busque quando?

– Quando vc quiser. 

– Pode ser hoje?

– Pode. 

E a preguiça de sair de Guarulhos até Campinas? 

– Só me avise pra eu não estar em casa. – Ele acrescentou. 

– Você não vai querer conversar sobre o que aconteceu? Já quer terminar desse jeito?

– Vc mesma já terminou ontem.

– Eu não terminei. Você que foi embora.

– Não lembra de como ficou me pressionando pra dizer algo que vc queria ouvir, enquanto o que eu queria falar era outra coisa? Ontem eu tive muitos insights sobre mim mesmo.

– Eu estava te pressionando a me dizer a verdade. E você preferiu ir embora e me deixar com as minhas paranoias. Como se o seu silêncio fosse a confirmação do que eu estava achando. Você não se preocupou em me fazer mudar de ideia.

– Vc é irredutível em mudar de ideia. Ontem vc me levou para o parquinho pra brincar, me soltou e disse: pode brincar com o que quiser… e aí eu descobri um brinquedo novo… e gostei… e no começo vc me apoiou. Mas depois vc me chamou de volta e me repreendeu. Eu estava ali num momento de descoberta, concentrado, encantado com novas sensações e me sentindo seguro por estar a seu lado, até que o jogo mudou e você começa a me pressionar. Não sei se ficou com ciúmes pq percebeu que eu tinha curtido chupar pau também… não sei o que aconteceu. Já eu, em momento algum te repreendi nas suas brincadeiras. Deu pra 3, beijou mulheres e nem por isso fiquei te cobrando dar só pra mim. Era um ambiente de diversão mútua. Em casa seríamos só nós dois, de Lovezinho. Agora estou aqui com essa sensação de descoberta e ao mesmo tempo perdido e sem apoio.

– Sabe o que eu percebo de você? Que quando vc é confrontado com algo que foge do seu controle, você foge. Eu fui dormir me sentindo preterida. Por você preferir interagir com outras pessoas do que transar comigo. Como se o que a gente tem, não tivesse mais graça pra você. Foi esses insights que vc teve? Que o que nós temos perdeu a graça pra você?

– Não, foram insights muito maiores. Eu olhava a hot como um parque de diversão para os dois. O que temos um com outro não cabe dentro da hot. É muito maior. 

– Eu apoiei a suas brincadeiras com o maior gosto, te chupei por um tempão enquanto você chupava o outro cara, só que em algum momento eu queria você só pra mim. Igual quando você fica com ciuminho depois. E quando você quis interromper um momento nosso por uma pessoa estranha, aquilo pegou muito mal pra mim. Talvez eu devia ter falado com mais cuidado, tipo “lindo, quero fazer amor com você agora, quero ficar com vc um pouco agora” do que dizer “me come” daquele jeito impositora.

– Sim. Com certeza seria diferente. Eu entenderia e pararia a brincadeira. Nem eu e nenhum homem funciona sob pressão. Eu muito menos. Travo. É psicológico.

– Reconheço que não tive muito tato na hora, mas pq eu tava com ciuminho da atenção dispensada para outro. Queria uma confirmação de que você ainda preferia a mim, e quando você quis interromper pra de novo interagir com outro cara, me senti uma pessoa zero importante pra você.

– Dispensada para outro pq era meu momento de brincar. Não fiquei com ciumimho quando vc estava dando pra três ou beijando outras. Vc ficou com ciumimho pq descobriu que eu curti uma coisa nova. Vc sempre vai ser mais importante que eu, acontece que aquele tipo de brincadeira só teria ali. Fora dali seria só nós. Ontem eu descobri um lado muito importante a meu respeito: sim, curti chupar pau e achei muito excitante, e isso pode ser um problema pra vc e pra qualquer outra mulher… Vim a viagem toda pensando nisso e me recriminando sem querer aceitar isso… Mas veio a solução: não posso mais negar que gostei disso e não vou me limitar… se um dia eu quiser fazer isso dinovo, é fácil: faço igual os outros caras que fazem… contrato uma amiga sua GP e vou lá só pra isso. Só pra chupar pau.

AFFFFF

– Mas você também aproveitou quando eu dei pra esses três caras. Você fala como se tivesse sido algo só pra mim e foi pros dois. Eu embarco na brincadeira com vc, tanto que revezamos aquele que gozou na sua boca. Mas repara que em todas as nossas brincadeiras, acontecia e depois a gente brincava entre a gente. E dessa vez você queria emendar 3 interações suas com outras pessoas, sendo que eu tbm queria um pouco de você pra mim. Então entenda que o que me irritou não foi você ter essas interações, mas o fato de esquecer de mim nesses momentos.

– Desculpe mas vc não soube expor da maneira correta.

– A gente brinca direto sobre você chupar outro pau, já falamos sobre isso nas fantasias das nossas transas, se fosse algo que me incomodasse, eu não teria brincado com vc ontem quando chupou aqueles dois. Tanto que eu estava te chupando enquanto você chupava o segundo. Porém, eu fiquei com tanto tesão naquilo que queria ter prazer também e foi quando te chamei pra transar comigo, pq o meu maior prazer é interagindo com você, e ali o seu maior prazer não foi mais interagindo comigo.

– Era só ter deixado claro: amor tô com tesão nisso. Brinca comigo agora. Mas não pressionar: me come agora… me come. Eu broxei na hora e fiquei me sentindo péssimo pq 3 caras te comeram e eu não consegui. Minha masculinidade e insegurança foram lá embaixo. Eu não conseguia olhar na sua cara. 

– Você teve algum insight sobre preferir ficar só com homens a partir de agora? Gostar mais de homens do que de mim ou de outra mulher? Pode ser sincero. Não quero ser uma pedra no seu sapato, entre as suas novas descobertas.

– Não. Não sou gay. Sou viciado em mulheres. Mas sim, achei tesão chupar homens. Gostei dessa troca de energia a 3 mais próxima tipo o que aconteceu com o japa. Isso pra mim é um bom sexo, um bom ménage. 3 pessoas se pegando sem frescura e trocando energia. Sem tabu. Mas não. Isso não diminui meu desejo por mulher, não desejo gays, mas achei tesão pegar num pau e chupar. Assim como vc achou tesão chupar a buceta daquela mulher aquele dia.

– Sim, eu reconheço que poderia ter falado de outra forma. Mas você mais do que ninguém sabe que quando estamos com ciúmes não conseguimos agir com a razão.

– Por isso imediatamente eu parei tudo e conduzi pra irmos embora. Eu te conheço. Leio em seu olhar.

– Entendi. E por mim tudo bem quanto a isso. Ontem foi uma infelicidade pelo tom que falei e como você recebeu. E como pegou pra mim também. – Comecei a achar que a errada da história era eu.

– Eu me senti o pior homem do mundo. Enquanto centenas querem te comer, eu broxei quando vc me pressionou a te comer. Não conseguiria ficar na sua casa te olhando. Me senti péssimo. Lixo. Incapaz. Broxa. Julgado por ter me entregue a uma brincadeira que vc mesma me deu a liberdade e depois podou. Foi uma sensação horrível. Vim chorando a viagem toda. Me culpando por ter gostado de ter chupado um pau, me culpando por ter explorado mais minha sexualidade do seu lado. Hora, pagasse então alguém que seria neutro. Que não me julgasse. E não haveria esse tipo de sensação horrível. Hj eu acordei sabendo um pouco mais sobre mim, mas ao mesmo tempo sabendo que até mesmo as pessoas de mente mais abertas não aceitariam isso. Que é algo indigestivo principalmente quando tem amor envolvido. Entendo melhor os lances comerciais. A próxima vez que eu for na hot, será através de um lance comercial, e com tudo muito bem alinhado. Será prático e confortável.

– Você quer terminar comigo então? Pq eu jamais aceitaria você ir na hot sem mim, estando junto comigo.

– Não estou falando de ir lá sem vc. Estou falando de uma situação em que eu estaria solteiro.

– Eu não te julgo. Se eu te julgasse a gente nem faria essas brincadeiras. Te chamei pra chupar comigo e até te deixei se divertindo sozinho depois. A única coisa que pegou pra mim foi você querer interromper uma transa nossa pra interagir com uma pessoa estranha. Se você tivesse transado mais comigo ali, em algum momento nos daríamos por satisfeitos e continuaríamos a buscar mais interações com outras pessoas. Eu não fiquei puta por você ter chupado outros caras, já sabemos que vc curte isso não é de hoje e tá tudo bem. Eu desde o começo acolhi a sua bissexualidade, reconheça isso.

– Lembre bem como vc ficou me confrontando ontem. Não condiz com o que vc diz agora. Foi bem cruel.

– Eu só fiquei mal pq vc quis me deixar de lado pra fazer essas interações.

– Não, eu entendi que ali, naquele momento, vc estava me deixando livre pra brincar. Sob sua supervisão. Deixar eu no parquinho me divertir. Vc já tinha se divertido e eu tbm… e naquele momento eu estava em uma situação que era rara acontecer: um cara se deixar ser chupado. Então estava ali aproveitando aquela oportunidade. Nunca imaginei que seria uma questão pra vc.

– Mas como eu disse, eu poderia ter falado com mais jeito, que naquele momento eu queria ter um pouco só de você pra mim. Reconheço que me posicionei de uma forma ruim e deu no que deu.

– Pois é. Eu pararia tudo pra te dar atenção. E namorar só com vc. Não obstante, ficou me chamando de broxa. Não sabe como é humilhante isso.

– Eu não te chamei de broxa.

Oxe, colocando paravas na minha boca!

– Mas você ter broxado bateu pra mim que me comer não era mais interessante pra você. Que interagir com estranhos era muito mais prazeroso do que transar comigo. Você não precisava ter ido embora daquele jeito.

– Eu estava sendo atacado a todo momento. Não merecia aquilo. Achei injusto. 

– Eu estava te dizendo que vc preferia interagir com outros do que transar comigo e você em nenhum momento disse algo para tirar esse pensamento destrutivo de mim. Se você ficou mal por se sentir um broxa, eu tbm fiquei mal por me sentir sem graça pra você.

– Eu falei que não, que não era isso e vc não acreditava. Vc não acredita no que eu falo quando vc coloca algo na sua cabeça, ninguém tira. Vc insistia, insistia e insistia. 

– Você poderia ter insistido. Poderia ter tentado dizer de outra forma, quando vc coloca algo na sua cabeça eu tento te fazer mudar de ideia de mil maneiras. Você só tenta uma vez e se não der certo você vai embora e foda-se como eu estou me sentindo.

– Eu não gosto de ser confrontado quando a pessoa não está correta, quando minha forma de pensar não é igual. Não sou vc. Não sei agir como vc. Somos diferentes.

– Realmente, agimos e temos percepções diferentes da mesma situação. Mas se relacionar é um tentar se adaptar ao jeito do outro. E não ter a síndrome de Gabriela. Hoje de manhã eu busquei refletir sobre o ocorrido, tentando ver pelo seu olhar e cheguei na conclusão de que não me expressei muito bem, que talvez se eu tivesse falado com mais jeitinho, o resultado teria sido diferente. Mesmo sabendo como eu me senti indesejada, mesmo sabendo que o ocorrido tbm me afetou negativamente. Já você não costuma fazer esse exercício de se colocar um pouco no meu lugar também. E veja que se colocar no lugar do outro não é invalidar o que vc sentiu, mas tentar ver o que o outro sentiu tbm. 

– Um dia, no seu curso da faculdade, vc vai entender que situações como a de ontem causam sequelas psicológicas muito grandes. Eu tô bem mal com minha masculinidade. Marquei médico pra amanhã. Vc nunca foi indesejada. Eu apenas estava diante de uma situação rara: um cara deixar eu chupar ele. E vc estava me apoiando. E isso era a coisa mais incrível do mundo pra mim, então eu só estava aproveitando a oportunidade. Sempre que dava em outras situações ali eu interagia com vc… te chupava, te comia, te deixava a vontade. 

– Mas a questão é que vc já tinha finalizado a sua interação com o cara. Você estava querendo interromper uma interação nossa pra ter uma outra interação que poderia esperar após termos o nosso momento. Você entende como isso pegou mal pra mim? Eu pensei: “poxa ele já chupou um cara até gozar, já chupou o cara da cabine do lado até a interação estagnar naquilo, queria um pouco dele pra mim e ele preferiu interromper a nossa transa pq eu não estava mais sendo interessante pra ele.” Eu também poderia ficar com sequelas psicológicas, pensando “ele prefere chupar outro cara do que continuar transando comigo.” 

– É uma brincadeira arriscada. Sempre me envolvo em brincadeiras arriscadas por vc.

Por mim? Ou por ele mesmo?!

– Eu reconheci que falei de uma forma rude pra você continuar me comendo, mas antes mesmo de eu ter dito isso, isso não apaga o fato de que você quis interromper uma transa nossa pra chupar outro cara. Sendo que vc já tinha chupado dois na sequência.

– Já expliquei sobre isso. 

Daí eu voltei na parte da conversa que ele dizia ter marcado o médico. 

– Que médico? – Perguntei.

– Não interessa pra vc, são coisas minhas. Inseguranças minhas. 

– Não estamos mais juntos então?

– Depois de ontem acho que não neh. Eu não sou homem pra vc. Não me sinto mais homem suficiente pra vc. Depois me avise quando estiver na sua casa, vou mandar suas roupas por Uber. Você não precisa vir aqui. 

– Eu vejo a gente como um casal. E um casal vive suas crises, tem seus desentendimentos, mas depois se entende. Te deixei ir embora ontem, pq tbm estava irritada e também me senti fragilizada, por o meu namorado preferir ter outras interações masculinas do que sentir prazer me comendo. No entanto, hoje acordei de cabeça mais fria, refleti sobre o ocorrido, compreendi a minha parcela de culpa e te mandei msg pra saber se você tinha chegado bem e falei sobre fazermos uma chamada pra conversar sobre o ocorrido. Se eu achasse que vc não é homem suficiente pra mim, eu não teria esse tipo de preocupação de conversar com você. Agora se você chegou na conclusão de que não tem mais tesão em mim pq curtiu demais as interações masculinas de ontem, que você quer experimentar um novo modelo de relacionamento, então fale por você e não jogando nas minhas costas algo que em nenhum momento foi dito por mim.

– Vc já parou pra pensar o tamanho da responsabilidade sexual que é pra um homem ter vc? Vc é uma mulher muito desejada, linda, todos os homens te querem. É uma baita responsabilidade te satisfazer. E sinto que não consigo dar conta disso. Ontem isso ficou bem claro, vc me pedindo pra te comer, mandando e eu pressionado, não conseguia. Eu nunca disse que perdi o tesão em você.

– Assim como eu tbm nunca disse que queria terminar ou que você não é homem pra mim.

– Mais uma vez vc distorcendo tudo, enquanto eu tô te fazendo um baita elogio. 

– De que valem esses elogios se você está desistindo? O elogio se torna um fardo.

– Não tô desistindo. Fardo é não ser homem suficiente pra vc. 

– Você me dizendo essas coisas parece a minha amiga terminando com o namorado dela dizendo que ele é um cara incrível, mas que o problema era ela e não ele, quando na vdd ela já tava cagando pro cara e só não queria admitir que já tava a fim de outra pessoa. Então por favor, seja sincero comigo.

– Serei. 

– Você disse que teve insights enormes sobre você, que está repensando a sua masculinidade e até marcou médico (que vc não quer abrir pra mim qual especialidade) pra falar sobre isso. Então se vc não quer mais ficar comigo pq descobriu que ter outro modelo de relacionamento fará mais sentido pra você, não vem com esse papo de que eu sou incrível e bla bla bla, e me fala a verdade nua e crua. Pq senão eu vou ficar igual uma idiota aqui tentando fazer você mudar de ideia, quando na verdade nem é isso que vc quer mais de mim.

– São vários pontos. Ontem eu descobri algo novo sobre mim. E vc quem me deu liberdade pra isso. Descobri que sinto sim tesão em chupar pau. Mas isso não invalida em momento algum o que sinto por mulheres. Sou viciado em mulheres. Sou viciado em vc. Adoro buceta muito mais que pau. É só um brinquedo novo. Não tenho tesão em gays. Não teria um relacionamento homoafetivo. Não sairia com um cara sozinho

Gravem bem essas frases em negrito para a Parte 13.

– E só faria essas brincadeiras com uma pessoa de confiança (vc) ou com alguém que eu pagasse pra ir na HotBar comigo. – Ele continuou. – O outro ponto é que vc é muito desejada por todos e isso por si só me coloca uma pressão diária. Desde que eu comecei a sair com vc eu sempre penso que nunca sou bom o suficiente pra vc. Já levei isso várias vezes na terapia. Vivo querendo melhorar meu pau pra vc. Isso é insegurança minha. Por querer ser melhor pra vc, ser bom o suficiente, pra vc não me trocar por outro. Homens também são inseguros. Terceiro ponto: se tem algo que afeta o homem, é o psicológico. Ontem quando vc ordena que eu te coma e quando eu tento começar e vc muda a cara e continua ordenando, imediatamente eu broxo. Naquele momento vem em minha mente: “eu não posso falhar agora, 3 acabaram de comer ela gostoso, eu não posso falhar”. Pronto, é a receita perfeita pra eu falhar. Psicológico é tudo. E vc interpreta isso da maneira mais errada possível.

– Você quer terminar? É isso que você quer? Seja honesto comigo, por favor.

– Pq vc acha que eu quero terminar? Pq agora vc acha que eu gosto mais de pau do que vc? Vc cagou pra tudo que eu disse acima.

– Pq eu te mando msg em busca de nos entendermos e você vem com esse discurso de não ser homem pra mim.

– Te dei uma aula sobre como me sinto. Estou fragilizado. E sim, não me sinto o suficiente pra vc.

– Eu também me senti fragilizada ontem. E em nenhum momento eu cogitei rompermos o que temos. Eu pensei “ok, brigamos, ele foi embora, mas depois nos entendemos”. E você já acha que tudo é o fim da relação.

– Vc não entende a importância de tudo que estou te entregando aqui. Da sinceridade que estou te entregando.

– Eu tô sempre repetindo pra você o quanto eu sou doida por você. O quanto eu adoro dar pra você, o quanto eu amo o seu pau assim, que vc não precisa mexer em nada. O que mais eu posso fazer pra você ter confiança no que sinto por você? Ontem eu me senti zero desejada por ti e mesmo assim eu não pensei em abandonar a nossa relação.

– Eu não deixo de desejar vc um minuto sequer. Mas vc pensou isso. Eu falhei em algo. Talvez estivesse muito empolgado com meu brinquedo novo. Estava tão bom na primeira interação, vc brincando junto, sem ciúmes. Me senti tão livre e acolhido por vc.

– Entendi que a minha pressão bateu errado em você, assim como você querer interromper a nossa transa bateu errado pra mim. Foi uma situação infeliz, ok, acontece. Qual o nosso papel como casal a partir disso? Conversarmos, entender o que cada um sentiu, fazermos ajustes e seguir com a relação. Quando qualquer coisa te faz querer desistir da gente, novamente me vejo naquele cenário de incerteza, em que qualquer briga você vai terminar comigo.

– Não quero desistir da gente. Só me senti um horror e não queria ficar por perto. Me senti pressionado, acuado, acusado. Me senti muito mal tbm. Broxa, insuficiente. Eu só conseguia lembrar das dezenas de cara que desejariam te comer e eu não consegui pq meu psicológico foi afetado. Sexualmente falando, nunca me senti tão mal na minha vida. Não quero passar por uma situação onde eu mesmo me coloco em humilhação, jamais na vida.

– Então não fica trazendo pra conversa esses discursos derrotistas que vc não é homem o suficiente pra mim, pq se eu não acho isso, você tbm não tem que achar. Em nenhum momento te acusei por não ter me comido, pelo contrário, eu que fiquei me sentindo não gostosa o suficiente pra você.

– Mas ficou se sentindo assim justamente pq eu não consegui te comer, uma coisa puxa a outra.

– Eu fiquei sentindo isso pq você quis INTERROMPER a nossa transa pra interagir com outras pessoas. Ali eu pensei “eu não sou importante pra ele”, pq ele prefere dar prazer pra outras pessoas, vai sentir mais tesão com outras pessoas, do que comigo. Você ter broxado, eu entendi que foi pela forma rude que eu falei. Ninguém executa nenhuma tarefa bem na base da ignorância. Eu sei que falei grossa. Por isso repensei hoje de manhã que se eu tivesse falado com mais carinho, o resultado teria sido diferente.

– Eu jamais trocaria vc por outra pessoa ou casal.

–  Mas você quis fazer isso ontem quando quis parar a nossa transa pra interagir com as pessoas na porta. 

– Nós estávamos ali o tempo todo buscando um casal legal. Aí eu virei pra trás e vi um casal bonito, pensei: achamos… e fui lá chamar eles… mas aí vc entendeu tudo errado. Vc achou que eu estava trocando vc por eles e não era isso. 

– Sim. Entende que ambos tiveram percepções ruins e diferentes da situação? O que estamos fazendo agora é conversar sobre o ocorrido pra ajustar e entender o que o outro sentiu. É isso que casais fazem. Esse seu lance de brigou vem buscar suas coisas, não demonstra muita importância da nossa relação pra você. Pq qualquer briga você já quer decretar o fim. Se terminar não é algo que vc quer de fato, então não conduza a conversa por esse caminho. Opte pelo mesmo caminho que eu tento conduzir: o da reconciliação. Senão eu vou achar que de fato você quer terminar.

– Então pare de me agredir. Ontem o que eu recebi foram só agressões. E eu tentando me defender. 

– Hoje eu entendo que o que te confrontei, soou pra você como um ataque por você ter broxado, quando pra mim eu só estava querendo puxar de você uma declaração concreta de que vc ainda tinha tesão por mim. E repito, não achei que vc não tinha mais tesão em mim por ter broxado, eu, mais do que ngm, sei que os homens podem broxar, mesmo com muito tesão na pessoa, pq é algo psicológico e não necessariamente físico. O que me fez ter esse pensamento foi você interromper a nossa transa. Por você preferir interagir com outras pessoas. E hoje vejo que não foi com esse olhar que vc quis interromper.

– Nunca duvide disso. Eu declaro isso toda hora. A todo momento. Só te entrego elogios. 

– Peço desculpas da forma como falei com você ontem. Não é pq vc é meu namorado que vc é obrigado a me comer, eu poderia ter falado de uma forma mais amorosa. E tbm não quis te atacar por ter broxado. Sei o quanto isso pega mal pros homens. 

– Peço desculpas por qualquer coisa que possa ter te deixado mal. E por ter saído daquela forma da sua casa, mas eu estava me sentindo agredido. 

Enfim, não vou mais me alongar nesse diálogo. Nos entendemos. 

Isso foi num domingo.

NOVA BRIGA

Reiniciando a semana, ele retomou com aquele padrão de caçar briga quando estamos separados. Já na segunda mesmo, última semana de setembro:

– Quando vc chegar na sua casa, me avisa? Quero falar com vc. Só me dá uma previsão de horário que estará lá por favor. Pra eu me organizar. – Ele disse.

– Aconteceu alguma coisa?

– Sim.

– O que? – Eu, sem entender nada. 

– Nos falamos quando você puder. 

Eu estava numa lanchonete com a Manu, após atendermos um cliente juntas. Eu tinha compartilhado com ele um vídeo do lugar, que era todo cor de rosa, e aí ele veio com essas mensagens acima. 

– Hoje vai ser complicado falar por ligação, pq daqui vou pra aula e da aula vou ter cliente.

– Vá trabalhar. Depois falamos.

– Se puder adiantar o assunto, eu ficaria mais tranquila.

– Vamos terminar.

– Oi?

– Só quero falar isso por vídeo se vc preferir. 

– Falamos amanhã então, não tô a fim de estragar meu dia. Parece que vc sente prazer em não me ver bem.

Gente, qual a necessidade disso? Ele conseguiu estragar até o meu rolê com a minha amiga. 

– Eu tô mandando suas roupas por Uber. 

Reagi só com joinha.

Vendo que eu não me afetei, dois minutos depois tentou me desestruturar novamente:

– Vc sabe que o que vc fez hoje foi ridículo. 

– Eu não sei do que vc tá falando. 

– Sabe sim.

– Não, não sou adivinha. 

– Olha sua atitude de hj. Sumiu. Não falou nada. Não quero mais isso pra minha vida. 

*

Ele se queixava porque nossa última interação tinha sido quatro horas atrás e quando eu ressurgi, já foi mandando o vídeo do lugar onde eu estava. Que ele respondeu com um mero ponto de interrogação.

– Estou te mostrando o lugar que vim com a minha amiga. Todo cor de rosa. 

– Foi com sua amiga? Eu pensando que estava trabalhando. Obrigado por avisar. 

E aí na sequência ele veio com aquele diálogo do início, querendo terminar. 

*

– Nos falamos aqui. – Daí trouxe o print da nossa última interação, quatro horas antes. – Que vc ainda demorou 1h pra me responder. Depois disso você TAMBÉM não falou mais nada. As interações precisam partir de ambos os lados, não só de um. Ainda vim aqui compartilhar onde estou e você, ao invés de ficar feliz por mim, que estou vivendo um pouco, vem me atacar com essa possessividade desnecessária. Você sabe que estou com a minha amiga papeando e sente prazer de interferir pra estragar o meu dia. Não pode simplesmente ficar feliz por eu estar fazendo algo diferente.

– 5 horas depois vc aparece. – Ainda aumentou uma hora. – E eu achando que vc estava trabalhando, angustiado. E vc nem teve a coragem de me falar que ia sair pra passear. Vejo que vc não está preparada pra ter um relacionamento, dar satisfação. Custava ter me avisado?

– Sim eu estava trabalhando. Te falei que tinha um atendimento com ela. E depois viemos comer algo e fofocar. Qual o problema nisso? Você me trata como se eu tivesse te traindo com alguém. Que ridículo. Ao menos eu apareci, né. Você acha que só vc é ocupado. Eu te mandei vídeo da onde eu estava. Eu tenho que te pedir autorização de todos os meus passos antes de fazê-los? Esse seu comportamento é doentio. 

– Ok. Segue sua vida. Vou seguir a minha. 

E daí já sumiu a foto dele. 

– Tô vendo que já apagou meu contato e me removeu do Instagram. Então você nem vai esperar pela chamada, já terminou por mensagem mesmo?

– Te avisei. Você pediu pra eu adiantar o assunto. Hoje vc me excluiu completamente da sua vida. Fiquei bem mal, não quero mais passar por essa situação. Sabemos que já é muito difícil pra mim aceitar seu trabalho, que não consigo aceitar vc trabalhando, e quando ocorre esses sumiços seus, sem dar satisfação, me vem os gatilhos que desencadeiam sensações horríveis, que não desejo para ninguém. Por mais que eu goste de vc, quando vc some, sinto coisas horríveis. Vc prometeu pra mim que manteria contato mesmo quando fosse trabalhar e hj não cumpriu isso. Mais uma vez escondendo coisas, omitindo. Assim como vc não consegue confiar em mim, não consigo confiar em vc. Vive uma vida muito diferente da minha. Por mais que eu tenha tentado me adaptar, não consegui. E lutei muito por isso. Eu realmente espero que vc consiga sair dessa vida e achar alguém que vc ame de verdade e que faça valer a pena, ou então um cliente que aceite isso numa boa. Eu me machuco muito com tudo isso. Estou exausto. Não consigo mais. Hoje foi o fim da linha. Eu esperando contato seu, vc trabalhando, com sua amiga sem falar nada. Podia pelo menos ter comentado, mas preferiu omitir, como sempre. É mais fácil pra vc omitir do que falar, do que dar atenção. Vou seguir minha vida e desejo tudo de melhor pra vc. E eu realmente desejo que vc saia dessa vida o quanto antes. Sofri muito muito hj. Não aguento mais isso. Quero um amor que me traga paz e acho que sou merecedor disso. O seu trabalho e o que vc faz me machuca muito por gostar muito de vc. E isso só me machuca. Quero poder sentir paz no meu coração. Vai ser muito difícil agora no começo, mas vai passar, vou me recuperar. E tenho certeza que será menor do que essa angústia diária que eu vivo.  Hj vc tem dois clientes, não me falou de nenhum deles. Não deu a mínima para a pessoa que fala que te ama. Isso não é se importar. Às vezes vc esquece disso. Da minha insegurança. De que o que vc faz não é algo trivial pra mim. Espero que Deus te ilumine muito. Não sou homem suficiente pra te bancar nem financeiramente, nem sexualmente. Se eu tivesse grana vc não estaria nenhum dia a mais nesse trabalho.

E lá vamos nós! 

Eu, na minha aula de dublagem, que nem pode entrar com celular, fiquei disfarçadamente redigindo mensagem pra ele. Nem consegui prestar atenção na aula.

– Vamos olhar para o dia de hoje como um todo? Você acordou e sequer me deu bom dia. Puxei assunto com pela manhã, sobre a minha prova e você levou meia hora pra me responder, até perguntei se vc tinha ido trabalhar, pq sabendo que vc está sempre conectado, achei que estivesse dormindo, pra ter demorado tanto, e você disse que sim, que tinha acordado cedo, levou o carro pra revisão e foi trabalhar. Na hora eu pensei, “poxa, ele acordou cedo, não me mandou um bom dia, e quando eu puxo assunto, ainda levou meia hora pra me responder.” Te mandei várias coisas aleatórias durante o almoço, você levou mais de 1h pra me responder e ainda foi super sucinto nas respostas. Demonstrando zero empolgação pra interagir comigo. Fui fazer as minhas coisas e deixei vc fazendo as suas. Pensei: “quando ele quiser interagir comigo, vai me mandar msg.” Isso não aconteceu. Quando saí do encontro e fomos comer em algum lugar, quebrei o silêncio e fui compartilhar com você onde estava, super empolgada pela estética do lugar, que era todo rosa. Fui recebida com ataques, como se eu tivesse fazendo alguma coisa errada. Totalmente desproporcional com o momento. Eu já tinha comentado com você, no fim de semana, que teria esse atendimento com ela, quando estávamos falando sobre as mensagens do celular da Sara, mas como sempre, você nunca lembra das coisas e vem me acusar de estar te escondendo algo, sendo que o meu trabalho não é nenhuma novidade pra você. Você também disse, no fim de semana, que ia me deixar livre pra fazer o meu trabalho. Me deixar livre, entendo que não preciso ficar te reportando toda a minha agenda. Você diz as coisas e depois cai em contradição nas suas próprias sentenças. Você diz que eu não estou pronta pra ter um relacionamento, mas é você que tem uma ideia errada do que é se relacionar. Se relacionar é respeitar os afazeres do outro, sem qualquer retaliação por isso. Hoje, todas as vezes que interagimos, foi por iniciativa MINHA. Você quer que o meu dia seja em torno de você o tempo inteiro. Você não compartilha comigo NADA do seu dia. Você me exige algo, que você mesmo não faz.Também já estou cansada dos seus ataques e acusações. Estou cansada dessa infantilidade, qualquer chateação sua, você age de forma impulsiva, quer terminar, apaga meu contato, me exclui do Instagram, você não me dá segurança NENHUMA pra ir morar com você. Se eu tendo a minha independência você já me trata assim, imagina quando eu tiver morando debaixo do seu teto, dependente de você?

– Vc sabe muito bem o que causa todo esse meu comportamento. Com meus ex relacionamentos não existia isso. Vc sabe muito bem o motivo de estarmos terminando. Se vc morasse comigo, não estaria trabalhando. E esse tipo de situação não aconteceria.

– Essa discussão não vai levar em lugar nenhum. Ok. Segue seu caminho em busca de um relacionamento normal. Preciso de paz também.

– Só levaria a algum lugar se vc parasse de trabalhar com essa merda. Eu não aguento mais sofrer por isso.

– Estamos brigando não é pelo meu trabalho, é pela sua possessão e intolerância. Se eu trabalhasse com qualquer outra coisa, você ia se incomodar com as minhas ausências do mesmo jeito. O seu comportamento é só uma amostra do todo.

– Jamais. Pessoas trabalham. Eu não sou possessivo. Vc nunca vai olhar pra seu trabalho como deveria. Sempre vai romantizar como se fosse algo normal e que as pessoas devessem aceitar. Eu juro que queria muito ser rico pra falar que a partir de amanhã vc não trabalharia mais com isso. É muito difícil abrir mão de quem se ama por não suportar situações. Eu jamais pensei em passar por isso.

– Você é extremamente ciumento. Não posso ter um momento de descontração numa cafeteria com a minha amiga que vc já vem me atacar por eu ter ficado horas ausente. Você quer me controlar o tempo inteiro. Ao invés de valorizar eu ter te mandado msg, você me atacou pelo tempo que não mandei. Vc não sabe olhar pras coisas boas. Isso me faz disparar um alerta enorme de ir morar com você. O tanto que vc me controlaria.

– Não é o problema de vc estar descontraindo, é eu estar aflito enquanto isso acontecia e vc sequer me falou. Se tivesse falado eu estaria de boa… te incentivando. Nunca foi sobre controle, sempre foi sobre me sentir mal com seu trabalho. Vc estava com sua amiga justamente pra atender junto com ela. Trabalhar nesse trabalho que vc tanto vangloria. 

– Não se preocupe. Não precisará mais passar por isso daqui pra frente. Vai lá comentar numa foto da Bruna, igual vc fez dia 17 de agosto e quem sabe retoma o contato? Melhor e mais tranquilo, você retomar um relacionamento normal. Meu trabalho é esse, é o que paga as minhas contas no momento e se isso é demais pra você, mesmo quando já tínhamos planejado algo futuro, melhor você parar de se mutilar mesmo. Também estou sofrendo, a minha proporção, com todos esses estresses e desgastes. E para de jogar as coisas nas minhas costas. Você não cansa desse vitimismo não? Se vc tava tão mal assim, era só ter me mandado mensagem e perguntado o que eu tava fazendo. Seu dedo não iria cair. Tô cansada de ser sempre EU a ter que fazer as coisas.

– Você ama o que faz. Ama que te desejem. Mesmo que seja velhos babão. Por isso vc romantiza seu trabalho. E quando eu critico vc fala que é pq eu sou possessivo.

– Ok. Já estou exausta de discutir com vc. Depois manda minhas coisas pelo Uber. Farei o mesmo com as suas coisas que estão lá em casa.

– Não vou mandar. Juro que me arrependo do dia que te conheci. Do dia que me apaixonei por vc.

– Você não disse lá em cima que ia mandar?

– Não vou mais.

– Vai jogar minhas coisas fora?

– Não sou sem escrúpulos, posso estar nervoso agora, falando merdas, mas não faria isso. Mandarei suas coisas. Só preciso me acalmar mais pra conseguir tirar elas do guarda-roupa. É um sonho sendo destruído.

– Ok. Manda quando quiser. Vou tentar prestar atenção na aula.

– Boa aula. Bom trabalho. Divirta-se. 

Mas você pensa que acabou aí? Não. Essa discussão se estendeu até o dia seguinte, mas como é só mais do mesmo, vou poupá-los deste desgaste cansativo. 

Dois dias depois, enquanto víamos hospedagens para passarmos o réveillon juntos, tivemos uma briga definitiva. Impressionante como uma conversa leve e gostosa, fazendo planos para uma data tão especial, descambou em algo negativo e pesado. 

Ele possuía uma habilidade sombria de azedar tudo. 

 

“O Intenso” – Parte 11

O Grande Mentiroso

– Bruxaaaaaaaa!!

– Eu bruxa? Como assim? Kkkkk.

– Amiga, já reparei isso em você. Com certeza você é! – Dizia meu amigo, Denis, cheio de convicção, enquanto eu narrava mais uma das presepadas do Intenso.

E de tanto ele falar, comecei a achar que talvez eu fosse mesmo, já que as verdades caíam no meu colo feito mágica, como um presente do universo, me dizendo: “Ei, acorda pra vida! Desperte desse feitiço, quem enfeitiça aqui é você!”

Por mais que a sua manipulação estivesse evidente, eu permanecia cega de amor, muito apaixonada, porém, mesmo “cega”, houve situações em que esse véu sofreu singelos rasgos.

A primeira situação ocorreu aquela vez, quando descobri ele conversando com a tal Maristela, narrado na Parte 8. A segunda, enquanto ele dormia ao meu lado, na minha cama, numa tarde de domingo.

SEGUNDA MENTIRA

Seu celular apitou de mensagem. Bati o olho na tela para ver se era algo de trabalho, já que para alguns clientes ele precisava estar sempre online, independente do dia ou horário. Então se fosse algum nome de empresa, eu o acordaria.

Apareceu na tela o nome: “Dr. Rafael”. Pensei: “Nossa será que ele tá com algum problema de saúde? Por que um médico entraria em contato em pleno domingo à tarde?” Lembrando que eu ainda tinha a senha do celular dele, mas não vi aquela notificação como uma ameaça, só fiquei curiosa para perguntar depois, se ele estava com algum problema médico ou planejando fazer algum procedimento. – Ele vivia falando sobre aumentar o tamanho do pênis (que já era grande), ou deixar o pau com uma consistência mais rígida (que eu também falei que não precisava, pois pau duro igual pedra machuca, gostava que o dele tivesse uma consistência mais macia), ou até mesmo fazer a cirurgia para remoção daquela pele. Me passou pela cabeça que a mensagem pudesse ter alguma relação com coisas desse tipo. 

Nesse dia ele estava muito dorminhoco, dormiu praticamente o dia inteiro, teve uma hora que até preparei um café da manhã, no intuito de despertá-lo de uma forma gentil, que ele rudemente recusou e voltou a dormir. Achei bem  grosseiro, na verdade. Tomei meu café da manhã sozinha e depois voltei a deitar com ele, também sou dorminhoca e de buchinho cheio bateu aquele soninho novamente. 

Mais tarde, quando ele começou a despertar, transamos, e ali, naquele momento de descontração pós sexo, lembrei da tal notificação. 

– Quem é Dr. Rafael? – Perguntei despretensiosamente, apenas curiosa. 

– Como assim?

– Um tal de Dr. Rafael te mandou mensagem. Quem é?

– Você mexeu no meu celular?

– Não mexi, só vi a notificação na tela e agora estou te perguntando. 

– Você mexeu no meu celular! – Em tom acusador e ali meu alerta acendeu. 

Diante da resistência dele em responder uma pergunta simples, a resposta já não me supriria mais, agora eu queria ver a mensagem com os meus próprios olhos!

– Quero ver a mensagem que ele te mandou! – Exigi. 

– Você já viu no meu celular! – Novamente me acusando, não atribuindo a minha desconfiança a sua própria postura, que levantava suspeitas.

Aquela coisa né, quem não deve, não teme. Ele temia, porque devia. 

– Eu já falei que não mexi! Você acha que se eu tivesse mexido teria essa frieza de preparar o café da manhã e ainda transar com você?! O que é que tem essa pessoa?! 

Comecei a me alterar também, pois a relutância dele em responder uma simples pergunta, me confirmava que alguma coisa tinha!

Quando eu li a mensagem…

Gente…

Sério…

… mais uma vez ele conseguiu me surpreender!

Era um textão, não me recordo de tudo que estava escrito, só lembro das partes mais marcantes:

“Espero não estar sendo inconveniente…” “Penso muito naquela noite, no seu apartamento…” “Fico lembrando do seu gemido…” “Toda vez que estou com uma mulher de quatro, fico imaginando que é você…”

C A R A L H O

Que mensagem homossexual era aquela?!

– Que porra é essa?! – Perguntei e na mesma hora ele tomou o celular da minha mão.

– Que mensagem é essa?! – Repeti a pergunta, enquanto ele continuava mudo, provavelmente tentando estruturar qual mentira me contaria. 

– Anda, responde!! – Eu não queria dar tempo pra ele pensar em nada, mas continuava calado, com seu cérebro fritando em busca de uma rápida justificativa plausível.

Daí ele se fez de ofendido com a minha pergunta e se levantou da cama, com movimentos rápidos, começando a arrumar suas coisas para ir embora. Uma estratégia astuta para tirar o foco da minha pergunta, enquanto ele ganhava tempo para pensar em algo. Quando ele estava prestes a sair pela porta, fiz uma última inquisição:

– Sério que você prefere ir embora do que me contar a verdade?

– Você não está me deixando falar. 

Oi??? Como eu não estava o deixando falar, se justamente lhe exigia uma resposta?! Até nisso ele manipulava!

– Só está me pressionando, toda julgadora.

– Te pressionando? Eu só quero a verdade! 

– A gente fez um ménage com outra mulher.

– Não, isso não tá com cara de ménage, e sim algo só entre vocês dois! 

– Tá vendo? Você não quer ouvir o que eu tenho a dizer. Já está fazendo conjecturas a meu respeito.

– Não estou fazendo conjecturas, estou trabalhando com as provas que tenho, vamos reler a mensagem juntos?

– Mas não era, tinha uma mulher junto. 

– Ele disse que ficou pensando no seu gemido!

– Você sabe os barulhos que eu faço quando tô gozando, ele tá se referindo a isso.

– E ele disse que foi no seu apartamento! Você me disse que nunca levou nenhum rolinho pra dentro da sua casa!

– Era o apartamento do Ciclano. – Mentindo sobre a época em que ele morou de favor com aquele casal que eu conheci, quando ele se mudou pra Campinas, sem muitos recursos. 

Na hora até engoli essa história de não ter sido no apartamento dele, mas em outro conflito futuro, me dei conta que era mentira, pois ele era polido demais pra fazer esse tipo de baguncinha no apartamento de outra pessoa. E futuramente ele confessou que tinha mentido nessa parte mesmo (não só nessa, né meus amores?), por não querer piorar a situação naquele momento. 

*

Sempre que ele mentia pra mim, outras situações linkavam na minha cabeça, como quando uma vez ele me disse que sua diarista tinha falado “A ‘Maria’ veio aqui no fim de semana, né?”, quando ela “achou” uma xuxinha minha, sendo que semanas depois, quando calhou de eu conhecê-la, – numa noite em que ela precisou me receber por ele estar no barbeiro -, conversando com ela, me dei conta que até aquele momento ela sequer sabia da minha existência, logo, como ela poderia ter comentado com ele, sobre a minha xuxinha perdida?

– Mas não fala pra ele não, por favor. – Ela me pediu discrição, ao constatarmos juntas a mentira. 

– Claro, fique tranquila. 

Tinha sido uma mentirinha boba, que naquele momento interpretei como uma tentativa de me dar uma certa importância, me fazendo sentir mais especial, quando agora, diante dos novos fatos, vejo como tinha sido só mais uma de suas manipulações perversas. 

*

Mas voltando a história do Dr. Rafael, segundo o que me contou, era um ‘conhecido’ que fez ménage uma única vez, e que sempre esse Dr. lhe enviava mensagem tentando ajeitar outro ménage com mulheres do seu trabalho.

– Onde vocês se conheceram?

– No sexlog. – Para quem não sabe, é um site/rede social de putaria, onde pessoas se conectam para viver “aventuras sexuais”. – Conheci esse Rafael através de lá, fizemos amizade e aí ele ajeitou esse ménage pra gente. Mas eu percebi um comportamento dele estranho comigo, por isso mesmo que não saímos mais e ele tá sempre insistindo. 

– Quando foi isso?

– Sete anos atrás. 

Nesse momento eu ri. Ele realmente subestimava a minha inteligência.

– Para vai, ele não ia tá no seu pé até hoje de algo que aconteceu sete anos atrás!

– Mas foi isso mesmo!

– Deixa eu ver uma coisa no seu celular.

Ele me passou o aparelho, voltei na conversa deles e voltei até o início. Aquilo tinha se iniciado em 2024.

– Ué cadê as conversas de 7 anos atrás? 

– Eu apaguei né, não era uma pessoa que eu tinha interesse de ficar mantendo a conversa. – Manter a conversa ou provas contra si mesmo?

Comecei a ler tudo desde o ano passado e algumas coisas encaixaram com o que ele disse. Esse Dr. Rafael sempre tentava um novo encontro, falando de alguma enfermeira gostosa que tinha entrado no seu trabalho e muitas vezes até cobrando uma atenção do Intenso, com frases como: “Dá uma atenção pro seu amigo aqui” ou “Você anda muito ocupado hein”. Fora as várias mensagens em que ficou no vácuo ou respondido de forma genérica, sem muita empolgação por parte do Intenso. 

– Porque você ainda mantém contato com ele, se não é uma pessoa que vc gostaria de sair de novo?

– Só porque ele é médico, vai que em algum momento eu precise de alguma coisa dele?

Enfim, eu acreditei nele. Acreditei desconfiando, algumas justificativas batiam com o que vi nas mensagens, mas é claro que achei estranho alguém insistir tanto em algo que tinha acontecido tantos anos atrás, duvidava que aquilo estivesse tão no passado assim. Mas relevei, se ele mentia sobre o tempo, imaginei que fosse por sentir alguma vergonha e apesar dos seus traços bissexuais que, aos poucos, foi me trazendo, eu tinha mais ciúmes de mulher do que de homem. Percebi que não me senti tão mal como quando descobri dele conversando com aquela menina, ou também eu que já estivesse ficando mais calejada. 

– Eu quero que você bloqueei esse cara e apague o contato dele. – Ordenei.

– Farei agora mesmo.

– Mas antes quero que você responda, dizendo que foi inconveniente sim, pois A SUA NAMORADA viu e não gostou.

Ele fez na minha frente, sem pestanejar. Disse ao cara que eu tinha visto, que interpretei da pior maneira possível, não entendendo que tinha uma mulher com eles e pediu para nunca mais ser incomodado. O tal Dr. só respondeu com “desculpe”, e na sequência já foi bloqueado e deletado. 

Hoje me arrependo um pouco dessa postura, poderia tê-lo feito levar a conversa adiante, pra ver o que mais eu descobriria daquela noite deles, mas na hora nem me ocorreu seguir por essa linha investigativa, eu só queria cortar o mal pela raiz. 

O Intenso ficou extremamente sem graça pelo ocorrido, me pedindo desculpas pelo desenrolar da situação, mas procurei tranquilizá-lo, dizendo que estava tudo bem, afinal, se eu tinha escolhido acreditar na história dele, não tinha porque continuar naquele clima. 

TERCEIRA MENTIRA

Agora corta para a terceira situação, novamente envolvendo um homem, não sei quantos dias, semanas ou meses depois.

Estávamos na sua casa, finalizando um jantar fitness com muita salada, que ele gostosamente preparou pra gente, quando entrou no assunto sobre como era bom ter essas liberdades comigo, de ser quem ele era (bissexual), sem máscaras, trazendo até meus clientes como exemplo, sobre eles não terem essa cumplicidade com suas esposas e por isso buscarem os meus serviços. 

Daí trouxe também como exemplo um outro ‘amigo’, um tal de Marcelo – outra amizade advinda do sexlog – que por acaso ele estava combinando de tomar um café, para finalmente se conhecerem, na sexta-feira daquela próxima semana, em que ele estaria na minha casa e iria aproveitar enquanto eu estivesse na faculdade, pela manhã, para encontrar esse tal amigo. Cujo encontro ele já tinha pedido a minha autorização, me trazendo seu interesse de “pura amizade”. Quando ele tocou no nome desse Marcelo, minha bruxaria foi ativada e lembrei de uma vez que ele me contou de um cara que era anestesista no Einstein, que ele desconfiava curtir homens, por já ter dado em cima dele.

– Esse não é aquele cara que você me falou uma vez, que dava em cima de você?

– Não lembro de ter te falado isso. Acho que não.

– Deixa eu ver o Instagram dele. 

Comecei a zapear as fotos e me recordei com mais clareza, pois esse cara tinha uma foto com seu filho, este de cabelo verde, e aquele cabelo verde da criança foi bem marcante pra mim.

– É ele mesmo! Lembro desse cabelo verde! Você tinha me falado que ele ficava tentando te chamar pra tomar um café, sempre que você estava em São Paulo, e que você desconfiava dele ser bi. 

O Intenso continuou se fazendo de sonso, o que imediatamente fez o meu alerta disparar mais uma vez!

Fui para as conversas deles na DM e só tinha uma interação recente no story. Ou seja, ele tinha apagado as conversas anteriores e se apagou era pra esconder algo! 

– Vocês conversam pelo WhatsApp? – Questionei.

– Não, nem tenho ele no WhatsApp. 

– Deixa eu ver. – Nisso ele já tomou o celular da minha mão novamente. 

– Entra nas conversas do WhatsApp e busca pelo nome dele. – Exigi, já em pé do lado dele. 

Ele o fez, repetindo que não tinha ele no WhatsApp. Quando escreveu “Marcelo”, apareceram alguns, mas fui certeira em um que estava muito com cara de fake, “Marcelo SP” e a foto de um pôr do sol.

– Clica nesse pra eu ver. 

Batata! Era o dito cujo. Comecei a ler e conforme eu me exaltava com o que lia, o Intenso novamente tomou o celular da minha mão, não me deixando continuar investigando.

– POR QUE VOCÊ MENTE PRA MIM?! – Comecei a chorar de desgosto.

Outra mentira.

Outra decepção.

– Não estou mentindo.

– PARA DE ME TRATAR COMO IDIOTA! Está tudo aí, você sabe que tá!! QUERO QUE ME RESPONDA POR QUE VOCÊ MENTE PRA MIM?! 

Fiquei repetindo inúmeras vezes essa pergunta, sem nenhuma resposta. Ele se comportou igual quando eu li as conversas do Dr. Rafael: se calou, igual um réu que fica em silêncio pois qualquer coisa dita pode e será usado contra ele. 

Cara, eu era tão de boa com a bissexualidade dele, falávamos putaria durante o sexo, envolvendo outros caras, já combinávamos sobre fazer ménage com um outro amigo dele, já tínhamos feito brincadeiras com o cu dele, não tinha razões para esconder algo de mim. Quando rolou aquele lance com a Maristela, ainda perguntei se ele queria abrir a relação, e ele reforçou que não, que se completava com uma pessoa só, que tinha sido uma situação isolada. Por que mentia, então?!

– POR QUE VOCÊ MENTE PRA MIM?! – Repetia completamente histérica.

– Não vou te responder enquanto você estiver nesse estado alterada. 

– EU SÓ VOU ME ACALMAR QUANDO VOCÊ ME RESPONDER! POR QUE FICOU SE FAZENDO DE DESENTENDIDO, FINGINDO NÃO LEMBRAR QUE ERA O CARA E MENTINDO QUE NÃO TINHAM CONVERSAS NO WHATSAPP?? E POR QUE IA ENCONTRAR ESSE CARA, SABENDO QUE ELE ESTÁ A FIM DE VOCÊ?!

– Dá pra você falar baixo?

– TÁ COM MEDO DOS SEUS VIZINHOS OUVIREM QUE VOCÊ É BISSEXUAL?! – Baixou a barraqueira em mim. Incrível como algumas pessoas conseguem despertar o nosso pior.

– Não sabe ter uma conversa sem se alterar? 

– E VOCÊ NÃO SABE TER UMA CONVERSA SEM MENTIR?!

– Dá pra falar baixo? Você está na minha casa! 

Isso foi um soco no meu estômago. 

– Ahhh sua casa?! – Ironizei. – A casa que iríamos “morar juntos”, agora é a “SUA casa?” – Continuei com desdém.

Daí ele se levantou e veio pra bem perto de mim, falando colado na minha cara, num tom ameaçador, como se quisesse me botar medo.

– Você é barraqueira então? Não sabe falar baixo?

Naquele momento fiquei com a sensação de que se eu empurrasse ele, partiríamos para uma agressão física. 

– Está chegando perto de mim, por quê?!  – Rebati sem demonstrar intimidação, no entanto, dando dois passos pra trás. 

– Olha como você sabe falar baixo. É tão difícil assim?

– SE VOCÊ NÃO ME RESPONDER EU VOU EMBORA.

– Então pode ir. – Estupidamente calmo e tranquilo, sem qualquer resquício de culpa.

Fui imediatamente para o quarto, arrumar as minhas coisas. Porém, temos um agravante aqui, nesse final de semana em específico, eu tinha levado uma mala enorme de 32kg cheia de roupas pra lá. Como estávamos avançando nos planos de morarmos juntos em janeiro, eu tinha começado a levar algumas roupas, até para testar se caberia, pois suspeitava que o espaço seria pequeno, mesmo ele insistindo que daria. Então eu abri a minha mala e quando olhei para todas aquelas roupas, já acomodadas no guarda-roupa, senti uma enorme exaustão e voltei pra sala, a fim de retomar a discussão, pois preferia me resolver com ele a dirigir por 1:30 até São Paulo, de sangue quente, tarde da noite.

– É sério que você vai preferir me deixar ir embora do que me mostrar o que estou te pedindo e se resolver comigo?! – Eu queria que ele me deixasse continuar vendo as mensagens no seu celular, já que ele tinha me interrompido, quando comecei a ficar alterada com as coisas que eu estava lendo. 

– Você já viu.

– Eu não vi tudo! Da mesma forma que eu deixei você ver todas as minhas conversas com Fulano – um cliente fixo meu que ele morria de ciúmes e que me fez parar de sair – eu também tenho o direito de ver as suas mensagens com esse cara! EU TAMBÉM TENHO ESSE DIREITO! – Enfatizei.

Daí ele deixou. 

– Eu não acredito que você namorou com a Bruna!! Você tinha me dito que era só uma ficante de quatro meses!

– Mas foi isso mesmo.

– Não! Aqui você disse pra ele que era sua NAMORADA e que namoraram por 6 meses! Pra mim você ficava se fazendo de desentendido com a real duração.

– Eu arredondei pra ele e falei que era namorada pra passar mais credibilidade de fazermos alguma coisa a três ou troca de casal. 

Mas nas mensagens aquele Marcelo não demonstrava nenhum interesse em fazer algo a três ou a quatro, pelo contrário, já tinha sido claro que sua esposa não curtia, e quando o Intenso trazia sobre fazerem algo com a Bruna, o Marcelo não embarcava. Estava nítido que o interesse dele era em algo sozinho com o Intenso. 

– Por que você queria encontrar esse cara?

– Pra fazer amizade, eu já te falei. Você tem o Denis, tem seus amigos, rede de apoio, eu não tenho ninguém. 

Por que será, né?

– Você só consegue fazer amigos nesses sites de putaria?

Daí ele se fez de magoado, como se eu tivesse dizendo que ele só sabia fazer amigos assim. 

– Você entendeu muito bem o que eu quis dizer. Não estou dizendo que você SÓ é capaz de fazer amigos assim, estou justamente perguntando por que você só busca amizades dessa forma?!

– Eu não saio muito, é a forma que encontrei de fazer amizades sendo eu mesmo, sem máscaras.

– Por que você ia encontrar esse cara sabendo que ele tá a fim de você?

– Eu não percebi isso. 

– Como não?! Você mesmo já me disse isso uma vez!

– Eu desconfiava, mas levei pro lado da amizade, fui muito ingênuo. 

Ingênuo ele era de achar que eu iria cair naquele papinho. 

– Ele disse na mensagem: “se você quiser vir pra tomarmos um café, mas pode ser que não role nada”, o que você interpretou disso, afinal?!

– Interpretei que ele queria tomar um café.

– Não né! Quando a pessoa diz “pode ser que não role nada”, o que você acha que poderia rolar?

– Sei lá, alinharmos sobre ménage ou troca de casal.

– Para! Já estava claro que ele não queria nada disso! Você sabe muito bem que essa frase não quer dizer isso.

– Quer dizer o que? O que você acha que faríamos de manhã, durante um café? Ir pra motel?

– Mas é claro!

– Eu já te falei que não tenho interesse em fazer nada com homens, sozinho. Meu interesse é ter interações no momento da baguncinha somente. Jamais sairia com um homem sozinho.

MENTIROSO!

– Então por que estava marcando um café com ele, sendo que eu acabei de te trazer o visível interesse dele somente em você?! 

Daí ele quis tentar uma outra tática, dizendo que estava pensando em nós, em viabilizar uma brincadeira a três. 

– Você perguntou pra mim se eu queria algo com esse cara? Se eu me senti atraída por ele?

– Eu ia primeiro falar com ele.

– Não, primeiro você teria que falar comigo. Se o seu intuito era esse, de que adiantaria falar com ele, se eu não estivesse interessada?! 

– Você tem razão, agi errado. 

Eu que agi errado de passar por cima disso e ainda assim ter continuado com ele. 

Enfim, novamente o fiz bloquear a pessoa e deletar o contato. Eu sei, eu sei, podem se indignar, eu também estou muito indignada enquanto escrevo. 

Dormimos brigados. Eu dormi no quarto de hóspedes e ele na sala, nenhum dos dois quis dormir sozinho na mesma cama que dormíamos juntos. 

No dia seguinte, após ter uma noite extremamente mal dormida, acordei e fui me deitar com ele, sem dizer uma palavra. Ele me abraçou e transamos.

Eu precisava urgentemente parar de deixar ele me levar no papo, através do sexo.

Mas o universo não desistiu de mim. As verdades continuaram a cair no meu colo, se encaminhando para fatos cada vez mais incontestáveis.

Novas decepções.

Novos ataques por conta do meu trabalho.

O cara vivia me diminuindo e também não era nenhum exemplo de lealdade. A conta não estava fechando.

Mas calma, que o pior ainda está por vir!

“O Intenso” – Parte 10

Viagem para Ilhabela

Querido diário,

Mais uma vez fui envolvida na teia dele.

Eis a nossa terceira viagem juntos.

Ele alugou um contêiner praticamente dentro da floresta, uma proposta muito mais interessante e romântica do que um hotel luxuoso, adorei! Tinha uma sala e uma mini cozinha no andar de baixo e subindo as escadas, a suíte e uma mini varanda com banheira. E uma peculiaridade que não pode deixar de ser citada: tanto o quarto, quanto a sala, tinham paredes de vidro! Ou seja, nossa cama ficava exposta para o lado de fora, virada para a rua, e a sala podia ser vista pelos outros dois contêineres que continham no mesmo local. Nessa viagem descobri mais uma camada do Intenso: Ele é exibicionista.

Após acomodarmos nossas coisas, abrimos uma garrafa de vinho, coloquei minha playlist de músicas sensuais para tocar e nos acomodamos no sofá, onde iniciamos deliciosas preliminares. Como vínhamos de dias conflitantes, aquele sexo foi providencial. Sexy e provocativo. Novamente ele não foi direto ao ponto, ficou naquele joguinho de sedução até me deixar completamente molhada, tão excitada, que nem foi preciso o gelzinho, mesmo o pau dele sendo grande e grosso. Me chupou deliciosamente, retribui o gesto (até rendeu um vídeo excitante lá no meu clubinho) e então implorei que me comesse, ele sabe provocar como ninguém. Foi uma das nossas melhores transas. Tinha desejo, romance e no final rolou até um fetiche!

Vou revelar aqui algo completamente inédito sobre mim, tenho um fetiche muito peculiar, que é tesão com estupro. Não que eu queira ser estuprada de verdade, Deus me livre! Mas fantasiar que estou sendo me dá bastante tesão e o Intenso também curtia realizar, não era a primeira vez que explorávamos isso. Então, em determinado momento da transa, ele foi conduzindo para como se fosse algo forçado e eu fui junto na interpretação, até mesmo tentando empurrá-lo com as minhas pernas, como se, essa devassa que vos fala, não estivesse gostando. Me masturbei durante o sexo e gozei deliciosamente assim.

Uma vez, conversando, ele já tinha proposto de fazermos algo mais elaborado, como se fosse um sequestro, com direito até a revólver, me transportar em porta-malas de carro, e tudo isso mediante a segurança de um contrato, mas acabei não seguindo adiante, me pareceu “verdadeiro” demais, gosto quando estou num ambiente seguro.

Depois que transamos e gozamos, ficamos deitados no sofá, ainda pelados, curtindo aquela vibe pós sexo. Daí, em algum momento, começou a rolar uma movimentação no terceiro contêiner e foi nesse momento que percebi seu lado exibicionista, pois não se intimidou que pudesse ser visto completamente nu, continuando tranquilamente onde estava. Acabei ficando junto, ainda que um pouco tímida com tal possibilidade de ser vista sem roupa por estranhos, sem ser numa situação de trabalho. Senti que ele queria, talvez, facilitar uma situação de troca de casais organicamente.

Não fomos vistos pelo casal do terceiro contêiner (felizmente) e então começamos a nos arrumar para o jantar. Nessa noite fomos num restaurante muito gostoso, que infelizmente não me recordo o nome, ficava dentro de um hotel. Pedimos o carro chefe da casa, que era camarão ao molho, servido dentro de um abacaxi.

E ali, naquela mesa de restaurante com uma vista linda, o Intenso fez altas declarações, dizendo que sentiu muito a minha falta, que era apaixonado por mim, que queria construir uma vida ao meu lado, todas as frases mais lindas e românticas que você pode imaginar. Eu ainda mantinha uma pulguinha atrás da orelha, um lado meu queria acreditar, estava aberta a isso, mas outro continuava cético, o vendo como um grande conquistador cheio de lábia.

– E quando iremos oficializar? – Aproveitei aquela chuva de declarações para trazer algo mais concreto.

– Era pra ter sido semana passada, quando fôssemos fazer aquela viagem com a sua mãe.

– Ah ta. Kkkkk. – Muito conveniente ele se apoiar num evento que sequer aconteceu.

*

Quando tivemos aquele day use em Brotas, eu comentei que minha mãe iria adorar aquele lugar, e aí ele ofereceu de voltarmos no aniversário dela. Porém, aconteceu aquela situação que vocês leram na parte 8 e ficamos duas semanas afastados, calhando com o fim de semana de aniversário da minha mãe. Olhando para trás com a sabedoria de hoje, até acho que o conflito que ele criou foi proposital para eximi-lo de uma programação que no fundo ele acharia chata e que só propôs para me impressionar naquele momento.

*

Voltando para a noite do jantar, ele se levantou para ir falar com o garçom e a tonta aqui pensou que ele estivesse tramando alguma surpresa, visto todas as declarações que ele estava fazendo, mas quando voltou e viu a minha cara de expectativa, brincou com um balde de água fria, dizendo que não era o que eu estava pensando e que ele só foi pedir uma coca, finalizando com uma risada. Levei na brincadeira e dei risada também, mas fala sério, qual a necessidade em debochar disso?

Mais tarde, de volta ao nosso cafofo envidraçado, deixamos a banheira enchendo e aquecendo, enquanto fomos brincar na cama. A luz do quarto estava apagada, mas como tal contêiner ficava no topo de uma ladeira, qualquer carro que subia, involuntariamente, iluminava a nossa cama com as luzes do carro.

E sempre que nos viam na atividade, piscavam os faróis, nos dando um aviso, como se só tivéssemos sido descuidados e não que aquele show erótico tivesse sido premeditado, rs. Teve um cara que até parou o carro e desceu, fingindo ir fazer xixi, mas o Intenso levou na malícia, dizendo que tal motorista estava se masturbando, já que ele ficou de costas para nós, mas se virando para espiar algumas vezes. A aventura voyer não durou muito tempo, pois dali a pouco veio outro carro e o que tinha parado no meio da rua, precisou voltar para o seu posto e seguir viagem.

Depois que a banheira terminou de aquecer os seus 38 graus, entramos e ali tivemos mais um momento delicioso. Ao som de “Surreal” da Luiza Sonza…

Fiz uma massagem tântrica nele, dentro da água, massageando a região pouco abaixo das bolas.

– Você pode fazer de novo isso que estava fazendo? – Ele pediu, quando interrompi ao término da música.

– Claro! – Até coloquei o som no repete, pra manter o mesmo clima.

Após um tempo, ele gozou sem ejacular. Ficou admirado por vivenciar isso.

*

No dia seguinte, fomos tomar café da manhã num lugar muito gostosinho a beira mar, já com as vestes de banho, para emendarmos a praia na sequência. E enquanto estávamos nessa lanchonete, ocorreram duas situações peculiares.

A primeira foi quando surgiu um menininho, de uns dez anos, vendendo trufa. O Intenso, educadamente, recusou, e enquanto o menino se afastava, comentei que gostava de trufa.

– Mas não sabemos a procedência desse chocolate. – Ele analisou.

– Que procedência você acha que teria? Com certeza deve ter sido feito pela mãe dele.

Nisso o Intenso ficou pensativo e então chamou o menino de volta. Perguntou quem tinha feito as trufas, e o garotinho respondeu que ele trabalhava para alguém, ou seja, não era uma simples criança vendendo na praia as trufas feitas pela mãe, como eu tinha imaginado. Daí o Intenso ficou interessado na causa da criança e perguntou por que ele trabalhava vendendo trufas. O menino compartilhou que queria juntar dinheiro para poder entrar num clube de futebol e ter aulas. O Intenso seguiu interessado e perguntou de quanto ele precisava para atingir esse sonho. Não me recordo o valor dito, mas quando o Intenso foi pagar pela trufa de R$ 1,50, lhe fez um pix de R$ 300 (segundo o que me disse, não vi o comprovante), e quando virou a tela do celular para que o garotinho checasse que foi efetuado a transferência, a reação do menino foi de total espanto, como se o Intenso tivesse lhe transferido uma fortuna.

– Eu não acredito! – O menino exclamou espantado.

*

A outra situação já não foi tão benfeitora assim, me senti desconfortável com determinada situação e trouxe à tona ali o meu desconforto. Eu já tinha reparado um comportamento um tanto deselegante no Intenso, toda vez que estávamos em público, principalmente em mesas de restaurante. Ele tinha o péssimo hábito de encarar as pessoas – que ele julgava interessantes – de outras mesas. Na primeira vez que isso aconteceu, ele atribuiu ao fato de estar incomodado que o rapaz da mesa ao lado estivesse me paquerando, mas na verdade ele que sempre ficava reparando nas pessoas, encarando-as de volta. Nesse dia, havia um casal muito bonito na mesa atrás de mim. Eles estavam acompanhados de uma senhora que deduzimos ser a sogra de um dos dois. Teve um momento que o Intenso mal olhava pra mim, que estava na frente dele, e só ficava com o olhar nessa outra mesa. Somando todas as outras vezes em que reparei este comportamento, desta vez chamei sua atenção.

– Nossa tá tão interessante assim na outra mesa pra você não tirar os olhos?

Como um bom manipulador, fez parecer que eu que estava exagerando e até trouxe um holofote para o meu tom de voz, dizendo que eu não precisava falar alto e que era importante olharmos para o que realmente estava me incomodando, como se tivesse algo por trás do óbvio. Novamente me pareceu que ele queria viabilizar uma troca de casais organicamente, já que me explicou que existe um código entre homens, que se for rolar algo do tipo, essa comunicação é feita através de olhares, quando o outro corresponde a encarada.

– É mas se a pessoa não estiver a fim, você estará sendo inconveniente, encarando as pessoas desse jeito. – Argumentei.

– Isso te incomoda?

– Me incomoda a pessoa que está comigo ficar mais atenta a mesa do lado do que na nossa própria conversa.

– Entendi. Vou me policiar com isso.

*

Depois fomos para a praia. Acomodamos nossas coisas numa mesa, bebi um drink, ele uma cerveja e então pedimos para uma família que estava ao lado, por gentileza, olhar as nossas coisas para que pudéssemos entrar na água. Infelizmente estava gelada, não tivemos coragem de entrar totalmente e ficamos só andando pela orla. Em algum ponto da caminhada, nos deparamos com outro casal minimamente interessante, e ele quis se demorar por ali, novamente tentando sua estratégia de contato visual, sem sucesso, o outro casal não entendeu ou não estavam a fim – suspeito que sequer perceberam as suas intenções, visto que pessoas comuns não vão para a praia com esse intuito. – Imagino eu.

A noite fomos jantar em outro restaurante alto nível, chamado “Casa Natu”, que ficava dentro do hotel mais caro de Ilhabela: DPNY Beach Hotel & SPA. O lugar era lindo, mas gostamos mais da comida do restaurante da noite anterior.

Antes de irmos embora, fomos dar uma volta na área da piscina do hotel, onde até fiz umas fotos, mas acabei não postando, vou trazer abaixo pra vocês. Já ele, postou essa foto com a vista no seu story, marcando a localização do lugar, visivelmente querendo fazer parecer que estava hospedado ali.

Depois que voltamos para o nosso contêiner, tivemos uma nova situação conflitante, envolvendo meu perfil do Tiktok. Comentei que eu tinha gravado vídeos contando do Intenso e ele ficou curioso para assistir. Daí, enquanto víamos o primeiro vídeo, ele se incomodou com a minha fala sobre no nosso primeiro encontro eu ter acionado o carisma da Sara e ali não ter sido eu, mas a “Sara” a sair com ele.

– Não era você ali! Eu me apaixonei por uma garota de programa.

Indignado, como se isso fosse um crime, uma vergonha.

– Tá tudo bem?

– Estou processando tudo isso.

Nem quis continuar assistindo. Mas ao contrário das outras vezes em que ele criava conflitos, desta vez eu não me preocupei em cavucar o assunto até que ficasse tudo bem e simplesmente fomos dormir com aquele clima estranho.

Na manhã seguinte, me surpreendi com ele me abraçando, demonstrando estar tudo bem de novo. Nada como uma boa noite de sono. Logo desenrolamos uma deliciosa transa matinal.

Ficamos na cama durante a manhã inteira, tinha chovido fortemente de madrugada, ocasionando numa queda de energia elétrica e o dia não estava nada convidativo, frio e chuvoso. Só saímos para almoçar e durante tal almoço ele trouxe na mesa sobre morarmos juntos.

– Você moraria comigo em Campinas?

Fui pega de surpresa, mas respondi que sim, afinal, eventualmente quando eu parasse de atender e fôssemos dar esse passo, faria mais sentido eu me mudar, visto que seu apartamento era bem maior e ele precisaria continuar morando perto do trabalho. Eu já tinha começado a faculdade de psicologia, – que a propósito foi ideia dele, para que, futuramente, quando eu não exercesse mais o meu trabalho com encontros, eu pudesse aproveitar toda a minha bagagem profissional, vindo a ser uma terapeuta sexual ou sexóloga, o que achei genial, sempre me interessei por psicologia – então ele acrescentou que eu poderia estudar na melhor faculdade de Campinas, que ele pagaria e a partir dali até assumiu o compromisso de pagar a minha faculdade desde agora.

– E você poderia trabalhar comigo, seria minha secretária.

– Mas como eu vou fazer algo que você faz, se você fez anos de faculdade para isso?

– Eu vou te ensinar exatamente o que precisa, direto ao ponto, na faculdade você aprende muita coisa que nem usa.

Segundo ele, eu teria um salário de R$ 6k, muito inferior à minha renda de hoje, mas achei plausível, considerando que até lá eu já teria quitado meus financiamentos, reduzido meus gastos e padrão de vida, um cenário até mais promissor do que quando parei para ir morar com o meu ex, que não me ofereceu nenhuma condição de trabalho para que eu tivesse alguma renda. E somaria também com a minha receita do OnlyFans, já que os conteúdos online acordamos que eu continuaria.

Fiquei muito tocada que ele já estivesse visualizando um futuro comigo, com uma pessoa que ele sequer ainda tinha pedido em namoro.

Viagem para Ribeirão Preto

Ele foi convidado para um evento importante de um escritório de advocacia em Ribeirão Preto, que ele presta serviço. Seria uma comemoração de aniversário da empresa, em que eles reuniriam todos os seus clientes numa casa de fazenda para falar das conquistas, dos números, enfim, uma forma de manter a boa relação com os clientes, lhes proporcionando um evento requintado com direito a comes e bebes, mimos e banda ao vivo. O Intenso disse que só iria se eu topasse ir com ele, pois não queria ir sozinho, já que ganhou dois convites. Achei aquilo o máximo, vi com bons olhos ele querer me incluir nas coisas do seu trabalho e ser visto ao meu lado, claro que topei.

Porém, no dia dessa viagem, lá estávamos nós enfrentando outro conflito, novamente ocasionado por ele. Seu incômodo da vez era com os meus conteúdos em colab com o Gabespec dentro do meu OnlyFans. Quem me acompanha no meu clubinho, sabe que tenho vídeos transando com o Gabe, que vendo dentro da plataforma para quem quer um conteúdo mais explícito. Ele queria que eu deletasse tais vídeos. Que ele, sendo meu namorado (namorado esse que ainda nem tinha oficializado), não se sentia confortável em saber que tinham vídeos na internet da namorada dele transando com outra pessoa, como se fosse uma atriz pornô. Claro que me impus, ofereci um meio termo. Falei que poderia não utilizar mais tais vídeos, mas deletar somente depois que fôssemos morar juntos. Eu que não ia perder os meus vídeos por uma relação que eu sequer tinha garantias que daria certo. Fomos para a viagem com um clima meio bosta, pois, por eu não ter cedido a vontade dele, emburrou a cara e seguimos em silêncio no carro.

De repente ele tocou no assunto de um anel que eu tenho.

Eu tenho um anel muito lindo da Swarovski que ganhei do meu cliente gringo das viagens e o Intenso detesta esse anel porque é muito parecido com a aliança que ele dizia ter comprado para mim, um ranço do tipo: “ia te dar uma coisa linda, mas já te deram”. Daí passei a evitar de usar o anel na sua presença, aliás, tudo que eu podia evitar para não desencadear em situações desagradáveis, eu evitava, como quando ele cismou com um colar de dois corações que eu tinha, também da Swarovski, presente de um outro cliente muito especial. “Esse cliente devia ser muito apaixonado por você, pra te dar um colar com dois corações juntos”, criticava, amargurado. Por ele eu deveria jogar esses presentes fora, não entendendo o valor de ter uma joia, independente de quem tenha presenteado.

Enfim, ele tocou no assunto desse anel, perguntado se eu tinha levado. Respondi que não, já que ele não gostava. Para a minha surpresa e grande contradição no seu comportamento, ele queria que eu tivesse levado, pois, nessa situação que seria conveniente pra ele, queria que eu usasse. E qual era o lance? Ele queria pagar de meu namorado nesse evento, e como o anel parece uma aliança, seria como se estivéssemos namorando, e ele também usaria a aliança dele. Achei aquilo péssimo, afinal, ele queria “fingir” que era meu namorado, mas não queria oficializar de fato. Fiquei sensibilizada com isso, ele percebeu e ficou preocupado, perguntando o que tinha acontecido. Não era óbvio?!

– Isso pegou muito mal pra mim. – E expliquei como me senti.

– Ô minha linda, me desculpa. Eu vou resolver isso então, não se preocupe! Não será do jeito que eu tinha planejado, mas vou resolver. – Todo acalentador.

Tínhamos ido até o seu trabalho buscar os convites e paramos para comer em uma lanchonete qualquer, daí, antes de cairmos na estrada rumo a Ribeirão Preto, voltamos até seu apartamento para buscar a minha aliança que ele tinha comprado. Na verdade, achei que tivéssemos voltado exclusivamente para isso, fiquei aguardando no carro e dali a pouco vejo ele voltando com o terno no cabide. “Tinha esquecido meu terno”, ele disse. Então não voltou por conta da aliança, como fez parecer inicialmente.

Nos hospedamos num hotel e começamos a nos arrumar para o evento, que pedia dress code casual fino.

Antes de irmos para o evento, o Intenso quis fazer um esquenta numa choperia, dentro de um shopping ali perto. Na mesa dessa choperia, de uma maneira nada especial, ele oficializou o nosso relacionamento.

Pedido de Namoro

– Você gosta de mim? – Ele me perguntou de repente.

– Gosto.

– Mesmo eu sendo todo problemático?

– Sim.

– Então namora comigo?

E tirou a caixinha da Vivara do bolso.

Não era o pedido de namoro especial que eu esperava. Quando abri a caixinha, inicialmente nem achei a aliança tão bonita assim, tendo como comparativo o meu anel que era muito mais brilhoso. Não consegui disfarçar minha cara de decepção. Não tanto pela aliança, pois mesmo sendo menos brilhosa, de fato era diferenciada e muito bonita, mas pelo jeito como ele pediu, acomodados numa mesa de uma choperia qualquer dentro de um shopping, imaginava num lugar muito mais especial e íntimo, com pétalas de rosas pelo chão, não da forma como foi.

– Sua cara não está boa. – Ele percebeu. – Não está sendo do jeito que eu tinha planejado, mas faz de conta que esse pedido aconteceu naquele restaurante em Ilhabela. Era pra ter sido lá, se eu não tivesse esquecido a aliança em casa.

– Tudo bem, capricha no pedido de noivado então.

– Pode deixar!

Enfim o pedido de namoro saiu, sob uma leve pressão.

Mas mesmo nessa situação que era pra ser um momento especial nosso, ele continuava com aquele comportamento deselegante de encarar as pessoas da outra mesa. Inclusive, analisando todas as situações em que almoçamos e jantamos fora, ele sempre escolhia se sentar onde mais favorecia sua visão.

Fomos para o evento.

Chegamos um pouco atrasados, um dos donos já palestrava sobre os progressos da empresa, ambiente cheio, pessoas bem-vestidas e algumas mulheres vinham cumprimentar o Intenso, todas simpáticas, me tratando super bem, perguntando se ele já tinha oficializado, ao que ele respondia todo orgulhoso que sim, mostrando as nossas alianças nos dedos. Ou seja, ele não oficializou porque gostava de mim o bastante para isso, mas porque queria impressionar outras pessoas. Seria eu uma namorada troféu? Mesmo com o meu histórico de ser uma profissional do sexo, algo que ele não gostava, se exibir comigo, a mulher mais gata que ele já pegou, era uma grande conquista para ser mostrada, pois elevava o seu status perante os outros.

Na saída do evento presenteavam os convidados com uma garrafa de vinho e uma impressão de fotos em polaroid. Tiramos a foto, nos deram a impressão, postei no meu insta pessoal marcando tal escritório, eles repostaram e um dos donos começou a me seguir (cujo dono sequer seguia o Intenso).

*

No dia seguinte, fomos tomar café num lugar muito fofo, todo na temática de gatos, chamado “My Cat Café”, adorei o ambiente.

No caminho de volta para São Paulo, acabamos parando num outlet pelo caminho, em que o Intenso me presenteou com dois calçados, uma sandália e um scarpin. Achei fofo. À noite, já de volta ao apartamento dele, fomos ao cinema, a meu pedido, que queria assistir “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”, não foi aquele filmão, mas eu tinha gostado muito do primeiro filme, então fazia questão de conferir a continuação.

No dia seguinte, fomos no parque Wet’n Wild para assistir um amigo meu que estava trabalhando no evento de terror do parque e curtimos o dia. Na verdade, não foi bem aquela curtição, o Intenso não queria ir em nenhum brinquedo aquático, frustrando a minha experiência. Eu estive lá apenas uma vez, no passado, com duas amigas e lembrava de ter sido muito divertido. Quando percebeu que eu estava cabisbaixa e externei que a minha expectativa para aquele rolê era outra, ele acabou cedendo e conseguimos ir em três brinquedos, que ele se divertiu na hora, mas, mesmo assim, não se entregou a experiência por completo depois, preferindo ficar sentado na grama.

Em algum momento fumamos um beck, camufladamente, e ele fez quase sermos expulsos do parque, quando ficou tão chapado, ao ponto de fazer movimentos insinuantes na grama, quase tirando o pau pra fora.

– Onde você vai com essa mão? – Perguntei a tempo de evitar tal vergonha.

– Nossa… – voltando em si – por um momento eu esqueci que estava aqui e achei que tava na minha casa.

– Pelo amor de Deus, rs. – Ri de nervoso.

Ele era mesmo fissurado no próprio pau. Sempre que estávamos em casa, na minha ou na dele, à toa, do nada colocava o pau pra fora, (que vivia duro), como um tarado ninfomaníaco. Teve uma vez que ele até pegou no sono segurando o próprio pau (juro, até tirei foto). Seria essa uma característica muito comum de um cara bissexual, mal resolvido, que idealizava no próprio pau a imagem de um outro homem? Faz sentido, ou viajei?

*

No domingo à noite, depois que voltei para minha casa, ele pediu a placa do meu carro e CPF para pedir uma tag para o meu veículo.

– Agora você não terá mais que ficar parando nos pedágios.

– Adoro quando você cuida de mim. – Uma forma de me controlar também.

Na manhã seguinte recebi um alerta da Nubank no meu celular, informando que ele tinha emitido um cartão de crédito adicional para mim.

– Cartão de crédito adicional?

– Não fica feliz não, só para gastos emergenciais.

– Achei bonitinho rs.

Novas Brigas

Mais tarde, ainda na segunda, lá veio ele repetindo aquele padrão de criar conflito, uma forma de não me deixar em paz para trabalhar, nos dias em que não estávamos juntos. Mas reparem que a manipulação dele funcionava da seguinte maneira:

  • Primeiro criava uma falsa sensação de estar tudo bem;
  • Para logo depois plantar sementes de discórdia;
  • Com isso me causava confusão e insegurança.

Veja a seguir:

– Que horas você vem? – Estávamos já combinando sobre o fim de semana, em que ele viria para a minha casa sexta à noite. 

– Depende de sua agenda. Se vc tiver trabalho, eu vou a noite… se você não tiver agenda, eu vou mais cedo. Não quero que você feche sua agenda por mim.

– Entendi. Então não precisa mais do combinado de não trabalhar quando formos nos ver?

– Não. Eu não vou mais te impedir de nada. Nem querer te controlar. 

Parecia que ele tinha evoluído. 

– Obrigada pela confiança. – Reconheci o avanço. 

– Não é confiança. 

– O que é então?

– É a sua vida. Você quem deve decidir o que fazer e como fazer com relação a ela e as pessoas que entram nela. Eu já te expus todos os meus desconfortos. Se um dia eu entender que está muito pesado ou desconfortável demais, eu chego pra você e te falo.

– Estou admirada com essa mudança de comportamento.

– É uma mudança arriscada. Pra atingir ela, acaba se abrindo mão de sentimentos. 

Veja aqui a estratégia dele. Me trouxe algo positivo, para logo depois trazer algo negativo e me deixar insegura. 

– Está querendo dizer que não tem mais sentimento?

– Quero dizer que pra fazer isso, atingir esse nível de comportamento, tem que engavetar alguns sentimentos. 

– E quais você engavetou?

– Ainda não sei. 

– É sério que você entrou nesse assunto pra finalizar dizendo “ainda não sei”? 

Mordi a isca de ficar incomodada.

– Você quem perguntou. Não sei quais sentimentos serão necessários engavetar. Mas sei que são necessários. 

– Eu não perguntei nada, apenas falei que estava admirada com o seu comportamento e você que trouxe essa questão de não ter mais alguns sentimentos. Se quer trazer algo, traga por completo.

– Onde eu disse isso, de não ter mais sentimentos? Em que parte do texto?

Daí puxei da parte que ele falava “Pra atingir ela, acaba se abrindo mão de sentimentos”

– Ou seja, você já atingiu, então você já abriu mão de sentimentos.

– São escolhas. Hoje eu fiz essa escolha. 

Falou nada com nada, né? 

– Entendi. Bom, tô indo pra aula de dublagem. 

– Fiz essa escolha por nós.

– Do jeito que vc colocou acima, parece que a escolha derivou da perda de sentimentos. Então não foi uma escolha por nós. 

– Sim, foi por nós, pois não vou permanecer num relacionamento se ele não estiver me fazendo bem e feliz. A escolha implica em arquivar alguns sentimentos que me fazem mal.

– Ciúmes?

– Poderia ser um deles sim. Bem apontado. Mas quando vc deixa de ter ciúmes, vc deixa de gostar, de se importar. Quem se importa e ama, tem ciúmes. É algo basilar.

– Não necessariamente, tem pessoas que amam e não são ciumentas. 

– Eu não sou esse tipo de pessoa. 

– O ciúme está mais ligado a insegurança na relação, do que ao amor propriamente dito.

– É a sua visão particular disso. Se for assim pela sua teoria, 99% dos homens são inseguros. Na minha teoria, o ciúmes está muito mais ligado a exclusividade do que a insegurança. 

– Assim como dizer que quem se importa sente ciúmes tbm é a sua visão particular disso. Só não acho bacana você trazer lá em cima que não quer me controlar, trazendo uma “falsa liberdade” que eu posso decidir sobre a minha vida, pra logo depois dizer que a sua mudança de comportamento não é pq você quer de fato me deixar a vontade, para tomar minhas próprias decisões, e sim pq está engavetando sentimentos. Qual a necessidade de você ocasionar esse mal-estar na relação? Novamente você repetindo esse maldito padrão de criar mal-estar entre a gente quando estamos longe. Será que em algum momento conseguiremos ter uma distância saudável?

– Não estava criando mal-estar algum. Apenas expondo mais sobre meu comportamento. Vc questionou e eu respondi. 

Isso foi numa segunda-feira, esse desgaste persistiu até quinta. Era sempre assim, toda semana o mesmo ciclo: Final de semana incrível, durante a semana um inferno. 

*

Tivemos uma outra briga na semana seguinte por whatsapp, uma conversa que começou sexy e desandou em algum momento.

Por volta das 17:36 de uma terça-feira, de repente, ele me mandou uma foto, de visualização única, do pau dele.

– DONEIDA KKKK. – Respondi. – Pau gostoso. Queria me comendo agora. Não quer vir me comer não? – Provoquei.

– Já tem uma fila 🙁 – disse ele, por saber que eu tinha cliente agendado para mais tarde. – Nossa eu tô com muito tesão.

– Eu cancelo. Vem vem vem.

– Não faz isso, você sabe que eu sou louco.

–  Eu não tenho aula amanhã. Nem compromisso agendado. Vem 😏😈

– Não faz isso não linda. São 1.500.

– Então pra que vc me atiça?

Daí ele mandou outra foto do pau dele. 

– Delícia. Vai vir ou não? Vem. Vamos comer aquele japa gostoso e transar gostoso. 

– Queria muito muito muito. Sábado na hot é noite das 100 calcinhas. Vc tem algum vestidinho bem curto? Quero levar minha putinha pra passear sem calcinha e acorrentada. 

– Tenho 😈

– Me mostra? 

– Nada de spoiler.

– Tô te atrapalhando?

– Lindo, tô aqui de pijaminha, tô tão aconchegada, não quero por roupa agora e também quero fazer surpresa. Mas a gente pode continuar trocando mensagem e eu ir te atiçando por aqui.  

– Atiçar por texto não é atiçar.

Daí eu mandei um áudio, falando num tom sexy:

– Eu posso te atiçar por áudio, safadinho, narrando alguma coisa… quer? 😈

– Não, valeu.

E lá vem o balde de água fria, quando você não entrega para o narcisista o que ele quer. 

– Ficou chateado?

– Só pensei o seguinte: vc vai sair com 2 hoje e na hora que seu namorado interage demonstrando o quanto tá com tesão em vc.. e te procura, vc não está disponível pra ele.

– Nossa lindo, não precisa falar assim, né? Eu atendi um casal hoje, isso já demanda energia, eu tô preservando a minha energia pra mais tarde. Se você viesse pra cá, eu super cancelaria o encontro pra ficar com você, eu ainda te chamei… Essa troca por mensagem pra mim não tem o mesmo peso que pessoalmente. E aí você já leva tudo pra esse lado, poxa… podia ser mais empático comigo também, né? 

– Esquece isso. 

– Falei pra você que tô aqui deitada no sofá super aconchegada, tô até coberta, aí você quer que eu levante pra por um vestido, já vou ficar com frio, sabe… se você tá com tanto tesão assim, se você quer tanto putaria, então vem me comer!

Ou seja, o boy que saia de Campinas, mas eu não iria sair do meu sofá kkkkk. 

– Tá bem. Já deu. Poxa olha como vc está me tratando. Veja seus áudios. Só pq eu estava excitado e falando com vc. 

– E olha como você está me tratando. Só pq não embarquei na putaria como você queria, você já “me descarta”. Propus por áudio de você vir, e se não é do jeito que vc quer, então não tá bom. 

Dois mimados. Eu queria do meu jeito (presencial) e ele queria do dele (fotinho a distância).

– Eu não te descartei. Onde eu descartei?

– Ali onde você disse pra eu esquecer e quando disse “já deu”.

– Já deu a briga. Pra esquecer esse assunto. 

– Eu só falei que não estava na vibe de levantar e trocar de roupa.

– Eu não falei que queria nada… apenas te perguntei do vestido. Só isso. Agora eu entendo alguns clientes seus.

– Como assim?

– Ah puta sacanagem né, cê trabalhou ontem, trabalhou hoje, vai trabalhar daqui a pouco. Eu, como namorado, a hora que eu vou fazer uma brincadeirinha com você, e olha que eu nem sou de ficar fazendo essas brincadeiras, a hora que eu vou fazer alguma brincadeirinha, você simplesmente ignora completamente, cê não pensa: “poxa, vou tirar dois, cinco minutinhos pra dar atenção pro meu namorado”, vc não faz isso, simplesmente ignora. Porra fiquei chateado pra caralho, fiquei de verdade muito chateado agora. 

– Eu não te ignorei. Eu tô falando com você desde o momento que vc mandou a primeira foto, inclusive te convidei pra vir pra cá hoje. Só pq não quis colocar um vestido, que inclusive falei “nada de spoiler”, você já ficou puto. Só não entendi pq agora você entende os meus clientes.

– Vc sabe do que tô falando.

– Se eu soubesse não estaria perguntando. Não entendi qual o link. 

– Quando eles se frustram em casa, buscam fora.

Affffff

– Nossa, que comentário péssimo.

– Que comentário muito real e pertinente. 

– Você tá sendo muito escroto agora. Dizendo que dá razão pros meus clientes, pq você pensou em fazer a mesma coisa.

– Se eu busco na minha namorada e ela não consegue atender, busco fora vídeos, sites etc…

– Ou seja, se eu não entrego o que vc quer, na hora que você quer, você sente que deve buscar fora. Péssimo.

– Estou falando de seus clientes. Que entendi como eles se sentem frustrados. 

– Não, você está falando das atitudes deles em solidariedade pq tbm sentiu vontade de fazer o mesmo.

– Se fosse outro cara, buscaria agora em um vídeo pornô ou algo assim.

– Você acabou de falar que faria o mesmo. Ou seja, se a sua escrava sexual não está inteiramente a sua disposição, você sente que deveria buscar fora como os meus clientes fazem.

– Não. Se a minha namorada está cagando pra mim, vendo que eu tô com tesão, e não quer nem dar 5 min de atenção, então pq eu não iria pra outros meios como vídeos? Porra eu fiquei bem chateado com o que rolou. 

– Não gosto desse tom que você tá falando comigo, tá? Eu não caguei pra você, eu tô te dando atenção desde a hora que você mandou a foto. Agora se eu não levanto na hora que você quer pra colocar uma roupa que você quer, olha como vc se transforma?! Isso é comportamento de gente mimada! Eu te falei como eu estava, te falei que tava aconchegada no sofá, por que você também não pode respeitar o meu momento? Eu te chamei pra vir pra cá! Você não valoriza isso não? Olha o escarcéu que você tá fazendo porque eu não levantei pra colocar a porra de um vestido! 

– Eu não estou falando de mim em específico, estou falando se a pessoa busca namorada e a namorada não consegue dar uma atenção pra ele, o que que ele vai fazer? Vai buscar fora, em vídeo, em sites… vai buscar através de outros meios, só fiz uma comparação com seus clientes… às vezes no relacionamento deles não têm o sexo em si e é por isso que eles buscam fora, através do seu trabalho. 

– Você não fez uma simples comparação. Eu entendi muito bem a ameaça velada. 

– Não tem essa de escrava sexual, eu nunca te peço nada, é muito raro eu entrar nesses assuntos. Você sabe como eu sou tarado e safado e nem por isso eu fico pedindo essas coisas toda hora, é raro. Aí quando acontece isso, eu me sinto simplesmente rejeitado. Foi assim que eu me senti. Você cagou pra mim, me rejeitou! E beleza, tá bom. 

– Nossa você se sentiu rejeitado porque eu falei que não ia dar spoiler do vestido? Só porque eu não quis levantar pra colocar um vestido pra você? Por isso você se sentiu rejeitado? Sendo que eu te chamei pra vir pra cá, que é muito melhor do que eu te mostrar um vestido no meu corpo é eu transar com você, com gosto. Olha para o que você tá dando mais importância. 

– Sim, me senti. Ahh pelo amor de Deus né, você acha que eu não queria tá aí? Cê sabe como eu sou, por mim eu pegava o carro e ia pra aí, mas você sabe que você precisa dessa grana, eu não vou te atrapalhar com isso, prometi pra você que eu não ia atrapalhar seu trabalho. Eu gosto tanto de você que eu ia praí hoje, daqui a pouco, e voltava amanhã de madrugada pra trabalhar, mas tem outras coisas em jogo. E sim, foi assim que eu me senti, ignorado pela minha namorada, no momento em que pedi um pouquinho de atenção, eu não tive.

De novo esse discurso de que eu não dei atenção pra ele, quando na verdade ele só estava frustrado por ter recebido um “não”. Não eu não vou levantar do sofá agora, não, eu não vou abrir mão do meu bem estar e passar frio pra satisfazer a sua vontade. 

– Eu não aceito você falar comigo desse jeito. Eu te dei atenção sim, dentro dos meus limites no momento. Não gostei desse seu comportamento. Sabe a impressão que me dá? Que toda vez que você tentar alguma coisa e eu não tiver 100% disponível pra fazer o que você quer, vai me tratar desse jeito. 

– Pois é, eu também não gostei desse seu comportamento. E eu não estou falando de comportamento sexual, – como não?! – eu não estou falando de putaria nem nada – como não?! –  eu estou falando de atenção mesmo, que custava você parar três minutinhos e dar atenção pra mim? 

Percebem como era cansativo lidar com ele?

– Eu não tava falando de sexo – ele continuou nesse discurso sem sentindo, quando era ÓBVIO que o seu incômodo foi por isso sim –  não tava falando de nada, eu só perguntei se você tem um vestido bem curtinho, e pedi pra me mostrar. O que custava você levantar dois minutinhos, ir lá no armário pegar ele e me mostrar? Não custava. E eu sentiria que você tava me dando atenção, então não é questão de ser escrava sexual nem nada disso, não sei com quem você tá me confundindo, com cliente seu, talvez, mas eu não sou cliente seu. 

Mas não é mesmo, meus clientes costumam respeitar quando ouvem um “não posso agora”. 🙄

– Ahh não vem com esse papo pra cima de mim agora não! Sabemos muito bem que você não ia querer que eu simplesmente pegasse o vestido e te mostrasse, você ia querer que eu colocasse o vestido no meu corpo. Você tava aí com seu pau duro pra fora e não ia se contentar em ver só uma foto de um vestido num cabide. Então não vem com essa! E eu simplesmente não quis me levantar pra colocar um vestido e ficar fazendo isso a distância, sendo que te chamei pra vir pra cá. Muita insensibilidade da sua parte. Você fala de um jeito como se eu tivesse abandonado o celular aqui e te deixando falando sozinho. 

– Eu só queria atenção da minha namorada, seja em brincadeira sexual, porque a gente já tava falando sobre isso, tanto que eu tava com tesão na hora, ou se não fosse esse contexto, – se não fosse nesse contexto nem estaríamos brigando – qualquer outra coisa, porque você tem amigos, você conversa com outras pessoas aí no WhatsApp, eu não tenho, então sinto muita falta de falar com você e de interagir com você. Aí quando eu busco isso e não encontro, fico chateado. Não é que eu seja mimado, não é isso. É que quando eu busco isso e não encontro, me chateia de verdade.

Conseguem visualizar a grande tentativa de manipulação? De repente o incômodo por eu não querer por o vestido, se transformou numa queixa dele não ter amigos para conversar.

– Ou seja, eu sou obrigada a fazer tudo que você me pede, pq senão você vai se transformar na conversa. Você não consegue entender: “poxa, ela tá quietinha lá no sofá, ela tomou banho, tá de pijaminha, tá aconchegada, pq vou fazer ela levantar do sofá, nesse frio, pra por um vestido e satisfazer a minha taradice, sendo que ela já está me dando atenção do jeito que ela pode nesse momento, trocando áudio, mandando mensagem escrita e etc”. Eu não gostei desse comportamento. Isso foi muito ruim. Só porque eu não fiz determinada ação, você desvalida todo o resto. 

– Não. Não fui capaz de pensar isso. Só pensei pelo lado da atenção que vc faltou comigo. Então sim. Foi uma situação muito ruim para os dois. E uma situação muito séria inclusive, pois cada um enxergou por uma perspectiva muito diferente e tóxica. 

– Eu te dei atenção em tempo real. A questão aqui não é que eu não te dei atenção, é que eu não quis te obedecer. Se não é do jeito que vc quer, então não tá bom.

– Vc não aceita o que eu tô expondo, de porque fiquei chateado, se blinda e ataca. Vc nem ouve, nem tenta se colocar no meu lugar. Mesmo eu te dando de forma cristalina a visão que eu pensei.

– Eu entendi muito bem pq você ficou chateado, simplesmente pq eu não me levantei pra colocar um vestido. Se você voltar a conversa e analisar, vai ver que ela começou a desandar nesse momento. Repito, isso é comportamento de gente mimada que quer as coisas tudo do jeito delas. Se eu tivesse levantado e colocado o vestido, não estaríamos tendo essa discussão agora. Então o problema aqui não é pq eu não te dei atenção, e sim pq eu não fiz uma coisa que você pediu. 

– Nem minhas ex-namoradas agiam assim.

– Nem meus ex-namorados agiam assim tbm.

– Então cada um volte pra seus ex. 

– Boa noite. 

Fiquei de saco cheio dessa discussão infeliz. Daí quando ele viu que eu joguei a toalha, me ligou. 

A ligação durou 51 minutos. 

Nos entendemos, cancelei com o cliente e ele veio pra minha casa. 

Transamos e provei o vestido pra ele. 🤡

Continua…

“O Intenso” – Parte 9

Querido diário,

Uma semana depois ele reapareceu, querendo conversar e fizemos uma chamada de vídeo. Disse que tinha sentido muito a minha falta no fim de semana em que ficou sozinho, que até tinha visto nos meus stories que eu tinha saído e que ficou mal imaginando que eu estivesse com alguém. No entanto, acrescentou que realmente não estava conseguindo lidar com a questão do meu trabalho e que achava melhor não ficarmos juntos, pois isso o estava machucando muito.

Eu já estava super bem resolvida, me apoiando na conscientização dele ser um narcisista e não fiquei nem um pouco triste com esse rompimento. Ainda tive a ideia de lhe fazer uma contraproposta, toda despojada:

– E se a gente só se encontrasse pra transar? Podemos tirar essa pressão de relacionamento, e só ter encontros casuais pra sexo. Você segue a sua vida, eu sigo a minha, e quando um ou outro tiver a fim de transar, manda mensagem e vê se o outro também tá na vibe.

Prática não? Eu sabia que ele não era bom pra relacionamento, mas o sexo gostaria de manter, afinal, era muito gostoso transar com ele.

– Você acha que daria certo?

– Acho que sim, o meu trabalho te incomoda pela questão do envolvimento sentimental, uma vez que não temos mais isso, ficamos só com a parte boa.

Confesso que ali me despertou um singelo alerta com a rapidez que ele aceitou a minha proposta, pois quando você está com a decisão realmente tomada de terminar com alguém, não viraria a chavinha de volta tão rápido assim. Foi como se até a minha contraproposta fizesse parte da manipulação dele, por já imaginar que eu não abandonaria o barco “sem lutar”. Do tipo: “vou falar pra ela que não quero mais e deixo ela se virar propondo soluções pra isso.”

– Então você acha que devemos manter a nossa viagem de Ilhabela? – Ele perguntou, se empolgando com a ideia.

– Sim, podemos sim. – Eu tava louca pra fazer aquela viagem, queria ter essa última vivência com ele.

Daí alinhamos isso numa boa e finalizamos a ligação. Eu só voltaria a falar com ele próximo da data, mas, inesperadamente, de madrugada, por volta de uma da manhã, ele me enviou a seguinte mensagem:

– Acordei após um sonho de que você era a minha esposa e mãe dos meus filhos.

Passou mais uma hora e lá pelas 2:37 da madrugada, ele fez uma nova tentativa:

– Acordei dinovo, após a continuação do mesmo sonho. Tínhamos um apê (pois você não gostava de casa) e a criança já engatinhando brincava com o Floquinho.

Manipulação das brabas aí!

Eu não me comovi, na verdade achei tudo muito forçado, afinal, quem volta pro mesmo sonho? Kkkkkkk.

Eu até estava online quando ele mandou (sou muito noturna), mas fiz questão de não responder. No dia seguinte, por educação de não deixa-lo no vácuo quando tentou ser romântico, apenas disse: “Nossa, que sonho” e um emoji rindo.

Três horas depois ele ressurgiu, caçando assunto, mandando um print de um título no word, que dizia o seguinte: “A Intensidade pelo olhar do Intenso”.

– O texto com seu ponto de vista do encontro com a Sara? – Tivemos essa conversa no passado, sobre ele escrever as suas percepções do encontro em que o “apresentei” a Sara.

– O meu texto do ponto de vista com a “Maria”. Viu o último comentário da TITI?

Ele fazia referência ao comentário da TITI aqui no blog, que se referia a mim (a persona por trás da Sara) como “Maria”, por não saber o meu real nome de fato.

– Eles também se interessam pela *******. – Ele continuou. – Ontem à noite eu deixei um comentário como sendo o “Intenso” no blog. Adorei seu texto… a forma como a “Maria” me olha. – Ele estava se referindo ao post da Parte 5, em que eu relato do encontro dele com a Sara, que eu tinha postado nesses dias em que estávamos afastados. – Também criarei um Instagram pra postar coisas do Intenso com a Maria, pelo olhar do Intenso. E no fim do texto, eu convido os leitores a seguir o perfil e acompanhar. O que acha da ideia?

Sinceramente? 

Eu não gostei da ideia dele. Pareceu que ele queria surfar na minha fama. O combinado não era só termos contato quando fôssemos transar, sem nenhum envolvimento mais?

Respondi o seguinte:

– Acho que podemos ir com calma. O texto poderia escrever sim, pois era algo que já tínhamos falado no passado, agora sobre criar conta no Instagram, uma vez que decidimos não ter mais tanto vínculo por você não lidar bem com o meu trabalho, não vejo muito sentido.

– Ok então. Vou levar dessa forma. Zero vínculo. Por favor, encerre de uma vez a história do Intenso. E vamos virar essa página de nossas vidas.

Não o respondi e a conversa morreu aí. 

Dois dias depois ele reapareceu, querendo confirmar sobre a viagem:

– Olá. Depois só me confirme se está de pé nossa praia, pois se não tenho que cancelar até amanhã à noite.

– Oi, bom dia. Por mim está confirmado sim. 

Daí ele aproveitou esse contato e tentou esticar o assunto, mandando uma foto de visualização única, dele usando um boné igual ao meu. – Um que eu tinha usado na viagem de Tiradentes, que ele tinha gostado e que tem um estilo unissex. 

– Nem ouse usar o seu junto comigo. – Ele acrescentou.

– É o meu? Ou você comprou outro igual?

– Jamais pegaria o seu, só gostei muito dele. Nunca curti boné. 

– E onde você encontrou igual?

– Fui longe hein, veio do Rio.

– Que loja?

– Renner. 

– Foi lá mesmo que eu comprei rs.

– Hhha não tinha na loja física. Só na on-line numa do rio. Aí mandaram de lá. 

– 😏😌

Daí não nos falamos mais nesse dia. 

No dia seguinte, uma segunda-feira, ele me mandou o seguinte:

– Nossa, está sendo bem difícil, viu. 

– Tão difícil quanto ter que lidar com o meu trabalho? 

– Pau a pau… mas são coisas diferentes… saudades. O sentimento que tenho por você é real e intenso. E você sabe disso. Nem queria ficar comentando isso com você, mas está cada dia mais difícil. Ontem li um comentário que vc deixou no seu próprio blog… respondendo a um comentário, onde vc falava indiretamente que eu não enxergava o que estava em meu nariz. Fiquei tão mal. Eu sei sim o quanto vc é incrível. Sei sim o quanto vc me completa e sinto muita falta disso. Eu não consigo pensar em outra pessoa, eu não consigo sair com outra pessoa… estou completamente perdido. 

– Não está conseguindo, mas está tentando, né? Seus seguidores e pessoas que vc segue continua subindo. Rs.

– Joguei meu insta num post do UOL, um monte de gente pedindo solicitação… mas nada demais… Isso não significa que eu estou tentando nada. 

– Você já estava tentando quando ainda estávamos juntos, imagine agora que está disponível.

– Vc quem está seguindo com a vida… “vivendo”. – Parafraseando o que escrevi no tal storie que postei. – Percebi que pra você não está sendo tão difícil assim “terminamos” tem uma semana e vc já estava saindo com outro… isso pegou um pouco. Mostrou a fragilidade do que vc dizia sentir.

Olha só como o narcisista tenta reverter a situação. Ele que me pediu aquele tempo, me removeu do Instagram, quando retornou, queria terminar, eu que fiz a tal contraproposta, e agora ele vinha com essa. 

– Estou me esforçando para isso. Quem quis terminar comigo foi você, por mim ainda estaríamos juntos, e você sabe disso. Mas ao contrário do que vc imagina, só estou saindo com amigos. Não fiz nenhum rolê de casal com ninguém, seria muita irresponsabilidade afetiva minha nesse momento, sair com alguém e deixar outra pessoa envolvida sem eu estar disponível emocionalmente. Acabei me reconectando com aquela minha amiga que estava querendo se reaproximar e fui num rolê com ela e seu novo namorado. Nada demais.

– Obrigado por me posicionar isso. Eu tbm não estou disponível emocionalmente pra nada. E essa semana foram dias em que percebi isso de uma forma muito intensa. E sim, te bloqueei pq eu mesmo não quero ficar me machucando… Vi no seu insta vc indo pra festas, vc andando de carro do lado do passageiro (logo pensei – ela saiu da festa com algum cara) … isso me deixou muito mal, dormi mal no sábado à noite, fiquei domingo todo de cama. 

– Domingo você me mandou foto de você no carro usando o boné, todo sorridente, então não ficou o domingo de cama, deixa de ser dramático rs.

– Era uma foto de sábado. Busquei no sábado o Boné.

Buscou onde se ele tinha comprado pela internet? Kkkkk. Olha o furo na história, mas só reparei agora enquanto escrevia kkkkk.

– Eu estou com muito medo dessa nossa ida pra praia, confesso. – Ele continuou. – Criar mais memórias afetivas com vc e depois ficar aqui nesse sofrimento que não termina nunca. Seja por um motivo ou outro. Espero que vc e sua amiga se entendam, e se deem bem. E mais uma vez, muito obrigado por dar satisfação de sábado. Algo que vc não precisava fazer. Mas você sabe como é ruim ficar conjecturando ou criando paranoias que não são verídicas. Isso nos corrói.

– Sim, sei muito bem. Mas não precisa ter esse sofrimento. Quando propus de continuarmos saindo de vez em quando, foi justamente para que não houvesse esse tipo de sofrimento de ambos os lados. Uma ruptura como você estava querendo fazer seria ainda mais sofrido. Você não acha?

– Sei que parece ridículo, mas ter essa exclusividade sentimental entre eu e você seria muito? Pensar em vc se envolvendo sentimentalmente com outro cara, me mata. Ainda estou muito perdido em tudo isso. Pra você talvez seja mais fácil lidar, se envolver com outros, pra mim está sendo algo bem sofrido. Eu sei exatamente o que vou sentir quando te ver novamente. E por outro lado, eu tô bem mal… não tenho fome, não tô indo na academia. Parece que minha vida parou e não faz mais sentido algum. Jamais imaginei ficar assim por alguém. Estou passando pela fase mais difícil da minha vida.

Daí, já que ele tava se dramatizando tanto, voltei no ponto da conversa em que ele disse ter jogado o insta dele num post da Uol. 

– Que post da Uol? Sala de bate papo? Rs. 

– Ah, postaram algo no insta daqueles perfis de sentimentalismo e psicologia, falando sobre suporte emocional em términos e bla bla bla… ai eu fiz um comentário. E as pessoas que me adicionaram tudo de fora… Nordeste, rio.. etc. 

– Mas qual o sentido de manter uma conta privada e adicionar pessoas que não conhece? Rs. Quem deixa a conta fechada, é justamente pra preservar de pessoas estranhas.

– Realmente nenhum sentido. Talvez para o ego. Ou me sentir acolhido. Não tenho resposta pra isso. Acho que percebi que esse lance do instagram pega muito pra vc né.

E daí ele me mandou um print das notificações dele, mostrando todas as reações femininas que ele obteve com tal comentário. 

– Você pode me mostrar o print do seu comentário na página da Uol?

– O reels falava sobre o que os homens +35 buscam hoje em relacionamentos. Depois algumas pessoas me chamaram no insta… mas nem conversei. Pessoas da Bahia, Minas, vários estados, abriram discussão e pediram amizade, talvez por curiosidade em meu perfil.

Fiquei um pouco irritada quando vi o print do comentário dele e fui reativa, mordendo a isca de me afetar e demonstrar ciúmes: 

– Você não está no aplicativo, mas está usando o insta com esse propósito, da na mesma, rs. Mas que bom que está conseguindo, de alguma forma, seguir em frente. Mais opções de lugares pra você viajar. 🙂

– Sério que vc está pensando dessa forma? Não quero conhecer ninguém. Estou tentando expor minha dor e dificuldade em seguir, mas isso não está fazendo efeito em vc. Porra, eu gosto de vc, e não tô sabendo lidar com isso. 

– Suas ações contradizem suas próprias palavras. Quem não quer ficar com ninguém, não faz esse tipo de comentário numa postagem com um tema pertinente, dizendo o que está buscando e etc, sabendo que vai atrair uma porrada de mulherada carente. Quem não quer ficar com ninguém, se recolhe, busca se conectar consigo mesmo, e não sai atirando pra tudo quanto é lado. O que vc está expondo pra mim é você se colocando em evidência e mulheres interagindo nas suas coisas. Era pra me causar ciúmes? Se já tínhamos combinado que viajaríamos, desde semana passada, não tinha motivos pra você ficar comentando em postagem desse tipo, que vc sabia muito bem o que atrairia, mesmo assim você seguiu prospectando outras mulheres.

– Tô sofrendo muito. É muito estranho ver sua vida não fazendo mais sentido. Se sentir perdido, à deriva em um misto de sentimentos. Vc me transformou e eu não sou mais a mesma pessoa de antes. Vc trouxe sentido pra coisas que antes não existia. E de repente, eu perco isso, eu não tenho mais. Não tenho nossas conversas, nossa intimidade, nossos carinhos (e eu nem tô olhando para o sexo). Eu vou levar muito tempo pra me curar disso. 

– O que você quer que eu faça quanto a isso?

– Eu não sei. Vc acha que pode fazer algo a respeito?

– Na verdade eu não posso fazer nada a respeito. Foi você que terminou, você que disse não conseguir lidar com o meu trabalho, e agora diz não conseguir lidar ficar sem mim, não sei como te ajudar, se em nenhum cenário você fica bem.

– Está bem. Vamos cancelar a viagem então, e eu vou tentar seguir minha vida. Não vou te incomodar mais. Adeus. 

E aí a foto dele sumiu. A típica estratégia que ele adotava com frequência, pra me assustar e me fazer ir atrás dele. 

E funcionou. 

Mas fui atrás toda munida:

– Apesar de você não admitir, você tem muitos traços narcisistas. Isso que você faz de manter vários contatinhos ativos, essa busca incessante por validação, buscando outras mulheres, mesmo quando você já gosta de alguém, e esse seu padrão de ser reativo, bloquear, apagar contato e depois reaparecer, se queixando do cenário atual, mas não fazendo absolutamente nada para mudar a situação, é uma característica muito marcante de um narcisista. Eu pesquisei muito sobre isso nesses dias que não estávamos nos falando e tudo encaixou no seu comportamento. *Tudo mesmo.*

E aí mandei pra ele uma gravação da tela falando sobre o ciclo do narcisista, que trouxe na postagem anterior.

– Por favor, leia as coisas que estou dizendo não como um ataque, mas como alguém que se preocupa com você e que lamenta muito você ser assim, pois o que nos impede de ficarmos juntos não é o meu trabalho, mas o seu jeito narcisista de ser.

Essas minhas mensagens depois do seu “Adeus” não entregaram. Ele tinha me bloqueado. 

Mandei por torpedo pedindo que ele me desbloqueasse pois queria falar algo. 

– ?

– Antes de falar o que eu preciso te dizer, queria te fazer uma pergunta. Quando você traz todas essas lamentações, você só traz para desabafar ou pq gostaria de fazer algo para mudar esse cenário?

– Só pq eu te amo. Só por isso. Lamentações eu levo pra minha psicóloga. 

– Isso não responde a minha pergunta. 

– Está nas entrelinhas.

– Você me ama, mas não está disposto a fazer nada para melhorar o cenário?

– Sempre tentei. 

– Não estou falando de antes. Estou falando de agora. Nesse atual momento que vc sentiu a necessidade de vir me falar o quanto está sendo difícil pra você. A sua intenção era só desabafar então? E não propor uma mudança de cenário?

– Quando eu fiz isso, vc me devolveu um feedback tão raso. Entendi que pra vc não era o mesmo cenário.

– Uma vez na vida para de responder jogando a culpa das suas ações nas costas da outra pessoa. Quando a gente decide fazer algo, tem que ser algo já decidido e não baseado no que a pessoa vai responder. Veja que em nenhum momento que você me trouxe a sua dor, você veio com uma proposta de mudança para nós, você só se queixou e ficou jogando a peteca para que eu pensasse em alguma coisa, de algo que foi você que fez.

– Eu queria que você soubesse como eu estava me sentindo. Mas não como um desabafo… Só um reforço de demonstração do quanto eu gosto de você. 

– E o que você queria que eu fizesse com isso?

– Não estou apontando, nem te culpando de nada. Eu tomei a decisão. E hoje acabei te dando um feedback de como eu estava me sentindo após essa decisão. Talvez eu tenha feito errado em fazer isso, e me desculpe se de alguma forma se isso te afetou negativamente.

– Então você só me trouxe a sua dor por trazer? Não pq tinha intenções de mudar o cenário, visto que não está te fazendo bem esse afastamento? 

– Eu não sei. Eu te disse que estava completamente perdido. Não sei o que pensar, o que fazer, só sei o que estou sentindo. Você já parou pra pensar que talvez o que eu fiz hoje foi um grito de socorro? Um grito de “estou sofrendo muito sem você”. Olha o que eu postei no meu insta sábado… e vc não viu. E eu postei só pra vc ver. 

– Você esqueceu que me removeu do seu Instagram?

Olha ele se contradizendo, rs. 

– Eu tinha te desbloqueado e aberto meu insta. Depois vi seu post da festa e tudo mais que vc já sabe.

– Entendo o que você sente, mas foi você quem terminou. Se realmente sofre, o que você propõe de diferente para que esse cenário mude?

– Eu já disse que não sei. Estou perdido, e sozinho eu não consigo pensar em nada.

Muito cômodo pro narcisista deixar que você frite a cabeça sozinha por algo que ELE QUE FEZ!

– Eu não posso ser a solução daquilo que só depende de você. Quando tiver clareza, aí sim podemos conversar.

– Era isso que queria me dizer?

– Não.

E aí eu copiei e colei aquela mensagem que mandei quando estava bloqueada, sobre ele ser narcisista. 

Sim, eu o confrontei com isso.

– Eu não sou um narcisista. Eu já sabia que vc pensava isso. – Eles nunca admitem. – Mas um dia vc vai entender que não. 

Na verdade, hoje eu tenho certeza que sim. Kkkkk.

– Um narcisista nunca admite que é. – Insisti. 

– Um narcisista não ama. Não se apaixona. É muito cruel vc dar um diagnóstico baseado em uma resposta do ChatGPT. Espero que vc mude esssa postura quando profissional de psicologia. Eu já sabia que vc pensava assim de mim, mas me dar um diagnóstico, aí já foi demais. Nem minha psicóloga fez isso. Eu não quero mais contato com vc, ok?

– Não estou dando diagnóstico baseado em uma resposta do chat, mas sim olhando para tudo que vivemos e comparando as informações. Você sempre teve esse padrão de ser reativo, me bloquear, apagar contato, para que eu sempre fosse atrás.

– E hj vc veio atrás só pra me diagnosticar. 

– Primeiro eu queria entender o motivo de você ter me falado aquelas coisas. Se tinha intenções de mudar o cenário. 

– Eu não acredito que vc voltou aqui pra falar isso. Vc me machucou muito agora.

– Mas como você não o fez, novamente confirmou o tanto de coisa que eu pesquisei sobre o assunto. Se você me amasse mesmo, você não ficaria aí só se lamentando, mas faria algo para mudar. Pq quem quer de verdade, dá um jeito. Faz acontecer. 

E continuei:

– Pra você é mais aconchegante buscar validação na internet de mulheres estranhas te mandando msg, do que se resolver com a pessoa que você diz amar. Entende que isso não é amor? Amor se prova em ações, não em palavras. Se não há atitudes, não há amor.

– E nenhuma ação que eu fiz até hj vc valida. Tudo foram ações narcisistas. Nossa relação é muito complexa pra vc encaixar em um diagnóstico.

– Eu considerei tudo isso. Mas o narcisista só gosta enquanto a pessoa está suprindo algo pra ele. Eu te supri durante um tempo, quando eu cortei aquela conversa de putaria envolvendo o seu amigo, ali eu já não te supria mais e aí você quis se afastar.

– Eu sei o que eu sinto. E sei que é real. Posso ter traços narcisistas na personalidade, mas se ser eu mesmo, sem máscaras – conhecer sua mãe e gostar dela, conhecer seus amigos e gostar deles, me expressar intensamente pq gostei muito de vc, – faz de mim um narcisista, então eu sou. E vc que me transformou nisso.

Eu que transformei ele num narcisista???

– Tem mais alguma coisa pra me dizer? – Ele tentou finalizar.

– Ninguém transforma ninguém em narcisista. Cada um é responsável pelas próprias atitudes. Reconhecer isso já seria o primeiro passo, mas você prefere me culpar. Não gostaria que você visse essas coisas como um ataque. Estou jogando uma luz para o assunto, para que você busque se conhecer mais nesse sentido. Pq enquanto você agir assim, não conseguirá ser feliz com ninguém. Fica bem. 

– Você entendeu o que eu quis dizer. E não, eu não estava em busca de validação. Eu estava em busca de qualquer coisa que me tirasse esse sofrimento que é te amar e não poder te ter por completo.

– Isso não justifica. Quem ama de verdade, ia preferir tá com pessoa que gosta e não buscando validação com mulheres que não te conhece. 

– Aconteceu uma vez. E vc tomou isso como uma verdade absoluta da minha personalidade. 

– Não. Você me provou hoje com os prints do seu Instagram. Mesmo a gente tendo confirmado a viagem, você continuou buscando validação com outras mulheres, se colocando em evidência para que outras vissem o que vc busca num relacionamento. Você se colocou disponível.

– Eu opinei sobre o que um homem busca em um relacionamento. E não que eu estava buscando ou aberto a isso.

Que grande mentiroso.

Fiz questão de trazer o print de volta na conversa:

– Não subestime a minha inteligência, por favor. Aquilo nem era comentário na página da UOL, como você disse, e você estava claramente vendendo o seu peixe. Releia o seu comentário. “Busco um relacionamento…” você está claramente se colocando disponível para quem te entregar tais coisas que vc está buscando. Seria tão mais digno você admitir esse seu comportamento, do que tentar me engabelar com esse discurso de bom moço.

– O vídeo falava sobre o que os homens buscam em um relacionamento após os 30 anos … eu fui lá e opinei. Não me vendi. Se fosse assim estaria nos apps de relacionamento, não no Instagram.

O narcisista nunca admite, mesmo com todas as evidências contra ele.

– Você está tentando estratégias diferentes. Você sabe muito bem que aquilo atrairia mulheres e não só sabia como gostou e aceitou todas elas. Repito, esse tipo de busca por validação não é saudável. Você deveria se importar com a validação apenas da pessoa que vc gostaria de estar.

– Olhe pra vc também: vc precisa de validação todos os dias no seu trabalho. Seu complexo de rejeição te moldou assim. Aí vc senta em cima do rabo e fala do meu. Já disse várias vezes que somos o espelho um do outro. É tão simples minha forma de pensar. Vc expõe sua opinião a todo momento na internet, mas se assusta quando vê eu expondo a minha. Estranho isso. 

Estranho era ele se fazendo de louco. 

– Falar do meu trabalho é só uma forma de fugir do assunto. O que estamos falando aqui é sobre as suas atitudes, não sobre a minha profissão.

– Hj eu levantei bandeira branca, me expus, expus vulnerável e vc não me acolheu. Então, olhando por suas lentes, vou seguir minha vida e achar a próxima vítima. Eu posso sim ter traços, mas não concordo que o que eu sinto não seja verdadeiro. Pq eu nunca agi assim com outra mulher. 

– Você sempre teve esse padrão. Não precisa admitir pra mim, mas olha pra dentro de você.

– Uma pessoa intensamente apaixonada pode sim ser confundida com traços narcisistas.

Oi??

– O que você sente pode até ser verdadeiro pra você, mas amor de verdade não se mede pelo ‘nunca fiz isso antes’, e sim pela capacidade de cuidar e sustentar a relação. 

– Vou jogar os holofotes pra esses pontos que vc mencionou. Quem sabe eu não me torne uma pessoa melhor.

– Espero que esteja falando isso de coração e não com ironia.

– Estou sendo sincero. Eu sei que vc sabe que o que eu sinto por vc é real. Mas agora vc precisa se apegar ao fato de eu ser narcisista pra também conseguir superar esse rompimento. Seria como um “livramento” pra vc. E tá tudo bem. Cada um se apega ao que pode. Eu vou buscar ao que me apegar, e espero mesmo ficar bem. 

– Se o que você sente é tão real assim, então assuma isso em atitudes. Ou você decide ficar e agir de forma diferente, ou assume de vez que prefere se afastar. O que não dá é continuar nesse meio-termo.

– Isso é uma pressão pra eu assumir definitivamente o que quero com vc? Assumindo vc, seu trabalho e tudo que envolve?

– Não é pressão, é definição. Amar alguém envolve assumir a pessoa por completo, não só o que é conveniente. Se você não consegue lidar com quem eu sou e com o que meu trabalho envolve, então a resposta já está dada.

– A única coisa que não consigo lidar é com seu trabalho. Não ter você por completo. E isso não tem nada a ver com posse. Não confunda.

– Entendi. Ou seja, voltamos ao mesmo ponto. Entre me ter do jeito que eu sou, de acordo com a minha condição nesse momento, você prefere não ter nada a ter isso. Então a resposta já está dada. Fica bem. Quem sabe nos reencontramos lá na frente.

E daí ele só reagiu com joinha e me bloqueou novamente. 

Quinze minutos depois, não me aguentei e enviei o seguinte torpedo:

– Mas bem que podíamos ter uma despedida nessa viagem.

– Se formos nessa viagem vc vai foder com minha vida. Vê como a gente não consegue se afastar? Por mim ok, vamos nessa viagem. Mas com uma condição. 

– Lá vem. 

– Vc vai dar um fim leve pra história do Intenso. 

– Se rolar a viagem será um fim leve sim, encerrarei nessa viagem.

– Estamos combinados. Leve seu tripé. E todo o carinho e desejo que ainda tem por mim. 

Daí não me aguentei de novo, e mandei uma foto que eu tinha no meu celular do pau dele, dizendo que tava com saudade. – Amor de pica é foda. 

Daí na mesma hora ele mandou uma foto atual do pau dele duro, dizendo:

– Vc me manda mensagem e eu fico assim… é uma praga. 

– Estou com muito tesão agora. – De repente eu fiquei tarada na conversa, só de olhar aquele pau. 

– Faz uma vídeo chamada pra mim? – Ele pediu.

– Faço com uma condição. 

– Qual?

– Que você vai me comer bem gostoso nessa viagem. Pra fechar com chave de ouro. 

– Posso não só comer, e te amar também? 

– Me amar ou me iludir?

– Te amar.

– Pode, se você me amar direito então.

– Amarei do jeito que te amo.

– Estou achando um tesão a gente se falando por aqui desse jeito. 

– Eu tbm hahahaha. E como seria comer gostoso? 

– Eu adoro quando você me chupa e depois entra em mim, bem devagarzinho, por cima de mim, só a cabecinha.

– Eu adoro sentir seu gosto… quando vc goza na minha boca. Sentindo seu grelinho na minha boca.  Amo quando sinto sua bucetinha apertada. Quando sinto que estou abrindo ela com meu pau bem lentamente.

– Queria muito sentir seu pau entrando em mim agora. 

– Quer que eu vá praí?

– Que tesão.

– Quer que eu vá aí te comer? 

– Quero. 

– Me espera bem safada e gostosa?

– Então vem logo. Tô louca pra dar pra você. 

– Me espera safada e gostosa como sempre. Tô indo. Me passa o endereço novamente.

Nossa ele já tinha esquecido meu endereço? 

Depois ele mandou uma foto do velocímetro do carro marcando que ele tava a 176km por hora. 

– Não precisa correr tanto rs.

– Muita saudade. Se a gente se afastar, eu viro esse cara aqui: 

– Essa aqui tem mais a ver: – Devolvi.

– Kkkkkk. Bem isso. Vc vai ficar de 4 pra eu chupar seu cuzinho gostoso?

– Vou. Só depois que você me fizer gozar na sua boca.

Ele chegou na minha casa e novamente tivemos uma das melhores transas. Mas não foi aquela transa que já chega metendo não, ele tinha todo um jogo de sedução pra me fazer implorar pra ser comida por ele. Começamos com a agarração no sofá da sala, ficava pressionando seu pau gostoso por cima da roupa, na direção da minha buceta, enquanto me beijava ardentemente. Sentir aquele volume só me deixava ainda mais louca e molhada. Nessa hora ele ainda brincou com o fato de ser um narcisista, falando todo sexy e com cara de mau:

– Sou narcisista mesmo e você adora. 😈

Falava aquilo com a maior cara de safado, enquanto me beijava e pressionava seu corpo no meu. Por mais que admitir aquilo fosse como se ele tivesse admitindo um crime, naquele momento do tesão minha razão se perdeu completamente. Ele tinha vindo de Campinas só pra me comer e eu queria transar gostoso. 🔥🔥🔥

Transamos muito e dormimos. Ele foi embora na manhã seguinte. 

*

– Ah, hj tive Leda. – Ele disse em algum momento do dia, sobre ele ter tido sessão de terapia, Leda é o nome da terapeuta dele. – Só pra título de informação… ela nunca trabalhou com a hipótese de Narcisismo… mas sim, síndrome de Don Juan. Desde quando ela me atendia anos atrás. Da uma pesquisada nisso já que vc se interessa tanto. Mas leia tendo em mente que o que sinto por vc é real. E não superficial.

– Eu já pesquisei sobre o dom juan também e tem características parecidas com o narcisista. Rs. Mas que bom que o que vc sente por mim seja real, talvez os seus rompantes não sejam pelo narcisismo e sim pela bipolaridade, apesar de você ser medicado. 

*Informação nova aqui pra vocês*

– Exato. Acho o narcisismo pior, pq ele não se importa com o outro. Só olha pra si. Não é o meu caso. Mas tem sim alguns espectros. Todos somos errantes, o importante é trabalhar isso. Reconhecer e trabalhar. Estou muito feliz e ansioso com nossa viagem. 

Agora corta pra nossa viagem que ocorreu três dias depois…

“O Intenso” – Parte 8

O Lado B da História

Parte 2

Querido diário,

Chegamos a continuação tão esperada, que rendeu 18 páginas do Word! Acho que nunca escrevi tanto numa tacada só! Peguem a pipoca e venham se horrororizar comigo.

Cheguei na casa dele quinta a noite e fui recebida da melhor maneira possível. Quando nos abraçamos no elevador, pude sentir uma onda forte de energia atravessando o nosso corpo, uma sensação muito intensa. Logo que entramos no seu apartamento, ele já partiu pra sedução, me encostando na parede, muitos beijos e amassos, desceu para me chupar, ele estava muito dedicado. Sempre que a gente brigava e depois transava, as transas eram ainda mais intensas, como se o medo da perda intensificasse ainda mais aquela oxitocina. E toda aquela devoção sexual que me demonstrava, enquanto me agradava, me fez sentir poderosa, como se nada pudesse separar a gente, porque juntos éramos imbatíveis. Tivemos um sexo selvagem delicioso com ele me pegando de quatro, uma de nossas melhores transas. Ficamos de grudinho pelo resto da noite, foi maravilhoso.

Para aquele fim de semana, ele tinha combinado um jantar na casa dele com um casal de amigos, para que eu fosse oficialmente apresentada. Seriam as primeiras pessoas que eu conheceria do lado dele. Enquanto o sábado não chegava, sexta ele conseguiu se liberar do trabalho e ficamos de preguicinha no sofá, até jogamos vídeo game, um jogo que eu adorei, chamado Death Stranding, foi alucinante jogar chapadinha, altas brisas e reflexões.

Mais tarde, enquanto eu escrevia em seu MacBook, subiu uma mensagem de um amigo dele, e só então percebi que o WhatsApp estava conectado. Eu, inocentemente, comentei com ele sobre a mensagem de seu amigo e foi então que ele também se lembrou que estava logado no computador. 

– Ahh você viu aí? – E veio, como quem não quer nada, tentar deslogar. 

– Tá tudo bem, pode deixar. – Falei numa boa, sem qualquer intenção de espionar. 

– Não ia deslogar não, só ia desativar a notificação pra não te desconcentrar. 

Sei. 

Daí ele acabou cochilando no sofá e eu segui no meu processo criativo, naquele dia eu escrevia sobre a Parte 4, contando de quando fomos na Hot Bar (pra vocês terem uma ideia da linha do tempo de como as postagens aqui estão atrasadas em relação aos acontecimentos em tempo real). 

Quando me dei conta que ele tinha dormido, me ocorreu o pensamento de dar uma espiada no WhatsApp dele. Juro pra vocês que eu pensei em olhar mais por curiosidade boba, não que eu esperasse encontrar algo de fato, afinal, ele sempre se mostrava muito apaixonado, mas já que estava ali, pensei: “por que não?” 

Curioso que, ao mesmo tempo em que eu não esperava encontrar nada incriminador, uma vozinha na minha cabeça disse “termina de escrever primeiro pra depois olhar, porque se você encontrar algo que não gostar, vai estragar todo o seu processo de criação”. E assim o fiz, curiosa, porém focada, terminei de escrever toda a postagem e então, como ele ainda estava dormindo, fui espiar o seu WhatsApp.

Logo a primeira mensagem que constava, silenciada, nem arquivada estava, era de uma tal de Maristela, uma conversinha fiada entre eles, que se iniciou na quarta-feira. 

*

Recapitulando os acontecimentos da postagem anterior:

Segunda: ele viu minha participação no Achismos e nos desentendemos. 

Terça: ficamos o dia inteiro sem nos falar e nos reconciliamos somente a noite, porque EU fui atrás. 

Quarta: estávamos bem, mas tivemos aquela leve DR, sobre o que rolou segunda e terça. 

Ou seja, ele deve ter baixado o aplicativo na terça, que não estávamos nos falando, e na quarta, mesmo estando bem comigo, migrou a conversa com a menina para o WhatsApp.

Aquilo me deixou devastada. 

*

– Bom dia Dra. Maristela, tudo bem? Aqui é o *Filho da Puta Cretino*… você me passou seu whatsapp à pouco… me contou também que está de mudança para Campinas (o que me deixou bem animado inclusive)…

BEM ANIMADO???!

– Sei como é corrido esse processo de mudança… então fica tranquila, responda só quando realmente puder. Gostaria também de me colocar à disposição se você precisar de qualquer coisa nesse processo… (não sei se já tem alguma rede de apoio aqui em Campinas, mas conte comigo para o que precisar.)

NOSSA COMO ELE É TODO SOLIDÁRIO COM UMA ESTRANHA, NÃO?!!

– Obrigada pela empatia e disponibilidade! Vc é mt educado e gentil. – Tadinha dela, mal sabia a grande cilada que era esse estranho “gentil e educado”.

Aí, em outro ponto da conversa em que ela perguntava o que ele fazia, lá veio ele, vendendo seu peixe de homem bem-sucedido:

– Mari… já trabalho há 25 anos com TI. Hoje sou Diretor de Tecnologia de uma farmacêutica Suíça e também tenho minha empresa de tecnologia. Mas só comento quando me perguntam, pra não parecer presunçoso. Não sei o que buscava no APP… mas olhando seu perfil acho que me identifico muito com você… Pelo menos a mim, me dediquei tanto ao trabalho, carreira, que esqueci da vida pessoal… E hoje estou num momento de conhecer pessoas… e quem sabe não rola uma conexão…

OI??????? E O QUE ELE ESTAVA FAZENDO COMIGO ENTÃO?!

Daí a moça contou algumas coisas da vida dela, e lá veio ele de novo:

– Quando você diz que pessoalmente me explica melhor, você está indiretamente me iludindo que vai aceitar tomar um café ou um drink comigo hahahahahaha.

Nossa, tô morrendo de rir. 😒

– Eu estou no APP há poucos dias… e sinceramente, não é qualquer perfil que me despertou interesse. Confesso também que paguei o APP só pra te mandar mensagem.

A MESMA COISA QUE ELE TINHA FALADO PRA MIM, QUANDO DEMOS MATCH NO APLICATIVO!! QUE ELE TINHA PAGADO PRA FALAR PRIMEIRO COMIGO. AFF.

– Eu instalei esses dias tbm… jura? Hahahaha que fofo!

Quando ele veio com essa pra cima de mim, eu falei: “Mas eu que te mandei msg primeiro, que estranho”.

– Não me julgue… mas quando vi pensei: “Eu preciso conhecer melhor essa mulher”. Inteligência me atrai e você exala isso em seu perfil.

OS MESMOS XAVECOS QUE ELE DISSE PRA MIM, SOBRE EU EXALAR INTELIGÊNCIA E BLÁ BLÁ BLÁ.

– Eu também moro sozinho aqui. Comprei meu apê tem 8 anos. Mas quase não saio… muita correria de trabalho.

Qual a necessidade de falar que tinha apartamento próprio? Mostrar pra ela que tinha recursos a oferecer para a pobre donzela que estava vindo morar de aluguel em Campinas?

Em outro ponto da conversa, ela revelou que tinha 33 anos e ele respondeu:

– Meu Deus, uma criança. Quase pedofilia eu falar com você.

Que nojento isso. Ele tinha 39, nem era tanta diferença assim.

Daí a moça mandou um textão contando mais coisas da trajetória profissional dela, que ele só respondeu com “Estou boquiaberto” e então lá vinha ele se exibindo de novo:

– Tem algo que eu possa fazer para te ajudar nesse lance da mudança? Algum apoio logístico? (Tenho um carro bem grande, caso você precise carregar algumas caixas frágeis).

Apartamento próprio, carro grande, Diretor de TI, o macho alfa gostava de exibir as suas conquistas.

Ela agradeceu, disse que não precisava, mas que se precisasse gritava ele.

– Perfeito. Ficarei de plantão então.

Como é solícito, não?! 😒

– Você que é muito educada em me responder, um cara que você não conhece, que te abordou em um aplicativo.

– Somos mto educados e gentis! E legais… hahaha. – Ela estava animada.

– Hahahahah uma combinação perfeita pra um date legal. Vc preferiria um café ou drink? – Lá vinha ele atacante. – E se em algum momento eu for chato ou inconveniente, me fale por favor rs… eu tenho um senso de humor mais ácido e irônico… mas adoro fazer rir.

Daí ela soltou alguns elogios a ele:

– Me parece ser meio nerd tbm… hahahahaha adorei!

– Eu sou! E acredita que sou subjugado por isso? As mulheres tem preconceito…

– E quero falar com vc das pesquisas de uma pós sobre docência na saúde e IA… kkkkk

– Estou fazendo meu MBA exatamente em IA hahahahahahahahahahah

Não achei nada engraçado.

Ela reagiu com palminhas.

– Posso te propor algo? – Ele atacou novamente. – Eu gostaria de te levar pra jantar em um lugar que é muito especial pra mim aqui em Campinas. Acredito que você ainda não conhece.

Tenho certeza que ele ia levar ela no ELIXIR, o mesmo restaurante que me levou, é um lugar muito chique e lindo, perfeito pra impressionar alguém.

Preciso salientar que NUNCA na minha vida eu tinha passado por uma situação dessa. Só tive três namorados e nunca peguei qualquer traição, sequer desconfiei de alguma coisa. Vivenciar algo sim é a pior experiência para uma mulher. Quando o homem se depara com uma traição, imagino que está mais afetado pela questão do ego, preocupado se o pau do outro é maior, se fez a mulher dele gozar mais do que ele, mas pra mulher isso pega muito no lado sentimental da coisa. “Ele não me ama mais”, “Ele não me deseja mais”, “Ele não me vê mais como a mulher da vida dele”. A gente não está nem aí se a outra beija melhor ou transa melhor, questões sentimentais causam muito mais estrago do que uma mera comparação sexual.

Eu conseguia ouvir e sentir o meu coração batendo. Uma sensação muito estranha, como se eu tivesse em perigo. Minhas mãos tremiam e suavam. Me senti dentro de um pesadelo. O cara que eu tinha idealizado pra ter um relacionamento sincero e profundo não estava mais me vendo com a mesma importância, e o pior, flertava exatamente igual flertou um dia comigo. Eu era só mais uma, assim como ela.

Tirei fotos, fiquei lendo e relendo, me torturando repetidamente.

Em algum momento ele despertou e eu quase não consegui voltar com a tela para o word. Falei que tinha mexido em outras telas pra enviar para o meu e-mail (coisa que eu tinha feito mesmo) e emendei que ia tomar banho. E tudo isso foi dito com MUITA dificuldade, era como se eu tivesse desaprendido a falar, as palavras quase não saíram, mal olhei na cara dele enquanto falava.

Me tranquei no banheiro e devo ter ficado uma hora lá. Entrei no banho e chorei demais no chuveiro. Como doía. “E agora? O que eu faço?” Eu não sabia o que fazer. Eu não conseguia simplesmente terminar e ir embora, eu ainda gostava muito dele e não conseguia virar a chavinha rápido desse jeito. Me senti extremamente impotente. Tivemos uma tarde tão gostosa, por que aquilo tinha que ter acontecido?

Disparei mensagens e prints para todos os meus amigos, quem me respondesse primeiro seria meu ponto de apoio naquele momento:

A razão dizia: “VAI EMBORA AGORA!”, mas já o coração: “Você gosta tanto dele, poxa…” Acabei pedindo ajuda pro ChatGPT também. Fiz um breve resumo da situação e pedi pra me ajudar a estruturar uma conversa, eu não tinha o menor discernimento pra isso naquele momento:

Um ano depois, criei forças para sair do banheiro. Fui para o quarto de hóspedes e ele estranhou que não voltei pra sala, me chamou, vendo que eu não respondia, veio até mim. Estampava uma fisionomia preocupada, me perguntou o que estava acontecendo e desatei a chorar, igual uma retardada. Não consegui trazer nenhuma fúria pra xingar ele, pelo contrário, parecia que eu tinha levado uma surra. Ainda fiquei com a sensação de que ele começou a ficar impaciente com o meu drama. Mais preocupada por estar lhe causando alguma irritação do que por estar pronta pra falar de fato, entre soluços e frases, fui falando o que o chat tinha estruturado.

Como a minha amiga tinha previsto, ele jogou a culpa em mim, disse que foi um ato desesperado pelo que viu sobre mim no Achismos e em nenhum momento demonstrou qualquer arrependimento ou pediu desculpas, como se os seus motivos justificassem tal ato. Eu queria vê-lo se rastejando, implorando pelo meu perdão, mas isso não aconteceu e a minha decisão de perdoar teria que se dar por mim mesma e não por ele estar se esforçando muito pra me convencer disso. O que é ainda pior. Eu já tinha idealizado tanta coisa com ele, os seus amigos que eu conheceria na noite seguinte, a viagem para Ilhabela, que já estava fechada para aquele mês, fora as outras muitas lembranças dos momentos bons que eu não conseguia simplesmente jogar no lixo. Fiquei um tempão ali chorando, após me trazer as suas justificativas, se vitimizando, como se ele tivesse sido obrigado a tomar tais atitudes.

– Eu estava tentando achar um relacionamento normal. Você sabe como é difícil pra mim lidar com o seu trabalho. Eu te falei que depois que vi o Achismos eu dei uma desanimada.

– Mas a gente já tinha se entendido! E mesmo assim você tava marcando encontro com ela!

– Eu não iria no encontro.

– Claro que iria!

– Não iria. Eu iria acabar desmarcando porque já estaria bem com você.

Enfim, chorei, chorei, chorei, até que em algum momento, quando eu já não tinha mais energia nenhuma, ele me abraçou e fomos para a cama.

O sexo foi delicioso.

Ainda mais intenso.

No dia seguinte acordei encucada. Ele ainda dormia e eu já com meus dois olhões estalados olhando para o teto, pensando mil coisas. Peguei meu celular, baixei o Bumble e fiquei passando os perfis pra ver se aparecia o dele.

E apareceu.

BUSCO:

  • Um relacionamento sério
  • Encontros divertidos e casuais
  • Transparência
  • Alegria
  • Inteligência Emocional

O cara que enganava buscava transparência e inteligência emocional, que irônico e contraditório.

Quando perguntei na noite anterior se ele ainda estava no aplicativo, ele mentiu que tinha usado o Happen e Badoo, que já tinha desinstalado, sendo que ele nem usa esses outros. Ele achou que eu não me lembraria que demos match no Bumble?

Vendo que ele mentiu também sobre isso, duvidei que ele cortaria o contato com ela (apesar de tê-lo feito apagar e bloquear o número) e eu mesma mandei uma mensagem para ela do meu celular, 7 e pouco da manhã.

– Olá Maristela, tudo bem? Aqui é a ******, namorada do *****, que você deu match no Bumble. Vi umas conversas de vocês no whatsapp dele e vim te avisar que ele é comprometido. Comprometido e muito inseguro pra em qualquer briga nossa, baixar o aplicativo para firmar o seu ego. É muito chato que ele tenha te envolvido.

Ela nem me respondeu e as duas últimas mensagens sequer entregaram, ela devia estar online e quando viu eu dizendo que era namorada de alguém já deve ter bloqueado pra evitar de ler algum desaforo. Pois bem, enviei por torpedo, fazia questão que ela lesse as características nada atrativas dele.

Quando ele acordou, o confrontei sobre ainda estar no Bumble e o fiz deletar a conta na minha frente. Até então ele só tinha deletado o aplicativo, se fez de sonso. Depois fui tomar meu banho e quando o reencontrei na sala, ele estava com uma cara estranha.

– Você mandou alguma coisa pra menina? – Ele perguntou.

– Por que você tá perguntando isso?

– Ela mandou mensagem falando umas groselhas e me bloqueou.

– Então você não bloqueou ela e não apagou o contato quando te pedi fazer isso?! É ISSO MESMO?!

Fiquei muito nervosa.

– Claro que sim, eu fiz na sua frente.

– O que você fez na minha frente foi do Instagram. Então você não tinha bloqueado ela no whatsapp, mesmo eu te pedindo pra fazer isso???!!!!!

– Achei que tivesse feito, fiz na sua frente.

– EU JÁ FALEI QUE O QUE VOCÊ FEZ NA MINHA FRENTE FOI DO INSTAGRAM! COMO QUE ELA TE MANDOU MENSAGEM ENTÃO, SE VOCÊ TIVESSE FEITO?!

– Mas você mandou alguma coisa pra ela?

– POR QUE VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM O QUE ELA ESTÁ PENSANDO, SENDO QUE EU TE PEDI PRA FAZER UMA COISA E VOCÊ NÃO FEZ?!!! VOCÊ ESTÁ CHATEADO POR QUE EU TE QUEIMEI COM ELA?! É ISSO MESMO QUE EU TÔ ENTENDENDO?!

– Não estou preocupado com isso, mas não acho bacana você envolver outra pessoa.

– VOCÊ JÁ ENVOLVEU QUANDO BAIXOU O APLICATIVO!!

A fúria que eu não estava no dia anterior, veio pela manhã.

– AGORA EU ACHO O CÚMULO, DEPOIS DE TUDO QUE EU PASSEI, VOCÊ ESTAR MAIS PREOCUPADO COM ELA SABER QUE VOCÊ TEM NAMORADA, DO QUE FAZER ALGO QUE EU TINHA TE PEDIDO!!!! Como eu vou ter confiança em você desse jeito?!

Daí, para resolver aquela situação, ele disse que a partir dali eu teria a senha do celular dele, que a hora que eu quisesse eu poderia ver, que ele não tinha nada para esconder de mim. Me pareceu razoável. Nos entendemos.

*

No carro, enquanto íamos para algum restaurante almoçar, ele reforçou que eu poderia olhar o que eu quisesse no whatsapp dele e até me passou seu celular, para eu testar a senha. Daí perguntei se essa transparência se aplicava ao Instagram também, já abrindo o aplicativo e quando comecei a ver que ainda estava lá a conversa que ele teve com ela, ele delicadamente pegou o celular de volta e disse que antes precisaria apagar umas coisas “antigas”. Depois, já na mesa do restaurante, com o clima mais leve, ele reconheceu que eu era muito esperta, num tom do tipo “já me liguei que você é ligeira”, ao que eu respondia “não vem ser cafajeste comigo não, que eu descubro as coisas”.

A noite foi agradável, veio o casal de amigos dele, mas confesso que, lá no fundo, fiquei com a sensação de que o jantar não era para me apresentar de fato, e sim apenas uma social que ele estava fazendo com tais amigos, porque vieram o casal, a sogra do casal e os dois filhos adolescentes. Talvez tenha sido impressão minha. De qualquer forma, foi uma noite muito gostosa. Ele e o rapaz ficaram a maior parte do tempo na cozinha, cozinhando pra gente, enquanto eu, a esposa e a sogra conversávamos em outro cômodo, na mesa de jantar, super entrosadas, e os adolescentes jogavam vídeo game na sala.

*

No dia seguinte tivemos uma nova briga, pelo mesmo motivo, chamado Maristela. Saímos para jantar a noite e quando estávamos voltando para o carro, andando pelo estacionamento do shopping, em algum ponto da conversa que estávamos tendo, ele me acusou de ter mentido pra ele.

– Eu menti pra você?

– Sim.

– Sobre o que?

– Você sabe.

– Não, não sei. Do que você tá falando?

– Você mentiu que não mandou nada pra menina.

– Eu não estou acreditando que você tá voltando nisso de novo.

Cara, ele que era o errado da história, e ficava querendo reverter a situação a todo momento!!

– Então me fala quais as informações que você tem, que eu te falo das minhas. – Encurralei.

– Ela me ligou pra me esculhambar, e contou que você tinha ligado pra ela falando as coisas.

– Eu não liguei pra ninguém.

– Para de mentir.

– Você tá acreditando mais na palavra de uma estranha do que em mim?! Se eu tô falando que eu não liguei, é porque eu não liguei!

– O que você fez então?

– Eu mandei uma mensagem, falando que vi a conversa de vocês e que achava bacana ela saber que você é comprometido. – Omiti a parte dele ser um inseguro, que buscava afirmar o ego. – Agora eu não tô acreditando que você está voltando nessa história, porque ainda está preocupado com o que eu falei pra ela. Que que é?! Você não queria que eu te queimasse com ela? É isso?! Por que, afinal, você não deletou e bloqueou o contato dela coisa nenhuma, daí quando ela te mandasse mensagem durante a semana você ia fingir que nada tinha acontecido, não é?!

– Você que está fazendo conjecturas.

– É exatamente isso que está acontecendo! Você está mais preocupado com o que uma pessoa que você nem conhece está pensando a seu respeito, do que ficar bem comigo!!

Quando chegamos na sua garagem, desci do carro para que ele estacionasse na vaga encostada no pilar e nem o esperei para subir para o apartamento. Fui na frente, já sabia a senha da porta e fui para o quarto arrumar as minhas coisas, aquilo já era demais pra mim.

Quando ele chegou no apartamento, se assustou comigo arrumando as coisas e perguntou o que eu estava fazendo.

– Estou arrumando minhas coisas pra ir embora. Ridículo o que você está fazendo.

– Eu não estou fazendo nada, só te perguntei se você tinha mandado algo pra ela.

– O QUE INTERESSA SE EU MANDEI OU NÃO?! VOCÊ TINHA QUE ESTAR MAIS PREOCUPADO COM O MEU BEM-ESTAR E NÃO COM O QUE ELA ESTÁ PENSANDO DE VOCÊ! – Seu narcisista do caralho! (Essa sou eu pensando agora enquanto escrevo, naquela situação eu ainda não tinha percepção disso.)

Quando eu estava prestes a ir embora, indo com a minha mala de carrinho já em direção a porta, ele fez sua última tentativa:

– Se você for embora, você sabe o que isso significa, né?

– Que eu quero ir embora.

– Não.

– Significa o que então? Que acabou?

– Sim.

– É isso que você quer?

– Não.

– Você não tá demonstrando nem um pouco que quer que eu fique.

– O que você quer que eu diga?

– Que você reconheça o seu erro e pare de querer reverter a situação. Você que me traiu marcando de sair com outra pessoa e ainda vem reclamar de eu ter mandado algo pra menina. Coloca a mão na consciência!!

Daí ele baixou a guarda, com muito custo, e por fim me chamou para deitar no sofá com ele. Novamente a transa foi deliciosa. Ele lambeu todo o meu rosto, uma preliminar diferente, coisa que ele nunca tinha feito. Quando acabou, adormecemos ali mesmo.

*

Durante a semana seguinte, tivemos uma outra briga feia, lá pra quarta-feira, novamente envolvendo o meu trabalho.

No fim de semana tínhamos trocado algumas mensagens com um “amigo” dele, sobre fazermos um ménage. Aquele tal amigo que subiu a notificação de mensagem quando eu estava escrevendo no computador. O Intenso voltou nessa conversa. Eu estava aguardando no Delboni pra fazer alguns exames ginecológicos de rotina e ele aproveitou o gancho de algo que eu disse, já que eu estava aguardando pra fazer o exame do PH vaginal.

– Esse aí eu te chupo e falo fácil o resultado.

– Ela é ácida?

– Não. Docinha. Por isso eu saberei se o PH estiver ácido.

– Você falando de me chupar eu já fico excitada.

– Nem me fale. Hoje meu amigo me chamou de novo. Disse que ontem ficou muito excitado com a nossa conversa. Falei pra ele que depois que paramos de conversar você gozou duas vezes. Ele enlouqueceu. Falei pra ele que saímos pra jantar e vc me mandou foto da ppka quando foi no banheiro. Ele ficou doido. 

– Vc mandou a foto pra ele?

– Mandei. (Não aparecia seu rosto)

E daí ele trouxe um print da reação do cara, elogiando a minha pepeka, dizendo que era linda. 

Aquilo não bateu legal pra mim. Eu estava aguardando pra fazer um exame médico, não estava no clima e me senti desvalorizada, com meu próprio namorado me oferecendo pra um amigo. Enviando uma foto que eu tirei PRA ELE, sem a minha autorização, para outra pessoa. 

Naquele momento eu refleti um pouco: “Será que estou sendo chata?”, “Será que deixo isso pra lá e sigo o bonde?”. Mas aí eu não estaria sendo sincera comigo mesma. E não seria justo eu invalidar o meu próprio sentimento, apenas para não me indispor com ele. 

– Não sei se me sinto confortável com isso. Uma coisa é estarmos juntos durante tal conversa. Outra coisa é você, secretamente, ficar trocando putaria com seu amigo e enviando nude meu. Fico com a sensação de que sou um mero objeto sexual pra você ficar me “compartilhando” assim com seus amigos. Ainda mais um amigo que vc sequer tem tanta proximidade e que reapareceu de repente.

Coerente, não?

– Entendo. Me desculpe por isso. Não acontecerá novamente.

– Obrigada por entender. 

– Ficou bem claro.

De repente ele pareceu ressentido. 

– Vou corrigir, obrigada por compreender. Que estava entendível eu sei, mas a compreensão é de acordo com a sensibilidade do outro.

– Eu entendo, mas não compreendo. Você vende fotos e vídeos no Only, mas se irritou pq eu compartilhei uma foto sua, que não mostra seu rosto, com um cara que estávamos conversando aquele dia. But….

– Não é pq sou uma criadora de conteúdo adulto, que me agrada o meu namorado ficar enviando nude meu, sem a minha prévia autorização, pra uma pessoa que eu sequer conheço. Você disse bem, estávamos conversando *aquele dia*. A continuidade dessa conversa não se deu comigo junto.

– 👍🏻

– Vejo que falta muita sensibilidade em você, quando digo algo que me desagradou. Você faz parecer que eu sou a errada por ter achado ruim.

– De jeito nenhum, só achei hipocrisia. Vc tem fotos mostrando a buceta no seu blog, no seu twitter, e fica brava pq eu mandei uma. Não faz sentido pra mim. Tenho pra mim que não foi isso que incomodou. Se não gosta de se expor, não se deixe exposta como faz.

– O problema não é a minha exposição, é você trocar putaria com seu amigo, sem me incluir na brincadeira e usar foto minha pra alimentar a conversa de vocês. Além da falta de cumplicidade, me faz sentir um mero objeto sexual. As fotos postadas foram feitas por mim. Logo, eu posso fazer o que bem entender com elas. Agora você enviar uma foto minha, que enviei a você num momento íntimo nosso, pra uma terceira pessoa, sem a minha prévia autorização, não acho bacana.

– Está correta. Pode fazer o que bem entender mesmo.

– Você poderia ter compartilhado comigo a mensagem que ele mandou e irmos decidindo juntos se mandaria a minha foto ou não. Me senti excluída. Excluída, porém, a punheta dele foi as minhas custas. A Sara vive disso, quem tá no meu Only e viu a foto, tá pagando pra isso. A ******, namorada do ******, não. Você sempre fala da importância de separar uma da outra, mas quando é pra sua conveniência, você fala das duas como se fossem uma coisa só. 

Continuei imbatível:

– E você ainda nem teve a delicadeza de enviar como visualização única. Fez questão de deixar lá no banco de imagens da conversa de vocês.

– Eu excluí para os dois… não se preocupe.

– Pq eu reclamei, não pq vc teve essa sensibilidade. 

Daí voltei na parte da conversa em que eu dizia sobre a falta de cumplicidade, resgatando sobre me fazer sentir um mero objeto sexual:

– É isso que eu sou pra você?

– Se vc fosse um simples objeto sexual, eu pagaria pra transar com vc, igual seus clientes fazem. Depois, te daria tchau.

– Que resposta mais cruel. Ao invés de você trazer coisas positivas da nossa relação ou a meu respeito, você me traz isso, afinal, pra que vc pagaria, se você já tem de graça?

– Você quem está dizendo.

– E vejo que você nem se esforça pra me convencer do contrário mais. Claro sinal de que você já não se importa mais com a nossa relação.

– Você me dá uma liberdade, e depois me tira… Depois de hoje eu sinto que tenho zero liberdade com você… E tá tudo bem.

Sempre é sobre ele. 

– Talvez se isso viesse à tona em outro momento, sem os últimos acontecimentos, eu poderia ter recebido de uma outra forma.

– Talvez. 

– Sabe qual a minha análise de tudo isso? Você me usou pra deixar o cara excitado, igual aquele cara da natação usou a própria noiva pra excitar você. Você tá fazendo isso por você, e não por nós.

*

Vamos a um rápido adendo: Essa história da natação foi a primeira vez que ele me trouxe sobre o contato dele com outro homem. Disse que tinha sofrido um “abuso” de um cara que fazia natação com ele. Eles estavam tomando banho no vestiário, que lá não tem divisórias, e que o cara começou a falar da noiva, coisas do tipo: “Nossa você viu como ela tava gostosa hoje?”, “Sabe aqueles dias que a gente tá com muito tesão? Hoje eu tô assim, cara, quando chegar em casa vou fazer um estrago nela.” Daí o Intenso começou a ficar excitado com a descrição do cara e se virou de costas para o outro não perceber que ele se excitou com a noiva dele, mas quando se virou de volta, de repente o cara estava na frente dele e começou a masturbá-lo. 😮

Diz o Intenso que ficou completamente sem ação, que devido ao choque ficou paralisado, enquanto o cara continuava o masturbando. Ainda assim, como a ereção é estímulo, ele continuou excitado e estava quase gozando. Só não foram até o final, porque em algum momento alguém entrou no banheiro, e o cara voltou para o seu chuveiro. 

Depois desse ocorrido, o Intenso evitou de ir à natação por algumas semanas, até que retornou com a rotina, porém em horários diferentes, de modo que não cruzasse mais com o cara no banheiro. No entanto, disse que a partir desse ocorrido, lhe despertou uma curiosidade pelo masculino. 

Eu nunca fiquei, muito menos me relacionei, com caras bissexuais antes (pelo menos, não que eu saiba), mas, quando ele me contou essa situação no terceiro encontro, por vir dele, alguém que eu já estava gostando, procurei abrir minha mente.

*

Agora voltando ao momento atual do post, tive a percepção de que ele estava querendo seduzir o “amigo”, me usando como isca.

– Você não me incluiu na conversa em tempo real, não pq foi “algo pontual”, como você disse, pois deu pra ver que conversaram bastante pra você ter tempo de contar da quantidade de vezes que gozei e da nossa noite no restaurante. Você não me incluiu na brincadeira pq você queria ter essa troca com ele sozinho. – Continuei.

– Chegamos em um ponto onde começamos a puxar coisas do passado e trazer pra nosso relacionamento. Vieses antigos. Assim como vc fez agora. Vc tem dimensão do que vc acabou de dizer? – Ele se defendeu.

Não continuei mais a conversa e meia hora depois falei que não estava bem, pedindo para falarmos em ligação. A chamada durou mais de 1h. Falamos sobre o ocorrido novamente e percebi um clima hostil, ele ainda parecia ressentido por eu não ter embarcado no barato dele. 

Na manhã seguinte, quando eu estava recapitulando a nossa programação do fim de semana (ele tinha comprado ingressos para irmos assistir um espetáculo), ele me solta essa:

– Acho que não vai rolar.

– Como assim?

– Eu não vou praí esse final de semana. Chama o Denis, vai com ele. Vou ficar em casa, descansando minha mente e refletindo. Nossa conversa de ontem à noite contribuiu muito pra essa decisão. Preciso de um tempo pra mim.

– Que parte exatamente da conversa?

– Toda nossa conversa à noite.

– Compreendo. O Denis começa a trabalhar no evento essa sexta. Eu gostaria muito de ir na peça com você, até pq, quando compramos, o intuito foi termos esse momento juntos.

– Eu sei que você sabe que é muito difícil pra mim já lidar com o seu trabalho… Imagina ainda com os surtos que andam ocorrendo… Só fica tudo mais difícil. É muita coisa pra eu lidar ao mesmo tempo… Eu estou ficando doente, estou ficando louco. Ontem pela primeira vez eu senti que perdi toda a liberdade com você. Não me sinto mais confortável em falar besteira, ou puxar algum papo mais quente… Me sinto extremamente limitado agora.

Sempre sobre ELE. Quando algo desagrada ele, zero sensibilidade para receber o que ME desagradou. 

A manipulação dele foi tanta, que quando vi eu estava ME DESCULPANDO pelo ocorrido do dia anterior. Me desculpando pelo surto que eu tive por ele me expor pra um estranho, sem o meu consentimento. Ele conseguia me fazer me sentir mal por não estar bem com ele, mesmo que eu estivesse com a razão.

E o desentendimento ganhou uma proporção gigantesca e exaustiva. Dessa questão voltamos pro lance dele com a menina, disso pro Achismos e lá veio ele com as manipulações e vitimizações dele:

– Quando vc sai pra trabalhar eu me sinto um lixo. Vamos parar de nos machucar. Eu não aguento mais isso. E de todas essas pessoas que pagam pra sair com vc, quantas delas aceitariam sair de graça, em troca assumir um relacionamento?

* Deixo aí a indagação para os meus leitores/seguidores nos comentários *

– Talvez pra gente se reconectar, seja necessário nos afastarmos primeiro. – Sentenciou.

Insisti um pouquinho mais, tentando fazê-lo mudar de ideia, mas ele foi irredutível, determinado a ficar “sozinho” naquele fim de semana. 

– Eu não quero ficar aqui falando coisas pra te ofender, mas não é só sobre o achismos, é sobre o trabalho, sobre os mais de mil homens, sobre o blog, sobre a Sara.  Cheguei no meu limite de exaustão com tudo isso. Esse final de semana não vou praí. Preciso cuidar de mim agora. De me organizar.

Eu tinha pegado o cara flertando com outra na semana anterior, ainda ficou afetado porque eu queimei seu filme com ela, agora ficava puto porque eu fui contra uma interação masculina as minhas custas e ainda me manipulava para que eu me sentisse culpada por tudo isso.

– Esse afastamento será somente por um final de semana ou por tempo indeterminado? – Perguntei.

– Não sei. Só sei que esse fds eu quero ficar comigo mesmo.

*

Ficamos sem nos falar por quase uma semana.

No sábado ele me removeu do Instagram, me parecendo que já tinha tomado uma decisão, o que achei estranho, como que ele já tinha refletido em apenas um dia? E terminaria assim sem um diálogo antes? Simplesmente me removendo? 

Domingo ele desativou a conta do Instagram e fiquei com a impressão de que estava querendo chamar a minha atenção, para que eu quebrasse o silêncio e fosse atrás (como eu sempre fazia). Mas me mantive firme, dando o tempo que ele queria.

Paralelamente, de domingo pra segunda, mergulhei nas pesquisas sobre o homem narcisista e fiquei impactada em como tudo encaixava!

O homem narcisista em relacionamentos costuma seguir um padrão bem característico: inicialmente encantador, mas depois profundamente destrutivo. Ele pode sentir atração, apego, dependência emocional ou até gostar genuinamente de algumas coisas na parceira, mas tudo isso normalmente está condicionado ao quanto ela supre as necessidades dele, e não a um interesse genuíno pelo bem-estar dela.

O Ciclo do Narcisista

  1. FASE DA IDEALIZAÇÃO

No começo, ele é intenso, encantador e sedutor. Faz a parceira se sentir única, especial, admirada — é o chamado love bombing.

  • Demonstra extrema atenção e interesse
  • Envia mensagens constantes, elogia e faz promessas de futuro
  • Espelha gostos, opiniões e desejos da mulher (para gerar conexão imediata)
  • Cria uma sensação de “alma gêmea”

Mas essa fase é estratégica, ele quer ganhar admiração, confiança e controle emocional rapidamente.

2. A FASE DA DESVALORIZAÇÃO

Assim que sente que “conquistou”, o comportamento muda.

  • Passa a criticar, ironizar e diminuir sutis traços da parceira
  • Alterna carinho com frieza e silêncio
  • Faz com que você se sinta culpada e confusa, duvidando de si mesma
  • Começa a testar limites emocionais, vendo até onde você aguenta

O objetivo é minar sua autoestima e reafirmar o poder dele sobre a relação.

3. FASE DO DESCARTE

Quando ele já extraiu o que queria (admiração, sexo, status, cuidados), ou quando a mulher começa a questioná-lo, não suprindo mais as suas necessidades, o narcisista descarrega e descarta.

  • Se afasta friamente, como se você nunca tivesse significado nada
  • Faz parecer que a culpa é 100% sua, mesmo que ele tenha causado os problemas
  • Se aproxima de outro alvo antes mesmo de terminar, muitas vezes já existe outra pessoa “no ponto”. O objetivo é sair no controle da situação, sem parecer fraco ou rejeitado.

Ele pode sumir completamente (silêncio total) ou exibir nas redes sociais uma vida feliz, nova parceira, conquistas, tudo para provocar em você um sentimento de perda, ciúme ou arrependimento. – Sempre que postava foto comigo nos stories, ele ficava repetidamente olhando as pessoas que tinham visualizado, provavelmente eu estava cumprindo esse papel, de causar ciúmes na vítima anterior que ele tivesse se afastado. – O descarte não é necessariamente definitivo, ele pode voltar depois tentando reabrir o ciclo com promessas e nostalgia.

4. A FASE DO RETORNO

Quando percebe que você está se afastando de vez ou seguindo em frente, ele reaparece. Podendo:

  • Vir de forma carinhosa (“sinto sua falta”), nostálgica (“lembra daquela viagem?”) ou até disfarçada de preocupação (“como você está?”)
  • O objetivo não é necessariamente voltar para amar, é testar se ainda tem acesso ao seu afeto, tempo e energia

5. A FASE DA REPETIÇÃO

Se você cede, ele volta ao ciclo inicial, com nova fase de idealização. Porém, essa “segunda volta” costuma ser mais curta e mais intensa em termos de manipulação, porque ele já sabe onde atacar sua autoestima.

  • Cada vez é pior
  • O encantamento dura menos, a desvalorização vem mais rápido, o dano é mais profundo.

Até que, um dia, você desperta e entende: o verdadeiro amor começa quando você corta o ciclo e escolhe a si mesma.

*

E isso é só uma fração do que pesquisei, fiquei HORAS estudando esse traço de personalidade, mergulhei muito mais fundo, fazendo mil questionamentos como, por exemplo: “O Narcisista nasce assim ou se torna com o tempo?”, “Eles nunca amam de verdade?”, “Por que o narcisista tem tanto ciúmes?”, “É possível deixar de ser um? Existe cura?”.

Eles não amam genuinamente, eles gostam de você, enquanto você oferece a validação que eles tanto precisam. Para existir amor precisaria haver empatia, algo que não existe no narcisista. (Isso explicava muito o fato de toda vez que a gente brigava –  por eu me defender dos seus ataques – ele não vir atrás, ou admitir qualquer culpa).

Eles nunca reconhecem que erraram, porque isso ameaçaria diretamente o núcleo mais frágil da sua personalidade: o ego inflado e a necessidade constante de se ver como perfeito, superior e irrepreensível. Assumir erros exigiria empatia e autorreflexão, duas coisas que o narcisista geralmente não tem desenvolvidas. Ele vê as relações como jogos de poder, não como trocas de afeto.

*

Aprendi que ele não era bom pra mim, nem pra ninguém. Essa concepção me ajudou na virada de chavinha, comecei a me sentir melhor, olhando para o seu afastamento como um grande livramento.

Mas…

Mesmo sabendo de tudo isso…

Infelizmente…

Ele me manipulou na fase 4 – a do retorno – e eu passei para a fase 5 – a da repetição.

Preparados para a segunda rodada?

“O Intenso” – Parte 7

O Lado B da História

Parte 1

Preparados para o maior plot twist da história?!

A primeira red flag ocorreu exatamente duas semanas depois que nos conhecemos. Numa noite de quinta-feira, por volta das 21h17, ele me chamou no whatsapp pra compartilhar como tinha sido sua sessão de terapia.

– E aí, como foi? Quer compartilhar?

– Sim. Você está ocupada?

– Agora podemos falar. – Respondi 40 minutos depois.

– Estava trabalhando?

– Não. Tô com visita em casa. – Respondi 14 minutos depois e ainda mandei a foto do meu amigo sentado no sofá.

– Outra hora a gente se fala. Boa noite. – Visivelmente aborrecido.

– Pq você tá fazendo isso?

– Eu te chamei faz mais de uma hora. Custava falar que estava com visita?

– Mas o Fulano é de casa, não tem problema não dar atenção pra ele. Só demorei pq tava distraída. Mas podemos falar sim, só tá rolando o desencontro de resposta.

– Não. Está rolando falta de atenção. Quando você estiver disponível pra dar atenção, aí a gente pode tentar conversar.

– Eu estou falando que estou disponível agora.

– Eu não queria falar com vc por palavras. Queria te ligar.

– Ele vai embora. Calma que vou me arrumar, pq já tava sem make rs.

– Eu estou indo dormir. Não se preocupe.

– Você ficou bravo?

– Faz duas horas que eu tô tentando falar com vc. Você não deu a mínima atenção. Nem pra falar que estava ocupada. Reveja suas mensagens. A mesma mulher que ontem falou pra mim que me daria todo o suporte.

*

Mas que suporte seria esse? Você deve estar se perguntando…

Preparados para uma GRANDE revelação?

Ao contrário do que pareceu em todas as outras partes já postadas, o Intenso não é cuckold. Na verdade, o que ele gosta é de participar. Ele curte o fato de eu transar com outros caras, desde que ele esteja presente, se divertindo junto. O que significa que ele nunca lidou bem com o meu trabalho. Ele tinha ciúmes, sentimento de posse e a minha liberdade e independência o incomodavam muito. Então eu tinha essa constante missão de fornecer um suporte emocional para as inseguranças dele.

Talvez pra você que está de fora seja óbvio a grande cilada que eu estava me metendo, mas quando você está por dentro da relação e muito envolvida pela pessoa, os sinais são interpretados como pequenos obstáculos, afinal, o amor nem sempre vem preparado, às vezes precisa ser lapidado.

*

– Entendo meu lindo. Vou te confessar que experimentamos aquele gummy e fiquei um pouco desnorteada. Entramos numas linhas de reflexões da vida, de modo que eu não conseguia me concentrar em algo externo. Não foi proposital, eu achei que te chamando eu conseguiria concentrar a brisa, mas um minuto que vc demorava parecia uma eternidade, e nisso eu me distraía de novo por aqui. Tudo isso pra dizer que não estou no meu normal, então não define que eu seja assim.

*

Essa tinha sido a primeira vez que comi uma bala de goma de maconha e quase passei mal de tão forte que bateu. Senti dificuldade pra respirar, tinha que puxar o ar com maior esforço, depois senti muito frio, e tudo isso sem transparecer para o meu amigo, preocupada em não estragar a brisa dele. E ainda tendo que lidar com a DR que se instaurava. 

*

– Não vou mendigar atenção. Quando vc estiver lúcida e entender que tinha uma pessoa do outro lado preocupado com vc, aí conversamos. Estou indo dormir.

Eu poderia tê-lo deixado ir dormir, acalmar os ânimos, mas quis mantê-lo na conversa e tentei reverter a situação:

– Não sei como te explicar o quanto esses momentos são importantes pra mim, pois é quando eu consigo me conectar com a minha sensibilidade. Pra mim, enquanto atriz, fazer isso me coloca num estado criativo que me traz insights de coisas que podem me ajudar no que eu preciso. Era nesse lugar que estávamos trocando, com um contando do seu insight pro outro. Eu tentei executar as duas tarefas e não desempenhei muito bem, peço desculpas. Eu realmente fiz um grande esforço pra conseguir me desconectar daqui e falar com você ao mesmo tempo, mas o meu espaço-tempo estava alterado. E aí, como foi na terapia?

– Era tão simples, era só ter avisado.

– Eu achei que conseguiria executar as duas tarefas normalmente. Sem necessidade de um aviso.

– Eu não quero conversar com vc em um estado que vc não está sendo você. O que eu tenho pra te falar é muito importante pra vc ler chapada. 

– Sou sempre eu em todos esses momentos, estou sempre em estado presente. E considerando que estou mais sensível, seria ainda mais intenso. 

– Se tem algo que vc não estava, era presente.

– Tô sentindo que do seu lado existe uma questão, e podemos conversar sobre isso depois.

– Sério mesmo que vc percebeu isso? Será que foi sua sensibilidade aflorada? A questão não é a brisa que vc está, é o fato de vc não ter dado a mínima importância nem pra avisar que estava com visitas. Assim eu não ficaria te mandando mensagens. É o tipo de comportamento que não condiz com as coisas que vc me falou ontem olhando em meus olhos. Esse comportamento bateu muito errado pra mim. Desculpe. Vc é uma pessoa incrível, e eu realmente desejo que encontre outra pessoa incrível como vc. Tenha certeza que a conexão que eu tive com vc, nunca irei me esquecer. Fique bem.

Ele estava terminando comigo porque não lhe dei atenção? Achei aquilo tão exagerado e bizarro!

– Entendo que pra você foi uma questão de etiqueta, o que realmente concordo. Não estou acostumada a esperar por uma mensagem. Fiquei desatenta. E lendo o restante da mensagem, quero acreditar que você não seja alguém que pega uma amostra e acredita que ele representa um todo. Deve estar cansado, falamos amanhã. Boa noite.

Resumindo, que não vou ficar aqui transcrevendo toda essa novela exaustiva, com muita dificuldade, após horas de conversa pelo WhatsApp, no dia seguinte, fomos nos entendendo, ou melhor, eu que fui me adaptando ao modus operandi dele.

Toda semana a gente brigava, sempre por assuntos relacionados ao meu trabalho. Mas quando estávamos juntos era tudo lindo, incrível e perfeito. Ele cozinhava pra mim, me levava para passear, jantar fora, viagens, o sexo era incrível, safado, carinhoso, ele era o homem perfeito… perfeito, se não tivesse esse lado B.

ACHISMOS

Na primeira semana de julho, quando saiu a minha participação no podcast do Maurício Meirelles, que inclusive, trago abaixo para quem ainda não viu essa preciosidade, a minha vida pessoal conflitava com a profissional visceralmente.

Só nos víamos aos finais de semana, mas durante os dias úteis ele sempre caçava algum motivo relacionado ao meu trabalho para brigarmos, fazendo com que eu ficasse tão perturbada, ao ponto de não conseguir trabalhar, produzir conteúdo, ou ficar feliz pela minha conquista de ter aparecido num podcast grande, de um comediante famoso, com o meu celular bombando de mensagens.

Fomos num show do James Blunt, em São Paulo, e ali eu tive um triste insight. Enquanto o cantor performava no palco e o Intenso me abraçava por trás, todo carinhoso, eu comecei a chorar, enquanto refletia sobre como era possível alguém estar feliz e infeliz ao mesmo tempo. Ele era tudo que eu pedi num homem, mas ao mesmo tempo ele detestava a Sara. Ou seja, ele odiava uma parte minha. Eu estava no auge da visibilidade e não podia externar essa minha alegria com ele, pois todas as vezes que eu compartilhava algo do meu trabalho, ele fechava a cara e o momento azedava. Mas porra, eu tava no canal do Maurício Meirelles!! Ele não podia ficar feliz por mim?!

Eu já previa que quando ele parasse para assistir o podcast, novamente brigaríamos, então pedi que tirasse um tempo para assistirmos juntos, afinal, eu estando presente seria melhor para contornar qualquer fala que ele não gostasse. Eu tinha gravado em 28 de abril e o conheci em 2 de maio, algumas falas tinham perdido a validade depois que me apaixonei por ele.

Daí, numa segunda, à noite, após termos passado um fim de semana maravilhoso juntos, lá foi ele repetir o seu padrão de caçar briga. Me mandou o link do vídeo no WhatsApp, demonstrando que ia começar a assistir naquele momento.

– Por iniciativa própria? – Questionei.

– Sim.

Daí, conforme ele foi assistindo, trazia algumas citações minhas na conversa.

– “Queria ter alguém que lidasse com isso pra que eu não parasse, eu quero ter as duas coisas”.

– Eu sabia que você ia falar desse trecho, rs. Queria ter as duas coisas pq é minha fonte de renda e não quero ser dependente de ngm. Lembre-se que eu vinha de um “casamento” que decidi sair por ficar falida. E não estava saindo com ngm pra estar apaixonada. 

Mas ele ignorou a minha justificativa e dali a pouco trouxe mais citações. E assim foi fazendo até que terminasse. E aí veio o silêncio. 

– Assistiu até o final? – Puxei assunto, em algum momento.

– Sim.

– Quer conversar sobre isso?

– Não estou certo disso. Não tenho muita coisa a dizer.

Dei uma insistida e aí ele soltou:

– Eu assisti a entrevista com duas visões. Uma sendo um espectador externo… como se não te conhecesse. E nessa visão, eu achei incrível. A forma como vc se portou. Toda elegante. Formidável mesmo… não poderia ter se saído melhor. Por outro lado, também olhei com as lentes de uma pessoa que pretendia ter um futuro a seu lado… e por essa lente, foi bem desanimador. 

Argumentei que na entrevista quem falava era a Sara, uma personagem, mas que na minha vida particular era com a ***** que ele deveria se preocupar, mas nada disso adiantou. 

– Algumas falas não é a profissional.

– Tipo quais?

– “Eu consigo envolver ele em uma atmosfera que ele vai acreditar que eu realmente gosto dele, e vários se apaixonaram”; – e ainda parafraseou uma outra do Maurício ou da psicóloga, falando de mim: – “Cada vez que ela faz, ela goza, e ela gosta”. Se eu não fosse seu ficante, com certeza seria seu fã.

– Eu acho interessante como quando te convém, você rebaixa o que nós temos. Então agora somos só ficantes?

– Que nome vc quer dar?

– Que nome estávamos dando, Fulano? O que tem demais nessas frases? Sim, eu envolvo o cliente numa atmosfera de fantasia. Te falei que os meus clientes são tranquilos, que gostam de conversar, me dar presentes, e eles fazem isso pq eles me imaginam como uma pessoa que realmente tem algum envolvimento que não seja o financeiro, pq eu atuo bem. Quem sai comigo não está buscando um buraco pra enfiar o pau. Ele quer alguém que saiba conversar, ouvir os problemas dele e demonstrar se importar com isso.

– Vc sabe que não precisa ficar me dando satisfação né?

– Precisar ninguém precisa de nada, mas quando um se importa com o outro e demonstra uma relevância pelo que está sendo construído, faz essas coisas.

– Vc tbm não me passa a segurança de um relacionamento sólido. Ainda mais quando fala.

– Quem estava falando era a Sara, não a ******.

– Então, foi incrível. Parabéns pelo seu trabalho.

– Você almoçou com a minha mãe ontem, fez altas declarações pra ela sobre o que sente por mim, pra no dia seguinte rebaixar o que temos a “ficantes” e dizer “alguém que *pretendia* ter um futuro com você”. – Reclamei. – Percebe que o que vc pega pra dizer que eu não te dou segurança de uma relação sólida, são falas minhas ditas quando ainda não nos conhecíamos? Já você me causa essa insegurança com falas suas do presente. O que é muito pior. Pq o que eu falei antes de você estar na minha vida, perdeu completamente a validade a partir do momento que me apaixonei por você. Já o que vc diz é atual, é válido, é no presente. E aí eu te pergunto: até o onde você realmente gosta de mim, se tudo é tão frágil pra você?

– A Sara tem o poder de quebrar toda a solidez que a gente tenta construir. Eu vou pra cama. 

– Não é a Sara que tem esse poder. É o seu ciúme e a sua insegurança.  A Sara só está fazendo o trabalho dela pra sobreviver. Foi graças a ela que pude sair da pobreza, conquistar uma moradia melhor pra mim e pra minha mãe. Inclusive foi graças a Sara que nos conhecemos, nossas vidas nunca se cruzariam se eu ainda morasse em Guarulhos. Nem sei o que seria da minha vida hoje, se eu não tivesse tomado esse caminho.

– Sim, concordo e respeito isso. Que bom que vc conseguiu tudo isso as custas da Sara. Vc tem mesmo que se orgulhar dela sim. Está cheia de razão. 

– Você provavelmente nem teria se interessado por mim se eu não tivesse toda essa bagagem. Antes de entrar nesse meio eu era cafona, menos inteligente e não tinha nada de requinte, sofisticação e elegância, que você tanto aprecia em mim hoje.

– Sim, possivelmente não. Aliás, eu tenho certeza que não. 

Daí ele voltou na questão que eu falava sobre ter dito tais falas no passado, quando ainda não o conhecia:

– Mesmo as coisas ditas no passado, ainda tem o poder de ecoar e ferir. Suas palavras irão ecoar pela eternidade, independente de com quem vc esteja. Suas entrevistas, seus textos…

– Palavras ditas no passado ecoam sim, mas também amadurecem com o tempo, assim como as pessoas que as disseram. Usar algo fora do seu tempo e contexto como argumento contra o que vivemos hoje é escolher olhar pro passado com mágoa, em vez de enxergar o presente com verdade. Eu não sou a mesma de antes e se você quiser caminhar comigo, vai precisar me ouvir com os ouvidos de agora, não com os ecos do que já passou.

– A Sara deixará um legado bom e ao mesmo tempo sombrio para a ******. São consequências das escolhas. Quantos clientes vc conquistou com essa entrevista?! (Não precisa responder, foi retórico.)

– A Sara terá sido uma personagem pública criada com coragem e propósito. Escolhi dar voz a uma realidade marginalizada, com a intenção de informar, empoderar e combater o preconceito. Se isso soa sombrio pra alguns, diz mais sobre o olhar de quem julga do que sobre as minhas escolhas. A ****** não é vítima desse legado, ela é autora dele.

– Tem toda razão. 

E ficamos 24h sem nos falar depois disso. 

No dia seguinte, à noite, eu acabei quebrando o silêncio:

– Por que você faz isso?

– Fazer o que exatamente? – Ele respondeu quase imediatamente, 7 min depois. 

– Ficar sem falar comigo.

– Eu simplesmente deixei de te encher o saco. Te deixei em paz.

– Eu não vejo isso como “me deixar em paz”, mas sim como me punir com silêncio. E isso pra mim não é sinal de amor, nem de maturidade emocional.

– Concordo em partes. Tenho muita maturidade emocional e não queria te punir com o silêncio, pq eu estaria punindo a mim mesmo. Olha, eu não vou mais conversar por mensagem ok?

– Quer falar em ligação?

– Se vc quiser falar, ok… mas por mensagem não vai rolar.

– E pq essa trava com trocas de mensagens, agora?

– Não é uma trava. Só quero evitar ruídos. Muitos ruídos ontem.

– Ok. Podemos falar agora?

– Tudo bem. 

A ligação durou 49 minutos. 

Nos entendemos e no dia seguinte ele estava todo amoroso, nem parecia que tinha rolado todo aquele estresse. Me chamava de amor, lindeza, todo feliz por naquele dia eu não ter cliente agendado, sabendo que a minha atenção seria toda pra ele. 

Mas essa paz durou pouco tempo. 

Ele percebeu que eu estava meio estranha.

E por que eu estava estranha, se tínhamos feito as pazes? Porque lá no fundo me incomodava a gente ter se entendido apenas por que EU fui atrás. E comecei a observar que sempre era assim. Sempre eu quebrando o silêncio e sendo a compreensiva com as inseguranças dele. Percebi também que por eu trabalhar com sexo, na visão dele, ele já estava fazendo muito em “me aceitar”, o eximindo de qualquer responsabilidade de reconciliação, mesmo quando ele que tinha sido um babaca. Ou seja, não importava o motivo, eu trabalhar com sexo já me deixava em desvantagem em qualquer discussão, na visão preconceituosa dele.

Imaginem o quanto era exaustivo tentar combater esse preconceito dentro do meu próprio relacionamento. Ele, mais do que ninguém, por me conhecer nos meus dois lados, que deveria ser o mais gentil com todo o contexto.

– Conversando com o Ricardo (meu Personal) hoje, sobre as nossas constantes brigas e etc, ele achou condizente me enviar um podcast que ele ouviu sobre casamento e tô ouvindo agora, enquanto faço as coisas aqui. Tô achando muito interessante, pois o casal entrevistado tbm brigava muito no começo. Vou te mandar, quando você tiver tranquilo, deixa tocando na sua casa, enquanto você faz suas coisas também:

– Então estava correto na minha percepção de você estar estranha. Blz… farei isso… Só é importante frisar o seguinte: nos meus relacionamentos anteriores eu NUNCA brigava… sou um cara MUITO MUITO tranquilo… eram raras as brigas… 

– Sim. Eu tbm não brigava nos meus anteriores, já mencionei isso com você, inclusive. E realmente você não é explosivo, nem nada, mas a sua frieza me preocupa as vezes.

– Minha frieza vem do meu afastamento quando eu fico chateado. Quando eu fico chateado, eu me afasto. No nosso caso é um cenário completamente diferente de outros casais comuns né. Temos que levar isso em consideração. Infelizmente não dá pra comparar nosso relacionamento com os demais.

– Brigas são brigas. Independente do motivo. Se está rolando desentendimentos é pq muitas coisas precisam ser trabalhadas na relação, independente se um dos lados trabalha com sexo ou é um caixa de supermercado.

– Sério que você encara dessa forma? É essa a comparação que você faz? Eu aceitar você trabalhar num caixa de mercado e aceitar vc transando com outros homens? Desculpe, não é assim. Só perguntar pro seu personal como ele se sentiria se fosse com ele.

– Ele disse que não conseguiria lidar, mas uma vez que tivesse aceitado, não se incomodaria com o que já foi acordado. 

– Talvez então eu não tenha aceitado isso, e nem consiga aceitar. É uma possibilidade também. Eu estou fazendo o possível pra conseguir aceitar. Se eu ver que não vou conseguir, e vou continuar te incomodando com isso, então terminamos. 

– Sua frieza me remete a desinteresse.

– Já observou como ficamos bem quando estamos juntos? Ali não há desinteresse, mas não é nada fácil pra mim. Me desgasta emocionalmente, me desgasta mentalmente e fisicamente. Eu tô passando por cima de muita coisa pra conseguir lidar com isso. Um olhar de quem está de fora, é muito fácil.

– O problema principal é o ciúmes. O que é muito contraditório, pq você tem tesão em me ver transando com outros homens.

– Já exploramos isso… uma coisa é eu estar com você, participando. Outra coisa é eu não estar. Veja suas falas no podcast… não tem como não sentir ciúmes. Não se sentir ameaçado. É natural. Mas eu vejo que vc está muito incomodada com essas brigas e obrigado por me trazer isso, principalmente antes de eu te apresentar para meus amigos. Mas entendo que você não é capaz de entender meu ciúmes e não o aceita também.

– Não estou incomodada, estou preocupada, sensibilizada. Pq ontem, apesar de termos nos entendido, ficou reverberando na minha cabeça algumas falas suas, quando eu te perguntei se você não ia me mandar mensagem e você disse que não, que ia ficar no silêncio pra sempre.

– Foi uma fala retórica. Você sabe que íamos conversar em algum momento. Eu disse que se acontecer de terminarmos, haverá um diálogo antes, não sou esse tipo de homem que simplesmente some, não vou te dar Ghosting. Da mesma forma que se em algum momento eu sentir que não tenho mais o suporte necessário do seu lado pra enfrentar isso, e me sentir sobrecarregado emocionalmente, eu vou chegar em vc e falar… e se for o caso, rompemos. 

– Não quero falas retóricas. Quero falas sinceras, com real sentimento. Sem joguinhos sentimentais. Você já sabe que eu sempre vou atrás e por isso se acomoda em demonstrar qualquer arrependimento quando brigamos.

– Vc sempre vem atrás pq em algumas vezes, a briga ocorre de seu lado… como os dias que vc deu crise de ciúmes também… E quando eu sei que vc sai pra trabalhar, eu fico me sentindo da mesma forma. Ou seja, que relacionamento é esse onde os dois ficam se sentindo mal? Era pra ser algo leve, feliz… É como se eu fosse feliz só às sextas, sábado e domingo, e o resto dos dias minha vida se torna um inferno. Também me dói quando vc minimiza o ciúme que eu sinto, pq eu gosto muito de você…. e você lida e defende seu trabalho, sempre minimizando o que estou sentindo.

– Mas desta vez a briga foi do seu lado. Você que foi atrás de assistir algo que claramente causaria algum conflito e quando me posicionei pra me defender, você me deixou de castigo como se eu fosse a errada. Sendo que ali foi apenas um conflito de valores, não tinha certo ou errado.

– Vc foi defender a Sara, enquanto eu estava machucado. Você não olhou para meu lado, não olhou para como eu estava me sentindo. Não me acolheu. Eu estava mal, machucado, chateado…E você ficou ali, me olhando sangrar no chão e defendendo aquela situação. Foi assim que me senti. – Um tanto dramático, não? – Talvez, devêssemos ter nos conhecido alguns anos pra frente, onde você não exerce mais esse trabalho e não surgiria esse tipo de briga. Seríamos o casal perfeito.

– Eu me ausento por no máximo duas horas. Duas. A primeira coisa que eu faço quando saio de um cliente é mandar msg pra você. Tudo que está ao meu alcance eu tô fazendo também. E seu ciúmes nem deveria ser um problema, meus clientes não te representam uma ameaça, você deveria confiar no meu sentimento por você.

– Não é por quanto tempo vc se ausenta, É  O QUE VC FAZ NESSAS DUAS HORAS. Como vc pode achar isso normal? Como vc pode achar que tem que ser normal um homem que te ame aceitar isso? É uma tortura psicológica sem tamanho. Eu não me sinto ameaçado por eles… a questão é o que vc faz. Vc sabe que sentiria ciúmes se me visse com outra mulher, fazendo o que eu faço com vc. Vc romantiza algo que não deve ser romantizado. Eu gosto de vc… e não é pouco não… mas definitivamente, não vou suportar ficar sentindo isso e quando sentir, ser tratado dessa forma por você… romantizando seu trabalho como se fosse algo “normal”, pq não é.

– Você disse “alguém que *pretendia* ter um futuro com você”. Jogou pro passado, logo, já não pretende mais. Também se referiu a nós como *ficantes*. Eu não vi um homem machucado nessas falas, vi alguém rebaixando o que tínhamos, como se eu não tivesse mais a mínima relevância pra você. Então me defendi. E foi isso que aconteceu.

– Vc entende isso? Entende que é muito dolorido pra mim pensar e saber exatamente o que vc está fazendo com outro homem? E não mesmo…vc não viu uma pessoa machucada, pq quando vc se sente atacada, vc chama a Sara pra te defender… e ela vem com unhas e dentes, sem olhar para o quanto o outro está machucado. E esse machucado é pq vc causou isso… eu não me machuquei sozinho… mas a Sara não olha pra isso, não aceita isso… acha que eu estou errado em me machucar… e isso me machuca mais ainda.

– Eu só gostaria de um pouco mais de resiliência do seu lado. Mais demonstração de afeto por mim, não só quando estamos juntos, mas tbm quando brigamos, vindo atrás, demonstrando interesse em continuar comigo. Você precisa parar de me atacar sempre que vc se sentir machucado. Pq quando você o fizer, é claro que vou me defender, pq ali eu não estarei vendo uma pessoa machucada e sim uma pessoa com raiva, me atacando. E eu não te causei esse machucado. Você foi atrás de ver o podcast por vontade própria. Estávamos bem, inclusive. Já tínhamos combinado de assistir juntos. Você furou o combinado e ainda ficou me atacando com citações minhas, sendo que aquilo foi gravado em 28 de abril, eu mesma te falei que tais falas tinham perdido a validade e você continuava me atacando, sem absorver as minhas explicações. Não sou saco de pancada.

– E vc continua sendo impositiva e na defensiva. Mesmo já tendo conversado a respeito. Eu tenho a impressão que depois da briga de ontem regredimos tudo que tínhamos avançado no relacionamento. Eu gostaria de um pouco mais de empatia do seu lado quando eu disser que estou mal pq vc saiu pra trabalhar.

– Eu já não faço isso? Mas veja que a nossa última briga não foi por eu ter ido atender, mas pq vc viu uma gravação de meses atrás e me atacou como se eu tivesse dito aquelas coisas ontem. 

– É natural. Já estávamos esperando uma reação negativa minha. Eu concordo e entendo que não devo me incomodar mais com coisas do passado. Nem com seus posts, nem com seus livros, nem com seus podcasts… Mas agora, pedir para eu não me incomodar com o fato de saber que você está na cama com outra pessoa, aí é pedir demais… É algo que eu ainda estou me adaptando, e estou tentando fazer de tudo pra minimizar o sofrimento que eu sinto. É um processo, e eu estou me esforçando muito pra conseguir suportar isso e aceitar. Então não me peça pra não ficar mal quando vc sai pra trabalhar.

– Eu nunca te pedi isso. Só estou pedindo pra não me atacar quando você tiver machucado.

– Trabalharei isso, ok?

– Pq esse tipo de atitude me machuca tbm e não estou te machucando de propósito.

– Se a gente continuar se machucando mutuamente, não vai fazer o menor sentido continuarmos juntos. Então eu prometo que do meu lado, vou olhar com mais atenção pra isso. Você não vai me ver mais falando do seu passado, ou reclamando de coisas que você disse ou escreveu no passado. 

– E o que mais eu poderia fazer, além do que já venho fazendo, que você gostaria e te passaria mais confiança?

– Esta é uma excelente pergunta.

– Não precisa me responder agora. Reflita com calma e se encontrar algo, compartilha comigo depois.

– Mas fica muito claro e muito nítido que ambos estão fazendo sacrifícios. Os dois estão assumindo riscos, eu do meu lado, você do seu lado… Como você mesma disse: está deixando de trabalhar três dias por semana, isso pode impactar na sua vida financeira… E do meu lado, entrei em um jogo muito perigoso psicologicamente… Um jogo que se der errado pode me destruir para sempre. Eu nunca mais serei o mesmo psicologicamente. – E mais uma dose de drama aqui.

– Estamos conversados então? Acho que foi boa essa conversa.

– Acredito que sim. Também acho. Fomos sinceros um com o outro, sem agressões verbais. Foi uma conversa madura, fora do calor da emoção.

*

Essa nossa conversa foi numa quarta-feira. No dia seguinte, na quinta à noite, eu fui para a casa dele, passarmos o fim de semana juntos. 

Sexta-feira, dia 1 de agosto, eu vivi o meu pior pesadelo. 

Duvido vocês adivinharem o que foi dessa vez! 

Palpitem nos comentários, quem acertar ganhará um presente!

“O Intenso” – Parte 6

VIVENDO UM CONTO DE FADAS

Querido diário,

O Intenso me conquistou cada vez mais. A cada viagem, cada passeio, cada momento de qualidade juntos, me envolvendo na sua teia de amor e muito sexo.

– Como está sua agenda para junho? (Não que isso seja um convite). – Ele me perguntou durante uma troca de mensagens por whatsapp, exatamente três dias depois de nos conhecermos, já programando nossa primeira viagem juntos.

– Por enquanto meus únicos compromissos agendados em junho são as aulas de dublagem, toda segunda à noite, e o curso de interpretação todo sábado. (O curso de sábado posso faltar).

– Entendi. Monte Verde você já foi?

– Nunca. E você?

– Tbm não… Monte Verde poderia ser uma opção?

– Claro que sim! 

– Considerando que Gramado teríamos que pegar voo até Porto Alegre e depois alugar um carro até Gramado, então seria ideal mais dias e não somente 3. Pelos relatos que tenho, Monte Verde é mais intimista, algo que foge um pouco da muvuca turística.

– Humm perfeito. O mais importante é a companhia.

TIRADENTES

Daí corta pra gente, um mês e quinze dias depois, fazendo nossa primeira viagem juntos, de carro, para um lugar mais longe que Monte Verde, sendo o destino final uma surpresa pra mim, que não sabia para onde estava sendo levada. Isso que é confiança, numa pessoa que eu só conhecia há menos de dois meses!

O trajeto de carro foi muito gostoso, conversamos, rimos, e até dormi em alguns momentos. Chegamos no destino cerca de 7h depois (pegamos trânsito), já estava de noite e brinquei que estava sendo levada para um cativeiro, já que pegamos uma estrada de terra e a única iluminação presente eram os faróis do carro. 

Em algumas de nossas conversas, em que tentei adivinhar para onde me levaria, ele me convenceu que seria uma fazenda, algo fora do comum, contrariando todas as viagens luxuosas que já fiz. A ideia me parecia boa e ruim ao mesmo tempo. Boa pela experiência inédita, e ruim por pensar nos possíveis perrengues de uma patricinha em meio a natureza. E somente naquele momento, quando chegamos numa construção bonita, no meio do nada, em uma colina, que percebi que a história da fazenda era uma brincadeira.

– Eu não posso te oferecer o luxo que seus clientes te oferecem, mas é tudo com muito carinho.

Dizia ele com aquele ar de “desculpa, mas não sou rico”, quando na verdade o que ele me oferecia tinha muito mais valor que qualquer coisa que o dinheiro pudesse comprar.

A casa era composta por uma enorme cozinha, um outro cômodo que não sei nomear, onde só possuía duas banheiras e duas prateleiras grandes de vidro, com uma caixa de som JBL, depois vinha o lavabo, com a pia enorme do lado de fora e o banheiro separado por uma porta de vidro e então o quarto. Todos os cômodos com uma boa vista da área externa, como se estivéssemos dentro de um aquário. Imediatamente o Intenso colocou a banheira maior para encher (apesar de ter duas, preferimos ficar juntos numa só) e já foi abrindo o vinho. 

Que noite maravilhosa. Pela primeira vez ele me fez gozar somente me masturbando, dentro da água. Depois também o masturbei com os meus pés (tem vídeo lá no meu Only 😈) e só então fomos para a cama. A cama, caros leitores, foi uma surpresa a parte. Ele pediu que eu me cobrisse e pegasse o meu celular, que eu tinha deixado no criado mudo.

– Mas está aqui do lado. – Teimei.

– Pega seu celular, confia em mim. – Ele insistiu.

De repente, o teto começou a abrir. Isso por si só já foi impressionante, mas a coisa foi ficando ainda mais surpreendente, quando a cama começou a levitar junto, de encontro ao teto, rumo ao céu estrelado. A minha reação foi de extrema surpresa, comecei a rir de nervoso, um pouco receosa de despencar de lá de cima, mas achei aquilo tão romântico, a gente no meio do nada, sob um céu estrelado, deitados numa cama, tudo estava perfeito.

Na manhã seguinte, o anfitrião deixou pães de queijo para nós e mais tarde almoçamos fora, aproveitando para turistar no centrinho de Tiradentes. À tarde, próximo do pôr do sol, voltamos para o nosso refúgio nas colinas e gravamos um vídeo erótico muito gostoso, que vendi como conteúdo adicional para os meus assinantes do Onlyfans depois. Posicionamos o celular lá no alto da janela do quarto, nos filmando transando na parte externa, como se fosse uma câmera escondida: eu, toda caracterizada de moça do campo (com vestido florido e chinelos), e ele, como se fosse o moço da cidade, chegando todo bem vestido, para deflorar a donzela safada.

A noite me levou para jantar num restaurante muito gostoso, que ele precisou reservar com bastante antecedência, chamado Uaithai. Novamente fui regada com muito romantismo, sendo muito bem tratada. Eu percebia que para o Intenso era um desafio me surpreender, visto que sempre sou surpreendida por clientes com muito poder aquisitivo, mas aquilo que ele estava me trazendo era algo que superava qualquer viagem internacional cara, com ele eu tinha uma real conexão, vontade de estar junto que não dependia de um acordo financeiro envolvido. Ele me oferecia amor, sexo quente e inédito a cada transa, risadas nos momentos certos, cumplicidade e inteligência em cada conversa, além de também ter bom gosto para passeios e viagens. O que mais eu poderia querer de um homem?

Na manhã seguinte fizemos um passeio turístico pra conhecer a história de Tiradentes. Foi a primeira vez que fiz passeio guiado no Brasil e achei o máximo! Me senti super conectada com a história do meu país, sem contar que foi muito mais interessante acompanhar com o guia falando no meu idioma. Depois almoçamos e outra vez rumamos para nossa casa na colina, onde tivemos uma segunda rodada de banheira, vinho e sexo – mas de uma forma muito intensa! 

Cada episódio erótico com o Intenso é uma verdadeira surpresa. E, desta vez, seu mood romântico estava ativado. Antes de irmos para a cama, explorou meu corpo como nunca. Ainda de pé, suas mãos vagaram pelo meu corpo até pousar nos meus seios, ahh, como eu gosto da maneira que ele toca os meus seios. Podia sentir no seu olhar um desejo diferente, não era apenas algo sexual, caso contrário já teria me despido rapidamente. Ele me desejava de uma forma especial, completa. Sexualmente e sentimentalmente. E eu conseguia sentir a mesma intensidade, ao observar a maneira como me olhava profundamente. Ele havia me deixado só de saia, com os seios aparentes e saboreava de uma forma intensa. Em meio a essa exploração, senti suas mãos descendo por meu corpo até ir para dentro da minha saia. O Intenso gosta de sentir minha calcinha marcando na pepeka, e era exatamente isso que ele procurava nesse momento. Me virou de costas e continuou explorando meu corpo. Uma mão em meu pescoço, outra dentro de minha saia, mas não a invadiu – ainda – apenas sentia como a bucetinha estava por fora da calcinha. Confesso que gostei muito desse carinho e dessa exploração. O Intenso não tinha pressa, era tudo no seu tempo. 

Sou acostumada a ter transas rápidas com os meus clientes, e não recebo deles o mesmo carinho que recebo do Intenso (não que isso seja uma crítica ou cobrança, até porque, certas coisas preferimos que venha da pessoa que estamos apaixonada), mas, de todo modo, com os clientes nem sempre é uma via de mão dupla, então, esse tipo de carinho e safadeza que ele me traz, sem pressa, me explorando, me deixa louca. 

Depois de muito me excitar, ele então me conduziu para a cama. Entendi o que ele queria com aquele jogo de sedução: me deixar bem molhada para depois poder me sugar todinha. Ele gosta disso – aliás, é um viciado, segundo me diz – . Sem que me deixasse dizer nenhuma palavra, tirou minha saia – mas ainda não a calcinha – me deitou na cama, começou a beijar os meus seios e foi descendo…

Tenho um pouco de cócegas na parte lateral da costela, às vezes, então era inevitável não soltar uns risinhos de vez em quando. O Intenso não queria perder o clima e não se demorou muito nessa região. Passou pela minha barriga, sempre com muito carinho e desejo, até chegar na minha calcinha. Ficou ali roçando sua barba e passando sua língua, como se quisesse deixa-la ainda mais marcada. Ele tem tesão nisso, e eu apenas aproveitava, o deixava se divertir, ao mesmo tempo em que me entregava a esse carinho gostoso. Quando eu estava bem relaxada, senti ele puxando a calcinha de lado. Eu já estava bem excitada, no ponto que ele planejava desde o início. Enfim veio buscar o resultado da sua brincadeira sexy: minha excitação em forma de “melzinho”. 

Não é novidade para ninguém, que me acompanha aqui no blog, que o Intenso chupa magnificamente bem e desta vez não foi diferente. Podia sentir seu desejo na ponta do meu clitóris, me levando ao orgasmo em poucos minutos. Foi intenso e longo, enquanto ele me segurava pela cintura, pressionando sua boca contra o meu corpo. Não houve penetração. Insisti para que fizéssemos algo para compensá-lo, mas ele não quis. Disse que aquele momento era meu. Só meu. Depois ficamos de namorico na cama, até que adormecemos e cochilamos pelo restinho da tarde.

À noite, desta vez fomos no restaurante “Traga Luz”, que ele também precisou reservar com antecedência e que gostei mais ainda do que o restaurante da noite anterior. Tudo foi deliciosamente excepcional, desde a entrada – seleção de queijos com frutas -, prato principal – uma deliciosa galinha da angola -, até a sobremesa – um espetacular sorvete de queijo canastra com goiabada cascão -. O lugar possuía uma iluminação intimista com penumbra, e mais uma dose de romantismo regado a um delicioso vinho. Altas declarações, o Intenso demonstrava ser o homem que eu pedi a Deus. Como podia ser tão perfeito? Eu estava vivendo um intenso conto de fadas.

BROTAS

A única e primeira vez que estive em Brotas foi no feriado de Páscoa desse ano para um retiro espiritual de três dias, em que tive poderosos insights sobre eu necessitar de um amor na minha vida, retornar à cidade, acompanhada por ele, foi como concretizar uma profecia. 

O lugar do day use era mesmo muito gostosinho, chegamos cedo, por volta das 10h e estava vazio, pudemos escolher o melhor lugar, perto da piscina.

Bebemos um drink e então ele me levou para explorar mais o lugar, descendo umas escadas, adentrando nas entranhas da natureza. Uma coisa que eu adoro no Intenso, é a sua disposição para tirar fotos minhas. O tempo inteiro me fotografando, registrando cada momento que estamos juntos. E até nisso ele manda muito bem! “A modelo ajuda”, ele dizia.

O Intenso quis me levar para tomar um banho de cachoeira, me falando do poder da mãe natureza de limpar as energias, do quão era poderoso se banhar dela.

– Nossa, mas a água estará gelada! – Choraminguei.

– Mas é revitalizante. – Ele insistiu.

– Você vai tomar também?

– Vou sim. Depois de você.

Quando chegamos na cachoeira, a água estava mesmo gelada, e eu sem coragem para entrar, mas ele insistiu que a foto ficaria linda, e fui tomando coragem, não tanto pelo registro, mas para impressioná-lo com a minha determinação. A foto não ficou das melhores, mas limpei as energias e valeu a experiência.

– Sua vez. – Falei, ao sair da água.

– Eu não vou não, linda. Não gosto de água fria.

– Ué, mas você não disse que iria depois de mim?!

– Falei.

– E então?!

– Falei só pra você ter a experiência.

– Que pilantra!!

– Mas você não gostou da experiência?

– Sim, gostei. Mas só fui porque você disse que também ia!!

O Intenso não entrou e só me enganou.

Depois que saímos da natureza, fomos direto almoçar e ali tivemos uma conversa séria. O Intenso sempre se queixava de eu não estar completamente entregue, como se eu ainda não estivesse plenamente apaixonada por ele.

– O que mais você quer? – Eu o questionava.

– Você sabe que você ainda não está entregue.

– Você sabe o que precisa acontecer para que eu me entregue completamente. 

Eu me referia a um pedido de namoro, afinal, já estávamos saindo há dois meses, com ele sempre fazendo altas declarações e planos para o futuro, quem me garantia que eu não era só mais uma conquista e que quando eu ficasse perdidamente apaixonada, ele me daria o pé na bunda, igual fez com as outras, após ter perdido a graça? Sim, sou muito desconfiada.

– Mas eu preciso ter mais de você para isso. – Ele falou.

– O que falta pra você, você só terá depois que eu ter o que falta pra mim.

Para quem achou confuso, o que eu queria dizer, é que só me sentiria plenamente segura para me entregar de corpo e alma aquele relacionamento, quando viesse de fato o pedido de namoro. E ele, por sua vez, só queria fazer o pedido quando tivesse total certeza do meu sentimento. 

– Você acha que eu sou um conquistador narcisista?

– Acho. Quem me garante que não? Só olhar para essas mulheres doidas atrás de você. Não quero ser mais uma delas.

– Mas você tá esquecendo de um detalhe.

– Que detalhe?

– Que eu te amo, diferente delas, que eu não amava.

– Sei.

Se ele amava, por que não me pedia em namoro logo? Bom, futuramente vocês também irão descobrir.

Mais tarde entramos na piscina, e ali, dentro da água, tivemos várias confissões, conversas íntimas, e quanto mais eu o conhecia, mais eu gostava e vice-versa. Lá pelas 17h, quando íamos embora, ele me fez outra surpresa. O plano inicial era fazer bate e volta e regressarmos a São Paulo, mas fizemos amizade com o bartender da piscina e numa conversa entre nós, ele e mais um visitante, nos indicaram um restaurante muito bom para irmos a noite. 

Fomo embora e o Intenso colocou no waze, até que chegamos num estabelecimento que me deixou a dúvida se era um restaurante de fato. E não era. Logo entendi que se tratava de uma outra surpresa, passaríamos a noite em Brotas para não ficar cansativo. Só rolou uma situação chata com a recepção da pousada, que deixou o Intenso bastante irritado. Ele havia reservado a suíte com banheira, cheio de planos de tomarmos vinho, igual fizemos na viagem de Tiradentes, mas a pousada não tinha efetuado a reserva corretamente e ficamos com uma suíte mais simples, em que só tinha uma rede. Fomos olhar o site juntos e realmente estava dúbio, pois eles tinham colocado foto da banheira, até nas suítes que não possuíam, como se o benefício da banheira fosse pertencente as áreas comuns da pousada e não algo específico de determinados tipos de suíte. Procurei acalmá-lo com aquele meu jeitinho sexy, afinal, o que era uma banheira se tínhamos a companhia um do outro? Não foi esse infortúnio que reduziria o brilho da surpresa dele ter pegado uma hospedagem pra gente.

Mais tarde, depois que transamos, saímos para jantar e o restaurante indicado não era lá essas coisas – talvez seja para os parâmetros de Brotas, mas somos paulistas com a régua bem alta. – Ao voltarmos para a pousada, enquanto eu fazia o skincare no banheiro, o Intenso apagou no quarto, e por não termos transado antes de dormir, algo completamente fora do comum entre a gente, na manhã seguinte acordei paranoica, achando que ele não me amava coisa nenhuma. Enchi a taróloga de demandas por whatsapp logo cedo:

  • Ele sente o mesmo por mim ou sou só uma conquista pra ele?
  • Quando ele sentir que estou completamente entregue e envolvida, ele vai me dar o pé na bunda por ter conseguido o que queria?
  • Ele é um homem narcisista?
  • Ele comprou mesmo um par de alianças pra gente? Ou o que me “mostrou” foi a embalagem de uma aliança antiga?
  • Ele tem planos futuros comigo?

2h depois vieram as respostas:

– Aqui na primeira pergunta, sobre os sentimentos dele, se ele sente mesmo amor por você, aqui mostra que sim, tem sim sentimento por você, que ele tem carinho, que ele tem afeto, aqui não traz combinações de cartas que digam que ele está enrolando ou mentindo sobre os sentimentos. 

– Aqui na segunda pergunta, se ele vai se manter do teu lado depois de ter te conquistado, aqui também tem cartas que falam sobre estar contigo, sobre manter a relação e quando tu pergunta se ele é um homem narcisista, aqui não tem energia de uma pessoa narcisista. O que que mostra? Que ele tem intenção de firmar uma relação contigo, que ele pode sim ter alguns problemas, ser um cara mais quieto ou rude, mas não representa aqui comportamentos narcisistas.

– Aqui na tua pergunta se ele realmente comprou um par de alianças, olha aqui a carta do cavalheiro, a dos pássaros e a da casa, dizem que se ele já não comprou essas alianças, ele tá muito prestes a fazer isso. A combinação dessas três cartas trazem uma mensagem dele fazendo esse movimento, de sim, concretizar isso que ele te falou. 

– Quando você pergunta aqui na pergunta 5, se ele tem planos pra ti, aqui diz o seguinte, que algumas coisas que ele fala tem sim uma energia contraditória, mas que ao mesmo tempo sim, ele tem planos pra vocês, mas que provavelmente as coisas não saiam exatamente como ele tá falando, mas não porque ele tenha má índole e sim pelo andamento das coisas.

Fiquei super aliviada com essa tiragem. 

Fomos tomar café da manhã num lugar super gostosinho, que parecia uma mini fazenda, e de lá voltamos para São Paulo.

JANTAR ÀS CEGAS

Eu adoro ser surpreendida. Adoro surpresas e nisso o Intenso sempre acerta. Me disse que tinha comprado algo para fazermos em determinada data, mas não sustentou manter em segredo até que chegasse o dia, quando eu, coincidentemente, em alguma conversa, falei sobre esse evento. Sem querer adivinhei qual era a surpresa, quando propus de irmos para o jantar às cegas algum dia.

– Ahhh, como você sabe? – Ele se mostrou frustrado.

– Sei o que?

– Que era essa a surpresa?

–  Mas eu não sabia!!

Impressionantemente a nossa conexão mental é coisa de outro mundo, direto um começa a falar o que o outro estava pensando, ou compramos ingressos para fazer algo que também já estava nos planos do outro. Nunca tive esse tipo de conexão com ninguém antes. E além de toda essa sintonia, temos muitas coisas em comum em outros âmbitos da nossa vida: O Intenso também é filho adotivo, também veio de uma criação humilde e também é muito safado. Na verdade, encontrei alguém mais safado do que eu. “Cuidado com o que você deseja, você pode conseguir”. Eu queria alguém do mesmo nível que eu, mas ele conseguiu me superar. SOCORRO DEUS!

Mas esse rolê não tinha nada de safado, pelo contrário, mais uma vez ele me trouxe seu lado romântico. Quem estiver lendo essa postagem e tiver alguém na sua vida, faça como o Intenso e leve essa pessoa para conhecer a experiência do Jantar às Cegas, vocês vão amar essa vivência!

O restaurante fica dentro do hotel Pullman, em São Paulo. Fez-se uma fila na entrada, até que o evento fosse iniciado e os casais encaminhados para suas respectivas mesas. Após sermos acomodados, levou ainda mais trinta minutos até que foi dada a largada, para que todos colocassem suas vendas ao mesmo tempo. Os funcionários ainda nos orientaram a deixar nossos celulares em cima da mesa, para que eles pudessem fazer registros do casal, sempre que presenciassem algo que merecesse um registro. (E eles fizeram um registro LINDO, em vídeo, de um momento em que o Intenso limpava as minhas mãos – ambos ceguinhos – com o guardanapo, todo cuidadoso). 

Nos serviram a entrada e foi muito diferente comer algo e manipular talheres, sem enxergar o que se está fazendo. Mas o que achei ainda mais interessante, foi perceber como nosso paladar é influenciado pelo visual, pois, como eu não estava vendo o que eu comia e nem sabia o que era, alguns sabores eu confundi com outros tipos de comida. Ao final dessa primeira etapa, antes de trouxerem o prato principal, eles escolhiam alguém de alguma mesa, para arriscar dizer o que tinha comido. O Intenso acertou quase todos os itens, afinal, como ele cozinha – ainda tem mais essa maravilha – teve muita facilidade para identificar quase todos os ingredientes do prato. E esse passo a passo foi repetido a cada refeição, ao final do prato principal, o mesmo processo, recolhiam, nos deixavam tentar adivinhar o que foi servido e na sequência o chef revelava, pelo microfone, o que tínhamos comido. A sobremesa o Intenso nos deu a ideia de comermos com as mãos, para sentirmos a textura. Era um torta de chocolate com a maciez de um mousse, bem molenga e macia. Foi mesmo uma experiência muito gostosa.

INVERSÃO DE PAPÉIS

Depois do restaurante, saímos do mood romance para o mood sem vergonha. Tínhamos planejado que após o jantar brincaríamos de inverter os papéis, em que ele seria o garoto de programa por uma noite e eu a sua cliente. Rolou até troca de mensagens de agendamento. Eu alterei a minha foto do whatsapp para a da Marilyn Monroe e ele para a do personagem Héctor Bonilla.

Combinamos no motel Astúrias e eu iria de uber, antes dele, já que é responsabilidade do(a) cliente pegar o quarto. Ele iria pouco depois com o próprio carro, até mesmo para voltarmos juntos. Não se atrasou e logo o interfone da suíte tocou, anunciando-o. Autorizei sua entrada e em poucos instantes ele subia as escadas da suíte. Tinha trocado a roupa que usou no jantar para algo meio bad boy, diferente do seu costumeiro estilo “faria limer”, que eu adoro. Notei que ele estava um pouco nervoso, mas se esforçando para entrar no papel. Rapidamente me agarrou pela cintura, me prensou na parede e disse: 

– Relaxa que hoje a noite é sua!

E me tascou um beijão, fazendo com que eu sentisse seu pau encostando em minha bucetinha. Já estava duro. Eu realmente pude sentir. Notei o Intenso um pouco afobado.

Ele definitivamente não serviria para esse papel. Apesar de eu ter orientado que gostaria de algo mais carinhoso, ele foi teimoso e chegou todo seduzente selvagem. Ai esses homens… pensam que sabem o que agrada uma mulher. 

Ele me levou para a cama, às pressas, queria me beijar, queria me chupar. Nesse momento consegui identificar traços do Intenso e não do John. Fiquei um pouco perdida e resolvi conduzir para que começássemos com mais calma, pela banheira, mas ele queria mandar mais que a cliente, querendo me chupar a todo custo. Me comportei como os meus clientes, sem afobação, para desfrutar dessa pessoa diferente que eu estava contratando.

Após deixar a hidro no ponto, entramos, e comecei uma conversa para saber mais sobre o seu personagem. Dali a pouco ele retomou a sua missão de me chupar, e o fez na banheira mesmo. Conseguiu me fazer gozar – isso ele sabe fazer muito bem -, e considerando essa sua habilidade de chupar uma buceta, aí sim ele serviria para o papel, e digo mais: faria muito sucesso! 

Tudo para ele era novidade, inclusive o ambiente de motel, com envolvimento sentimental – era o que ele pregava – , confesso que não acreditei muito não. Sabemos o quanto ele é safado, com certeza já levou várias peguetes para motéis, sua lista deve ser extensa, com sentimentos ou não.

Depois da hidro, pulamos para a piscina e dela fomos para a cama. O encontro de corpos finalmente iria acontecer, e ele, querendo se manter no personagem, continuava tentando me seduzir de uma maneira mecânica, querendo encarnar o ator pornô, mas de uma forma artificial, aquele não era ele e não era aquilo que eu queria. Não era o Intenso. Era alguém que estava tentando um sexo por compromisso financeiro. Após me dar alguns apertões, fugindo completamente do mood carinhoso que eu pedi, sacou uma camisinha e veio me penetrar. Errou novamente. Afobado. Tentou um sexo mais intenso, com uma pegada mais forte e, definitivamente: depois daquela experiência toda no jantar às cegas, o que eu queria mesmo era um mood amorzinho em ação. Talvez não foi uma boa escolha tentarmos esse laboratório justamente nesse dia.  

Em meio a toda essa performance que ele tentava entregar, entendi que queria criar um personagem que, talvez, muitas mulheres pudessem gostar ou buscar, entregando o que elas não tem em casa: um sexo mais selvagem e com pegada. Funcionaria muito bem em outra ocasião, mas não era isso que eu buscava para aquela noite. Confesso que para mim estava muito difícil desvincular o personagem Jonh Sauvage do Intenso.

Após uma transa intensa e gostosa (afinal, transar com ele é uma delícia, independente da circunstância), finalizamos nossa noite exaustos. Entramos no carro e tive uma revelação que me caiu o queixo:

Quando o Intenso me propôs fazermos este laboratório, ele quis fazer o negócio tão bem feito, que CONTRATOU um garoto de programa, apenas para conversar e pegar dicas de como se portar e seduzir uma mulher, nesse tipo de contexto, de modo que entregasse uma proposta diferente do que ele já me trazia no nosso relacionamento. Entendi então toda a sua teimosia e toda a situação que ele buscou performar, fazendo jus ao nome Intenso: sempre se entregando ao máximo, a tudo que se propõe a fazer.

PREDESTINADOS

Durante uma de nossas demasiadas conversas descobrimos, por um extremo acaso, que eu e o Intenso, estivemos no MESMO CRUZEIRO, aquele que eu fiz com o cliente, no início do ano!!! E o pior, consultando a minha galeria de fotos daquela viagem, algo mais assombroso veio à tona: estávamos no MESMO CORREDOR, quase que porta com porta!

Sabe aquela franquia de filmes “Premonição”, em que a morte tem a missão de matar determinadas pessoas e quando essas pessoas se safam, ela faz novas tentativas até que consegue? Pois então, era como se o universo tivesse tentando nos unir já há algum tempo, não desistindo até que concluísse tal objetivo entre a gente.

Eu estava vivendo um conto de fadas…

… Até que deixou de ser.

Casal: “Os Swingueiros”

Querido diário,

Recebi uma proposta de trabalho diferente! 👀

Eis a mensagem do cliente:

“Nossa ideia é a seguinte, para vc poder compor seu orçamento e avaliar se pode atender:

Somos um casal e estamos com um amigo hoje. É aniversário dele e é uma pessoa muito querida. 

O atendimento seria para os 3, já que minha esposa adora mulher também.

Nós queremos nos divertir a noite toda. A ideia é começarmos na hotbar (dançar e nos divertir – nunca transamos lá) depois irmos para o motel. Todos têm bastante experiência e somos tranquilos com esse tipo de diversão. Nós sempre frequentamos a hotbar e acho que já te vimos lá uma vez. 

Se tiver interesse e puder nos acompanhar, me diga as condições e observações.

Somos pessoas leves, divertidas, sem estresse nenhum. Queremos farrear e gostamos muito da sua beleza e estilo.

Agradeço o retorno.”

Gostei muito da abordagem. Explicativa e objetiva.

Eu estava na casa da minha mãe, era aniversário dela, mas como seria algo tarde da noite, consegui encaixar essa demanda, curiosa pela resenha. 😈

Após as devidas negociações, pagamento de sinal e tudo definido, acionei a minha maquiadora particular, torcendo para que ela estivesse disponível de última hora. Como seria um pernoite, com aparição na Hot Bar e depois horas no motel, e tudo isso interagindo com três pessoas, make teria que ser potente para durar a noite toda. 👄

Quando cheguei na Hot, eles me aguardavam para entrarmos todos juntos. Eu já sabia a aparência do casal (me enviaram uma foto no WhatsApp), o homem do casal era gato e exalava classe, a mulher também era linda, loira, olhos claros, parecia uma Barbie. Mas não tive qualquer spoiler de como era o amigo deles, que faria par comigo, então foi uma grata surpresa, ali na hora. O achei bonito, de óculos, uma aparência intelectual, só não curti muito o seu comportamento inicial, via-se que estava mais alcoolizado e forçava uma intimidade comigo que não precisaria ser daquela maneira tão exagerada, poderia deixar fluir naturalmente que o ambiente e a situação já cuidariam do resto. Ele me abraçava de um jeito muito forte e sem traquejo, de modo que eu ficava toda torta encostada nele, mal entramos na boate e já queria me beijar, “Me paga um drink primeiro”, quase falei. 

Fui muito empolgada para aquele encontro, mas interagir com seu amigo não estava muito animador. Sem contar que o hálito dele me dava menos vontade ainda de beijá-lo.

– Seu chiclete é de qual sabor? – Eu sentia um cheiro de maracujá, não muito agradável. 

– Cereja! 

E tirou o Trident do bolso para me oferecer.

Então era de cereja aquele cheiro nada convidativo? 🤢 Em outro momento da noite, com um pouquinho mais de intimidade, sugeri que ele consumisse o Trident azul ou verde, que o hálito ficava muito mais interessante. (Fica a dica para quem estiver lendo também, rs.)

O casal pediu uma dose de tequila, enquanto ele foi na minha e pediu vodka com energético. De lá fomos para a pista. 

O amigo deles ficou me abraçando por trás, enquanto dançávamos, e, em pouco tempo, pegou minha mão e conduziu até seu pau, para que eu ficasse alisando, por cima da calça. Confesso que não gostei muito disso. Estou tão acostumada com as coisas desenrolando naturalmente durante um encontro, que aquela afobação toda era quase um desrespeito. Sou acompanhante sim, sabia muito bem o propósito de eu ter sido chamada, mas eu tinha conhecido ele não fazia nem 10 minutos e tínhamos a noite toda pra desenrolar calmamente, nem meus clientes que me contratam por 2h já chegam apavorando desse jeito. 

Claro que atendi ao seu gesto e fiquei mexendo com a minha mão lá, sou uma profissional e não questionei nada, mas aqui eu posso ser sincera com as minhas percepções. 😉

Em alguns momentos ele também virava o meu rosto para que nos beijássemos e nossa, como eu tava detestando aquele hálito de cereja (que mais parecia maracujá). 😓

– Tá uma delícia você pegando no meu pau desse jeito. – Ele falava no meu ouvido.

– Que bom que você tá gostando. – Respondi de volta. 

Ali eu fiquei preocupada se a noite seria um fardo, mas, de repente, fui resgatada pela mulher do casal. Começamos a conversar sobre outras experiências que eles tiveram na Hot (ela e seu marido costumam ir com muita frequência) e, aos poucos, fomos desenvolvendo uma interação mais íntima, até que nos beijamos. 👄

“Estou sendo salva por ela”, era o único pensamento que reverberava na minha cabeça durante o beijo. Fiquei até me perguntando se ela também sentia aquele gosto horrível de cereja na minha boca. Ficamos um tempão aos beijos, com os dois assistindo e sorrindo. Por mim eu não desgrudava mais dela, aquela pele macia, uma boca com um hálito bom, me vi preferindo mil vezes uma mulher, do que um homem.  Fui com as minhas mãos para as suas pernas, e me surpreendi quando senti a cinta liga por baixo do seu vestido. Apesar da aparência comportada, por baixo ela tava toda sexy. 

Depois voltei a interagir com ele e me disse que queria ir comigo para o “inferninho” (a parte mais reservada da boate, para os momentos mais explícitos), para que eu o chupasse. Dali a pouco, confidenciei a mulher do casal sobre essa vontade dele, apenas para que não nos perdêssemos, quando eu e ele saíssemos. 

– Ele quer me levar lá pra dentro, para que eu chupe ele.

– Você pode ir pra mostrar como é o ambiente, mas não precisa fazer nada aqui, diz que o combinado foi transar no motel. 

– Tá bom.

Eu não me importaria de transar na Hot, mas considerando que ele não estava sendo lá tão agradável de interagir, decidi acatar a instrução dela. 

Andei com ele pelo espaço, para que visse pessoas transando na frente umas das outras, até que o conduzi por uma escada que descia para um calabouço. Ali sempre está vazio, daí resolvi ser criativa e o levei para dentro daquelas grades, o deitando no estofado. “Preciso me conectar com ele”, pensei, decidida a virar o jogo.

Me deitei por cima dele e fiquei pressionando meu corpo sobre o seu, de modo que ele sentisse os meus seios. Eu usava um vestido de tela transparente com um cropped e uma hot pant apenas, então não tinham tantas camadas de roupa entre ele e o meu corpo. Também o beijei com mais ternura, ditando qual era o meu ritmo. Não gosto de selvageria com quem não tenho a menor intimidade ainda. 

Depois fui descendo para sua braguilha e decidi lhe fazer o agrado que tanto queria. Não transaria ali, mas o que era um boquete? O pau estava limpinho, sem cheiro de nada e fiquei bastante satisfeita com isso. Ele não chegou a gozar. 

Depois de um tempo interagindo ali, ele sugeriu voltarmos, pois seus amigos deveriam estar querendo a nossa presença. E realmente, já tinham mandado mensagem e ligado, até no meu WhatsApp tinham mensagens dos dois, que só vi no dia seguinte, rs.

Essa interação foi ótima para que eu me conectasse com ele. Seu hálito já não me incomodava mais e ao longo da noite ele foi deixando de ficar bêbado, se tornando mais agradável. 

Quando reencontramos o casal, eles estavam desesperados para ir embora. A hot não estava no seu melhor dia, então seguimos para o motel Astúrias. 

Assim que chegamos, eu e a mulher fomos direto para o banheiro, enquanto os rapazes ficaram na área da piscina. Me senti com uma amiga no banheiro de uma balada, papeando muito, enquanto cada uma fazia xixi na frente da outra. Ficamos ali por um tempão e percebi que por ela tricotaríamos a noite inteira, mas, eu tinha obrigações a cumprir, então, em algum momento, conduzi para que fôssemos para fora do quarto.  

O rapaz que era meu par já tinha pulado na piscina e o marido dela fez algum comentário sobre a nossa demora. A água da hidro já estava quase na metade e enquanto terminava de encher, fomos nos preparando para entrar. 

Felizmente consegui deixar numa temperatura quase ideal (um pouquinho mais quente do que deveria, mas nada que não desse para entrar e o corpo ir acostumando). E foi engraçado quando o meu par, que estava na piscina morrendo de frio, veio pra banheira também, parecia que ele tava tendo um orgasmo, ao sair do frio direto pra água quentinha kkkkk. 

Com os quatro na banheira, a interação começou entre mim e ela. Seu marido disse que estávamos tímidas, e fiquei me perguntando se era uma dica velada, por eu não estar fazendo o negócio acontecer direito. Tratei de tomar mais iniciativas, mas ao mesmo tempo parecia que ela queria que fosse no ritmo dela, pois quando eu tentava beijar seu pescoço ela virava a cabeça e quando eu tentava chupar os seus seios, ela os descia pra água. 

Ela me olhava diretamente no fundo dos meus olhos, com um olhar muito penetrante de safada. O tipo de olhar que dizia “faça coisas comigo”, mas quando eu tentava fazer, ela não colaborava. Fiquei confusa. 

– Ela é mandona, né? – Falei em voz alta para seu marido, sobre ela não estar embarcando nas minhas investidas. 

Em algum momento pedi pra ela se sentar fora da banheira, que eu iria chupá-la. Achei que ela não fosse querer, por conta do frio, mas desta vez ela acatou. Após um tempo chupando, procurei dar atenção pra todo mundo, e enquanto a minha boca estava na sua buceta, minha mão esquerda masturbava o “meu par” e a direita masturbava seu marido. Fiquei com uma leve dúvida se ela se incomodou com isso, pois, pouco depois que comecei a fazer, delicadamente ela foi voltando pra dentro da banheira, fazendo com que eu saísse da atividade que eu estava. 

Tivemos mais uns bons minutos de interação entre nós duas, nos beijando e uma masturbando a outra (eu queria muito fazê-la gozar, mas não consegui este feito), até que, naturalmente, acabei me voltando para o rapaz que estava assistindo e ela também se voltou para seu marido. Iniciaram uma transa aquática, enquanto eu, com meu par, o fiquei masturbando. 

Inclusive, rolou um lance diferente com ele. Enquanto eu o masturbava, ele apertou bem forte a minha mão no seu pau, praticamente esmagando o dito cujo, me fazendo entender o que ele realmente gostava. 😧 E além de apertar, ele pressionava a sua cintura contra a minha barriga, de modo que o seu pau fosse ainda mais esmagado, tanto pela minha mão, quanto pelo meu corpo que o pressionava. Inacreditavelmente ele gozou assim, achei bem inusitado, pois a impressão que eu tive era de que seu pau nem estava tão duro. 

Depois que se recuperou, perguntou se não tinha nenhuma camisinha perto e aí sugeri que fôssemos para o quarto. Já na cama, o chupei um pouco, quase mordendo, mas a transa não vingou. Ele estava quase capotando de sono e fiquei um pouco deitada com ele, até que me liberou para voltar a ir interagir mais com a mulher, enquanto ele descansava. 

Quando voltei para onde o casal estava, na parte externa do quarto, eles curtiam a piscina e me juntei a eles. Nessa hora tive interações com o marido também, apenas beijo na boca e pegada no pau. Percebi que o pau dele era bem grosso e fiquei me perguntando como a mulher dele conseguia dar pra ele na água, “no seco”, sem ajuda de um lubrificante (sabemos que a água, não lubrifica nada).

Eles transaram algumas vezes na piscina também, comigo ora beijando ela, ora beijando ele. Em algum momento o marido perguntou sobre o estado do seu amigo, e quando eu ia responder, levei um susto com o cara em pé ao lado da piscina. Ele não tava quase dormindo? Kkkkkk.

Quando começou a ficar frio na piscina, voltamos todos para a hidro de novo. Daí rolou interação minha com o casal. Eu e ela chupamos juntas o pau do seu marido. E depois eles começaram a transar outra vez. Eu e o rapaz ficamos observando por poucos minutos, até que ele ficou em pé na banheira, de modo que seu pau ficasse na altura do meu rosto. Entendi o recado e caí de boca. 

Depois o casal decidiu ir para o quarto e me levaram junto. O outro rapaz continuou relaxando na banheira.

Chupei ela mais um pouco, até que seu marido quis penetrá-la, daí fiquei ao lado, chupando seus seios ou beijando sua boca, enquanto ele entrava fundo e muito forte. Após algum tempo, ele saiu dela e foi colocar um preservativo.

Entendi que era a minha vez de ser penetrada e aí ele pediu que eu me deitasse no meio das pernas dela, ou seja, ele queria me comer olhando para as duas. Confesso que esse começo da transa achei um pouco desconfortável, o pau dele era muito grosso e eu ainda estava “virgem” naquela noite, já que não tinha rolado penetração com o outro. Após um tempo foi ficando mais gostoso, mas ainda assim ele não gozou comigo, e voltou a transar com ela. 

A essa altura o outro rapaz já tinha voltado da hidro e estava sentado no sofá do quarto, assistindo. Me voltei para ele, mas não tivemos interações íntimas, era nítido o seu cansaço. Se deitou no meu colo e fiquei lhe fazendo cafuné, até que cochilasse. Fiquei assistindo o casal na minha frente mandando ver e quando ele a pegou de quatro, foi engraçado ver o amigo deles acordando no susto, com o barulho dos tapas que ela levava kkkkkk. 

Percebi que o amigo deles tinha uma certa preocupação de estar “me retendo”, sem estarmos fazendo nada e tentou “me liberar” do cafuné, para que eu interagisse com os outros, mas eu também estava ficando sem energia, então falei que ia tomar uma banho pra dar uma esquentada no corpo, (além de dar uma acordada também). 

Olhei meu relógio de pulso quando estava no banheiro e ainda faltava pouco mais de 2h para encerrar o tempo combinado. Minhas lentes de contato estavam super secas, colando os meus olhos e pra variar eu tinha esquecido de levar o colírio. 

Fiquei uns minutos debaixo daquele chuveiro, quentinho e muito gostoso, buscando na água a bateria que eu precisava para continuar com o encontro, até que levei um susto com o amigo deles entrando no box, junto comigo. Tivemos uma interação bem amorzinho naquela hora. Ele me abraçou, e ficou recostado em mim. Depois me virou de costas e se encaixou em mim de novo, sem qualquer tipo de interação sexual, apenas como se estivesse descansando mesmo. Ambos estávamos cansados. 

– Tô ficando velho pra essas coisas. – Ele disse, e dei graças a Deus que ele não estivesse no mesmo ritmo frenético dos outros dois, porque eu também já estava ficando sem bateria. 

Ele saiu do chuveiro antes de mim e ainda fiquei mais um pouco no banheiro, secando meu cabelo. Pra ajudar, o bico do secador, aquele plástico que serve para direcionar o vento, caiu dentro do vaso. Corta pra mim depois tendo que enfiar a mão no vaso pra tirar de lá, antes que alguém fosse usar e desse descarga. 🥴

Quando voltei para o quarto, até tentei interagir com o casal, mas nessa hora nem o pau dele tava subindo mais – sua mulher insaciável tinha acabado com ele – fui me juntar ao amigo, mais uma vez, que tava deitado no sofá, coberto com o casaco felpudo dela. Me enfiei debaixo do casaco, deitada por cima dele e ficamos conversando, até o casal se levantar e começar a se vestir para irmos embora. 

Era umas 5 e pouco da manhã e o combinado inicial foi ficarmos até às 7h. Confesso que deu um certo alívio, de comum acordo, encerrarmos antes. Minha lente estava me incomodando muito, fora a fome e o cansaço do corpo. Desacostumei com noitadas de trabalho. Chamei um Uber para mim (não fui dirigindo por conta de toda a logística) e eles foram muito gentis de só irem embora depois que o meu motorista chegou. 

Primeira vez que atendo 3 pessoas no mesmo encontro. Curti o desafio! Espero que eles também tenham gostado da experiência! 

Quem aí ficou com vontade de me chamar pro ménage com a esposa? 😏

“O Intenso” – Parte 5

Noite da Empregada

Querido diário,

Quis fazer uma surpresa para o Intenso. O recebi na minha casa vestindo uma fantasia sexual. Me vesti de empregada, com direito a peruca, trilha sonora e tudo. Eu quis recriar uma atmosfera estilo anos 50, então deixei umas músicas da Marilyn Monroe tocando e o recebi na porta, já na personagem. 

Ele ficou chocado. Mas um chocado positivo. Peguei sua mochila, coloquei em algum lugar e lhe ofereci uma taça de vinho, que eu já tinha deixado quase preparada, servindo na sua frente. Suas mãos até tremiam. A partir daí, ele entrou na brincadeira. 😏

– Você teve um dia muito cansativo de trabalho, Sr. Intenso?

– Tive sim, obrigado por perguntar.

– Então agora o Sr. vai relaxar. Venha, sente-se por favor. 

O acomodei no sofá e me ajoelhei na sua frente para tirar seus sapatos, enquanto ele me olhava com a expressão mais admirada do mundo. Tirei seu calçado, sua meia e comecei a massagear os seus pés, no mesmo momento em que ele reagiu como se tivesse tendo um orgasmo. Até esse dia, eu nunca tinha lhe feito massagem assim, então foi uma grata surpresa para ele – que depois me revelou amar massagem nos pés – e para mim, que me deparei com o pé mais macio e cheiroso que eu já tinha massageado. Em algum momento até coloquei os seus dedos na minha boca, algo que eu nunca tinha feito com o pé de ninguém. Me surpreendi comigo mesma. Fui me deixando levar, sendo criativa e me entregando ao momento. 

Quem me acompanha aqui no blog há bastante tempo, sabe que eu já me vesti de empregada para um boy que eu estava saindo no passado. E repetir essa brincadeira com o Intenso, foi muito importante para eu ressignificar a experiência, além de testar ainda mais a nossa compatibilidade na putaria. Com ele foi mil vezes melhor! 

Iniciamos um joguinho de interpretação, conversinhas safadas improvisadas na hora, como se ele fosse um patrão tarado que sempre esteve de olho na sua funcionária. 

Na minha experiência anterior, rolou uma leve desconexão, quando o digníssimo disse alguma frase sobre a esposa estar fora, o que na hora cortei e falei que na brincadeira ele era solteiro e não casado. Já lido com homens comprometidos frequentemente, dentro da minha fantasia queria uma coisa exclusivamente minha. Com o Intenso, me surpreendi que ele teve a delicadeza de brincar que era um patrão viúvo. Achei aquilo tão lindo, até numa simples brincadeira ele valorizava fidelidade. 👏🏻👏🏻

E as coisas foram desenrolando com uma lentidão tão gostosa. Trocamos muitas carícias íntimas, sustentando nossos personagens, eu, uma empregada virgenzinha, com uma paixão platônica pelo patrão viúvo, e ele, um patrão bonitão e safado, mas ao mesmo tempo respeitador e contido, que ia conduzindo tudo com muito charme e cautela. 

Ele entendeu a atmosfera dos anos 50 e usou até alguns vocabulários próprios da época, achei sensacional a forma como ele entrou na brincadeira, tornando ainda mais orgânico, como se tivéssemos vivendo real naquela situação e época. 

Foi nessa noite que planejamos a ida na Hot Bar, relatada anteriormente. Ele disse:

– Quando você vai me levar na Hot? 

– Eu te levar? Você que tem que me levar. 

– Vamos na Hot comigo então?

– Vamos! Quando?

– Esse sábado? 

– Já?? E o aniversário da sua irmã?

– Se você topar passar o fim de semana comigo, eu não vou no aniversário dela e podemos ir na Hot. 

Foi engraçado que eu, que tava levemente sentida por ele não mencionar nada sobre me levar no aniversário da sua irmã (uma vez que ele já conhecia a minha mãe), imediatamente me senti a preferida. Então ele não tinha me chamado, pois, lá no fundo, nem ele pretendia ir. 

Me ajoelhei para chupá-lo. 

Acho que nunca mencionei aqui sobre o seu pau babado. Não costumo gostar desta excedente lubrificação quando estou chupando um cliente, mas o dele, devido ao nosso envolvimento, me delicio. 😋

Quando enfim nos encaminhamos para o sexo, rolou uma pequena inconveniência que nos fez sair um pouco do personagem. No meio da pegação, embaixo das cobertas, já na cama, meu nariz começou a captar um cheiro estranho, mais precisamente de xixi de gato. 😓 Um dos meus bichanos – provavelmente o mais velho – fez xixi na cama! Que conveniente. 🙄

Pausa pra trocar a roupa de cama, espirrar um Tuff Stuff no colchão e enquanto eu esfregava no local da urina, estrategicamente me posicionei de quatro na cama, com a bunda virada para o banheiro, onde o Intenso estava, para que quando abrisse a porta, se deparasse com a melhor visão dos mundos. Ele não me decepcionou e na mesma hora veio interagir comigo, se reconectando ao personagem. 😏

Que delícia transar com ele. 🔥Brincamos que estava tirando a minha virgindade, e como a minha bucetinha é mesmo muito apertada – não sou eu que estou dizendo, ele que não parava de repetir – , pareceu mesmo que estava me deflorando. 🌸

Foi uma noite muito gostosa. Senti que com ele eu poderia ser quem eu quisesse. 

Encontro com a Sara

A fim de termos mais uma experiência gostosa e inédita, tive a ideia de promover um encontro entre o Intenso e a Sara. Ele conhecia a minha real persona, mas não a Sara e achei que talvez poderia dar certo encantá-lo ainda mais, assim como encanto meus clientes. 😏

Me produzi como nunca tinha feito para um encontro pago. Fui ao cabeleireiro, acionei a minha maquiadora particular, até cílios postiços eu coloquei. Queria que ele me visse diferente do habitual. 

Marcamos num motel na região que ele mora. Ele não pegou um quarto muito bom, mas fez uma gentileza que nunca nenhum cliente fez por mim: deixou a vaga da garagem para o meu carro e estacionou na de visitante, mais distante.

Desliguei o carro. Me olhei no espelho do retrovisor. Peguei a garrafa de vinho. Meu coração estava disparado. Será que eu conseguiria trazer a personagem, sendo alguém da minha vida pessoal?

Bati na porta e quando ele abriu, não consegui vê-lo como um cliente. Confesso que fiquei até um pouco sem graça, não conseguindo acessar toda a autoconfiança que a Sara me transmite, afinal, era o meu crush ali.

Ele também tinha se produzido, disse que foi direto do trabalho e estava ainda mais lindo que o habitual com aquele terninho. Era vestido assim que ele trabalhava? Lindo daquele jeito? Seu perfume também exalava um cheiro maravilhoso. Eu não sabia se gostava ou se sentia ciúmes. Então era assim que ele se produziria para sair com uma acompanhante, se não fosse comigo?

Puxei assunto contando da minha aventura no trânsito para chegar até ali. Contei que quase bati o carro e ainda chamei muita atenção de um ônibus que tava cheio de homens. Todos eles colocaram a cara pra fora da janela, a fim de ver quem era a louca dirigindo, e quando me deparei com todos aqueles olhos me julgando, lhes dei um tchauzinho e na mesma hora todos se empertigaram ainda mais na janela, sorrindo e dando tchauzinho de volta. Em algum momento comecei a ficar incomodada com toda aquela atenção, mas o trânsito não ajudava e o ônibus ainda me acompanhou por alguns km.

Nisso já fomos abrir a garrafa de vinho e tanto ele, quanto eu, tremíamos as mãos, enquanto tentávamos encaixar o saca rolha, que ainda por cima não era tão bom. Os dois estavam tensos, fingindo não estar. 

Conduzi para que fôssemos encher a banheira e ficamos na parte externa bebericando e conversando, com o barulho da hidro enchendo. Minha vontade era de agarrá-lo imediatamente, mas o acordo era tratá-lo exatamente como trato um cliente, então tive que ser mais contida.

Em algum momento nos beijamos. Um beijo tímido, não coloquei toda minha intensidade, ainda. Ele brincou com a realidade e a ficção, disse que estava quase namorando, que era sua primeira vez saindo com uma acompanhante e que depois que pedisse a garota em namoro, não faria mais isso. 

Quando a banheira ficou pronta para o uso, ele brincou que estava sem graça de ficar pelado na minha frente e falei que não precisaria se preocupar, pois eu não olharia pra baixo. Ele tirou a roupa me encarando bem sério, e ali eu eu vi que ele não tava com vergonha coisa nenhuma, pelo contrário, me seduzia com aquela cara de mau. Espiei abaixo e já se encontrava duro. Danadinho. 😈

Não rolou muita conversa na banheira, a pegação que estávamos contendo até então, explodiu na água. Nos beijamos de uma forma tão intensa, que pirei de tesão quando senti seu pau encostando na minha buceta.

– Tá muito difícil pra mim. – Falei baixinho perto do seu ouvido, diante de toda aquela excitação.

– Deixa eu sentir a cabecinha entrando na sua bucetinha… – Ele pediu.

– Como eu mesma?

– Não, continua na personagem.

– Então não né. 

Ele me testava a todo momento. Tudo que eu mais queria era que ele entrasse em mim daquele jeito, mas não é o tipo de coisa que eu faria com cliente, então tive que me conter. 

– Sua buceta está encharcada. – Ele constatou, após passar os dedos na minha entrada. 

– Eu tô com muito tesão. 

– Então deixa eu entrar.

– Não posso.

Quando ficou insuportável aguentar a vontade de dar pra ele, saímos da banheira e fomos para a cama. Eu não chupo a baba do pau de um cliente, então, também limpei com a mão toda a baba dele. Era importante ele ver os cuidados que eu tenho quando estou transando a trabalho. Ele não me chupou nesse primeiro momento, peguei o preservativo e fui sentando nele. Depois me colocou de quatro, mas não gozou. 

– Posso gozar na sua boca?

– Você “você” ou você “cliente”?

– Cliente.

– Não né. 

– Eu te pago o dobro. 

– Não.

– Eu te pago o triplo. 

– Também não. 

– Então vou deixar pra gozar com a minha namorada mais tarde. 

E aí nesse momento ele quis me chupar. Até então, eu nunca tinha conseguido gozar com ele me chupando, um bloqueio meu quando estou sendo chupada, na minha vida pessoal, por alguém que eu sinto muito tesão. No entanto, mentalizando que ele era de fato um cliente, consegui relaxar e gozar, pela primeira vez em pouco mais de um mês juntos! E ainda gozei imaginando a nossa pegação gostosa da banheira, poucos minutos antes, quando eu queria que ele tivesse entrado em mim no pelo. 

Esse encontro foi muito benéfico para o desenvolvimento da nossa intimidade, pois, somente a partir daqui que passei a gozar facilmente com ele me chupando. 

Uma outra coisa inédita que rolou nesse encontro, mas que nesse caso só foi possível por ser ele, jamais desenrolaria com um cliente, foi ele ir até o banheiro enquanto eu estava fazendo xixi e tocar na minha buceta durante essa minha atividade. Eu parei de urinar na mesma hora. Sua mão lá me travava de continuar e ele adorou isso, esse controle sobre mim. 

Quando o encontro acabou, estávamos muito atrasados para o nosso encontro na “vida real”, então foi uma partida às pressas, nem tomamos banho e cada um foi no seu carro. E detalhe: Ele pagou o meu cachê de 2h! 

Naquela noite ele me levou pra jantar num restaurante muito gostoso. Eu estava vivendo um romance safado mais intenso da minha vida. 

Continua…