“O Intenso” – Parte 9

Querido diário,

Uma semana depois ele reapareceu, querendo conversar e fizemos uma chamada de vídeo. Disse que tinha sentido muito a minha falta no fim de semana em que ficou sozinho, que até tinha visto nos meus stories que eu tinha saído e que ficou mal imaginando que eu estivesse com alguém. No entanto, acrescentou que realmente não estava conseguindo lidar com a questão do meu trabalho e que achava melhor não ficarmos juntos, pois isso o estava machucando muito.

Eu já estava super bem resolvida, me apoiando na conscientização dele ser um narcisista e não fiquei nem um pouco triste com esse rompimento. Ainda tive a ideia de lhe fazer uma contraproposta, toda despojada:

– E se a gente só se encontrasse pra transar? Podemos tirar essa pressão de relacionamento, e só ter encontros casuais pra sexo. Você segue a sua vida, eu sigo a minha, e quando um ou outro tiver a fim de transar, manda mensagem e vê se o outro também tá na vibe.

Prática não? Eu sabia que ele não era bom pra relacionamento, mas o sexo gostaria de manter, afinal, era muito gostoso transar com ele.

– Você acha que daria certo?

– Acho que sim, o meu trabalho te incomoda pela questão do envolvimento sentimental, uma vez que não temos mais isso, ficamos só com a parte boa.

Confesso que ali me despertou um singelo alerta com a rapidez que ele aceitou a minha proposta, pois quando você está com a decisão realmente tomada de terminar com alguém, não viraria a chavinha de volta tão rápido assim. Foi como se até a minha contraproposta fizesse parte da manipulação dele, por já imaginar que eu não abandonaria o barco “sem lutar”. Do tipo: “vou falar pra ela que não quero mais e deixo ela se virar propondo soluções pra isso.”

– Então você acha que devemos manter a nossa viagem de Ilhabela? – Ele perguntou, se empolgando com a ideia.

– Sim, podemos sim. – Eu tava louca pra fazer aquela viagem, queria ter essa última vivência com ele.

Daí alinhamos isso numa boa e finalizamos a ligação. Eu só voltaria a falar com ele próximo da data, mas, inesperadamente, de madrugada, por volta de uma da manhã, ele me enviou a seguinte mensagem:

– Acordei após um sonho de que você era a minha esposa e mãe dos meus filhos.

Passou mais uma hora e lá pelas 2:37 da madrugada, ele fez uma nova tentativa:

– Acordei dinovo, após a continuação do mesmo sonho. Tínhamos um apê (pois você não gostava de casa) e a criança já engatinhando brincava com o Floquinho.

Manipulação das brabas aí!

Eu não me comovi, na verdade achei tudo muito forçado, afinal, quem volta pro mesmo sonho? Kkkkkkk.

Eu até estava online quando ele mandou (sou muito noturna), mas fiz questão de não responder. No dia seguinte, por educação de não deixa-lo no vácuo quando tentou ser romântico, apenas disse: “Nossa, que sonho” e um emoji rindo.

Três horas depois ele ressurgiu, caçando assunto, mandando um print de um título no word, que dizia o seguinte: “A Intensidade pelo olhar do Intenso”.

– O texto com seu ponto de vista do encontro com a Sara? – Tivemos essa conversa no passado, sobre ele escrever as suas percepções do encontro em que o “apresentei” a Sara.

– O meu texto do ponto de vista com a “Maria”. Viu o último comentário da TITI?

Ele fazia referência ao comentário da TITI aqui no blog, que se referia a mim (a persona por trás da Sara) como “Maria”, por não saber o meu real nome de fato.

– Eles também se interessam pela *******. – Ele continuou. – Ontem à noite eu deixei um comentário como sendo o “Intenso” no blog. Adorei seu texto… a forma como a “Maria” me olha. – Ele estava se referindo ao post da Parte 5, em que eu relato do encontro dele com a Sara, que eu tinha postado nesses dias em que estávamos afastados. – Também criarei um Instagram pra postar coisas do Intenso com a Maria, pelo olhar do Intenso. E no fim do texto, eu convido os leitores a seguir o perfil e acompanhar. O que acha da ideia?

Sinceramente? 

Eu não gostei da ideia dele. Pareceu que ele queria surfar na minha fama. O combinado não era só termos contato quando fôssemos transar, sem nenhum envolvimento mais?

Respondi o seguinte:

– Acho que podemos ir com calma. O texto poderia escrever sim, pois era algo que já tínhamos falado no passado, agora sobre criar conta no Instagram, uma vez que decidimos não ter mais tanto vínculo por você não lidar bem com o meu trabalho, não vejo muito sentido.

– Ok então. Vou levar dessa forma. Zero vínculo. Por favor, encerre de uma vez a história do Intenso. E vamos virar essa página de nossas vidas.

Não o respondi e a conversa morreu aí. 

Dois dias depois ele reapareceu, querendo confirmar sobre a viagem:

– Olá. Depois só me confirme se está de pé nossa praia, pois se não tenho que cancelar até amanhã à noite.

– Oi, bom dia. Por mim está confirmado sim. 

Daí ele aproveitou esse contato e tentou esticar o assunto, mandando uma foto de visualização única, dele usando um boné igual ao meu. – Um que eu tinha usado na viagem de Tiradentes, que ele tinha gostado e que tem um estilo unissex. 

– Nem ouse usar o seu junto comigo. – Ele acrescentou.

– É o meu? Ou você comprou outro igual?

– Jamais pegaria o seu, só gostei muito dele. Nunca curti boné. 

– E onde você encontrou igual?

– Fui longe hein, veio do Rio.

– Que loja?

– Renner. 

– Foi lá mesmo que eu comprei rs.

– Hhha não tinha na loja física. Só na on-line numa do rio. Aí mandaram de lá. 

– 😏😌

Daí não nos falamos mais nesse dia. 

No dia seguinte, uma segunda-feira, ele me mandou o seguinte:

– Nossa, está sendo bem difícil, viu. 

– Tão difícil quanto ter que lidar com o meu trabalho? 

– Pau a pau… mas são coisas diferentes… saudades. O sentimento que tenho por você é real e intenso. E você sabe disso. Nem queria ficar comentando isso com você, mas está cada dia mais difícil. Ontem li um comentário que vc deixou no seu próprio blog… respondendo a um comentário, onde vc falava indiretamente que eu não enxergava o que estava em meu nariz. Fiquei tão mal. Eu sei sim o quanto vc é incrível. Sei sim o quanto vc me completa e sinto muita falta disso. Eu não consigo pensar em outra pessoa, eu não consigo sair com outra pessoa… estou completamente perdido. 

– Não está conseguindo, mas está tentando, né? Seus seguidores e pessoas que vc segue continua subindo. Rs.

– Joguei meu insta num post do UOL, um monte de gente pedindo solicitação… mas nada demais… Isso não significa que eu estou tentando nada. 

– Você já estava tentando quando ainda estávamos juntos, imagine agora que está disponível.

– Vc quem está seguindo com a vida… “vivendo”. – Parafraseando o que escrevi no tal storie que postei. – Percebi que pra você não está sendo tão difícil assim “terminamos” tem uma semana e vc já estava saindo com outro… isso pegou um pouco. Mostrou a fragilidade do que vc dizia sentir.

Olha só como o narcisista tenta reverter a situação. Ele que me pediu aquele tempo, me removeu do Instagram, quando retornou, queria terminar, eu que fiz a tal contraproposta, e agora ele vinha com essa. 

– Estou me esforçando para isso. Quem quis terminar comigo foi você, por mim ainda estaríamos juntos, e você sabe disso. Mas ao contrário do que vc imagina, só estou saindo com amigos. Não fiz nenhum rolê de casal com ninguém, seria muita irresponsabilidade afetiva minha nesse momento, sair com alguém e deixar outra pessoa envolvida sem eu estar disponível emocionalmente. Acabei me reconectando com aquela minha amiga que estava querendo se reaproximar e fui num rolê com ela e seu novo namorado. Nada demais.

– Obrigado por me posicionar isso. Eu tbm não estou disponível emocionalmente pra nada. E essa semana foram dias em que percebi isso de uma forma muito intensa. E sim, te bloqueei pq eu mesmo não quero ficar me machucando… Vi no seu insta vc indo pra festas, vc andando de carro do lado do passageiro (logo pensei – ela saiu da festa com algum cara) … isso me deixou muito mal, dormi mal no sábado à noite, fiquei domingo todo de cama. 

– Domingo você me mandou foto de você no carro usando o boné, todo sorridente, então não ficou o domingo de cama, deixa de ser dramático rs.

– Era uma foto de sábado. Busquei no sábado o Boné.

Buscou onde se ele tinha comprado pela internet? Kkkkk. Olha o furo na história, mas só reparei agora enquanto escrevia kkkkk.

– Eu estou com muito medo dessa nossa ida pra praia, confesso. – Ele continuou. – Criar mais memórias afetivas com vc e depois ficar aqui nesse sofrimento que não termina nunca. Seja por um motivo ou outro. Espero que vc e sua amiga se entendam, e se deem bem. E mais uma vez, muito obrigado por dar satisfação de sábado. Algo que vc não precisava fazer. Mas você sabe como é ruim ficar conjecturando ou criando paranoias que não são verídicas. Isso nos corrói.

– Sim, sei muito bem. Mas não precisa ter esse sofrimento. Quando propus de continuarmos saindo de vez em quando, foi justamente para que não houvesse esse tipo de sofrimento de ambos os lados. Uma ruptura como você estava querendo fazer seria ainda mais sofrido. Você não acha?

– Sei que parece ridículo, mas ter essa exclusividade sentimental entre eu e você seria muito? Pensar em vc se envolvendo sentimentalmente com outro cara, me mata. Ainda estou muito perdido em tudo isso. Pra você talvez seja mais fácil lidar, se envolver com outros, pra mim está sendo algo bem sofrido. Eu sei exatamente o que vou sentir quando te ver novamente. E por outro lado, eu tô bem mal… não tenho fome, não tô indo na academia. Parece que minha vida parou e não faz mais sentido algum. Jamais imaginei ficar assim por alguém. Estou passando pela fase mais difícil da minha vida.

Daí, já que ele tava se dramatizando tanto, voltei no ponto da conversa em que ele disse ter jogado o insta dele num post da Uol. 

– Que post da Uol? Sala de bate papo? Rs. 

– Ah, postaram algo no insta daqueles perfis de sentimentalismo e psicologia, falando sobre suporte emocional em términos e bla bla bla… ai eu fiz um comentário. E as pessoas que me adicionaram tudo de fora… Nordeste, rio.. etc. 

– Mas qual o sentido de manter uma conta privada e adicionar pessoas que não conhece? Rs. Quem deixa a conta fechada, é justamente pra preservar de pessoas estranhas.

– Realmente nenhum sentido. Talvez para o ego. Ou me sentir acolhido. Não tenho resposta pra isso. Acho que percebi que esse lance do instagram pega muito pra vc né.

E daí ele me mandou um print das notificações dele, mostrando todas as reações femininas que ele obteve com tal comentário. 

– Você pode me mostrar o print do seu comentário na página da Uol?

– O reels falava sobre o que os homens +35 buscam hoje em relacionamentos. Depois algumas pessoas me chamaram no insta… mas nem conversei. Pessoas da Bahia, Minas, vários estados, abriram discussão e pediram amizade, talvez por curiosidade em meu perfil.

Fiquei um pouco irritada quando vi o print do comentário dele e fui reativa, mordendo a isca de me afetar e demonstrar ciúmes: 

– Você não está no aplicativo, mas está usando o insta com esse propósito, da na mesma, rs. Mas que bom que está conseguindo, de alguma forma, seguir em frente. Mais opções de lugares pra você viajar. 🙂

– Sério que vc está pensando dessa forma? Não quero conhecer ninguém. Estou tentando expor minha dor e dificuldade em seguir, mas isso não está fazendo efeito em vc. Porra, eu gosto de vc, e não tô sabendo lidar com isso. 

– Suas ações contradizem suas próprias palavras. Quem não quer ficar com ninguém, não faz esse tipo de comentário numa postagem com um tema pertinente, dizendo o que está buscando e etc, sabendo que vai atrair uma porrada de mulherada carente. Quem não quer ficar com ninguém, se recolhe, busca se conectar consigo mesmo, e não sai atirando pra tudo quanto é lado. O que vc está expondo pra mim é você se colocando em evidência e mulheres interagindo nas suas coisas. Era pra me causar ciúmes? Se já tínhamos combinado que viajaríamos, desde semana passada, não tinha motivos pra você ficar comentando em postagem desse tipo, que vc sabia muito bem o que atrairia, mesmo assim você seguiu prospectando outras mulheres.

– Tô sofrendo muito. É muito estranho ver sua vida não fazendo mais sentido. Se sentir perdido, à deriva em um misto de sentimentos. Vc me transformou e eu não sou mais a mesma pessoa de antes. Vc trouxe sentido pra coisas que antes não existia. E de repente, eu perco isso, eu não tenho mais. Não tenho nossas conversas, nossa intimidade, nossos carinhos (e eu nem tô olhando para o sexo). Eu vou levar muito tempo pra me curar disso. 

– O que você quer que eu faça quanto a isso?

– Eu não sei. Vc acha que pode fazer algo a respeito?

– Na verdade eu não posso fazer nada a respeito. Foi você que terminou, você que disse não conseguir lidar com o meu trabalho, e agora diz não conseguir lidar ficar sem mim, não sei como te ajudar, se em nenhum cenário você fica bem.

– Está bem. Vamos cancelar a viagem então, e eu vou tentar seguir minha vida. Não vou te incomodar mais. Adeus. 

E aí a foto dele sumiu. A típica estratégia que ele adotava com frequência, pra me assustar e me fazer ir atrás dele. 

E funcionou. 

Mas fui atrás toda munida:

– Apesar de você não admitir, você tem muitos traços narcisistas. Isso que você faz de manter vários contatinhos ativos, essa busca incessante por validação, buscando outras mulheres, mesmo quando você já gosta de alguém, e esse seu padrão de ser reativo, bloquear, apagar contato e depois reaparecer, se queixando do cenário atual, mas não fazendo absolutamente nada para mudar a situação, é uma característica muito marcante de um narcisista. Eu pesquisei muito sobre isso nesses dias que não estávamos nos falando e tudo encaixou no seu comportamento. *Tudo mesmo.*

E aí mandei pra ele uma gravação da tela falando sobre o ciclo do narcisista, que trouxe na postagem anterior.

– Por favor, leia as coisas que estou dizendo não como um ataque, mas como alguém que se preocupa com você e que lamenta muito você ser assim, pois o que nos impede de ficarmos juntos não é o meu trabalho, mas o seu jeito narcisista de ser.

Essas minhas mensagens depois do seu “Adeus” não entregaram. Ele tinha me bloqueado. 

Mandei por torpedo pedindo que ele me desbloqueasse pois queria falar algo. 

– ?

– Antes de falar o que eu preciso te dizer, queria te fazer uma pergunta. Quando você traz todas essas lamentações, você só traz para desabafar ou pq gostaria de fazer algo para mudar esse cenário?

– Só pq eu te amo. Só por isso. Lamentações eu levo pra minha psicóloga. 

– Isso não responde a minha pergunta. 

– Está nas entrelinhas.

– Você me ama, mas não está disposto a fazer nada para melhorar o cenário?

– Sempre tentei. 

– Não estou falando de antes. Estou falando de agora. Nesse atual momento que vc sentiu a necessidade de vir me falar o quanto está sendo difícil pra você. A sua intenção era só desabafar então? E não propor uma mudança de cenário?

– Quando eu fiz isso, vc me devolveu um feedback tão raso. Entendi que pra vc não era o mesmo cenário.

– Uma vez na vida para de responder jogando a culpa das suas ações nas costas da outra pessoa. Quando a gente decide fazer algo, tem que ser algo já decidido e não baseado no que a pessoa vai responder. Veja que em nenhum momento que você me trouxe a sua dor, você veio com uma proposta de mudança para nós, você só se queixou e ficou jogando a peteca para que eu pensasse em alguma coisa, de algo que foi você que fez.

– Eu queria que você soubesse como eu estava me sentindo. Mas não como um desabafo… Só um reforço de demonstração do quanto eu gosto de você. 

– E o que você queria que eu fizesse com isso?

– Não estou apontando, nem te culpando de nada. Eu tomei a decisão. E hoje acabei te dando um feedback de como eu estava me sentindo após essa decisão. Talvez eu tenha feito errado em fazer isso, e me desculpe se de alguma forma se isso te afetou negativamente.

– Então você só me trouxe a sua dor por trazer? Não pq tinha intenções de mudar o cenário, visto que não está te fazendo bem esse afastamento? 

– Eu não sei. Eu te disse que estava completamente perdido. Não sei o que pensar, o que fazer, só sei o que estou sentindo. Você já parou pra pensar que talvez o que eu fiz hoje foi um grito de socorro? Um grito de “estou sofrendo muito sem você”. Olha o que eu postei no meu insta sábado… e vc não viu. E eu postei só pra vc ver. 

– Você esqueceu que me removeu do seu Instagram?

Olha ele se contradizendo, rs. 

– Eu tinha te desbloqueado e aberto meu insta. Depois vi seu post da festa e tudo mais que vc já sabe.

– Entendo o que você sente, mas foi você quem terminou. Se realmente sofre, o que você propõe de diferente para que esse cenário mude?

– Eu já disse que não sei. Estou perdido, e sozinho eu não consigo pensar em nada.

Muito cômodo pro narcisista deixar que você frite a cabeça sozinha por algo que ELE QUE FEZ!

– Eu não posso ser a solução daquilo que só depende de você. Quando tiver clareza, aí sim podemos conversar.

– Era isso que queria me dizer?

– Não.

E aí eu copiei e colei aquela mensagem que mandei quando estava bloqueada, sobre ele ser narcisista. 

Sim, eu o confrontei com isso.

– Eu não sou um narcisista. Eu já sabia que vc pensava isso. – Eles nunca admitem. – Mas um dia vc vai entender que não. 

Na verdade, hoje eu tenho certeza que sim. Kkkkk.

– Um narcisista nunca admite que é. – Insisti. 

– Um narcisista não ama. Não se apaixona. É muito cruel vc dar um diagnóstico baseado em uma resposta do ChatGPT. Espero que vc mude esssa postura quando profissional de psicologia. Eu já sabia que vc pensava assim de mim, mas me dar um diagnóstico, aí já foi demais. Nem minha psicóloga fez isso. Eu não quero mais contato com vc, ok?

– Não estou dando diagnóstico baseado em uma resposta do chat, mas sim olhando para tudo que vivemos e comparando as informações. Você sempre teve esse padrão de ser reativo, me bloquear, apagar contato, para que eu sempre fosse atrás.

– E hj vc veio atrás só pra me diagnosticar. 

– Primeiro eu queria entender o motivo de você ter me falado aquelas coisas. Se tinha intenções de mudar o cenário. 

– Eu não acredito que vc voltou aqui pra falar isso. Vc me machucou muito agora.

– Mas como você não o fez, novamente confirmou o tanto de coisa que eu pesquisei sobre o assunto. Se você me amasse mesmo, você não ficaria aí só se lamentando, mas faria algo para mudar. Pq quem quer de verdade, dá um jeito. Faz acontecer. 

E continuei:

– Pra você é mais aconchegante buscar validação na internet de mulheres estranhas te mandando msg, do que se resolver com a pessoa que você diz amar. Entende que isso não é amor? Amor se prova em ações, não em palavras. Se não há atitudes, não há amor.

– E nenhuma ação que eu fiz até hj vc valida. Tudo foram ações narcisistas. Nossa relação é muito complexa pra vc encaixar em um diagnóstico.

– Eu considerei tudo isso. Mas o narcisista só gosta enquanto a pessoa está suprindo algo pra ele. Eu te supri durante um tempo, quando eu cortei aquela conversa de putaria envolvendo o seu amigo, ali eu já não te supria mais e aí você quis se afastar.

– Eu sei o que eu sinto. E sei que é real. Posso ter traços narcisistas na personalidade, mas se ser eu mesmo, sem máscaras – conhecer sua mãe e gostar dela, conhecer seus amigos e gostar deles, me expressar intensamente pq gostei muito de vc, – faz de mim um narcisista, então eu sou. E vc que me transformou nisso.

Eu que transformei ele num narcisista???

– Tem mais alguma coisa pra me dizer? – Ele tentou finalizar.

– Ninguém transforma ninguém em narcisista. Cada um é responsável pelas próprias atitudes. Reconhecer isso já seria o primeiro passo, mas você prefere me culpar. Não gostaria que você visse essas coisas como um ataque. Estou jogando uma luz para o assunto, para que você busque se conhecer mais nesse sentido. Pq enquanto você agir assim, não conseguirá ser feliz com ninguém. Fica bem. 

– Você entendeu o que eu quis dizer. E não, eu não estava em busca de validação. Eu estava em busca de qualquer coisa que me tirasse esse sofrimento que é te amar e não poder te ter por completo.

– Isso não justifica. Quem ama de verdade, ia preferir tá com pessoa que gosta e não buscando validação com mulheres que não te conhece. 

– Aconteceu uma vez. E vc tomou isso como uma verdade absoluta da minha personalidade. 

– Não. Você me provou hoje com os prints do seu Instagram. Mesmo a gente tendo confirmado a viagem, você continuou buscando validação com outras mulheres, se colocando em evidência para que outras vissem o que vc busca num relacionamento. Você se colocou disponível.

– Eu opinei sobre o que um homem busca em um relacionamento. E não que eu estava buscando ou aberto a isso.

Que grande mentiroso.

Fiz questão de trazer o print de volta na conversa:

– Não subestime a minha inteligência, por favor. Aquilo nem era comentário na página da UOL, como você disse, e você estava claramente vendendo o seu peixe. Releia o seu comentário. “Busco um relacionamento…” você está claramente se colocando disponível para quem te entregar tais coisas que vc está buscando. Seria tão mais digno você admitir esse seu comportamento, do que tentar me engabelar com esse discurso de bom moço.

– O vídeo falava sobre o que os homens buscam em um relacionamento após os 30 anos … eu fui lá e opinei. Não me vendi. Se fosse assim estaria nos apps de relacionamento, não no Instagram.

O narcisista nunca admite, mesmo com todas as evidências contra ele.

– Você está tentando estratégias diferentes. Você sabe muito bem que aquilo atrairia mulheres e não só sabia como gostou e aceitou todas elas. Repito, esse tipo de busca por validação não é saudável. Você deveria se importar com a validação apenas da pessoa que vc gostaria de estar.

– Olhe pra vc também: vc precisa de validação todos os dias no seu trabalho. Seu complexo de rejeição te moldou assim. Aí vc senta em cima do rabo e fala do meu. Já disse várias vezes que somos o espelho um do outro. É tão simples minha forma de pensar. Vc expõe sua opinião a todo momento na internet, mas se assusta quando vê eu expondo a minha. Estranho isso. 

Estranho era ele se fazendo de louco. 

– Falar do meu trabalho é só uma forma de fugir do assunto. O que estamos falando aqui é sobre as suas atitudes, não sobre a minha profissão.

– Hj eu levantei bandeira branca, me expus, expus vulnerável e vc não me acolheu. Então, olhando por suas lentes, vou seguir minha vida e achar a próxima vítima. Eu posso sim ter traços, mas não concordo que o que eu sinto não seja verdadeiro. Pq eu nunca agi assim com outra mulher. 

– Você sempre teve esse padrão. Não precisa admitir pra mim, mas olha pra dentro de você.

– Uma pessoa intensamente apaixonada pode sim ser confundida com traços narcisistas.

Oi??

– O que você sente pode até ser verdadeiro pra você, mas amor de verdade não se mede pelo ‘nunca fiz isso antes’, e sim pela capacidade de cuidar e sustentar a relação. 

– Vou jogar os holofotes pra esses pontos que vc mencionou. Quem sabe eu não me torne uma pessoa melhor.

– Espero que esteja falando isso de coração e não com ironia.

– Estou sendo sincero. Eu sei que vc sabe que o que eu sinto por vc é real. Mas agora vc precisa se apegar ao fato de eu ser narcisista pra também conseguir superar esse rompimento. Seria como um “livramento” pra vc. E tá tudo bem. Cada um se apega ao que pode. Eu vou buscar ao que me apegar, e espero mesmo ficar bem. 

– Se o que você sente é tão real assim, então assuma isso em atitudes. Ou você decide ficar e agir de forma diferente, ou assume de vez que prefere se afastar. O que não dá é continuar nesse meio-termo.

– Isso é uma pressão pra eu assumir definitivamente o que quero com vc? Assumindo vc, seu trabalho e tudo que envolve?

– Não é pressão, é definição. Amar alguém envolve assumir a pessoa por completo, não só o que é conveniente. Se você não consegue lidar com quem eu sou e com o que meu trabalho envolve, então a resposta já está dada.

– A única coisa que não consigo lidar é com seu trabalho. Não ter você por completo. E isso não tem nada a ver com posse. Não confunda.

– Entendi. Ou seja, voltamos ao mesmo ponto. Entre me ter do jeito que eu sou, de acordo com a minha condição nesse momento, você prefere não ter nada a ter isso. Então a resposta já está dada. Fica bem. Quem sabe nos reencontramos lá na frente.

E daí ele só reagiu com joinha e me bloqueou novamente. 

Quinze minutos depois, não me aguentei e enviei o seguinte torpedo:

– Mas bem que podíamos ter uma despedida nessa viagem.

– Se formos nessa viagem vc vai foder com minha vida. Vê como a gente não consegue se afastar? Por mim ok, vamos nessa viagem. Mas com uma condição. 

– Lá vem. 

– Vc vai dar um fim leve pra história do Intenso. 

– Se rolar a viagem será um fim leve sim, encerrarei nessa viagem.

– Estamos combinados. Leve seu tripé. E todo o carinho e desejo que ainda tem por mim. 

Daí não me aguentei de novo, e mandei uma foto que eu tinha no meu celular do pau dele, dizendo que tava com saudade. – Amor de pica é foda. 

Daí na mesma hora ele mandou uma foto atual do pau dele duro, dizendo:

– Vc me manda mensagem e eu fico assim… é uma praga. 

– Estou com muito tesão agora. – De repente eu fiquei tarada na conversa, só de olhar aquele pau. 

– Faz uma vídeo chamada pra mim? – Ele pediu.

– Faço com uma condição. 

– Qual?

– Que você vai me comer bem gostoso nessa viagem. Pra fechar com chave de ouro. 

– Posso não só comer, e te amar também? 

– Me amar ou me iludir?

– Te amar.

– Pode, se você me amar direito então.

– Amarei do jeito que te amo.

– Estou achando um tesão a gente se falando por aqui desse jeito. 

– Eu tbm hahahaha. E como seria comer gostoso? 

– Eu adoro quando você me chupa e depois entra em mim, bem devagarzinho, por cima de mim, só a cabecinha.

– Eu adoro sentir seu gosto… quando vc goza na minha boca. Sentindo seu grelinho na minha boca.  Amo quando sinto sua bucetinha apertada. Quando sinto que estou abrindo ela com meu pau bem lentamente.

– Queria muito sentir seu pau entrando em mim agora. 

– Quer que eu vá praí?

– Que tesão.

– Quer que eu vá aí te comer? 

– Quero. 

– Me espera bem safada e gostosa?

– Então vem logo. Tô louca pra dar pra você. 

– Me espera safada e gostosa como sempre. Tô indo. Me passa o endereço novamente.

Nossa ele já tinha esquecido meu endereço? 

Depois ele mandou uma foto do velocímetro do carro marcando que ele tava a 176km por hora. 

– Não precisa correr tanto rs.

– Muita saudade. Se a gente se afastar, eu viro esse cara aqui: 

– Essa aqui tem mais a ver: – Devolvi.

– Kkkkkk. Bem isso. Vc vai ficar de 4 pra eu chupar seu cuzinho gostoso?

– Vou. Só depois que você me fizer gozar na sua boca.

Ele chegou na minha casa e novamente tivemos uma das melhores transas. Mas não foi aquela transa que já chega metendo não, ele tinha todo um jogo de sedução pra me fazer implorar pra ser comida por ele. Começamos com a agarração no sofá da sala, ficava pressionando seu pau gostoso por cima da roupa, na direção da minha buceta, enquanto me beijava ardentemente. Sentir aquele volume só me deixava ainda mais louca e molhada. Nessa hora ele ainda brincou com o fato de ser um narcisista, falando todo sexy e com cara de mau:

– Sou narcisista mesmo e você adora. 😈

Falava aquilo com a maior cara de safado, enquanto me beijava e pressionava seu corpo no meu. Por mais que admitir aquilo fosse como se ele tivesse admitindo um crime, naquele momento do tesão minha razão se perdeu completamente. Ele tinha vindo de Campinas só pra me comer e eu queria transar gostoso. 🔥🔥🔥

Transamos muito e dormimos. Ele foi embora na manhã seguinte. 

*

– Ah, hj tive Leda. – Ele disse em algum momento do dia, sobre ele ter tido sessão de terapia, Leda é o nome da terapeuta dele. – Só pra título de informação… ela nunca trabalhou com a hipótese de Narcisismo… mas sim, síndrome de Don Juan. Desde quando ela me atendia anos atrás. Da uma pesquisada nisso já que vc se interessa tanto. Mas leia tendo em mente que o que sinto por vc é real. E não superficial.

– Eu já pesquisei sobre o dom juan também e tem características parecidas com o narcisista. Rs. Mas que bom que o que vc sente por mim seja real, talvez os seus rompantes não sejam pelo narcisismo e sim pela bipolaridade, apesar de você ser medicado. 

*Informação nova aqui pra vocês*

– Exato. Acho o narcisismo pior, pq ele não se importa com o outro. Só olha pra si. Não é o meu caso. Mas tem sim alguns espectros. Todos somos errantes, o importante é trabalhar isso. Reconhecer e trabalhar. Estou muito feliz e ansioso com nossa viagem. 

Agora corta pra nossa viagem que ocorreu três dias depois…

“O Intenso” – Parte 8

O Lado B da História

Parte 2

Querido diário,

Chegamos a continuação tão esperada, que rendeu 18 páginas do Word! Acho que nunca escrevi tanto numa tacada só! Peguem a pipoca e venham se horrororizar comigo.

Cheguei na casa dele quinta a noite e fui recebida da melhor maneira possível. Quando nos abraçamos no elevador, pude sentir uma onda forte de energia atravessando o nosso corpo, uma sensação muito intensa. Logo que entramos no seu apartamento, ele já partiu pra sedução, me encostando na parede, muitos beijos e amassos, desceu para me chupar, ele estava muito dedicado. Sempre que a gente brigava e depois transava, as transas eram ainda mais intensas, como se o medo da perda intensificasse ainda mais aquela oxitocina. E toda aquela devoção sexual que me demonstrava, enquanto me agradava, me fez sentir poderosa, como se nada pudesse separar a gente, porque juntos éramos imbatíveis. Tivemos um sexo selvagem delicioso com ele me pegando de quatro, uma de nossas melhores transas. Ficamos de grudinho pelo resto da noite, foi maravilhoso.

Para aquele fim de semana, ele tinha combinado um jantar na casa dele com um casal de amigos, para que eu fosse oficialmente apresentada. Seriam as primeiras pessoas que eu conheceria do lado dele. Enquanto o sábado não chegava, sexta ele conseguiu se liberar do trabalho e ficamos de preguicinha no sofá, até jogamos vídeo game, um jogo que eu adorei, chamado Death Stranding, foi alucinante jogar chapadinha, altas brisas e reflexões.

Mais tarde, enquanto eu escrevia em seu MacBook, subiu uma mensagem de um amigo dele, e só então percebi que o WhatsApp estava conectado. Eu, inocentemente, comentei com ele sobre a mensagem de seu amigo e foi então que ele também se lembrou que estava logado no computador. 

– Ahh você viu aí? – E veio, como quem não quer nada, tentar deslogar. 

– Tá tudo bem, pode deixar. – Falei numa boa, sem qualquer intenção de espionar. 

– Não ia deslogar não, só ia desativar a notificação pra não te desconcentrar. 

Sei. 

Daí ele acabou cochilando no sofá e eu segui no meu processo criativo, naquele dia eu escrevia sobre a Parte 4, contando de quando fomos na Hot Bar (pra vocês terem uma ideia da linha do tempo de como as postagens aqui estão atrasadas em relação aos acontecimentos em tempo real). 

Quando me dei conta que ele tinha dormido, me ocorreu o pensamento de dar uma espiada no WhatsApp dele. Juro pra vocês que eu pensei em olhar mais por curiosidade boba, não que eu esperasse encontrar algo de fato, afinal, ele sempre se mostrava muito apaixonado, mas já que estava ali, pensei: “por que não?” 

Curioso que, ao mesmo tempo em que eu não esperava encontrar nada incriminador, uma vozinha na minha cabeça disse “termina de escrever primeiro pra depois olhar, porque se você encontrar algo que não gostar, vai estragar todo o seu processo de criação”. E assim o fiz, curiosa, porém focada, terminei de escrever toda a postagem e então, como ele ainda estava dormindo, fui espiar o seu WhatsApp.

Logo a primeira mensagem que constava, silenciada, nem arquivada estava, era de uma tal de Maristela, uma conversinha fiada entre eles, que se iniciou na quarta-feira. 

*

Recapitulando os acontecimentos da postagem anterior:

Segunda: ele viu minha participação no Achismos e nos desentendemos. 

Terça: ficamos o dia inteiro sem nos falar e nos reconciliamos somente a noite, porque EU fui atrás. 

Quarta: estávamos bem, mas tivemos aquela leve DR, sobre o que rolou segunda e terça. 

Ou seja, ele deve ter baixado o aplicativo na terça, que não estávamos nos falando, e na quarta, mesmo estando bem comigo, migrou a conversa com a menina para o WhatsApp.

Aquilo me deixou devastada. 

*

– Bom dia Dra. Maristela, tudo bem? Aqui é o *Filho da Puta Cretino*… você me passou seu whatsapp à pouco… me contou também que está de mudança para Campinas (o que me deixou bem animado inclusive)…

BEM ANIMADO???!

– Sei como é corrido esse processo de mudança… então fica tranquila, responda só quando realmente puder. Gostaria também de me colocar à disposição se você precisar de qualquer coisa nesse processo… (não sei se já tem alguma rede de apoio aqui em Campinas, mas conte comigo para o que precisar.)

NOSSA COMO ELE É TODO SOLIDÁRIO COM UMA ESTRANHA, NÃO?!!

– Obrigada pela empatia e disponibilidade! Vc é mt educado e gentil. – Tadinha dela, mal sabia a grande cilada que era esse estranho “gentil e educado”.

Aí, em outro ponto da conversa em que ela perguntava o que ele fazia, lá veio ele, vendendo seu peixe de homem bem-sucedido:

– Mari… já trabalho há 25 anos com TI. Hoje sou Diretor de Tecnologia de uma farmacêutica Suíça e também tenho minha empresa de tecnologia. Mas só comento quando me perguntam, pra não parecer presunçoso. Não sei o que buscava no APP… mas olhando seu perfil acho que me identifico muito com você… Pelo menos a mim, me dediquei tanto ao trabalho, carreira, que esqueci da vida pessoal… E hoje estou num momento de conhecer pessoas… e quem sabe não rola uma conexão…

OI??????? E O QUE ELE ESTAVA FAZENDO COMIGO ENTÃO?!

Daí a moça contou algumas coisas da vida dela, e lá veio ele de novo:

– Quando você diz que pessoalmente me explica melhor, você está indiretamente me iludindo que vai aceitar tomar um café ou um drink comigo hahahahahaha.

Nossa, tô morrendo de rir. 😒

– Eu estou no APP há poucos dias… e sinceramente, não é qualquer perfil que me despertou interesse. Confesso também que paguei o APP só pra te mandar mensagem.

A MESMA COISA QUE ELE TINHA FALADO PRA MIM, QUANDO DEMOS MATCH NO APLICATIVO!! QUE ELE TINHA PAGADO PRA FALAR PRIMEIRO COMIGO. AFF.

– Eu instalei esses dias tbm… jura? Hahahaha que fofo!

Quando ele veio com essa pra cima de mim, eu falei: “Mas eu que te mandei msg primeiro, que estranho”.

– Não me julgue… mas quando vi pensei: “Eu preciso conhecer melhor essa mulher”. Inteligência me atrai e você exala isso em seu perfil.

OS MESMOS XAVECOS QUE ELE DISSE PRA MIM, SOBRE EU EXALAR INTELIGÊNCIA E BLÁ BLÁ BLÁ.

– Eu também moro sozinho aqui. Comprei meu apê tem 8 anos. Mas quase não saio… muita correria de trabalho.

Qual a necessidade de falar que tinha apartamento próprio? Mostrar pra ela que tinha recursos a oferecer para a pobre donzela que estava vindo morar de aluguel em Campinas?

Em outro ponto da conversa, ela revelou que tinha 33 anos e ele respondeu:

– Meu Deus, uma criança. Quase pedofilia eu falar com você.

Que nojento isso. Ele tinha 39, nem era tanta diferença assim.

Daí a moça mandou um textão contando mais coisas da trajetória profissional dela, que ele só respondeu com “Estou boquiaberto” e então lá vinha ele se exibindo de novo:

– Tem algo que eu possa fazer para te ajudar nesse lance da mudança? Algum apoio logístico? (Tenho um carro bem grande, caso você precise carregar algumas caixas frágeis).

Apartamento próprio, carro grande, Diretor de TI, o macho alfa gostava de exibir as suas conquistas.

Ela agradeceu, disse que não precisava, mas que se precisasse gritava ele.

– Perfeito. Ficarei de plantão então.

Como é solícito, não?! 😒

– Você que é muito educada em me responder, um cara que você não conhece, que te abordou em um aplicativo.

– Somos mto educados e gentis! E legais… hahaha. – Ela estava animada.

– Hahahahah uma combinação perfeita pra um date legal. Vc preferiria um café ou drink? – Lá vinha ele atacante. – E se em algum momento eu for chato ou inconveniente, me fale por favor rs… eu tenho um senso de humor mais ácido e irônico… mas adoro fazer rir.

Daí ela soltou alguns elogios a ele:

– Me parece ser meio nerd tbm… hahahahaha adorei!

– Eu sou! E acredita que sou subjugado por isso? As mulheres tem preconceito…

– E quero falar com vc das pesquisas de uma pós sobre docência na saúde e IA… kkkkk

– Estou fazendo meu MBA exatamente em IA hahahahahahahahahahah

Não achei nada engraçado.

Ela reagiu com palminhas.

– Posso te propor algo? – Ele atacou novamente. – Eu gostaria de te levar pra jantar em um lugar que é muito especial pra mim aqui em Campinas. Acredito que você ainda não conhece.

Tenho certeza que ele ia levar ela no ELIXIR, o mesmo restaurante que me levou, é um lugar muito chique e lindo, perfeito pra impressionar alguém.

Preciso salientar que NUNCA na minha vida eu tinha passado por uma situação dessa. Só tive três namorados e nunca peguei qualquer traição, sequer desconfiei de alguma coisa. Vivenciar algo sim é a pior experiência para uma mulher. Quando o homem se depara com uma traição, imagino que está mais afetado pela questão do ego, preocupado se o pau do outro é maior, se fez a mulher dele gozar mais do que ele, mas pra mulher isso pega muito no lado sentimental da coisa. “Ele não me ama mais”, “Ele não me deseja mais”, “Ele não me vê mais como a mulher da vida dele”. A gente não está nem aí se a outra beija melhor ou transa melhor, questões sentimentais causam muito mais estrago do que uma mera comparação sexual.

Eu conseguia ouvir e sentir o meu coração batendo. Uma sensação muito estranha, como se eu tivesse em perigo. Minhas mãos tremiam e suavam. Me senti dentro de um pesadelo. O cara que eu tinha idealizado pra ter um relacionamento sincero e profundo não estava mais me vendo com a mesma importância, e o pior, flertava exatamente igual flertou um dia comigo. Eu era só mais uma, assim como ela.

Tirei fotos, fiquei lendo e relendo, me torturando repetidamente.

Em algum momento ele despertou e eu quase não consegui voltar com a tela para o word. Falei que tinha mexido em outras telas pra enviar para o meu e-mail (coisa que eu tinha feito mesmo) e emendei que ia tomar banho. E tudo isso foi dito com MUITA dificuldade, era como se eu tivesse desaprendido a falar, as palavras quase não saíram, mal olhei na cara dele enquanto falava.

Me tranquei no banheiro e devo ter ficado uma hora lá. Entrei no banho e chorei demais no chuveiro. Como doía. “E agora? O que eu faço?” Eu não sabia o que fazer. Eu não conseguia simplesmente terminar e ir embora, eu ainda gostava muito dele e não conseguia virar a chavinha rápido desse jeito. Me senti extremamente impotente. Tivemos uma tarde tão gostosa, por que aquilo tinha que ter acontecido?

Disparei mensagens e prints para todos os meus amigos, quem me respondesse primeiro seria meu ponto de apoio naquele momento:

A razão dizia: “VAI EMBORA AGORA!”, mas já o coração: “Você gosta tanto dele, poxa…” Acabei pedindo ajuda pro ChatGPT também. Fiz um breve resumo da situação e pedi pra me ajudar a estruturar uma conversa, eu não tinha o menor discernimento pra isso naquele momento:

Um ano depois, criei forças para sair do banheiro. Fui para o quarto de hóspedes e ele estranhou que não voltei pra sala, me chamou, vendo que eu não respondia, veio até mim. Estampava uma fisionomia preocupada, me perguntou o que estava acontecendo e desatei a chorar, igual uma retardada. Não consegui trazer nenhuma fúria pra xingar ele, pelo contrário, parecia que eu tinha levado uma surra. Ainda fiquei com a sensação de que ele começou a ficar impaciente com o meu drama. Mais preocupada por estar lhe causando alguma irritação do que por estar pronta pra falar de fato, entre soluços e frases, fui falando o que o chat tinha estruturado.

Como a minha amiga tinha previsto, ele jogou a culpa em mim, disse que foi um ato desesperado pelo que viu sobre mim no Achismos e em nenhum momento demonstrou qualquer arrependimento ou pediu desculpas, como se os seus motivos justificassem tal ato. Eu queria vê-lo se rastejando, implorando pelo meu perdão, mas isso não aconteceu e a minha decisão de perdoar teria que se dar por mim mesma e não por ele estar se esforçando muito pra me convencer disso. O que é ainda pior. Eu já tinha idealizado tanta coisa com ele, os seus amigos que eu conheceria na noite seguinte, a viagem para Ilhabela, que já estava fechada para aquele mês, fora as outras muitas lembranças dos momentos bons que eu não conseguia simplesmente jogar no lixo. Fiquei um tempão ali chorando, após me trazer as suas justificativas, se vitimizando, como se ele tivesse sido obrigado a tomar tais atitudes.

– Eu estava tentando achar um relacionamento normal. Você sabe como é difícil pra mim lidar com o seu trabalho. Eu te falei que depois que vi o Achismos eu dei uma desanimada.

– Mas a gente já tinha se entendido! E mesmo assim você tava marcando encontro com ela!

– Eu não iria no encontro.

– Claro que iria!

– Não iria. Eu iria acabar desmarcando porque já estaria bem com você.

Enfim, chorei, chorei, chorei, até que em algum momento, quando eu já não tinha mais energia nenhuma, ele me abraçou e fomos para a cama.

O sexo foi delicioso.

Ainda mais intenso.

No dia seguinte acordei encucada. Ele ainda dormia e eu já com meus dois olhões estalados olhando para o teto, pensando mil coisas. Peguei meu celular, baixei o Bumble e fiquei passando os perfis pra ver se aparecia o dele.

E apareceu.

BUSCO:

  • Um relacionamento sério
  • Encontros divertidos e casuais
  • Transparência
  • Alegria
  • Inteligência Emocional

O cara que enganava buscava transparência e inteligência emocional, que irônico e contraditório.

Quando perguntei na noite anterior se ele ainda estava no aplicativo, ele mentiu que tinha usado o Happen e Badoo, que já tinha desinstalado, sendo que ele nem usa esses outros. Ele achou que eu não me lembraria que demos match no Bumble?

Vendo que ele mentiu também sobre isso, duvidei que ele cortaria o contato com ela (apesar de tê-lo feito apagar e bloquear o número) e eu mesma mandei uma mensagem para ela do meu celular, 7 e pouco da manhã.

– Olá Maristela, tudo bem? Aqui é a ******, namorada do *****, que você deu match no Bumble. Vi umas conversas de vocês no whatsapp dele e vim te avisar que ele é comprometido. Comprometido e muito inseguro pra em qualquer briga nossa, baixar o aplicativo para firmar o seu ego. É muito chato que ele tenha te envolvido.

Ela nem me respondeu e as duas últimas mensagens sequer entregaram, ela devia estar online e quando viu eu dizendo que era namorada de alguém já deve ter bloqueado pra evitar de ler algum desaforo. Pois bem, enviei por torpedo, fazia questão que ela lesse as características nada atrativas dele.

Quando ele acordou, o confrontei sobre ainda estar no Bumble e o fiz deletar a conta na minha frente. Até então ele só tinha deletado o aplicativo, se fez de sonso. Depois fui tomar meu banho e quando o reencontrei na sala, ele estava com uma cara estranha.

– Você mandou alguma coisa pra menina? – Ele perguntou.

– Por que você tá perguntando isso?

– Ela mandou mensagem falando umas groselhas e me bloqueou.

– Então você não bloqueou ela e não apagou o contato quando te pedi fazer isso?! É ISSO MESMO?!

Fiquei muito nervosa.

– Claro que sim, eu fiz na sua frente.

– O que você fez na minha frente foi do Instagram. Então você não tinha bloqueado ela no whatsapp, mesmo eu te pedindo pra fazer isso???!!!!!

– Achei que tivesse feito, fiz na sua frente.

– EU JÁ FALEI QUE O QUE VOCÊ FEZ NA MINHA FRENTE FOI DO INSTAGRAM! COMO QUE ELA TE MANDOU MENSAGEM ENTÃO, SE VOCÊ TIVESSE FEITO?!

– Mas você mandou alguma coisa pra ela?

– POR QUE VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM O QUE ELA ESTÁ PENSANDO, SENDO QUE EU TE PEDI PRA FAZER UMA COISA E VOCÊ NÃO FEZ?!!! VOCÊ ESTÁ CHATEADO POR QUE EU TE QUEIMEI COM ELA?! É ISSO MESMO QUE EU TÔ ENTENDENDO?!

– Não estou preocupado com isso, mas não acho bacana você envolver outra pessoa.

– VOCÊ JÁ ENVOLVEU QUANDO BAIXOU O APLICATIVO!!

A fúria que eu não estava no dia anterior, veio pela manhã.

– AGORA EU ACHO O CÚMULO, DEPOIS DE TUDO QUE EU PASSEI, VOCÊ ESTAR MAIS PREOCUPADO COM ELA SABER QUE VOCÊ TEM NAMORADA, DO QUE FAZER ALGO QUE EU TINHA TE PEDIDO!!!! Como eu vou ter confiança em você desse jeito?!

Daí, para resolver aquela situação, ele disse que a partir dali eu teria a senha do celular dele, que a hora que eu quisesse eu poderia ver, que ele não tinha nada para esconder de mim. Me pareceu razoável. Nos entendemos.

*

No carro, enquanto íamos para algum restaurante almoçar, ele reforçou que eu poderia olhar o que eu quisesse no whatsapp dele e até me passou seu celular, para eu testar a senha. Daí perguntei se essa transparência se aplicava ao Instagram também, já abrindo o aplicativo e quando comecei a ver que ainda estava lá a conversa que ele teve com ela, ele delicadamente pegou o celular de volta e disse que antes precisaria apagar umas coisas “antigas”. Depois, já na mesa do restaurante, com o clima mais leve, ele reconheceu que eu era muito esperta, num tom do tipo “já me liguei que você é ligeira”, ao que eu respondia “não vem ser cafajeste comigo não, que eu descubro as coisas”.

A noite foi agradável, veio o casal de amigos dele, mas confesso que, lá no fundo, fiquei com a sensação de que o jantar não era para me apresentar de fato, e sim apenas uma social que ele estava fazendo com tais amigos, porque vieram o casal, a sogra do casal e os dois filhos adolescentes. Talvez tenha sido impressão minha. De qualquer forma, foi uma noite muito gostosa. Ele e o rapaz ficaram a maior parte do tempo na cozinha, cozinhando pra gente, enquanto eu, a esposa e a sogra conversávamos em outro cômodo, na mesa de jantar, super entrosadas, e os adolescentes jogavam vídeo game na sala.

*

No dia seguinte tivemos uma nova briga, pelo mesmo motivo, chamado Maristela. Saímos para jantar a noite e quando estávamos voltando para o carro, andando pelo estacionamento do shopping, em algum ponto da conversa que estávamos tendo, ele me acusou de ter mentido pra ele.

– Eu menti pra você?

– Sim.

– Sobre o que?

– Você sabe.

– Não, não sei. Do que você tá falando?

– Você mentiu que não mandou nada pra menina.

– Eu não estou acreditando que você tá voltando nisso de novo.

Cara, ele que era o errado da história, e ficava querendo reverter a situação a todo momento!!

– Então me fala quais as informações que você tem, que eu te falo das minhas. – Encurralei.

– Ela me ligou pra me esculhambar, e contou que você tinha ligado pra ela falando as coisas.

– Eu não liguei pra ninguém.

– Para de mentir.

– Você tá acreditando mais na palavra de uma estranha do que em mim?! Se eu tô falando que eu não liguei, é porque eu não liguei!

– O que você fez então?

– Eu mandei uma mensagem, falando que vi a conversa de vocês e que achava bacana ela saber que você é comprometido. – Omiti a parte dele ser um inseguro, que buscava afirmar o ego. – Agora eu não tô acreditando que você está voltando nessa história, porque ainda está preocupado com o que eu falei pra ela. Que que é?! Você não queria que eu te queimasse com ela? É isso?! Por que, afinal, você não deletou e bloqueou o contato dela coisa nenhuma, daí quando ela te mandasse mensagem durante a semana você ia fingir que nada tinha acontecido, não é?!

– Você que está fazendo conjecturas.

– É exatamente isso que está acontecendo! Você está mais preocupado com o que uma pessoa que você nem conhece está pensando a seu respeito, do que ficar bem comigo!!

Quando chegamos na sua garagem, desci do carro para que ele estacionasse na vaga encostada no pilar e nem o esperei para subir para o apartamento. Fui na frente, já sabia a senha da porta e fui para o quarto arrumar as minhas coisas, aquilo já era demais pra mim.

Quando ele chegou no apartamento, se assustou comigo arrumando as coisas e perguntou o que eu estava fazendo.

– Estou arrumando minhas coisas pra ir embora. Ridículo o que você está fazendo.

– Eu não estou fazendo nada, só te perguntei se você tinha mandado algo pra ela.

– O QUE INTERESSA SE EU MANDEI OU NÃO?! VOCÊ TINHA QUE ESTAR MAIS PREOCUPADO COM O MEU BEM-ESTAR E NÃO COM O QUE ELA ESTÁ PENSANDO DE VOCÊ! – Seu narcisista do caralho! (Essa sou eu pensando agora enquanto escrevo, naquela situação eu ainda não tinha percepção disso.)

Quando eu estava prestes a ir embora, indo com a minha mala de carrinho já em direção a porta, ele fez sua última tentativa:

– Se você for embora, você sabe o que isso significa, né?

– Que eu quero ir embora.

– Não.

– Significa o que então? Que acabou?

– Sim.

– É isso que você quer?

– Não.

– Você não tá demonstrando nem um pouco que quer que eu fique.

– O que você quer que eu diga?

– Que você reconheça o seu erro e pare de querer reverter a situação. Você que me traiu marcando de sair com outra pessoa e ainda vem reclamar de eu ter mandado algo pra menina. Coloca a mão na consciência!!

Daí ele baixou a guarda, com muito custo, e por fim me chamou para deitar no sofá com ele. Novamente a transa foi deliciosa. Ele lambeu todo o meu rosto, uma preliminar diferente, coisa que ele nunca tinha feito. Quando acabou, adormecemos ali mesmo.

*

Durante a semana seguinte, tivemos uma outra briga feia, lá pra quarta-feira, novamente envolvendo o meu trabalho.

No fim de semana tínhamos trocado algumas mensagens com um “amigo” dele, sobre fazermos um ménage. Aquele tal amigo que subiu a notificação de mensagem quando eu estava escrevendo no computador. O Intenso voltou nessa conversa. Eu estava aguardando no Delboni pra fazer alguns exames ginecológicos de rotina e ele aproveitou o gancho de algo que eu disse, já que eu estava aguardando pra fazer o exame do PH vaginal.

– Esse aí eu te chupo e falo fácil o resultado.

– Ela é ácida?

– Não. Docinha. Por isso eu saberei se o PH estiver ácido.

– Você falando de me chupar eu já fico excitada.

– Nem me fale. Hoje meu amigo me chamou de novo. Disse que ontem ficou muito excitado com a nossa conversa. Falei pra ele que depois que paramos de conversar você gozou duas vezes. Ele enlouqueceu. Falei pra ele que saímos pra jantar e vc me mandou foto da ppka quando foi no banheiro. Ele ficou doido. 

– Vc mandou a foto pra ele?

– Mandei. (Não aparecia seu rosto)

E daí ele trouxe um print da reação do cara, elogiando a minha pepeka, dizendo que era linda. 

Aquilo não bateu legal pra mim. Eu estava aguardando pra fazer um exame médico, não estava no clima e me senti desvalorizada, com meu próprio namorado me oferecendo pra um amigo. Enviando uma foto que eu tirei PRA ELE, sem a minha autorização, para outra pessoa. 

Naquele momento eu refleti um pouco: “Será que estou sendo chata?”, “Será que deixo isso pra lá e sigo o bonde?”. Mas aí eu não estaria sendo sincera comigo mesma. E não seria justo eu invalidar o meu próprio sentimento, apenas para não me indispor com ele. 

– Não sei se me sinto confortável com isso. Uma coisa é estarmos juntos durante tal conversa. Outra coisa é você, secretamente, ficar trocando putaria com seu amigo e enviando nude meu. Fico com a sensação de que sou um mero objeto sexual pra você ficar me “compartilhando” assim com seus amigos. Ainda mais um amigo que vc sequer tem tanta proximidade e que reapareceu de repente.

Coerente, não?

– Entendo. Me desculpe por isso. Não acontecerá novamente.

– Obrigada por entender. 

– Ficou bem claro.

De repente ele pareceu ressentido. 

– Vou corrigir, obrigada por compreender. Que estava entendível eu sei, mas a compreensão é de acordo com a sensibilidade do outro.

– Eu entendo, mas não compreendo. Você vende fotos e vídeos no Only, mas se irritou pq eu compartilhei uma foto sua, que não mostra seu rosto, com um cara que estávamos conversando aquele dia. But….

– Não é pq sou uma criadora de conteúdo adulto, que me agrada o meu namorado ficar enviando nude meu, sem a minha prévia autorização, pra uma pessoa que eu sequer conheço. Você disse bem, estávamos conversando *aquele dia*. A continuidade dessa conversa não se deu comigo junto.

– 👍🏻

– Vejo que falta muita sensibilidade em você, quando digo algo que me desagradou. Você faz parecer que eu sou a errada por ter achado ruim.

– De jeito nenhum, só achei hipocrisia. Vc tem fotos mostrando a buceta no seu blog, no seu twitter, e fica brava pq eu mandei uma. Não faz sentido pra mim. Tenho pra mim que não foi isso que incomodou. Se não gosta de se expor, não se deixe exposta como faz.

– O problema não é a minha exposição, é você trocar putaria com seu amigo, sem me incluir na brincadeira e usar foto minha pra alimentar a conversa de vocês. Além da falta de cumplicidade, me faz sentir um mero objeto sexual. As fotos postadas foram feitas por mim. Logo, eu posso fazer o que bem entender com elas. Agora você enviar uma foto minha, que enviei a você num momento íntimo nosso, pra uma terceira pessoa, sem a minha prévia autorização, não acho bacana.

– Está correta. Pode fazer o que bem entender mesmo.

– Você poderia ter compartilhado comigo a mensagem que ele mandou e irmos decidindo juntos se mandaria a minha foto ou não. Me senti excluída. Excluída, porém, a punheta dele foi as minhas custas. A Sara vive disso, quem tá no meu Only e viu a foto, tá pagando pra isso. A ******, namorada do ******, não. Você sempre fala da importância de separar uma da outra, mas quando é pra sua conveniência, você fala das duas como se fossem uma coisa só. 

Continuei imbatível:

– E você ainda nem teve a delicadeza de enviar como visualização única. Fez questão de deixar lá no banco de imagens da conversa de vocês.

– Eu excluí para os dois… não se preocupe.

– Pq eu reclamei, não pq vc teve essa sensibilidade. 

Daí voltei na parte da conversa em que eu dizia sobre a falta de cumplicidade, resgatando sobre me fazer sentir um mero objeto sexual:

– É isso que eu sou pra você?

– Se vc fosse um simples objeto sexual, eu pagaria pra transar com vc, igual seus clientes fazem. Depois, te daria tchau.

– Que resposta mais cruel. Ao invés de você trazer coisas positivas da nossa relação ou a meu respeito, você me traz isso, afinal, pra que vc pagaria, se você já tem de graça?

– Você quem está dizendo.

– E vejo que você nem se esforça pra me convencer do contrário mais. Claro sinal de que você já não se importa mais com a nossa relação.

– Você me dá uma liberdade, e depois me tira… Depois de hoje eu sinto que tenho zero liberdade com você… E tá tudo bem.

Sempre é sobre ele. 

– Talvez se isso viesse à tona em outro momento, sem os últimos acontecimentos, eu poderia ter recebido de uma outra forma.

– Talvez. 

– Sabe qual a minha análise de tudo isso? Você me usou pra deixar o cara excitado, igual aquele cara da natação usou a própria noiva pra excitar você. Você tá fazendo isso por você, e não por nós.

*

Vamos a um rápido adendo: Essa história da natação foi a primeira vez que ele me trouxe sobre o contato dele com outro homem. Disse que tinha sofrido um “abuso” de um cara que fazia natação com ele. Eles estavam tomando banho no vestiário, que lá não tem divisórias, e que o cara começou a falar da noiva, coisas do tipo: “Nossa você viu como ela tava gostosa hoje?”, “Sabe aqueles dias que a gente tá com muito tesão? Hoje eu tô assim, cara, quando chegar em casa vou fazer um estrago nela.” Daí o Intenso começou a ficar excitado com a descrição do cara e se virou de costas para o outro não perceber que ele se excitou com a noiva dele, mas quando se virou de volta, de repente o cara estava na frente dele e começou a masturbá-lo. 😮

Diz o Intenso que ficou completamente sem ação, que devido ao choque ficou paralisado, enquanto o cara continuava o masturbando. Ainda assim, como a ereção é estímulo, ele continuou excitado e estava quase gozando. Só não foram até o final, porque em algum momento alguém entrou no banheiro, e o cara voltou para o seu chuveiro. 

Depois desse ocorrido, o Intenso evitou de ir à natação por algumas semanas, até que retornou com a rotina, porém em horários diferentes, de modo que não cruzasse mais com o cara no banheiro. No entanto, disse que a partir desse ocorrido, lhe despertou uma curiosidade pelo masculino. 

Eu nunca fiquei, muito menos me relacionei, com caras bissexuais antes (pelo menos, não que eu saiba), mas, quando ele me contou essa situação no terceiro encontro, por vir dele, alguém que eu já estava gostando, procurei abrir minha mente.

*

Agora voltando ao momento atual do post, tive a percepção de que ele estava querendo seduzir o “amigo”, me usando como isca.

– Você não me incluiu na conversa em tempo real, não pq foi “algo pontual”, como você disse, pois deu pra ver que conversaram bastante pra você ter tempo de contar da quantidade de vezes que gozei e da nossa noite no restaurante. Você não me incluiu na brincadeira pq você queria ter essa troca com ele sozinho. – Continuei.

– Chegamos em um ponto onde começamos a puxar coisas do passado e trazer pra nosso relacionamento. Vieses antigos. Assim como vc fez agora. Vc tem dimensão do que vc acabou de dizer? – Ele se defendeu.

Não continuei mais a conversa e meia hora depois falei que não estava bem, pedindo para falarmos em ligação. A chamada durou mais de 1h. Falamos sobre o ocorrido novamente e percebi um clima hostil, ele ainda parecia ressentido por eu não ter embarcado no barato dele. 

Na manhã seguinte, quando eu estava recapitulando a nossa programação do fim de semana (ele tinha comprado ingressos para irmos assistir um espetáculo), ele me solta essa:

– Acho que não vai rolar.

– Como assim?

– Eu não vou praí esse final de semana. Chama o Denis, vai com ele. Vou ficar em casa, descansando minha mente e refletindo. Nossa conversa de ontem à noite contribuiu muito pra essa decisão. Preciso de um tempo pra mim.

– Que parte exatamente da conversa?

– Toda nossa conversa à noite.

– Compreendo. O Denis começa a trabalhar no evento essa sexta. Eu gostaria muito de ir na peça com você, até pq, quando compramos, o intuito foi termos esse momento juntos.

– Eu sei que você sabe que é muito difícil pra mim já lidar com o seu trabalho… Imagina ainda com os surtos que andam ocorrendo… Só fica tudo mais difícil. É muita coisa pra eu lidar ao mesmo tempo… Eu estou ficando doente, estou ficando louco. Ontem pela primeira vez eu senti que perdi toda a liberdade com você. Não me sinto mais confortável em falar besteira, ou puxar algum papo mais quente… Me sinto extremamente limitado agora.

Sempre sobre ELE. Quando algo desagrada ele, zero sensibilidade para receber o que ME desagradou. 

A manipulação dele foi tanta, que quando vi eu estava ME DESCULPANDO pelo ocorrido do dia anterior. Me desculpando pelo surto que eu tive por ele me expor pra um estranho, sem o meu consentimento. Ele conseguia me fazer me sentir mal por não estar bem com ele, mesmo que eu estivesse com a razão.

E o desentendimento ganhou uma proporção gigantesca e exaustiva. Dessa questão voltamos pro lance dele com a menina, disso pro Achismos e lá veio ele com as manipulações e vitimizações dele:

– Quando vc sai pra trabalhar eu me sinto um lixo. Vamos parar de nos machucar. Eu não aguento mais isso. E de todas essas pessoas que pagam pra sair com vc, quantas delas aceitariam sair de graça, em troca assumir um relacionamento?

* Deixo aí a indagação para os meus leitores/seguidores nos comentários *

– Talvez pra gente se reconectar, seja necessário nos afastarmos primeiro. – Sentenciou.

Insisti um pouquinho mais, tentando fazê-lo mudar de ideia, mas ele foi irredutível, determinado a ficar “sozinho” naquele fim de semana. 

– Eu não quero ficar aqui falando coisas pra te ofender, mas não é só sobre o achismos, é sobre o trabalho, sobre os mais de mil homens, sobre o blog, sobre a Sara.  Cheguei no meu limite de exaustão com tudo isso. Esse final de semana não vou praí. Preciso cuidar de mim agora. De me organizar.

Eu tinha pegado o cara flertando com outra na semana anterior, ainda ficou afetado porque eu queimei seu filme com ela, agora ficava puto porque eu fui contra uma interação masculina as minhas custas e ainda me manipulava para que eu me sentisse culpada por tudo isso.

– Esse afastamento será somente por um final de semana ou por tempo indeterminado? – Perguntei.

– Não sei. Só sei que esse fds eu quero ficar comigo mesmo.

*

Ficamos sem nos falar por quase uma semana.

No sábado ele me removeu do Instagram, me parecendo que já tinha tomado uma decisão, o que achei estranho, como que ele já tinha refletido em apenas um dia? E terminaria assim sem um diálogo antes? Simplesmente me removendo? 

Domingo ele desativou a conta do Instagram e fiquei com a impressão de que estava querendo chamar a minha atenção, para que eu quebrasse o silêncio e fosse atrás (como eu sempre fazia). Mas me mantive firme, dando o tempo que ele queria.

Paralelamente, de domingo pra segunda, mergulhei nas pesquisas sobre o homem narcisista e fiquei impactada em como tudo encaixava!

O homem narcisista em relacionamentos costuma seguir um padrão bem característico: inicialmente encantador, mas depois profundamente destrutivo. Ele pode sentir atração, apego, dependência emocional ou até gostar genuinamente de algumas coisas na parceira, mas tudo isso normalmente está condicionado ao quanto ela supre as necessidades dele, e não a um interesse genuíno pelo bem-estar dela.

O Ciclo do Narcisista

  1. FASE DA IDEALIZAÇÃO

No começo, ele é intenso, encantador e sedutor. Faz a parceira se sentir única, especial, admirada — é o chamado love bombing.

  • Demonstra extrema atenção e interesse
  • Envia mensagens constantes, elogia e faz promessas de futuro
  • Espelha gostos, opiniões e desejos da mulher (para gerar conexão imediata)
  • Cria uma sensação de “alma gêmea”

Mas essa fase é estratégica, ele quer ganhar admiração, confiança e controle emocional rapidamente.

2. A FASE DA DESVALORIZAÇÃO

Assim que sente que “conquistou”, o comportamento muda.

  • Passa a criticar, ironizar e diminuir sutis traços da parceira
  • Alterna carinho com frieza e silêncio
  • Faz com que você se sinta culpada e confusa, duvidando de si mesma
  • Começa a testar limites emocionais, vendo até onde você aguenta

O objetivo é minar sua autoestima e reafirmar o poder dele sobre a relação.

3. FASE DO DESCARTE

Quando ele já extraiu o que queria (admiração, sexo, status, cuidados), ou quando a mulher começa a questioná-lo, não suprindo mais as suas necessidades, o narcisista descarrega e descarta.

  • Se afasta friamente, como se você nunca tivesse significado nada
  • Faz parecer que a culpa é 100% sua, mesmo que ele tenha causado os problemas
  • Se aproxima de outro alvo antes mesmo de terminar, muitas vezes já existe outra pessoa “no ponto”. O objetivo é sair no controle da situação, sem parecer fraco ou rejeitado.

Ele pode sumir completamente (silêncio total) ou exibir nas redes sociais uma vida feliz, nova parceira, conquistas, tudo para provocar em você um sentimento de perda, ciúme ou arrependimento. – Sempre que postava foto comigo nos stories, ele ficava repetidamente olhando as pessoas que tinham visualizado, provavelmente eu estava cumprindo esse papel, de causar ciúmes na vítima anterior que ele tivesse se afastado. – O descarte não é necessariamente definitivo, ele pode voltar depois tentando reabrir o ciclo com promessas e nostalgia.

4. A FASE DO RETORNO

Quando percebe que você está se afastando de vez ou seguindo em frente, ele reaparece. Podendo:

  • Vir de forma carinhosa (“sinto sua falta”), nostálgica (“lembra daquela viagem?”) ou até disfarçada de preocupação (“como você está?”)
  • O objetivo não é necessariamente voltar para amar, é testar se ainda tem acesso ao seu afeto, tempo e energia

5. A FASE DA REPETIÇÃO

Se você cede, ele volta ao ciclo inicial, com nova fase de idealização. Porém, essa “segunda volta” costuma ser mais curta e mais intensa em termos de manipulação, porque ele já sabe onde atacar sua autoestima.

  • Cada vez é pior
  • O encantamento dura menos, a desvalorização vem mais rápido, o dano é mais profundo.

Até que, um dia, você desperta e entende: o verdadeiro amor começa quando você corta o ciclo e escolhe a si mesma.

*

E isso é só uma fração do que pesquisei, fiquei HORAS estudando esse traço de personalidade, mergulhei muito mais fundo, fazendo mil questionamentos como, por exemplo: “O Narcisista nasce assim ou se torna com o tempo?”, “Eles nunca amam de verdade?”, “Por que o narcisista tem tanto ciúmes?”, “É possível deixar de ser um? Existe cura?”.

Eles não amam genuinamente, eles gostam de você, enquanto você oferece a validação que eles tanto precisam. Para existir amor precisaria haver empatia, algo que não existe no narcisista. (Isso explicava muito o fato de toda vez que a gente brigava –  por eu me defender dos seus ataques – ele não vir atrás, ou admitir qualquer culpa).

Eles nunca reconhecem que erraram, porque isso ameaçaria diretamente o núcleo mais frágil da sua personalidade: o ego inflado e a necessidade constante de se ver como perfeito, superior e irrepreensível. Assumir erros exigiria empatia e autorreflexão, duas coisas que o narcisista geralmente não tem desenvolvidas. Ele vê as relações como jogos de poder, não como trocas de afeto.

*

Aprendi que ele não era bom pra mim, nem pra ninguém. Essa concepção me ajudou na virada de chavinha, comecei a me sentir melhor, olhando para o seu afastamento como um grande livramento.

Mas…

Mesmo sabendo de tudo isso…

Infelizmente…

Ele me manipulou na fase 4 – a do retorno – e eu passei para a fase 5 – a da repetição.

Preparados para a segunda rodada?

“O Intenso” – Parte 7

O Lado B da História

Parte 1

Preparados para o maior plot twist da história?!

A primeira red flag ocorreu exatamente duas semanas depois que nos conhecemos. Numa noite de quinta-feira, por volta das 21h17, ele me chamou no whatsapp pra compartilhar como tinha sido sua sessão de terapia.

– E aí, como foi? Quer compartilhar?

– Sim. Você está ocupada?

– Agora podemos falar. – Respondi 40 minutos depois.

– Estava trabalhando?

– Não. Tô com visita em casa. – Respondi 14 minutos depois e ainda mandei a foto do meu amigo sentado no sofá.

– Outra hora a gente se fala. Boa noite. – Visivelmente aborrecido.

– Pq você tá fazendo isso?

– Eu te chamei faz mais de uma hora. Custava falar que estava com visita?

– Mas o Fulano é de casa, não tem problema não dar atenção pra ele. Só demorei pq tava distraída. Mas podemos falar sim, só tá rolando o desencontro de resposta.

– Não. Está rolando falta de atenção. Quando você estiver disponível pra dar atenção, aí a gente pode tentar conversar.

– Eu estou falando que estou disponível agora.

– Eu não queria falar com vc por palavras. Queria te ligar.

– Ele vai embora. Calma que vou me arrumar, pq já tava sem make rs.

– Eu estou indo dormir. Não se preocupe.

– Você ficou bravo?

– Faz duas horas que eu tô tentando falar com vc. Você não deu a mínima atenção. Nem pra falar que estava ocupada. Reveja suas mensagens. A mesma mulher que ontem falou pra mim que me daria todo o suporte.

*

Mas que suporte seria esse? Você deve estar se perguntando…

Preparados para uma GRANDE revelação?

Ao contrário do que pareceu em todas as outras partes já postadas, o Intenso não é cuckold. Na verdade, o que ele gosta é de participar. Ele curte o fato de eu transar com outros caras, desde que ele esteja presente, se divertindo junto. O que significa que ele nunca lidou bem com o meu trabalho. Ele tinha ciúmes, sentimento de posse e a minha liberdade e independência o incomodavam muito. Então eu tinha essa constante missão de fornecer um suporte emocional para as inseguranças dele.

Talvez pra você que está de fora seja óbvio a grande cilada que eu estava me metendo, mas quando você está por dentro da relação e muito envolvida pela pessoa, os sinais são interpretados como pequenos obstáculos, afinal, o amor nem sempre vem preparado, às vezes precisa ser lapidado.

*

– Entendo meu lindo. Vou te confessar que experimentamos aquele gummy e fiquei um pouco desnorteada. Entramos numas linhas de reflexões da vida, de modo que eu não conseguia me concentrar em algo externo. Não foi proposital, eu achei que te chamando eu conseguiria concentrar a brisa, mas um minuto que vc demorava parecia uma eternidade, e nisso eu me distraía de novo por aqui. Tudo isso pra dizer que não estou no meu normal, então não define que eu seja assim.

*

Essa tinha sido a primeira vez que comi uma bala de goma de maconha e quase passei mal de tão forte que bateu. Senti dificuldade pra respirar, tinha que puxar o ar com maior esforço, depois senti muito frio, e tudo isso sem transparecer para o meu amigo, preocupada em não estragar a brisa dele. E ainda tendo que lidar com a DR que se instaurava. 

*

– Não vou mendigar atenção. Quando vc estiver lúcida e entender que tinha uma pessoa do outro lado preocupado com vc, aí conversamos. Estou indo dormir.

Eu poderia tê-lo deixado ir dormir, acalmar os ânimos, mas quis mantê-lo na conversa e tentei reverter a situação:

– Não sei como te explicar o quanto esses momentos são importantes pra mim, pois é quando eu consigo me conectar com a minha sensibilidade. Pra mim, enquanto atriz, fazer isso me coloca num estado criativo que me traz insights de coisas que podem me ajudar no que eu preciso. Era nesse lugar que estávamos trocando, com um contando do seu insight pro outro. Eu tentei executar as duas tarefas e não desempenhei muito bem, peço desculpas. Eu realmente fiz um grande esforço pra conseguir me desconectar daqui e falar com você ao mesmo tempo, mas o meu espaço-tempo estava alterado. E aí, como foi na terapia?

– Era tão simples, era só ter avisado.

– Eu achei que conseguiria executar as duas tarefas normalmente. Sem necessidade de um aviso.

– Eu não quero conversar com vc em um estado que vc não está sendo você. O que eu tenho pra te falar é muito importante pra vc ler chapada. 

– Sou sempre eu em todos esses momentos, estou sempre em estado presente. E considerando que estou mais sensível, seria ainda mais intenso. 

– Se tem algo que vc não estava, era presente.

– Tô sentindo que do seu lado existe uma questão, e podemos conversar sobre isso depois.

– Sério mesmo que vc percebeu isso? Será que foi sua sensibilidade aflorada? A questão não é a brisa que vc está, é o fato de vc não ter dado a mínima importância nem pra avisar que estava com visitas. Assim eu não ficaria te mandando mensagens. É o tipo de comportamento que não condiz com as coisas que vc me falou ontem olhando em meus olhos. Esse comportamento bateu muito errado pra mim. Desculpe. Vc é uma pessoa incrível, e eu realmente desejo que encontre outra pessoa incrível como vc. Tenha certeza que a conexão que eu tive com vc, nunca irei me esquecer. Fique bem.

Ele estava terminando comigo porque não lhe dei atenção? Achei aquilo tão exagerado e bizarro!

– Entendo que pra você foi uma questão de etiqueta, o que realmente concordo. Não estou acostumada a esperar por uma mensagem. Fiquei desatenta. E lendo o restante da mensagem, quero acreditar que você não seja alguém que pega uma amostra e acredita que ele representa um todo. Deve estar cansado, falamos amanhã. Boa noite.

Resumindo, que não vou ficar aqui transcrevendo toda essa novela exaustiva, com muita dificuldade, após horas de conversa pelo WhatsApp, no dia seguinte, fomos nos entendendo, ou melhor, eu que fui me adaptando ao modus operandi dele.

Toda semana a gente brigava, sempre por assuntos relacionados ao meu trabalho. Mas quando estávamos juntos era tudo lindo, incrível e perfeito. Ele cozinhava pra mim, me levava para passear, jantar fora, viagens, o sexo era incrível, safado, carinhoso, ele era o homem perfeito… perfeito, se não tivesse esse lado B.

ACHISMOS

Na primeira semana de julho, quando saiu a minha participação no podcast do Maurício Meirelles, que inclusive, trago abaixo para quem ainda não viu essa preciosidade, a minha vida pessoal conflitava com a profissional visceralmente.

Só nos víamos aos finais de semana, mas durante os dias úteis ele sempre caçava algum motivo relacionado ao meu trabalho para brigarmos, fazendo com que eu ficasse tão perturbada, ao ponto de não conseguir trabalhar, produzir conteúdo, ou ficar feliz pela minha conquista de ter aparecido num podcast grande, de um comediante famoso, com o meu celular bombando de mensagens.

Fomos num show do James Blunt, em São Paulo, e ali eu tive um triste insight. Enquanto o cantor performava no palco e o Intenso me abraçava por trás, todo carinhoso, eu comecei a chorar, enquanto refletia sobre como era possível alguém estar feliz e infeliz ao mesmo tempo. Ele era tudo que eu pedi num homem, mas ao mesmo tempo ele detestava a Sara. Ou seja, ele odiava uma parte minha. Eu estava no auge da visibilidade e não podia externar essa minha alegria com ele, pois todas as vezes que eu compartilhava algo do meu trabalho, ele fechava a cara e o momento azedava. Mas porra, eu tava no canal do Maurício Meirelles!! Ele não podia ficar feliz por mim?!

Eu já previa que quando ele parasse para assistir o podcast, novamente brigaríamos, então pedi que tirasse um tempo para assistirmos juntos, afinal, eu estando presente seria melhor para contornar qualquer fala que ele não gostasse. Eu tinha gravado em 28 de abril e o conheci em 2 de maio, algumas falas tinham perdido a validade depois que me apaixonei por ele.

Daí, numa segunda, à noite, após termos passado um fim de semana maravilhoso juntos, lá foi ele repetir o seu padrão de caçar briga. Me mandou o link do vídeo no WhatsApp, demonstrando que ia começar a assistir naquele momento.

– Por iniciativa própria? – Questionei.

– Sim.

Daí, conforme ele foi assistindo, trazia algumas citações minhas na conversa.

– “Queria ter alguém que lidasse com isso pra que eu não parasse, eu quero ter as duas coisas”.

– Eu sabia que você ia falar desse trecho, rs. Queria ter as duas coisas pq é minha fonte de renda e não quero ser dependente de ngm. Lembre-se que eu vinha de um “casamento” que decidi sair por ficar falida. E não estava saindo com ngm pra estar apaixonada. 

Mas ele ignorou a minha justificativa e dali a pouco trouxe mais citações. E assim foi fazendo até que terminasse. E aí veio o silêncio. 

– Assistiu até o final? – Puxei assunto, em algum momento.

– Sim.

– Quer conversar sobre isso?

– Não estou certo disso. Não tenho muita coisa a dizer.

Dei uma insistida e aí ele soltou:

– Eu assisti a entrevista com duas visões. Uma sendo um espectador externo… como se não te conhecesse. E nessa visão, eu achei incrível. A forma como vc se portou. Toda elegante. Formidável mesmo… não poderia ter se saído melhor. Por outro lado, também olhei com as lentes de uma pessoa que pretendia ter um futuro a seu lado… e por essa lente, foi bem desanimador. 

Argumentei que na entrevista quem falava era a Sara, uma personagem, mas que na minha vida particular era com a ***** que ele deveria se preocupar, mas nada disso adiantou. 

– Algumas falas não é a profissional.

– Tipo quais?

– “Eu consigo envolver ele em uma atmosfera que ele vai acreditar que eu realmente gosto dele, e vários se apaixonaram”; – e ainda parafraseou uma outra do Maurício ou da psicóloga, falando de mim: – “Cada vez que ela faz, ela goza, e ela gosta”. Se eu não fosse seu ficante, com certeza seria seu fã.

– Eu acho interessante como quando te convém, você rebaixa o que nós temos. Então agora somos só ficantes?

– Que nome vc quer dar?

– Que nome estávamos dando, Fulano? O que tem demais nessas frases? Sim, eu envolvo o cliente numa atmosfera de fantasia. Te falei que os meus clientes são tranquilos, que gostam de conversar, me dar presentes, e eles fazem isso pq eles me imaginam como uma pessoa que realmente tem algum envolvimento que não seja o financeiro, pq eu atuo bem. Quem sai comigo não está buscando um buraco pra enfiar o pau. Ele quer alguém que saiba conversar, ouvir os problemas dele e demonstrar se importar com isso.

– Vc sabe que não precisa ficar me dando satisfação né?

– Precisar ninguém precisa de nada, mas quando um se importa com o outro e demonstra uma relevância pelo que está sendo construído, faz essas coisas.

– Vc tbm não me passa a segurança de um relacionamento sólido. Ainda mais quando fala.

– Quem estava falando era a Sara, não a ******.

– Então, foi incrível. Parabéns pelo seu trabalho.

– Você almoçou com a minha mãe ontem, fez altas declarações pra ela sobre o que sente por mim, pra no dia seguinte rebaixar o que temos a “ficantes” e dizer “alguém que *pretendia* ter um futuro com você”. – Reclamei. – Percebe que o que vc pega pra dizer que eu não te dou segurança de uma relação sólida, são falas minhas ditas quando ainda não nos conhecíamos? Já você me causa essa insegurança com falas suas do presente. O que é muito pior. Pq o que eu falei antes de você estar na minha vida, perdeu completamente a validade a partir do momento que me apaixonei por você. Já o que vc diz é atual, é válido, é no presente. E aí eu te pergunto: até o onde você realmente gosta de mim, se tudo é tão frágil pra você?

– A Sara tem o poder de quebrar toda a solidez que a gente tenta construir. Eu vou pra cama. 

– Não é a Sara que tem esse poder. É o seu ciúme e a sua insegurança.  A Sara só está fazendo o trabalho dela pra sobreviver. Foi graças a ela que pude sair da pobreza, conquistar uma moradia melhor pra mim e pra minha mãe. Inclusive foi graças a Sara que nos conhecemos, nossas vidas nunca se cruzariam se eu ainda morasse em Guarulhos. Nem sei o que seria da minha vida hoje, se eu não tivesse tomado esse caminho.

– Sim, concordo e respeito isso. Que bom que vc conseguiu tudo isso as custas da Sara. Vc tem mesmo que se orgulhar dela sim. Está cheia de razão. 

– Você provavelmente nem teria se interessado por mim se eu não tivesse toda essa bagagem. Antes de entrar nesse meio eu era cafona, menos inteligente e não tinha nada de requinte, sofisticação e elegância, que você tanto aprecia em mim hoje.

– Sim, possivelmente não. Aliás, eu tenho certeza que não. 

Daí ele voltou na questão que eu falava sobre ter dito tais falas no passado, quando ainda não o conhecia:

– Mesmo as coisas ditas no passado, ainda tem o poder de ecoar e ferir. Suas palavras irão ecoar pela eternidade, independente de com quem vc esteja. Suas entrevistas, seus textos…

– Palavras ditas no passado ecoam sim, mas também amadurecem com o tempo, assim como as pessoas que as disseram. Usar algo fora do seu tempo e contexto como argumento contra o que vivemos hoje é escolher olhar pro passado com mágoa, em vez de enxergar o presente com verdade. Eu não sou a mesma de antes e se você quiser caminhar comigo, vai precisar me ouvir com os ouvidos de agora, não com os ecos do que já passou.

– A Sara deixará um legado bom e ao mesmo tempo sombrio para a ******. São consequências das escolhas. Quantos clientes vc conquistou com essa entrevista?! (Não precisa responder, foi retórico.)

– A Sara terá sido uma personagem pública criada com coragem e propósito. Escolhi dar voz a uma realidade marginalizada, com a intenção de informar, empoderar e combater o preconceito. Se isso soa sombrio pra alguns, diz mais sobre o olhar de quem julga do que sobre as minhas escolhas. A ****** não é vítima desse legado, ela é autora dele.

– Tem toda razão. 

E ficamos 24h sem nos falar depois disso. 

No dia seguinte, à noite, eu acabei quebrando o silêncio:

– Por que você faz isso?

– Fazer o que exatamente? – Ele respondeu quase imediatamente, 7 min depois. 

– Ficar sem falar comigo.

– Eu simplesmente deixei de te encher o saco. Te deixei em paz.

– Eu não vejo isso como “me deixar em paz”, mas sim como me punir com silêncio. E isso pra mim não é sinal de amor, nem de maturidade emocional.

– Concordo em partes. Tenho muita maturidade emocional e não queria te punir com o silêncio, pq eu estaria punindo a mim mesmo. Olha, eu não vou mais conversar por mensagem ok?

– Quer falar em ligação?

– Se vc quiser falar, ok… mas por mensagem não vai rolar.

– E pq essa trava com trocas de mensagens, agora?

– Não é uma trava. Só quero evitar ruídos. Muitos ruídos ontem.

– Ok. Podemos falar agora?

– Tudo bem. 

A ligação durou 49 minutos. 

Nos entendemos e no dia seguinte ele estava todo amoroso, nem parecia que tinha rolado todo aquele estresse. Me chamava de amor, lindeza, todo feliz por naquele dia eu não ter cliente agendado, sabendo que a minha atenção seria toda pra ele. 

Mas essa paz durou pouco tempo. 

Ele percebeu que eu estava meio estranha.

E por que eu estava estranha, se tínhamos feito as pazes? Porque lá no fundo me incomodava a gente ter se entendido apenas por que EU fui atrás. E comecei a observar que sempre era assim. Sempre eu quebrando o silêncio e sendo a compreensiva com as inseguranças dele. Percebi também que por eu trabalhar com sexo, na visão dele, ele já estava fazendo muito em “me aceitar”, o eximindo de qualquer responsabilidade de reconciliação, mesmo quando ele que tinha sido um babaca. Ou seja, não importava o motivo, eu trabalhar com sexo já me deixava em desvantagem em qualquer discussão, na visão preconceituosa dele.

Imaginem o quanto era exaustivo tentar combater esse preconceito dentro do meu próprio relacionamento. Ele, mais do que ninguém, por me conhecer nos meus dois lados, que deveria ser o mais gentil com todo o contexto.

– Conversando com o Ricardo (meu Personal) hoje, sobre as nossas constantes brigas e etc, ele achou condizente me enviar um podcast que ele ouviu sobre casamento e tô ouvindo agora, enquanto faço as coisas aqui. Tô achando muito interessante, pois o casal entrevistado tbm brigava muito no começo. Vou te mandar, quando você tiver tranquilo, deixa tocando na sua casa, enquanto você faz suas coisas também:

– Então estava correto na minha percepção de você estar estranha. Blz… farei isso… Só é importante frisar o seguinte: nos meus relacionamentos anteriores eu NUNCA brigava… sou um cara MUITO MUITO tranquilo… eram raras as brigas… 

– Sim. Eu tbm não brigava nos meus anteriores, já mencionei isso com você, inclusive. E realmente você não é explosivo, nem nada, mas a sua frieza me preocupa as vezes.

– Minha frieza vem do meu afastamento quando eu fico chateado. Quando eu fico chateado, eu me afasto. No nosso caso é um cenário completamente diferente de outros casais comuns né. Temos que levar isso em consideração. Infelizmente não dá pra comparar nosso relacionamento com os demais.

– Brigas são brigas. Independente do motivo. Se está rolando desentendimentos é pq muitas coisas precisam ser trabalhadas na relação, independente se um dos lados trabalha com sexo ou é um caixa de supermercado.

– Sério que você encara dessa forma? É essa a comparação que você faz? Eu aceitar você trabalhar num caixa de mercado e aceitar vc transando com outros homens? Desculpe, não é assim. Só perguntar pro seu personal como ele se sentiria se fosse com ele.

– Ele disse que não conseguiria lidar, mas uma vez que tivesse aceitado, não se incomodaria com o que já foi acordado. 

– Talvez então eu não tenha aceitado isso, e nem consiga aceitar. É uma possibilidade também. Eu estou fazendo o possível pra conseguir aceitar. Se eu ver que não vou conseguir, e vou continuar te incomodando com isso, então terminamos. 

– Sua frieza me remete a desinteresse.

– Já observou como ficamos bem quando estamos juntos? Ali não há desinteresse, mas não é nada fácil pra mim. Me desgasta emocionalmente, me desgasta mentalmente e fisicamente. Eu tô passando por cima de muita coisa pra conseguir lidar com isso. Um olhar de quem está de fora, é muito fácil.

– O problema principal é o ciúmes. O que é muito contraditório, pq você tem tesão em me ver transando com outros homens.

– Já exploramos isso… uma coisa é eu estar com você, participando. Outra coisa é eu não estar. Veja suas falas no podcast… não tem como não sentir ciúmes. Não se sentir ameaçado. É natural. Mas eu vejo que vc está muito incomodada com essas brigas e obrigado por me trazer isso, principalmente antes de eu te apresentar para meus amigos. Mas entendo que você não é capaz de entender meu ciúmes e não o aceita também.

– Não estou incomodada, estou preocupada, sensibilizada. Pq ontem, apesar de termos nos entendido, ficou reverberando na minha cabeça algumas falas suas, quando eu te perguntei se você não ia me mandar mensagem e você disse que não, que ia ficar no silêncio pra sempre.

– Foi uma fala retórica. Você sabe que íamos conversar em algum momento. Eu disse que se acontecer de terminarmos, haverá um diálogo antes, não sou esse tipo de homem que simplesmente some, não vou te dar Ghosting. Da mesma forma que se em algum momento eu sentir que não tenho mais o suporte necessário do seu lado pra enfrentar isso, e me sentir sobrecarregado emocionalmente, eu vou chegar em vc e falar… e se for o caso, rompemos. 

– Não quero falas retóricas. Quero falas sinceras, com real sentimento. Sem joguinhos sentimentais. Você já sabe que eu sempre vou atrás e por isso se acomoda em demonstrar qualquer arrependimento quando brigamos.

– Vc sempre vem atrás pq em algumas vezes, a briga ocorre de seu lado… como os dias que vc deu crise de ciúmes também… E quando eu sei que vc sai pra trabalhar, eu fico me sentindo da mesma forma. Ou seja, que relacionamento é esse onde os dois ficam se sentindo mal? Era pra ser algo leve, feliz… É como se eu fosse feliz só às sextas, sábado e domingo, e o resto dos dias minha vida se torna um inferno. Também me dói quando vc minimiza o ciúme que eu sinto, pq eu gosto muito de você…. e você lida e defende seu trabalho, sempre minimizando o que estou sentindo.

– Mas desta vez a briga foi do seu lado. Você que foi atrás de assistir algo que claramente causaria algum conflito e quando me posicionei pra me defender, você me deixou de castigo como se eu fosse a errada. Sendo que ali foi apenas um conflito de valores, não tinha certo ou errado.

– Vc foi defender a Sara, enquanto eu estava machucado. Você não olhou para meu lado, não olhou para como eu estava me sentindo. Não me acolheu. Eu estava mal, machucado, chateado…E você ficou ali, me olhando sangrar no chão e defendendo aquela situação. Foi assim que me senti. – Um tanto dramático, não? – Talvez, devêssemos ter nos conhecido alguns anos pra frente, onde você não exerce mais esse trabalho e não surgiria esse tipo de briga. Seríamos o casal perfeito.

– Eu me ausento por no máximo duas horas. Duas. A primeira coisa que eu faço quando saio de um cliente é mandar msg pra você. Tudo que está ao meu alcance eu tô fazendo também. E seu ciúmes nem deveria ser um problema, meus clientes não te representam uma ameaça, você deveria confiar no meu sentimento por você.

– Não é por quanto tempo vc se ausenta, É  O QUE VC FAZ NESSAS DUAS HORAS. Como vc pode achar isso normal? Como vc pode achar que tem que ser normal um homem que te ame aceitar isso? É uma tortura psicológica sem tamanho. Eu não me sinto ameaçado por eles… a questão é o que vc faz. Vc sabe que sentiria ciúmes se me visse com outra mulher, fazendo o que eu faço com vc. Vc romantiza algo que não deve ser romantizado. Eu gosto de vc… e não é pouco não… mas definitivamente, não vou suportar ficar sentindo isso e quando sentir, ser tratado dessa forma por você… romantizando seu trabalho como se fosse algo “normal”, pq não é.

– Você disse “alguém que *pretendia* ter um futuro com você”. Jogou pro passado, logo, já não pretende mais. Também se referiu a nós como *ficantes*. Eu não vi um homem machucado nessas falas, vi alguém rebaixando o que tínhamos, como se eu não tivesse mais a mínima relevância pra você. Então me defendi. E foi isso que aconteceu.

– Vc entende isso? Entende que é muito dolorido pra mim pensar e saber exatamente o que vc está fazendo com outro homem? E não mesmo…vc não viu uma pessoa machucada, pq quando vc se sente atacada, vc chama a Sara pra te defender… e ela vem com unhas e dentes, sem olhar para o quanto o outro está machucado. E esse machucado é pq vc causou isso… eu não me machuquei sozinho… mas a Sara não olha pra isso, não aceita isso… acha que eu estou errado em me machucar… e isso me machuca mais ainda.

– Eu só gostaria de um pouco mais de resiliência do seu lado. Mais demonstração de afeto por mim, não só quando estamos juntos, mas tbm quando brigamos, vindo atrás, demonstrando interesse em continuar comigo. Você precisa parar de me atacar sempre que vc se sentir machucado. Pq quando você o fizer, é claro que vou me defender, pq ali eu não estarei vendo uma pessoa machucada e sim uma pessoa com raiva, me atacando. E eu não te causei esse machucado. Você foi atrás de ver o podcast por vontade própria. Estávamos bem, inclusive. Já tínhamos combinado de assistir juntos. Você furou o combinado e ainda ficou me atacando com citações minhas, sendo que aquilo foi gravado em 28 de abril, eu mesma te falei que tais falas tinham perdido a validade e você continuava me atacando, sem absorver as minhas explicações. Não sou saco de pancada.

– E vc continua sendo impositiva e na defensiva. Mesmo já tendo conversado a respeito. Eu tenho a impressão que depois da briga de ontem regredimos tudo que tínhamos avançado no relacionamento. Eu gostaria de um pouco mais de empatia do seu lado quando eu disser que estou mal pq vc saiu pra trabalhar.

– Eu já não faço isso? Mas veja que a nossa última briga não foi por eu ter ido atender, mas pq vc viu uma gravação de meses atrás e me atacou como se eu tivesse dito aquelas coisas ontem. 

– É natural. Já estávamos esperando uma reação negativa minha. Eu concordo e entendo que não devo me incomodar mais com coisas do passado. Nem com seus posts, nem com seus livros, nem com seus podcasts… Mas agora, pedir para eu não me incomodar com o fato de saber que você está na cama com outra pessoa, aí é pedir demais… É algo que eu ainda estou me adaptando, e estou tentando fazer de tudo pra minimizar o sofrimento que eu sinto. É um processo, e eu estou me esforçando muito pra conseguir suportar isso e aceitar. Então não me peça pra não ficar mal quando vc sai pra trabalhar.

– Eu nunca te pedi isso. Só estou pedindo pra não me atacar quando você tiver machucado.

– Trabalharei isso, ok?

– Pq esse tipo de atitude me machuca tbm e não estou te machucando de propósito.

– Se a gente continuar se machucando mutuamente, não vai fazer o menor sentido continuarmos juntos. Então eu prometo que do meu lado, vou olhar com mais atenção pra isso. Você não vai me ver mais falando do seu passado, ou reclamando de coisas que você disse ou escreveu no passado. 

– E o que mais eu poderia fazer, além do que já venho fazendo, que você gostaria e te passaria mais confiança?

– Esta é uma excelente pergunta.

– Não precisa me responder agora. Reflita com calma e se encontrar algo, compartilha comigo depois.

– Mas fica muito claro e muito nítido que ambos estão fazendo sacrifícios. Os dois estão assumindo riscos, eu do meu lado, você do seu lado… Como você mesma disse: está deixando de trabalhar três dias por semana, isso pode impactar na sua vida financeira… E do meu lado, entrei em um jogo muito perigoso psicologicamente… Um jogo que se der errado pode me destruir para sempre. Eu nunca mais serei o mesmo psicologicamente. – E mais uma dose de drama aqui.

– Estamos conversados então? Acho que foi boa essa conversa.

– Acredito que sim. Também acho. Fomos sinceros um com o outro, sem agressões verbais. Foi uma conversa madura, fora do calor da emoção.

*

Essa nossa conversa foi numa quarta-feira. No dia seguinte, na quinta à noite, eu fui para a casa dele, passarmos o fim de semana juntos. 

Sexta-feira, dia 1 de agosto, eu vivi o meu pior pesadelo. 

Duvido vocês adivinharem o que foi dessa vez! 

Palpitem nos comentários, quem acertar ganhará um presente!

“O Intenso” – Parte 6

VIVENDO UM CONTO DE FADAS

Querido diário,

O Intenso me conquistou cada vez mais. A cada viagem, cada passeio, cada momento de qualidade juntos, me envolvendo na sua teia de amor e muito sexo.

– Como está sua agenda para junho? (Não que isso seja um convite). – Ele me perguntou durante uma troca de mensagens por whatsapp, exatamente três dias depois de nos conhecermos, já programando nossa primeira viagem juntos.

– Por enquanto meus únicos compromissos agendados em junho são as aulas de dublagem, toda segunda à noite, e o curso de interpretação todo sábado. (O curso de sábado posso faltar).

– Entendi. Monte Verde você já foi?

– Nunca. E você?

– Tbm não… Monte Verde poderia ser uma opção?

– Claro que sim! 

– Considerando que Gramado teríamos que pegar voo até Porto Alegre e depois alugar um carro até Gramado, então seria ideal mais dias e não somente 3. Pelos relatos que tenho, Monte Verde é mais intimista, algo que foge um pouco da muvuca turística.

– Humm perfeito. O mais importante é a companhia.

TIRADENTES

Daí corta pra gente, um mês e quinze dias depois, fazendo nossa primeira viagem juntos, de carro, para um lugar mais longe que Monte Verde, sendo o destino final uma surpresa pra mim, que não sabia para onde estava sendo levada. Isso que é confiança, numa pessoa que eu só conhecia há menos de dois meses!

O trajeto de carro foi muito gostoso, conversamos, rimos, e até dormi em alguns momentos. Chegamos no destino cerca de 7h depois (pegamos trânsito), já estava de noite e brinquei que estava sendo levada para um cativeiro, já que pegamos uma estrada de terra e a única iluminação presente eram os faróis do carro. 

Em algumas de nossas conversas, em que tentei adivinhar para onde me levaria, ele me convenceu que seria uma fazenda, algo fora do comum, contrariando todas as viagens luxuosas que já fiz. A ideia me parecia boa e ruim ao mesmo tempo. Boa pela experiência inédita, e ruim por pensar nos possíveis perrengues de uma patricinha em meio a natureza. E somente naquele momento, quando chegamos numa construção bonita, no meio do nada, em uma colina, que percebi que a história da fazenda era uma brincadeira.

– Eu não posso te oferecer o luxo que seus clientes te oferecem, mas é tudo com muito carinho.

Dizia ele com aquele ar de “desculpa, mas não sou rico”, quando na verdade o que ele me oferecia tinha muito mais valor que qualquer coisa que o dinheiro pudesse comprar.

A casa era composta por uma enorme cozinha, um outro cômodo que não sei nomear, onde só possuía duas banheiras e duas prateleiras grandes de vidro, com uma caixa de som JBL, depois vinha o lavabo, com a pia enorme do lado de fora e o banheiro separado por uma porta de vidro e então o quarto. Todos os cômodos com uma boa vista da área externa, como se estivéssemos dentro de um aquário. Imediatamente o Intenso colocou a banheira maior para encher (apesar de ter duas, preferimos ficar juntos numa só) e já foi abrindo o vinho. 

Que noite maravilhosa. Pela primeira vez ele me fez gozar somente me masturbando, dentro da água. Depois também o masturbei com os meus pés (tem vídeo lá no meu Only 😈) e só então fomos para a cama. A cama, caros leitores, foi uma surpresa a parte. Ele pediu que eu me cobrisse e pegasse o meu celular, que eu tinha deixado no criado mudo.

– Mas está aqui do lado. – Teimei.

– Pega seu celular, confia em mim. – Ele insistiu.

De repente, o teto começou a abrir. Isso por si só já foi impressionante, mas a coisa foi ficando ainda mais surpreendente, quando a cama começou a levitar junto, de encontro ao teto, rumo ao céu estrelado. A minha reação foi de extrema surpresa, comecei a rir de nervoso, um pouco receosa de despencar de lá de cima, mas achei aquilo tão romântico, a gente no meio do nada, sob um céu estrelado, deitados numa cama, tudo estava perfeito.

Na manhã seguinte, o anfitrião deixou pães de queijo para nós e mais tarde almoçamos fora, aproveitando para turistar no centrinho de Tiradentes. À tarde, próximo do pôr do sol, voltamos para o nosso refúgio nas colinas e gravamos um vídeo erótico muito gostoso, que vendi como conteúdo adicional para os meus assinantes do Onlyfans depois. Posicionamos o celular lá no alto da janela do quarto, nos filmando transando na parte externa, como se fosse uma câmera escondida: eu, toda caracterizada de moça do campo (com vestido florido e chinelos), e ele, como se fosse o moço da cidade, chegando todo bem vestido, para deflorar a donzela safada.

A noite me levou para jantar num restaurante muito gostoso, que ele precisou reservar com bastante antecedência, chamado Uaithai. Novamente fui regada com muito romantismo, sendo muito bem tratada. Eu percebia que para o Intenso era um desafio me surpreender, visto que sempre sou surpreendida por clientes com muito poder aquisitivo, mas aquilo que ele estava me trazendo era algo que superava qualquer viagem internacional cara, com ele eu tinha uma real conexão, vontade de estar junto que não dependia de um acordo financeiro envolvido. Ele me oferecia amor, sexo quente e inédito a cada transa, risadas nos momentos certos, cumplicidade e inteligência em cada conversa, além de também ter bom gosto para passeios e viagens. O que mais eu poderia querer de um homem?

Na manhã seguinte fizemos um passeio turístico pra conhecer a história de Tiradentes. Foi a primeira vez que fiz passeio guiado no Brasil e achei o máximo! Me senti super conectada com a história do meu país, sem contar que foi muito mais interessante acompanhar com o guia falando no meu idioma. Depois almoçamos e outra vez rumamos para nossa casa na colina, onde tivemos uma segunda rodada de banheira, vinho e sexo – mas de uma forma muito intensa! 

Cada episódio erótico com o Intenso é uma verdadeira surpresa. E, desta vez, seu mood romântico estava ativado. Antes de irmos para a cama, explorou meu corpo como nunca. Ainda de pé, suas mãos vagaram pelo meu corpo até pousar nos meus seios, ahh, como eu gosto da maneira que ele toca os meus seios. Podia sentir no seu olhar um desejo diferente, não era apenas algo sexual, caso contrário já teria me despido rapidamente. Ele me desejava de uma forma especial, completa. Sexualmente e sentimentalmente. E eu conseguia sentir a mesma intensidade, ao observar a maneira como me olhava profundamente. Ele havia me deixado só de saia, com os seios aparentes e saboreava de uma forma intensa. Em meio a essa exploração, senti suas mãos descendo por meu corpo até ir para dentro da minha saia. O Intenso gosta de sentir minha calcinha marcando na pepeka, e era exatamente isso que ele procurava nesse momento. Me virou de costas e continuou explorando meu corpo. Uma mão em meu pescoço, outra dentro de minha saia, mas não a invadiu – ainda – apenas sentia como a bucetinha estava por fora da calcinha. Confesso que gostei muito desse carinho e dessa exploração. O Intenso não tinha pressa, era tudo no seu tempo. 

Sou acostumada a ter transas rápidas com os meus clientes, e não recebo deles o mesmo carinho que recebo do Intenso (não que isso seja uma crítica ou cobrança, até porque, certas coisas preferimos que venha da pessoa que estamos apaixonada), mas, de todo modo, com os clientes nem sempre é uma via de mão dupla, então, esse tipo de carinho e safadeza que ele me traz, sem pressa, me explorando, me deixa louca. 

Depois de muito me excitar, ele então me conduziu para a cama. Entendi o que ele queria com aquele jogo de sedução: me deixar bem molhada para depois poder me sugar todinha. Ele gosta disso – aliás, é um viciado, segundo me diz – . Sem que me deixasse dizer nenhuma palavra, tirou minha saia – mas ainda não a calcinha – me deitou na cama, começou a beijar os meus seios e foi descendo…

Tenho um pouco de cócegas na parte lateral da costela, às vezes, então era inevitável não soltar uns risinhos de vez em quando. O Intenso não queria perder o clima e não se demorou muito nessa região. Passou pela minha barriga, sempre com muito carinho e desejo, até chegar na minha calcinha. Ficou ali roçando sua barba e passando sua língua, como se quisesse deixa-la ainda mais marcada. Ele tem tesão nisso, e eu apenas aproveitava, o deixava se divertir, ao mesmo tempo em que me entregava a esse carinho gostoso. Quando eu estava bem relaxada, senti ele puxando a calcinha de lado. Eu já estava bem excitada, no ponto que ele planejava desde o início. Enfim veio buscar o resultado da sua brincadeira sexy: minha excitação em forma de “melzinho”. 

Não é novidade para ninguém, que me acompanha aqui no blog, que o Intenso chupa magnificamente bem e desta vez não foi diferente. Podia sentir seu desejo na ponta do meu clitóris, me levando ao orgasmo em poucos minutos. Foi intenso e longo, enquanto ele me segurava pela cintura, pressionando sua boca contra o meu corpo. Não houve penetração. Insisti para que fizéssemos algo para compensá-lo, mas ele não quis. Disse que aquele momento era meu. Só meu. Depois ficamos de namorico na cama, até que adormecemos e cochilamos pelo restinho da tarde.

À noite, desta vez fomos no restaurante “Traga Luz”, que ele também precisou reservar com antecedência e que gostei mais ainda do que o restaurante da noite anterior. Tudo foi deliciosamente excepcional, desde a entrada – seleção de queijos com frutas -, prato principal – uma deliciosa galinha da angola -, até a sobremesa – um espetacular sorvete de queijo canastra com goiabada cascão -. O lugar possuía uma iluminação intimista com penumbra, e mais uma dose de romantismo regado a um delicioso vinho. Altas declarações, o Intenso demonstrava ser o homem que eu pedi a Deus. Como podia ser tão perfeito? Eu estava vivendo um intenso conto de fadas.

BROTAS

A única e primeira vez que estive em Brotas foi no feriado de Páscoa desse ano para um retiro espiritual de três dias, em que tive poderosos insights sobre eu necessitar de um amor na minha vida, retornar à cidade, acompanhada por ele, foi como concretizar uma profecia. 

O lugar do day use era mesmo muito gostosinho, chegamos cedo, por volta das 10h e estava vazio, pudemos escolher o melhor lugar, perto da piscina.

Bebemos um drink e então ele me levou para explorar mais o lugar, descendo umas escadas, adentrando nas entranhas da natureza. Uma coisa que eu adoro no Intenso, é a sua disposição para tirar fotos minhas. O tempo inteiro me fotografando, registrando cada momento que estamos juntos. E até nisso ele manda muito bem! “A modelo ajuda”, ele dizia.

O Intenso quis me levar para tomar um banho de cachoeira, me falando do poder da mãe natureza de limpar as energias, do quão era poderoso se banhar dela.

– Nossa, mas a água estará gelada! – Choraminguei.

– Mas é revitalizante. – Ele insistiu.

– Você vai tomar também?

– Vou sim. Depois de você.

Quando chegamos na cachoeira, a água estava mesmo gelada, e eu sem coragem para entrar, mas ele insistiu que a foto ficaria linda, e fui tomando coragem, não tanto pelo registro, mas para impressioná-lo com a minha determinação. A foto não ficou das melhores, mas limpei as energias e valeu a experiência.

– Sua vez. – Falei, ao sair da água.

– Eu não vou não, linda. Não gosto de água fria.

– Ué, mas você não disse que iria depois de mim?!

– Falei.

– E então?!

– Falei só pra você ter a experiência.

– Que pilantra!!

– Mas você não gostou da experiência?

– Sim, gostei. Mas só fui porque você disse que também ia!!

O Intenso não entrou e só me enganou.

Depois que saímos da natureza, fomos direto almoçar e ali tivemos uma conversa séria. O Intenso sempre se queixava de eu não estar completamente entregue, como se eu ainda não estivesse plenamente apaixonada por ele.

– O que mais você quer? – Eu o questionava.

– Você sabe que você ainda não está entregue.

– Você sabe o que precisa acontecer para que eu me entregue completamente. 

Eu me referia a um pedido de namoro, afinal, já estávamos saindo há dois meses, com ele sempre fazendo altas declarações e planos para o futuro, quem me garantia que eu não era só mais uma conquista e que quando eu ficasse perdidamente apaixonada, ele me daria o pé na bunda, igual fez com as outras, após ter perdido a graça? Sim, sou muito desconfiada.

– Mas eu preciso ter mais de você para isso. – Ele falou.

– O que falta pra você, você só terá depois que eu ter o que falta pra mim.

Para quem achou confuso, o que eu queria dizer, é que só me sentiria plenamente segura para me entregar de corpo e alma aquele relacionamento, quando viesse de fato o pedido de namoro. E ele, por sua vez, só queria fazer o pedido quando tivesse total certeza do meu sentimento. 

– Você acha que eu sou um conquistador narcisista?

– Acho. Quem me garante que não? Só olhar para essas mulheres doidas atrás de você. Não quero ser mais uma delas.

– Mas você tá esquecendo de um detalhe.

– Que detalhe?

– Que eu te amo, diferente delas, que eu não amava.

– Sei.

Se ele amava, por que não me pedia em namoro logo? Bom, futuramente vocês também irão descobrir.

Mais tarde entramos na piscina, e ali, dentro da água, tivemos várias confissões, conversas íntimas, e quanto mais eu o conhecia, mais eu gostava e vice-versa. Lá pelas 17h, quando íamos embora, ele me fez outra surpresa. O plano inicial era fazer bate e volta e regressarmos a São Paulo, mas fizemos amizade com o bartender da piscina e numa conversa entre nós, ele e mais um visitante, nos indicaram um restaurante muito bom para irmos a noite. 

Fomo embora e o Intenso colocou no waze, até que chegamos num estabelecimento que me deixou a dúvida se era um restaurante de fato. E não era. Logo entendi que se tratava de uma outra surpresa, passaríamos a noite em Brotas para não ficar cansativo. Só rolou uma situação chata com a recepção da pousada, que deixou o Intenso bastante irritado. Ele havia reservado a suíte com banheira, cheio de planos de tomarmos vinho, igual fizemos na viagem de Tiradentes, mas a pousada não tinha efetuado a reserva corretamente e ficamos com uma suíte mais simples, em que só tinha uma rede. Fomos olhar o site juntos e realmente estava dúbio, pois eles tinham colocado foto da banheira, até nas suítes que não possuíam, como se o benefício da banheira fosse pertencente as áreas comuns da pousada e não algo específico de determinados tipos de suíte. Procurei acalmá-lo com aquele meu jeitinho sexy, afinal, o que era uma banheira se tínhamos a companhia um do outro? Não foi esse infortúnio que reduziria o brilho da surpresa dele ter pegado uma hospedagem pra gente.

Mais tarde, depois que transamos, saímos para jantar e o restaurante indicado não era lá essas coisas – talvez seja para os parâmetros de Brotas, mas somos paulistas com a régua bem alta. – Ao voltarmos para a pousada, enquanto eu fazia o skincare no banheiro, o Intenso apagou no quarto, e por não termos transado antes de dormir, algo completamente fora do comum entre a gente, na manhã seguinte acordei paranoica, achando que ele não me amava coisa nenhuma. Enchi a taróloga de demandas por whatsapp logo cedo:

  • Ele sente o mesmo por mim ou sou só uma conquista pra ele?
  • Quando ele sentir que estou completamente entregue e envolvida, ele vai me dar o pé na bunda por ter conseguido o que queria?
  • Ele é um homem narcisista?
  • Ele comprou mesmo um par de alianças pra gente? Ou o que me “mostrou” foi a embalagem de uma aliança antiga?
  • Ele tem planos futuros comigo?

2h depois vieram as respostas:

– Aqui na primeira pergunta, sobre os sentimentos dele, se ele sente mesmo amor por você, aqui mostra que sim, tem sim sentimento por você, que ele tem carinho, que ele tem afeto, aqui não traz combinações de cartas que digam que ele está enrolando ou mentindo sobre os sentimentos. 

– Aqui na segunda pergunta, se ele vai se manter do teu lado depois de ter te conquistado, aqui também tem cartas que falam sobre estar contigo, sobre manter a relação e quando tu pergunta se ele é um homem narcisista, aqui não tem energia de uma pessoa narcisista. O que que mostra? Que ele tem intenção de firmar uma relação contigo, que ele pode sim ter alguns problemas, ser um cara mais quieto ou rude, mas não representa aqui comportamentos narcisistas.

– Aqui na tua pergunta se ele realmente comprou um par de alianças, olha aqui a carta do cavalheiro, a dos pássaros e a da casa, dizem que se ele já não comprou essas alianças, ele tá muito prestes a fazer isso. A combinação dessas três cartas trazem uma mensagem dele fazendo esse movimento, de sim, concretizar isso que ele te falou. 

– Quando você pergunta aqui na pergunta 5, se ele tem planos pra ti, aqui diz o seguinte, que algumas coisas que ele fala tem sim uma energia contraditória, mas que ao mesmo tempo sim, ele tem planos pra vocês, mas que provavelmente as coisas não saiam exatamente como ele tá falando, mas não porque ele tenha má índole e sim pelo andamento das coisas.

Fiquei super aliviada com essa tiragem. 

Fomos tomar café da manhã num lugar super gostosinho, que parecia uma mini fazenda, e de lá voltamos para São Paulo.

JANTAR ÀS CEGAS

Eu adoro ser surpreendida. Adoro surpresas e nisso o Intenso sempre acerta. Me disse que tinha comprado algo para fazermos em determinada data, mas não sustentou manter em segredo até que chegasse o dia, quando eu, coincidentemente, em alguma conversa, falei sobre esse evento. Sem querer adivinhei qual era a surpresa, quando propus de irmos para o jantar às cegas algum dia.

– Ahhh, como você sabe? – Ele se mostrou frustrado.

– Sei o que?

– Que era essa a surpresa?

–  Mas eu não sabia!!

Impressionantemente a nossa conexão mental é coisa de outro mundo, direto um começa a falar o que o outro estava pensando, ou compramos ingressos para fazer algo que também já estava nos planos do outro. Nunca tive esse tipo de conexão com ninguém antes. E além de toda essa sintonia, temos muitas coisas em comum em outros âmbitos da nossa vida: O Intenso também é filho adotivo, também veio de uma criação humilde e também é muito safado. Na verdade, encontrei alguém mais safado do que eu. “Cuidado com o que você deseja, você pode conseguir”. Eu queria alguém do mesmo nível que eu, mas ele conseguiu me superar. SOCORRO DEUS!

Mas esse rolê não tinha nada de safado, pelo contrário, mais uma vez ele me trouxe seu lado romântico. Quem estiver lendo essa postagem e tiver alguém na sua vida, faça como o Intenso e leve essa pessoa para conhecer a experiência do Jantar às Cegas, vocês vão amar essa vivência!

O restaurante fica dentro do hotel Pullman, em São Paulo. Fez-se uma fila na entrada, até que o evento fosse iniciado e os casais encaminhados para suas respectivas mesas. Após sermos acomodados, levou ainda mais trinta minutos até que foi dada a largada, para que todos colocassem suas vendas ao mesmo tempo. Os funcionários ainda nos orientaram a deixar nossos celulares em cima da mesa, para que eles pudessem fazer registros do casal, sempre que presenciassem algo que merecesse um registro. (E eles fizeram um registro LINDO, em vídeo, de um momento em que o Intenso limpava as minhas mãos – ambos ceguinhos – com o guardanapo, todo cuidadoso). 

Nos serviram a entrada e foi muito diferente comer algo e manipular talheres, sem enxergar o que se está fazendo. Mas o que achei ainda mais interessante, foi perceber como nosso paladar é influenciado pelo visual, pois, como eu não estava vendo o que eu comia e nem sabia o que era, alguns sabores eu confundi com outros tipos de comida. Ao final dessa primeira etapa, antes de trouxerem o prato principal, eles escolhiam alguém de alguma mesa, para arriscar dizer o que tinha comido. O Intenso acertou quase todos os itens, afinal, como ele cozinha – ainda tem mais essa maravilha – teve muita facilidade para identificar quase todos os ingredientes do prato. E esse passo a passo foi repetido a cada refeição, ao final do prato principal, o mesmo processo, recolhiam, nos deixavam tentar adivinhar o que foi servido e na sequência o chef revelava, pelo microfone, o que tínhamos comido. A sobremesa o Intenso nos deu a ideia de comermos com as mãos, para sentirmos a textura. Era um torta de chocolate com a maciez de um mousse, bem molenga e macia. Foi mesmo uma experiência muito gostosa.

INVERSÃO DE PAPÉIS

Depois do restaurante, saímos do mood romance para o mood sem vergonha. Tínhamos planejado que após o jantar brincaríamos de inverter os papéis, em que ele seria o garoto de programa por uma noite e eu a sua cliente. Rolou até troca de mensagens de agendamento. Eu alterei a minha foto do whatsapp para a da Marilyn Monroe e ele para a do personagem Héctor Bonilla.

Combinamos no motel Astúrias e eu iria de uber, antes dele, já que é responsabilidade do(a) cliente pegar o quarto. Ele iria pouco depois com o próprio carro, até mesmo para voltarmos juntos. Não se atrasou e logo o interfone da suíte tocou, anunciando-o. Autorizei sua entrada e em poucos instantes ele subia as escadas da suíte. Tinha trocado a roupa que usou no jantar para algo meio bad boy, diferente do seu costumeiro estilo “faria limer”, que eu adoro. Notei que ele estava um pouco nervoso, mas se esforçando para entrar no papel. Rapidamente me agarrou pela cintura, me prensou na parede e disse: 

– Relaxa que hoje a noite é sua!

E me tascou um beijão, fazendo com que eu sentisse seu pau encostando em minha bucetinha. Já estava duro. Eu realmente pude sentir. Notei o Intenso um pouco afobado.

Ele definitivamente não serviria para esse papel. Apesar de eu ter orientado que gostaria de algo mais carinhoso, ele foi teimoso e chegou todo seduzente selvagem. Ai esses homens… pensam que sabem o que agrada uma mulher. 

Ele me levou para a cama, às pressas, queria me beijar, queria me chupar. Nesse momento consegui identificar traços do Intenso e não do John. Fiquei um pouco perdida e resolvi conduzir para que começássemos com mais calma, pela banheira, mas ele queria mandar mais que a cliente, querendo me chupar a todo custo. Me comportei como os meus clientes, sem afobação, para desfrutar dessa pessoa diferente que eu estava contratando.

Após deixar a hidro no ponto, entramos, e comecei uma conversa para saber mais sobre o seu personagem. Dali a pouco ele retomou a sua missão de me chupar, e o fez na banheira mesmo. Conseguiu me fazer gozar – isso ele sabe fazer muito bem -, e considerando essa sua habilidade de chupar uma buceta, aí sim ele serviria para o papel, e digo mais: faria muito sucesso! 

Tudo para ele era novidade, inclusive o ambiente de motel, com envolvimento sentimental – era o que ele pregava – , confesso que não acreditei muito não. Sabemos o quanto ele é safado, com certeza já levou várias peguetes para motéis, sua lista deve ser extensa, com sentimentos ou não.

Depois da hidro, pulamos para a piscina e dela fomos para a cama. O encontro de corpos finalmente iria acontecer, e ele, querendo se manter no personagem, continuava tentando me seduzir de uma maneira mecânica, querendo encarnar o ator pornô, mas de uma forma artificial, aquele não era ele e não era aquilo que eu queria. Não era o Intenso. Era alguém que estava tentando um sexo por compromisso financeiro. Após me dar alguns apertões, fugindo completamente do mood carinhoso que eu pedi, sacou uma camisinha e veio me penetrar. Errou novamente. Afobado. Tentou um sexo mais intenso, com uma pegada mais forte e, definitivamente: depois daquela experiência toda no jantar às cegas, o que eu queria mesmo era um mood amorzinho em ação. Talvez não foi uma boa escolha tentarmos esse laboratório justamente nesse dia.  

Em meio a toda essa performance que ele tentava entregar, entendi que queria criar um personagem que, talvez, muitas mulheres pudessem gostar ou buscar, entregando o que elas não tem em casa: um sexo mais selvagem e com pegada. Funcionaria muito bem em outra ocasião, mas não era isso que eu buscava para aquela noite. Confesso que para mim estava muito difícil desvincular o personagem Jonh Sauvage do Intenso.

Após uma transa intensa e gostosa (afinal, transar com ele é uma delícia, independente da circunstância), finalizamos nossa noite exaustos. Entramos no carro e tive uma revelação que me caiu o queixo:

Quando o Intenso me propôs fazermos este laboratório, ele quis fazer o negócio tão bem feito, que CONTRATOU um garoto de programa, apenas para conversar e pegar dicas de como se portar e seduzir uma mulher, nesse tipo de contexto, de modo que entregasse uma proposta diferente do que ele já me trazia no nosso relacionamento. Entendi então toda a sua teimosia e toda a situação que ele buscou performar, fazendo jus ao nome Intenso: sempre se entregando ao máximo, a tudo que se propõe a fazer.

PREDESTINADOS

Durante uma de nossas demasiadas conversas descobrimos, por um extremo acaso, que eu e o Intenso, estivemos no MESMO CRUZEIRO, aquele que eu fiz com o cliente, no início do ano!!! E o pior, consultando a minha galeria de fotos daquela viagem, algo mais assombroso veio à tona: estávamos no MESMO CORREDOR, quase que porta com porta!

Sabe aquela franquia de filmes “Premonição”, em que a morte tem a missão de matar determinadas pessoas e quando essas pessoas se safam, ela faz novas tentativas até que consegue? Pois então, era como se o universo tivesse tentando nos unir já há algum tempo, não desistindo até que concluísse tal objetivo entre a gente.

Eu estava vivendo um conto de fadas…

… Até que deixou de ser.

“O Intenso” – Parte 5

Noite da Empregada

Querido diário,

Quis fazer uma surpresa para o Intenso. O recebi na minha casa vestindo uma fantasia sexual. Me vesti de empregada, com direito a peruca, trilha sonora e tudo. Eu quis recriar uma atmosfera estilo anos 50, então deixei umas músicas da Marilyn Monroe tocando e o recebi na porta, já na personagem. 

Ele ficou chocado. Mas um chocado positivo. Peguei sua mochila, coloquei em algum lugar e lhe ofereci uma taça de vinho, que eu já tinha deixado quase preparada, servindo na sua frente. Suas mãos até tremiam. A partir daí, ele entrou na brincadeira. 😏

– Você teve um dia muito cansativo de trabalho, Sr. Intenso?

– Tive sim, obrigado por perguntar.

– Então agora o Sr. vai relaxar. Venha, sente-se por favor. 

O acomodei no sofá e me ajoelhei na sua frente para tirar seus sapatos, enquanto ele me olhava com a expressão mais admirada do mundo. Tirei seu calçado, sua meia e comecei a massagear os seus pés, no mesmo momento em que ele reagiu como se tivesse tendo um orgasmo. Até esse dia, eu nunca tinha lhe feito massagem assim, então foi uma grata surpresa para ele – que depois me revelou amar massagem nos pés – e para mim, que me deparei com o pé mais macio e cheiroso que eu já tinha massageado. Em algum momento até coloquei os seus dedos na minha boca, algo que eu nunca tinha feito com o pé de ninguém. Me surpreendi comigo mesma. Fui me deixando levar, sendo criativa e me entregando ao momento. 

Quem me acompanha aqui no blog há bastante tempo, sabe que eu já me vesti de empregada para um boy que eu estava saindo no passado. E repetir essa brincadeira com o Intenso, foi muito importante para eu ressignificar a experiência, além de testar ainda mais a nossa compatibilidade na putaria. Com ele foi mil vezes melhor! 

Iniciamos um joguinho de interpretação, conversinhas safadas improvisadas na hora, como se ele fosse um patrão tarado que sempre esteve de olho na sua funcionária. 

Na minha experiência anterior, rolou uma leve desconexão, quando o digníssimo disse alguma frase sobre a esposa estar fora, o que na hora cortei e falei que na brincadeira ele era solteiro e não casado. Já lido com homens comprometidos frequentemente, dentro da minha fantasia queria uma coisa exclusivamente minha. Com o Intenso, me surpreendi que ele teve a delicadeza de brincar que era um patrão viúvo. Achei aquilo tão lindo, até numa simples brincadeira ele valorizava fidelidade. 👏🏻👏🏻

E as coisas foram desenrolando com uma lentidão tão gostosa. Trocamos muitas carícias íntimas, sustentando nossos personagens, eu, uma empregada virgenzinha, com uma paixão platônica pelo patrão viúvo, e ele, um patrão bonitão e safado, mas ao mesmo tempo respeitador e contido, que ia conduzindo tudo com muito charme e cautela. 

Ele entendeu a atmosfera dos anos 50 e usou até alguns vocabulários próprios da época, achei sensacional a forma como ele entrou na brincadeira, tornando ainda mais orgânico, como se tivéssemos vivendo real naquela situação e época. 

Foi nessa noite que planejamos a ida na Hot Bar, relatada anteriormente. Ele disse:

– Quando você vai me levar na Hot? 

– Eu te levar? Você que tem que me levar. 

– Vamos na Hot comigo então?

– Vamos! Quando?

– Esse sábado? 

– Já?? E o aniversário da sua irmã?

– Se você topar passar o fim de semana comigo, eu não vou no aniversário dela e podemos ir na Hot. 

Foi engraçado que eu, que tava levemente sentida por ele não mencionar nada sobre me levar no aniversário da sua irmã (uma vez que ele já conhecia a minha mãe), imediatamente me senti a preferida. Então ele não tinha me chamado, pois, lá no fundo, nem ele pretendia ir. 

Me ajoelhei para chupá-lo. 

Acho que nunca mencionei aqui sobre o seu pau babado. Não costumo gostar desta excedente lubrificação quando estou chupando um cliente, mas o dele, devido ao nosso envolvimento, me delicio. 😋

Quando enfim nos encaminhamos para o sexo, rolou uma pequena inconveniência que nos fez sair um pouco do personagem. No meio da pegação, embaixo das cobertas, já na cama, meu nariz começou a captar um cheiro estranho, mais precisamente de xixi de gato. 😓 Um dos meus bichanos – provavelmente o mais velho – fez xixi na cama! Que conveniente. 🙄

Pausa pra trocar a roupa de cama, espirrar um Tuff Stuff no colchão e enquanto eu esfregava no local da urina, estrategicamente me posicionei de quatro na cama, com a bunda virada para o banheiro, onde o Intenso estava, para que quando abrisse a porta, se deparasse com a melhor visão dos mundos. Ele não me decepcionou e na mesma hora veio interagir comigo, se reconectando ao personagem. 😏

Que delícia transar com ele. 🔥Brincamos que estava tirando a minha virgindade, e como a minha bucetinha é mesmo muito apertada – não sou eu que estou dizendo, ele que não parava de repetir – , pareceu mesmo que estava me deflorando. 🌸

Foi uma noite muito gostosa. Senti que com ele eu poderia ser quem eu quisesse. 

Encontro com a Sara

A fim de termos mais uma experiência gostosa e inédita, tive a ideia de promover um encontro entre o Intenso e a Sara. Ele conhecia a minha real persona, mas não a Sara e achei que talvez poderia dar certo encantá-lo ainda mais, assim como encanto meus clientes. 😏

Me produzi como nunca tinha feito para um encontro pago. Fui ao cabeleireiro, acionei a minha maquiadora particular, até cílios postiços eu coloquei. Queria que ele me visse diferente do habitual. 

Marcamos num motel na região que ele mora. Ele não pegou um quarto muito bom, mas fez uma gentileza que nunca nenhum cliente fez por mim: deixou a vaga da garagem para o meu carro e estacionou na de visitante, mais distante.

Desliguei o carro. Me olhei no espelho do retrovisor. Peguei a garrafa de vinho. Meu coração estava disparado. Será que eu conseguiria trazer a personagem, sendo alguém da minha vida pessoal?

Bati na porta e quando ele abriu, não consegui vê-lo como um cliente. Confesso que fiquei até um pouco sem graça, não conseguindo acessar toda a autoconfiança que a Sara me transmite, afinal, era o meu crush ali.

Ele também tinha se produzido, disse que foi direto do trabalho e estava ainda mais lindo que o habitual com aquele terninho. Era vestido assim que ele trabalhava? Lindo daquele jeito? Seu perfume também exalava um cheiro maravilhoso. Eu não sabia se gostava ou se sentia ciúmes. Então era assim que ele se produziria para sair com uma acompanhante, se não fosse comigo?

Puxei assunto contando da minha aventura no trânsito para chegar até ali. Contei que quase bati o carro e ainda chamei muita atenção de um ônibus que tava cheio de homens. Todos eles colocaram a cara pra fora da janela, a fim de ver quem era a louca dirigindo, e quando me deparei com todos aqueles olhos me julgando, lhes dei um tchauzinho e na mesma hora todos se empertigaram ainda mais na janela, sorrindo e dando tchauzinho de volta. Em algum momento comecei a ficar incomodada com toda aquela atenção, mas o trânsito não ajudava e o ônibus ainda me acompanhou por alguns km.

Nisso já fomos abrir a garrafa de vinho e tanto ele, quanto eu, tremíamos as mãos, enquanto tentávamos encaixar o saca rolha, que ainda por cima não era tão bom. Os dois estavam tensos, fingindo não estar. 

Conduzi para que fôssemos encher a banheira e ficamos na parte externa bebericando e conversando, com o barulho da hidro enchendo. Minha vontade era de agarrá-lo imediatamente, mas o acordo era tratá-lo exatamente como trato um cliente, então tive que ser mais contida.

Em algum momento nos beijamos. Um beijo tímido, não coloquei toda minha intensidade, ainda. Ele brincou com a realidade e a ficção, disse que estava quase namorando, que era sua primeira vez saindo com uma acompanhante e que depois que pedisse a garota em namoro, não faria mais isso. 

Quando a banheira ficou pronta para o uso, ele brincou que estava sem graça de ficar pelado na minha frente e falei que não precisaria se preocupar, pois eu não olharia pra baixo. Ele tirou a roupa me encarando bem sério, e ali eu eu vi que ele não tava com vergonha coisa nenhuma, pelo contrário, me seduzia com aquela cara de mau. Espiei abaixo e já se encontrava duro. Danadinho. 😈

Não rolou muita conversa na banheira, a pegação que estávamos contendo até então, explodiu na água. Nos beijamos de uma forma tão intensa, que pirei de tesão quando senti seu pau encostando na minha buceta.

– Tá muito difícil pra mim. – Falei baixinho perto do seu ouvido, diante de toda aquela excitação.

– Deixa eu sentir a cabecinha entrando na sua bucetinha… – Ele pediu.

– Como eu mesma?

– Não, continua na personagem.

– Então não né. 

Ele me testava a todo momento. Tudo que eu mais queria era que ele entrasse em mim daquele jeito, mas não é o tipo de coisa que eu faria com cliente, então tive que me conter. 

– Sua buceta está encharcada. – Ele constatou, após passar os dedos na minha entrada. 

– Eu tô com muito tesão. 

– Então deixa eu entrar.

– Não posso.

Quando ficou insuportável aguentar a vontade de dar pra ele, saímos da banheira e fomos para a cama. Eu não chupo a baba do pau de um cliente, então, também limpei com a mão toda a baba dele. Era importante ele ver os cuidados que eu tenho quando estou transando a trabalho. Ele não me chupou nesse primeiro momento, peguei o preservativo e fui sentando nele. Depois me colocou de quatro, mas não gozou. 

– Posso gozar na sua boca?

– Você “você” ou você “cliente”?

– Cliente.

– Não né. 

– Eu te pago o dobro. 

– Não.

– Eu te pago o triplo. 

– Também não. 

– Então vou deixar pra gozar com a minha namorada mais tarde. 

E aí nesse momento ele quis me chupar. Até então, eu nunca tinha conseguido gozar com ele me chupando, um bloqueio meu quando estou sendo chupada, na minha vida pessoal, por alguém que eu sinto muito tesão. No entanto, mentalizando que ele era de fato um cliente, consegui relaxar e gozar, pela primeira vez em pouco mais de um mês juntos! E ainda gozei imaginando a nossa pegação gostosa da banheira, poucos minutos antes, quando eu queria que ele tivesse entrado em mim no pelo. 

Esse encontro foi muito benéfico para o desenvolvimento da nossa intimidade, pois, somente a partir daqui que passei a gozar facilmente com ele me chupando. 

Uma outra coisa inédita que rolou nesse encontro, mas que nesse caso só foi possível por ser ele, jamais desenrolaria com um cliente, foi ele ir até o banheiro enquanto eu estava fazendo xixi e tocar na minha buceta durante essa minha atividade. Eu parei de urinar na mesma hora. Sua mão lá me travava de continuar e ele adorou isso, esse controle sobre mim. 

Quando o encontro acabou, estávamos muito atrasados para o nosso encontro na “vida real”, então foi uma partida às pressas, nem tomamos banho e cada um foi no seu carro. E detalhe: Ele pagou o meu cachê de 2h! 

Naquela noite ele me levou pra jantar num restaurante muito gostoso. Eu estava vivendo um romance safado mais intenso da minha vida. 

Continua…

“O Intenso” – Parte 3

E a primeira coisa que ele respondeu após a grande revelação da mensagem anterior, foi:

– E essa semana em vários momentos que vc não me respondia, vc estava com outro né?

– Não necessariamente, pois muitas vezes me ausento para fazer coisas particulares minhas tbm. Faço cursos, estudo, escrevo. Nada disso é mentira. E a forma correta de dizer não é “estava com outro” e sim “trabalhando”. Há uma grande diferença entre eu, na minha vida pessoal, e eu trabalhando. Sei muito bem delimitar uma coisa da outra. Nenhum cliente é meu “ficante” pra ser colocado dessa maneira. – Tentei tomar as rédeas da situação.

Daí ele me mandou um print da nossa própria conversa. Apagou logo em seguida, mas eu já tinha visto.

– Tá mandando um print da nossa conversa pra quem?

– Pro meu psicólogo. Preciso de um suporte. 

– Ele atende de domingo à noite?

– Não. Ele não trabalha em hipótese alguma aos finais de semana. Mas quando mandei o primeiro print, ele me respondeu na hora. Quer conversar comigo mais tarde. 

DaÍ ele voltou na minha última mensagem:

– Desculpe, eu não quis parecer presunçoso ou ofensivo. Apenas perguntei.

– Gostaria que você considerasse tudo que sentiu estando comigo e não me julgasse por essa informação nova que te trouxe. Já faz anos que passo por esse processo de me aceitar e não me colocar nesse lugar que a sociedade por si só já me coloca.

– Não será colocada. Não vou te julgar (te prometi isso). E não dá pra afetar o que senti no passado, baseado nessa informação.

– E você não sabia de nada disso?

– Não. Eu não sabia. Mas eu sou observador e algumas coisas não faziam sentido… rotinas… padrão de vida que vc leva… Então eu perguntei.

– Posso até ter sido “misteriosa”, como você trouxe em várias situações, mas em momento algum inventei qualquer história. Preferia não abrir nada, do que mentir sobre qualquer coisa. E como ainda estávamos nos conhecendo, era algo que eu ainda estava vendo uma forma de contar.

– Vc tem minha admiração e respeito por isso.

Ele não sabia.

Na verdade, suas perguntas a respeito da minha proximidade com a sexualidade, em parte foram por ele desconfiar de algo, mas também por ser muito safado (como vocês descobrirão daqui pra frente) e querer testar até que ponto eu era safada também, já que ele buscava alguém compatível.

*

Voltando agora para o nosso primeiro encontro, tem uma parte da história que deixei para contar somente agora. Quando estávamos no carro, quase chegando no restaurante, enquanto ele contava suas histórias e causos, por acaso (ou não), ele adentrou no assunto casa de swing.

Ele narrou uma aventura em que ele precisou se fingir de gay para ir na Hot Bar com um casal de amigos e outra mulher. Ele estava com esse casal e eles disseram que iam na Hot Bar. O Intenso ficou curioso para ir também, mas, naquela noite, em específico, só entravam casais e não singles. Daí esse casal teve a ideia de chamar uma outra amiga deles, que também tinha curiosidade em conhecer a Hot, mas para que não ficasse estranho “arranjar” ela com o Intenso, assim do nada, decidiram inventar que ele era gay, para que ela se sentisse mais confortável e a vontade de embarcar no rolê, sem qualquer obrigatoriedade de ficar com ele.

Nessa sua ida a Hot Bar, ele se divertiu muito, mas ficou impossibilitado de tentar se dar bem com a moça, pois precisava sustentar a mentira de ser gay, com medo de levar um tiro (ela era policial e estava portando duas armas kkkk).

Enfim, ele encerrou sua narrativa e fiquei esperando que ele perguntasse: “E você?”, mas ele silenciou e fiquei na dúvida, por uns dois segundos, se eu comentava ou não da minha experiência em casa de swing (uma que tive, não com clientes, mas com um ex contatinho que saí no passado), com receio dele me achar uma piranha. Decidi arriscar e soltei que também já tinha ido. Seus olhos brilharam e ele disse: “Espera a gente chegar no restaurante e você me conta tudo!!” Super empolgado para ouvir. Tempos depois, venho descobrir, que naquele momento eu estava sendo testada. E passei no teste – da safadeza.

Ao longo dos dias, descobri, em demasiadas conversas com o Intenso, que ele tem um repertório de putaria tão extenso quanto o meu, envolvendo casais, homens cuckold e mulheres ninfomaníacas, obsessivas, que ficam no pé dele depois, mesmo após o rompimento. Com o agravante de que ele, ao contrário de mim, não estava trabalhando, foram situações que desenrolaram organicamente. Impressionante não?!

Uma dessas histórias aconteceu com a dona de uma loja de alfaiataria dentro de um shopping, que ele era um cliente muito assíduo. Devido a sua frequência na loja, a dona lhe convidou para tomar um café, ali mesmo no shopping. Durante esse café, ele percebeu que ela usava aliança e a questionou se seu marido não se incomodaria dela estar ali com outro homem. Surpreendentemente, ela respondeu que seu marido já sabia que ela estaria ali com ele. O Intenso se espantou e pediu que ela explicasse melhor a situação. Ela então disse, que em um combinando com seu marido, cada um escolheria uma pessoa para sair. Ele já tinha aproveitado o seu “vale ninght” e agora era a vez dela de escolher alguém, sendo o Intenso, o escolhido. Resultado: por quase um ano ele saiu com esse casal, até viajaram juntos, sempre com o marido dessa mulher, a assistindo dando pra outro. A brincadeira só acabou porque ela se envolveu pelo Intenso e ele, em respeito ao casal (e por não sentir o mesmo por ela), não a correspondeu como ela gostaria, fazendo com que ela voltasse para o seu marido depois.

Uma outra situação intrigante foi uma mulher, também casada, que ele conheceu no balcão de um bar. Ele costumava sair sozinho e nessa noite ela também estava na caça, com a permissão de seu marido, que não estava presente, a deixando livre para interagir com outros homens, com a condição de lhe enviar fotos em tempo real, para que ele acompanhasse a aventura. Naquela mesma noite, eles foram para o motel. Resultado: Saíram 3x, em intervalos de 4 meses, com o marido dela recebendo as fotinhas a cada encontro.

Mas o pior são as histórias das ficantes taradas que apaixonam e ficam atrás dele depois. As mulheres se humilham tanto, ao ponto de mandarem textos gigantescos e falando sozinhas, como se ele estivesse sendo recíproco, quando, na verdade, a conversa imaginária só está na cabeça delas. Obcecadas ao ponto de dirigir por duas horas até a casa dele, sem nenhum aviso (e dar com a cara na porta), ou lhe enviar presentes em datas comemorativas, mesmo quando sequer mais estão se falando. No fundo eu até entendo elas – o pau dele é mesmo muito gostoso. (Quem está no meu Only já sabe.)

Diante de toda essa devassidade que ele me trouxe, em contrapartida, ele também lidava com a minha devassidão de ser uma mulher que trabalha com sexo. Casal perfeito.

O Intenso é um cuckold.

Continua…

“O Intenso” – Parte 2

Durante o jantar do nosso primeiro encontro, ele disse que aquilo não era um encontro. Que num encontro de verdade, ele entregava muito mais. E eu: “Como assim?”, daí ele disse que no nosso encontro oficial, ele cozinharia pra mim, na casa dele. E mais, cozinharia um risoto, que ele aprendeu a fazer contratando uma cozinheira profissional, especialista em risotos. (Cujas fotos até estão no seu Instagram). No entanto, no dia seguinte, enquanto trocávamos mensagens, ele voltou atrás e disse que cozinharia outra coisa, pois, risoto era benefício de namorada, ele só cozinharia um risoto pra mim, com aliança no dedo. Fiquei chateada por não ser mais o risoto, mas ao mesmo tempo gostei que ele estivesse vislumbrando um relacionamento comigo. 

No nosso segundo encontro, ele novamente me buscou em casa e fomos de carro até a sua. (Obviamente deixei a localização ativa em tempo real, compartilhando com alguns amigos).

O apartamento dele era muito bonito e grande. Me mostrou os dois quartos, indicando em qual eu dormiria. 

– Como assim, não vamos dormir juntos? – Perguntei.

– Só se você quiser. – Ele se mostrou todo respeitador. 

Serviu vinho para nós. Eu estava morrendo de tesão nele, não queria esperar pra transar só depois do jantar, então o seduzi para que desenrolasse logo nesse primeiro tempo. Ele veio na minha e foi uma delícia. Transamos no sofá, uma transa longa, intensa, ele por cima, me olhando nos olhos, tudo encaixou perfeitamente. 

Depois cozinhou um delicioso salmão, com legumes salteados – prato que definimos juntos, em uma chamada de vídeo que fizemos durante a semana. -, ficou tudo deliciosamente no ponto certo, ele ainda teve a delicadeza de comprar uvas, queijos e uns morangos orgânicos enormes e super doces, para beliscarmos enquanto tomávamos o vinho. 

Ele estava conseguindo me impressionar com cada gesto que fazia. A noite estava perfeita. Depois voltamos para o sofá, na TV enorme passava alguns clipes e a gente sempre conversando. Em alguns momentos ele vinha com umas perguntas estranhas, sobre coisas voltadas para a minha sexualidade, o que reforçava a ideia dele já saber o que eu fazia e estar me testando a falar a verdade.  

Transamos 5x naquela noite. Entre conversas, morangos e música, engatávamos uma nova transa naturalmente. 

No dia seguinte, ele preparou um café da manhã farto, com waffle e morangos, um sanduíche de pão de forma e pães de queijo. Ainda me presenteou com uma corrente da Vivara, com um pingente de gatinho, exatamente o mesmo gatinho que veio num par de brincos, também da Vivara, que ganhei de um cliente no passado. “Ele com certeza sabe do que eu faço e viu essa gato no destaque “Gifts” do meu Instagram. Pensei, desconfiada. Fala sério, qual boy de aplicativo tem esse empenho todo? Estava perfeito demais pra ser verdade, ele me tratava exatamente igual aos meus clientes apaixonados.

Durante a volta para minha casa, estava contando um pouco mais da minha história com a minha mãe biológica, e o fato de ela já ter trabalhado num bordel. E eu ter dito em outro momento que escrevia coisas eróticas, deu link para ele me perguntar, do neida, se eu já tinha feito conteúdo adulto.

Fiquei muda no carro. 

Não queria mentir, mas também não estava preparada para falar a verdade. 

Falei que não queria responder e isso foi ainda pior.

Achei que ele fosse seguir com a conversa normalmente, tipo: próxima pauta, mas não. Ele ficou em silêncio também e o clima no carro deu uma pesada. Percebi que ele não voltaria a ser o mesmo de antes, se eu não respondesse aquela questão. E daí especificou que esse tipo de atitude poderia fazê-lo se afastar, pois se eu não respondia, ele criava uma série de interpretações. 

Por fim acabei cedendo, pois não queria ser a causadora daquele clima ruim no carro. Achei que respondendo, a conversa normalizaria novamente. 

– Já sim. Com meu ex. 

– E o que mais?

Eu não queria que ele continuasse explorando aquele assunto, me incomodou ele fazer novas perguntas advindas das minhas respostas. 

Forcei a saída do assunto. Foi uma situação estranha. Quando me deixou em casa, o clima parecia de despedida, como se ali ele tivesse perdido o interesse. 

Era domingo de Dia das Mães e eu iria para a minha mãe, dirigindo. Tive a ideia de ligar para ele durante esse trajeto, para me certificar de que ainda estava tudo bem entre a gente. Puxei assunto sobre coisas aleatórias, e a sensação que tive era de que não estava tudo perdido, mas também não estava plenamente bem. Conversamos até um dos dois chegar no seu destino e ele chegou primeiro.

– Desligou sem dar beijo rs. – Reclamei manhosa por mensagem, após encerrarmos a ligação. 

– E vc jogou uma bomba, e depois não reconstruiu o local. É muito importante apagar o incêndio primeiro. Pra não destruir mais ainda.

Tentei me desvencilhar, puxando outros assuntos, mas ele sempre dava um jeito de me deixar incomodada por não concluir o tema.

– O que você fez de bom durante a tarde? – Perguntei. 

– Nada. Fiquei no sofá. Olhando para o teto, comendo uvas. 

Uma forma de dizer que ficou reflexivo com a situação. Decidi então entrar logo na conversa que ele estava querendo ter. 

– Você disse mais cedo que eu soltei uma bomba no local. Achei um pouco confusa essa metáfora. Eu afirmar sobre a questão do conteúdo adulto foi uma bomba pra você? – Comecei.

– Eu só fiz uma analogia… Vc soltou a bomba, explodiu tudo .. e deixou lá, tudo pegando fogo (no momento em que eu tentei explorar mais o assunto). E como não tive os detalhes, abre margem pra eu pensar um milhão de coisas (o fogo se alastrando). Quando vc ligou, pensei que iria tocar nesse assunto e apagar o incêndio, mas não aconteceu. Entendeu a analogia agora?

– Ahh agora sim. Então vamos retomar tudo completo agora. – Cedi, por fim.

– Mas eu não gostaria que vc retomasse um assunto que vc não se sente confortável. 

Claro que queria! Estava o tempo inteiro conduzindo para isso!

– Tem determinadas questões que eu gosto de falar no meu tempo, tendo o devido preparo para falar sobre cada tópico e não sendo pega de surpresa com a pergunta. Por isso agi daquela maneira, mas isso não quer dizer que após um período de processamento eu não possa falar a respeito.

– Se acostume com minha intensidade, meu interesse por você, minha curiosidade… Por outro lado, eu me senti no direito de fazer perguntas pra vc. Eu não sou o cara que está com intenção de te comer e sumir. Eu estou sentido coisas por vc que não senti por ninguém. É natural que eu queira saber onde estou me metendo.

– Você tinha perguntado “e o que mais?” E o que mais que fiz de conteúdo, é isso?

– Sim… no geral qual sua relação com esse mundo da sexualidade. (Falar sobre isso me excita, ao invés de criar julgamentos ok?) Nenhuma pergunta é em vão. Quando uma pergunta é lançada, teve alguma coisa que desencadeou aquela curiosidade ou aquela dúvida.

– O que vc acha sobre eu ter vendido conteúdo adulto?

– Eu não tenho que achar nada. Eu só não posso ficar no limbo sem contexto.

– Eu tbm tenho esse receio de saber onde estou me metendo, o quanto vc talvez possa ser uma pessoa que me julgue muito.

– Então está na hora dos dois colocar as cartas na mesa. É óbvio que está nascendo um envolvimento diferente entre os dois… E não dá pra deixar certas pautas pra depois. Eu sempre te dei a liberdade de me perguntar tudo a meu respeito, e ainda alertei: Só tome cuidado com o que pergunta, pq responderei com sinceridade. Observe que sempre que eu te respondo algo, eu te entrego o contexto … pra não dar margem pra interpretação errada.

– Em alguns momentos fico com a sensação de que vc já sabe muito mais do que de fato te contei e que está apenas me testando.

– Sinceridade pra mim é tudo. Se eu confio, eu confio de verdade. Mas eu preciso estar seguro pra isso. Mas eu queria que as coisas viessem de vc… que fossem ditas diretamente por vc… isso abre um canal de confiança.

Não tá parecendo que ele já sabia de tudo?!

– Sim, concordo plenamente. Mas entenda que são coisas muito particulares da minha vida e estávamos tendo o segundo encontro. Eu queria ter um pouco mais de certeza de que era seguro falar.

– Entendo. (Eu sei que pra vc escrever é mais fácil do que falar).

– Retomando desse ponto então. (O ponto que ele perguntava qual a minha relação com a sexualidade). A minha relação é muito próxima.

– Eu sou literal. Seja detalhista.

Foi como se ele dissesse: CONFESSA! CONFESSA!

E daí, lancei a verdade nua e crua de uma vez:

– Eu sou acompanhante. Faço isso desde 2015, iniciei no intuito de sair de casa. Gosto muito de sexo e vi nessa atividade uma forma de unir o útil ao agradável. Não sei se você já sabia (em muitos momentos pareceu que sim, não sei se foi coincidência ou não, gostaria que me esclarece). A pessoa pra estar comigo não pode ter ciúmes e entender que é importante pra mim ter a minha própria independência financeira. Nunca enganei ngm sobre isso, todos os meus antigos relacionamentos sabiam, mas não foi algo que contei num primeiro / segundo encontro, pois é algo muito delicado e os homens são muito machistas. Pode me bloquear agora.

Ele levou três longos minutos para me responder. 

Será que já sabia?

O que vocês acham?

Comentem! 

“O Intenso”

Querido diário,

Descobri que o meu calcanhar de Aquiles é homem. Quando estou apaixonada desestrutura tudo na minha vida. Preparados para mais uma história? Essa vai render muitos capítulos!

Demos match no Bumble e ele já começou interagindo numa foto minha, dizendo algo sobre o meu sorriso ser encantador. Respondi de volta, agradecendo e acrescentei que eles são ainda mais encantadores pessoalmente. 

Pensei que ele fosse desfazer o match, por me achar muito atirada, mas, pelo contrário, foi na onda, dizendo que então seria ousado em me fazer um convite. E nesse momento me surpreendeu, quando saiu do clichê de barzinho e restaurante e propôs de irmos ao teatro.

Outras coisas que me impressionaram nele, seu nível de educação e cuidado. Quando a conversa rapidamente migrou para o Instagram, me enviou um vídeo de si mesmo falando, para me assegurar de que não era nenhum fake.

Ele me buscaria naquele mesmo dia, por volta das 19h, e viria de Valinhos! Ele sairia de lá pra me buscar, me levaria até a peça, também em Valinhos, depois me traria de volta, e ainda retornaria pra sua casa. Ou seja, ele faria quatro viagens pelo nosso encontro! Como não se impressionar com isso?

Ao mesmo tempo que eu sabia do risco que estava me colocando, indo de carro com um estranho numa viagem de 1:30, coisa que eu jamais faria com um cliente, por que com ele eu estava me arriscando? Posso colocar a culpa dessa imprudência na animação de uma sexta feira. Queria que a minha vida acontecesse e estava confiando nas boas vibrações do universo. 🙏🏻✨

Quando nos encontramos, preciso admitir, o carro dele realmente causou impacto. Um Volvo grande, lindíssimo. (Agora que também tenho carro, fico reparando). Ele não desceu, mas reconheci que foi pelo inconveniente do lugar onde ele parou, e logo que entrei, já se desculpou:

– Desculpa não descer, tá complicado aqui. 

– Sei não, já perdeu alguns pontinhos. – Brinquei. 

Minhas percepções sobre ele pessoalmente: Cheiroso, bonito, bem vestido, belo carro, só podia ser um pouquinho mais alto, (éramos da mesma altura).

Sair com ele me remeteu a estar saindo com um cliente. Porque ele tinha classe, foi extremamente gentil em vir de longe me buscar, seu excelente português, todo arrumado e cheiroso, muito diferente dos outros caras que tenho saído na minha vida pessoal.  Os anteriores não chegavam nem na ponta do chinelo disso. O tipo de postura que sempre admirei nos clientes e me deparar com isso fora do meu ambiente de trabalho, poder ter um pouco disso na minha “vida real” foi muito bom. 

Percebi que estar diante de todo aquele requinte, me acionou o carisma da Sara. Fui toda desenvolta, não gaguejei em nenhuma pauta da conversa, sempre muito simpática, segura e encantadora. Não existia nenhuma insegurança em mim, nem medo de falar qualquer besteira. Me senti muito confortável na presença dele.

Em alguns momentos até fiquei com a sensação de que ele já me conhecesse como Sara, como quando um dia, que um estranho qualquer, veio me mandar msg no WhatsApp de trabalho com o print da minha foto com nome real no app de relacionamento. Vai que ele já me conhecia e deu a sorte de eu também ter dado like?

Infelizmente, ou felizmente, pois gostei do seu improviso de última hora, pegamos um trânsito absurdo na Bandeirantes (foi bem no dia que um ônibus pegou fogo e tava tudo parado desde a tarde) e aí ele teve que alterar a rota, pois não chegaríamos a tempo. Inicialmente iríamos num stand Up de um comediante famoso (mas que eu não conhecia) e como atrasamos, ele improvisou outro lugar. Fomos para um restaurante espetacular, que me remeteu aos restaurantes chiques que já fui em outros países, que misturavam uma atmosfera de baladinha, só que com mesas e luzes baixas. O lugar era muito bonito e agradavelmente intimista, chamado: “Elixir”. Tinha até um aquário lindo, gigantesco, música gostosa, um lounge. Nunca que esses caras que tenho saído pelo aplicativo de relacionamento me proporcionariam esse tipo de experiência. Ele tinha bom gosto e etiqueta, o que eu tinha com os clientes, o que reforçava a minha sensação de estar num encontro de “negócios”, o que na hora não achei muito benéfico, pois não queria associá-lo a imagem de um cliente, por mais que eu seja bem tratada pelos meus. 

Abaixei meu olhar para conferir o cardápio, e quando voltei a olhá-lo, para fazer uma pergunta do menu, me surpreendi com ele me admirando com aquele olhar de apaixonado, o que reforçou a minha teoria dele já ser um seguidor da Sara, afinal, não era possível todo aquele encanto por uma pessoa que ele acabara de conhecer. Muito intenso. 

Em algum momento ele se surpreendeu com a minha resposta, perante a sua pergunta de qual vinho eu gostaria, quando respondi que primeiro seria importante definirmos os pratos. 

– Onde você aprendeu essas etiquetas? – Ele perguntou, todo impressionado.

Na verdade aprendi indo a muitos restaurantes chiques com os meus clientes, mas me limitei a dizer que tinha aprendido muito com meu ex, que era apaixonado por vinhos e até viajamos para conhecer algumas vinícolas, o que também era verdade. 

Eu sempre me policiava em não mentir pra ele. O via como alguém potencial para ter um relacionamento e quando tivesse que abrir a verdade, não queria ele pensando que tudo que foi falado era uma grande mentira. Falei que trabalhava como ghostwriter e realmente escrevo, inclusive, muitos clientes me conhecem através do blog. Também falei que sou atriz, novamente não menti, só ainda não ganho o suficiente com isso (por enquanto). 

Fomos os últimos a sair do restaurante. E perto de irmos embora, quis me fazer uma proposta sobre a minha volta. Eu dormir na sua casa, no quarto de hóspedes, para ele não ter que dirigir até tarde, ou poderia me colocar num hotel, caso eu não me sentisse a vontade de dormir lá. Eu me conhecia o bastante pra saber que se fosse pra sua casa, com certeza transaríamos e eu não queria apressar as coisas desse jeito. Tinha gostado dele e queria que durasse. Respondi que era importante eu voltar pra casa, pois tinha aula no dia seguinte (e tinha mesmo). Me pareceu um teste. Ele era polido demais para facilitar uma situação de sexo no primeiro encontro. 

Me trouxe de volta e assim que parou o carro, foi o grande momento do nosso primeiro beijo. Pensei que seria só um de despedida, mas as coisas foram esquentando. Me senti na liberdade de levar minha mão até o meio das suas pernas, por cima da roupa, precisava conferir uma coisa. Ele era magro e da minha altura, não imaginei que pudesse ter todo aquele pauzão, ali meu interesse subiu pra 100%. Ele também começou a ir com a mão para lugares ainda não explorados e começou a me dedar deliciosamente. (O tipo de coisa que não costumo gostar com cliente, mas com ele foi muito bem recebido).

Em algum momento abri sua calça e já segurei seu membro nas minhas mãos. Fiquei com vontade de chupar e senti que poderia, sem que ele me visse como uma vagabunda. Chupei por pouco tempo, ele estava a perigo e não me deixou continuar. Disse que era a sua vez de me chupar também e instruiu para que eu fosse pro banco de trás. Eu estava de meia fina e saia, não tão difícil quanto calça, mas ainda assim teve uma certa logística de precisar tirar até o sapato. 

Ele me chupou. E chupava muito bem. Não era possível que encontrei o pacote completo. Depois me sentei em cima dele, mas não transamos, fiquei só masturbando (vontade não faltava, mas fiquei na dúvida sobre ele e não quis arriscar em tomar a iniciativa). Ficamos nesses amassos dentro do carro por duas horas, com moradores de rua remexendo sacos de lixo na nossa frente. 

Eu senti a pegação diferente. Ele parecia ser alguém que de fato eu namoraria. Teve um momento em que eu estava sentada em cima dele, que ele falou:

– Por favor, só te peço uma coisa. Não machuca aqui não. – Apontando para o seu próprio coração.

Que tipo de cara fala isso no primeiro encontro? Ou ele era muito emocionado ou um cafajeste profissional. 

Qual o seu palpite?

Uma Vez Que Provar o Brigadeiro, Não Quer Mais Saber do Beijinho – Gran Finale

Querido diário, 

Quem diria que quase 10 meses depois de eu ter postado a Parte 3 desta saga, eu retornaria para postar o Final Season do porquê eu e o finado Brigadeiro, paramos de sair. (Agradeçam as seguidoras do TikTok que pediram muito por esse desfecho! ?)

Posso dizer que foi difícil retomar essa escrita, pois, que vergonha alheia de mim mesma, do tanto que insisti para que ele continuasse ficando comigo. Preciso confessar que quando estou apaixonada sou muito paspalha, mas, quem não é? Não é mesmo? No entanto, foi um belo aprendizado olhar pra trás dessa maneira e reconhecer que, hoje em dia, independente da pessoa, eu jamais agiria assim novamente (assim espero, kkkkkk).

De lá para cá, tenho notado um certo padrão em mim, quando estou gostando de alguém. Eu me empolgo tanto com a pessoa (emocionada nível master), que acabo sendo intensa demais, muitas vezes roubando o papel do homem na relação. 

Basicamente eles não precisam mais se esforçar para sair comigo, porque eu mesma já faço isso pelos dois. Então, demasiadamente tomo iniciativas (ahh mas que legal Sara, uma mulher que tem iniciativa), legal coisa nenhuma, rs. Homem não gosta disso. O homem é atraído pela conquista e se já tá conquistado, acabou o desafio. 

E eu sou uma pessoa ansiosa, quero viver intensamente tudo com aquela pessoa e não tenho paciência pra esperar ele dar o próximo passo, então me antecipo e nisso vou colocando o cara numa posição extremamente confortável, de não precisar mais bolar programações para ficarmos juntos. 

Bom, com este cidadão aqui foi assim desde o princípio, sempre eu me esforçando para que a gente ficasse, e isso é algo que preciso urgentemente mudar. Deixo essa reflexão para qualquer mulher que esteja lendo e se identificando com esse modus operandi

Recapitulando a última postagem, após transarmos em casa naquele dia, tivemos alguns contratempos que nos impediram de manter a frequência semanal de encontros. Numa semana a mãe dele ficou doente, noutra eu que fiquei, e aí chegamos na seguinte conversa:

– Sem sexo pra vc então. – Ele debochou, após a minha mensagem desmarcando. – Vou ter que arrumar outro contatinho.

Daí respondi com umas figurinhas zombando das coisas que ele disse, e então continuou:

– Poxa logo agora, com os 3 meses batendo, rsrs. (Relembrando o que ele disse lá atrás, que quando ele está saindo com alguém, o prazo de validade é 3 meses.)

– Esse argumento não me assusta. – Rebati.

– Já enjoou.

– Alguém tinha falado de prorrogação. – Relembrei. 

– Então, mas tá ficando muito sério.

– Acho que perdi essa parte. Está se baseando em que?

– Em tudo.

– Que subjetivo. Quero fatos.

– Gostar é subjetivo. 

– Você está gostando?

– Rsrs.

– Eu sei que desde o início temos essa  dinâmica em que vc se coloca reticente e cauteloso sobre nós, e estamos acostumados a nos provocar sobre isso, mas a essa altura esse tipo de interação não me causa mais divertimento. Acho muito mais valoroso quando a pessoa se apropria do que está sentindo e reconhece para si mesmo do que ficar nessa zona de conforto de só responder “rsrs” quando algo mais sério está sendo dito. – Sapateei em cima do boy.

– Sim senhora. Gosto da sua cia e me sinto bem com vc.

– Já é uma resposta melhor que “rsrs”. – Reconheci. 

E ele não disse mais nada depois disso, sequer deu boa noite para finalizar a conversa. Daí, 72h depois, ele reapareceu:

– E aí, tudo bem com você?

– Oi. Estou sim e você?

– Quando não pode transar vc esquece que eu existo rsrs. 

– Ué estou esperando você tomar a iniciativa de fazermos algo também rs.

– Sei. Virei seu toy boy.

– Estou um pouco chateada desde sábado e deve ter intensificado com a tpm.

– Chateada comigo?

– Não com vc, rolou um lance da audição e isso acabou me deixando sem paciência com o resto.

– Vc esquecer a coreografia? Isso acontece. 

E daí mandei um textão contando detalhadamente tudo o que tinha acontecido. Achei bonitinho ele demonstrar todo aquele interesse e aproveitei para me abrir.

– Ninguém é superior a vc, para com isso. – Ele disse em algum momento, me consolando. 

– Nem a Beyoncé? Rs.

– Nem ela, tirando o dinheiro, as pernas e peitos e o jay Z, sou mais vc. 

– ?

Conversamos mais um pouco e então retomamos no dia seguinte, com o seu “Bom dia”.

– Melhor hoje? – Ele perguntou. 

– Eu te falei que já estava melhor desde terça rs.

– Ontem, por eu ter feito vc falar, pensei que poderia ter ficado na bad.

– Fiquei na bad todos esses dias. Só consegui falar do assunto por já ter superado.

– Muito bom. Eu admiro muito vc! Sempre te falei que vc era uma jovem atriz/ jornalista, com grandes perspectivas. Vc é uma mulher forte vestida numa skin de Barbie frágil, só para enganar as pessoas.

Muito fofinho, né?? ? Me empolguei e soltei:

– Feliz dia dos namorados, ainda que não sejamos. (Era 12 de junho)

– Rsrs. 

Depois retomei a conversa da parte que estava esperando ele tomar uma inciativa sobre sairmos:

– Mas de qualquer forma, isso se aplica. – Falei. 

– Devo sair do ostracismo só depois do dia 15. Fico reflexivo, até deprimido, perto de aniversário e no final do ano. – O aniversário dele estava próximo. 

– Ah sim, inferno astral. Compreensível. E quais os planos pro seu niver? Ficar enclausurado em casa?

– Nossa você me conhece tão bem. O plano é esse mesmo. Em casa, estudando. 

– Podíamos fazer alguma coisa pra não passar em branco. Tinha comentado com vc sobre irmos naquele restaurante vegano, Camélia Ododó, lembra?

– Obrigado, mas vou ter que recusar.

– Ok.

– Desculpa. 

– Não entendi o motivo da recusa, mas tudo bem. Imagino que será muito melhor e mais divertido passar fazendo o que você já faz todo dia.

– Não tem motivo.

– O que é pior ainda. 

– Só eu sendo chato.

– Tô vendo. Você não toma iniciativa de fazermos algo e quando eu tomo você recusa. Quer parar de me ver logo?

– Nossa. Que brava. Eu sou assim.

Daí eu mandei uma figurinha que dizia:

“Fica com Deus, porque comigo não vai rolar”

– Eita. Tá me dando um fora por emoji. 

– Eita digo eu.

– Essa é nova. 

– Uma loira linda dessa te dando mole, se propondo de te levar pra almoçar no seu niver e você fazendo o difícil, ao invés de viver a vida. É inconcebível pra mim uma atitude dessa. Se você não faz questão de passar momentos especiais na minha companhia, não sei o que tô fazendo aqui. E não gosto dessa posição de ter que convencer alguém de algo. – Descarreguei sem dó nem piedade.

– Entendo. Na verdade eu sabia que chegaria neste ponto, geralmente minhas atitudes são interpretadas como um tanto faz.

– Não estou te pedindo em namoro, nem pra passar um fim de semana comigo, propus apenas um almoço, numa data que é importante pra você, visto que seus planos são mais do mesmo.

– É só uma inaptidão nata em manter qualquer relacionamento mesmo.

– Não sabia que um almoço era um relacionamento.

– Não gosto de aniversários prefiro não fazer nada. Mas foi bom isso acontecer, eu já achava que estava monopolizando o seu tempo mesmo. Agora que vc me deu um fora vai encontrar seu príncipe rsrs.

– Super monopolizando, uma pessoa que mal vejo. Não preciso de príncipe pra nada, eu me basto.

– Claro que sim, vc é foda, já falei. Eu realmente tenho problemas.

– Devia fazer terapia. Faço toda quinzena, recomendo muito. – Juro que não falei em tom grosseiro, queria mesmo ajudá-lo. 

– Obrigado pela dica.

– Falo numa boa mesmo.

– Tô aceitando numa boa tbm.

– Pq ficar com esse papo de “tenho problemas” e não buscar ajuda, não faz o menor sentido.

– Eu sei que meu comportamento não é  normal. Não tô justificando nada.

– Se você tem consciência disso, pq nunca buscou ajuda?

– Boa pergunta. Bom, talvez isso me protege de não quebrar a cara. Mas por outro lado, me afasta das pessoas.

– Isso não é necessariamente uma proteção, pq quando você tá bem resolvido consigo mesmo, não se abala com um coração partido, na vdd vai lidar muito bem com a situação. Pode ser confortável agora, mas a longo prazo você ficará cada vez mais sozinho. Hoje você tem sua mãe, seus familiares, no futuro, que você poderia estar vivendo uma coisa boa com alguém, estará empacado, sem nenhuma perspectiva. É isso mesmo que vc quer pra você?

– Não sei. Não vejo mais nenhuma perspectiva, nessa parte da minha vida.

– Mas poderia. Você é um homem super interessante, bonito, gostoso, inteligente, poderia ter a mulher que quisesse se saísse desse buraco que não sei quem te enfiou aí.

– Pois é, agora vc acertou em cheio, me sinto as vezes neste buraco, é um vórtice tão profundo e carregado quanto de um buraco negro, tenho medo de alguém cair aqui comigo e não conseguir sair.

A conversa foi ficando estranha. ?

– Só tento não machucar ninguém enquanto arrasto tudo. – Ele continuou. – De qualquer forma vc cruzar o meu caminho me fez muito bem, espero que não fique com raiva de mim.

– Pois então você deveria iniciar a terapia para ontem. Vamos cuidar disso agora? Me diga no que te fiz bem, se você tá preferindo me deixar ir do que se tratar para viver a vida de forma mais plena?

– Tudo acaba mesmo de uma forma ou de outra. 

Ele estava muito derrotado.

– Acaba pq vc não está cuidando da sua mente.

– Ainda não. Um dia, talvez. 

– Um dia?

– Agora não tenho tempo para ser doido.

– Nossa, eu não tô acreditando que estou lendo algo tão ignorante, vindo de uma pessoa tão inteligente e articulada.

– Você entendeu, não tenho tempo para essas questões. Gostei de ficar com vc, e as perspectivas que vc gerou.

– Que perspectivas foram essas, afinal?!

– Coisa minha. Não vou compartilhar.

– A sua saúde mental deveria ser prioridade.

– Minha saúde mental está ótima, desde que eu não pense em relacionamentos.

– Isso não é sobre relacionamentos. É sobre alguém que está infeliz na vida.

– Pois é, segundo Aristoteles a felicidade é o que todo homem busca. Duro é definir a felicidade.

– Ninguém é feliz todo o tempo, temos momentos de felicidade. Se você fizer terapia será guiado por esse caminho. Deixa eu te ajudar com isso? Posso procurar um terapeuta pra você. Você já fez alguma vez na sua vida?

– Não precisa, obrigado! ?? Eu vou ficar bem.

– E eu não te dei um fora, falei dessa sexta. Que ESSA SEXTA você ia ficar com Deus. – Tentei salvar a conversa, pois, de fato não era um fora definitivo, mas a prosa tinha tomado um rumo estranho, que corrigir isso foi ficando cada vez mais distante.

– Me deu um fora e mandou eu fazer terapia. Mas tá tudo bem. 

– Eu falar pra você fazer terapia só mostra o quanto eu me importo com vc. Isso não deveria ser visto como ofensa.

– A gente pode continuar amigos pelo menos?

– Eu quero continuar transando também. 

– Rsrs. 

– Inclusive queria agora. Pode vir? Vc tá aqui do lado? – Tentei trazer um tom mais leve e divertido pra conversa.

– Eu tô. – Ele  trabalhava perto da minha casa.

– Então vem?

– Não vou não.

– Ué. 

– Acho que vc tá certa. Nada a ver eu te colocar nessa situação.

– Vem aqui, a gente transa, conversa um pouco e depois você vai embora, se assim quiser.

– Não é isso, mas vc me fez refletir. Pra que tudo isso?

– Vamos refletir juntos na minha cama. – Eu tava tarada. 

– Ok o sexo é bom, mas pra que continuar? Não vai levar a lugar nenhum. 

– Pode não levar a lugar nenhum hoje, que você tá aí cheio de paranóias. Mas quando vc decidir fazer a terapia, vai expandir a sua mente. Sério, se vc não vir eu vou ficar muito chateada. Somos adultos. Sexo bom não se recusa. 

– ? não tô afim não. Já me sinto mal por não te dar a atenção q vc merece, tbm sempre acho q vc merece mais do q posso te oferecer.

– Mas tem coisas bobas que você poderia me dar e que não te daria trabalho, como vir aqui, conversar olhando olho no olho, como dois adultos que somos.

– No final das contas os 3 meses deram certo. Toda vez que transei com vc, eu gostei, além do sexo de ficar e sentir vc. Não sei se agora isso vai acontecer. 

– Só vindo pra descobrir ué. Bom que se não rolar já encerramos os três meses com certeza. Com direito a despedida

– Acho que a gente já encerrou. Só não tínhamos percebido.

– Então tá, você não vai se dispor a vir? Prefere ficar falando essas merdas por mensagem mesmo? 

– ??

– Espero que esteja feliz com a sua escolha. Boa noite.

– Não tô feliz. Boa noite. 

– Eu devo mesmo ter o dedo podre pra homem, pq nem um contatinho só pra sexo não consigo. Impressionante rs.

– Rs acho que deve ser mais fácil ter um namorado do que um contatinho.

– Dá pra ser um homem adulto e vir aqui finalizar a nossa história direito? – Insisti mais uma vez. 

– Pq finalizar, vc não vai mais ser minha amiga? A gente só não vai mais transar.

– Então seja meu amigo e vem me oferecer um ombro amigo. Acabei de romper com o cara que eu tava saindo.

– Kkkkk. Você é boa. Mas neste caso eu estou impedido de atuar, tendo em vista o meu interesse no feito.

– Estou te delegando sua primeira missão no seu novo cargo.

– Rs, Jornalistas são tão boas com as palavras, quanto advogados.

– Obrigada por reconhecer o meu árduo trabalho de te fazer mudar de ideia.

– Você é demais. 

– Mas o reconhecimento mesmo que eu gostaria, era o seu ombro amigo aqui então.

– Isso não vai te fazer bem. Eu sei que pra mim não vai. 

– Para de sofrer por antecipação.

– Mas de toda forma eu tenho que estudar, muito mais agora. Eu ia te deixar na mão mais cedo ou mais tarde.

– Que eu saiba você não terá nenhuma prova ainda essa semana, então essa desculpa é fraca.

– Tenho algumas chegando em julho e abriu ontem MP MG. 

Enfim, ele não cedeu. 

Nos dias que se seguiram as conversas continuaram, mas nada demais. Fiquei com a sensação de que ele não fodia, nem saía de cima. Não queria mais continuar transando, no entanto, me enviava foto dele na academia, ou da granola que comíamos aqui em casa, dizendo: “eu não vou te esquecer nunca”, e em outra conversa, ele disse o seguinte:

– Bom, já que a gente parou de ficar, eu posso te contar. Eu ia nessa academia esporadicamente quando tinha algo pra fazer pelo Centro, um dia te vi de quarta, então percebi que era o dia fixo que vc ia, então eu ia só pra te ver, mas nunca foi, nem será a minha academia preferida. – Justificando o fato dele não ir treinar mais na mesma academia, depois que começamos a ficar. 

– Pq você precisou esperar não estarmos mais ficando pra me dizer isso?

– Só para vc não se achar.

– Então você já tinha me notado antes de eu te notar? Quanto tempo levou pra eu retribuir o seu interesse?

– Menos de um mês.

– Ou seja, você ficou interessado em mim antes de eu ficar em você, ainda assim fez todo aquele jogo duro, como se só eu tivesse interessada e depois ainda me deu um pé na bunda. Muito bacana suas atitudes comigo.

– Não era pra gente ter ficado. Desculpa por todo o resto.

– Ai por favor né. Se você ficou indo na academia só por minha causa, o seu interesse era só olhar então?

– Sua figura me agrada. Já te falei isso.

– Só pra olhar?

– Esse era o plano.

– Basicamente você só foi pra essa academia até conseguir o que não queria.

– Falando assim, parece q eu articulei um plano mirabolante para te levar pra cama.

– E ainda me descartou depois que perdeu a graça pra você.

– Nossa.

– Não faz o menor sentido pra mim, se você já tinha me curtido, antes mesmo de eu curtir você e romper comigo quando ainda está bom.

– É melhor parar quando ainda está bom, assim ficam ótimas lembranças.

– Então você começou já planejando o fim. Tudo arquitetado. Depois ainda fala de responsabilidade afetiva.

– Não. Mas sabia que o fim era iminente.

– Fortaleci o seu ego, da menina que você tá de olho na academia se interessar em dar pra você, e aí quando já usufruiu tudo que queria, saiu fora.

– Não é isso. Eu amei ficar com vc, sua intensidade é no ponto certo, vc está pronta, vc brilha e isso talvez assuste homens fracos. Eu queria estar pronto do mesmo jeito que vc, não acho justo vc perder tempo comigo ou qualquer outra pessoa que não esteja na mesma sintonia que vc. Isso me deixa mais triste ainda comigo, nessa altura da minha vida já era para eu estar pronto em todos os sentidos.

Enfim, rolaram mais algumas conversas, que me dá extrema preguiça de trazer aqui. Sempre ele justificando que não poderia se relacionar antes de alcançar seus objetivos profissionais e que não poderíamos continuar como estávamos, visto que ele achava que eu merecia muito mais do que ele podia me oferecer. 

Decidimos o caminho da amizade, mas é claro que isso também não deu muito certo. Marcamos um treino na academia, num dia que eu não tinha Personal, e vocês acreditam que ele conseguiu ser escroto no treino? Não teve a menor delicadeza de ajustar os equipamentos pra mim, sabendo que temos altura e porte diferentes e eu treino com Personal, logo, não tenho as manhas de ajustar os equipamentos, tal como ele, que sempre treinou sozinho. Ainda zombou num momento que reclamei do banco não estar proporcional para o meu treino, dizendo: “Você acha que eu sou seu Personal pra arrumar tudo pra você?”

Em outro momento ele foi ainda pior, quando o flagrei olhando para os meus peitos. Propositalmente é claro que fui treinar com um top interessante, que valorizasse o meu colo e quando vi ele olhando, brinquei: “Está olhando pros meus peitos?”, e ao invés dele se apropriar disso, entrar na brincadeira e talvez até levar para um contexto mais sexual, ele fez um comentário tão infeliz, menosprezando o meu corpo, dizendo: “que peitos?”, me senti na quinta série. Ele ficou com vergonha por ser confrontado e se protegeu me ofendendo. Sério, que homem adulto e maduro agiria dessa maneira? Minha vontade foi de ir embora naquele mesmo momento, mas achei que essa atitude seria de uma garotinha mimada, então continuei, mas fechei a cara na mesma hora, foi difícil engolir essa e seguir com o treino numa boa. 

– Não gostei da forma como você se referiu ao meu corpo hoje na academia. – Falei depois, por mensagem.

– Eu percebi. Besteira sua pq eu sempre gostei do seu corpo. Mas peço desculpa e não falo mais nada sobre nada.

– Tem certos temas que são sensíveis para fazer brincadeira. Da mesma maneira que você não gostaria se eu fizesse comentário zombando do seu pau. Percebi que não fez na maldade, mas ainda assim achei bastante indelicado na hora. Enfim, fica de aprendizado para você, nunca mais faça brincadeiras desse tipo com nenhuma mulher, que nunca vai pegar bem.

– O que tem meu pau? Rsrs. – É sério que ele se achava esse gostosão todo, com aquele pau fino?

– Está perguntando dessa forma prepotente pq?

– Rsrs.

Fiquei com muita vontade de falar o que eu realmente achava do pau dele, mas optei por ser elegante e deixar pra lá, pois ia parecer reatividade minha e não que eu achava que era fino mesmo. 

Mas a tentativa de amizade encerrou completamente dois dias depois. Meu gato estava tendo crise de espirro, algo que nunca tinha acontecido antes, me deparei com tal adversidade e fiquei desesperada, várias idas ao veterinário, buscando entender o que estava acontecendo. 

Enfim, em meio a todo esse caos, determinado dia, enquanto eu estava indo para a academia, quis otimizar o tempo e liguei para a clínica veterinária com o objetivo de marcar uma consulta. Eu nunca mexo no celular na rua, sei dos assaltos, mas eu tava tão preocupada com o meu gato, que ignorei tudo isso. E aí, enquanto eu estava falando com a atendente, um filho da puta de bicicleta passou e roubou o meu celular. A merda nunca vem sozinha. 

– Pintadinho tá melhor? – Ele perguntou naquele mesmo dia, a noite.

– Não. ? – E enviei um vídeo dele espirrando sem parar.

– Tadinho. 

– Estou exausta. Comprei até um inalador hoje. Isso que é só um gato, imagine se fosse uma criança. ?‍?

– Eu imagino. 

Eu tinha comentado com ele que a única coisa diferente que tinha entrado dentro da minha casa, foram umas flores que eu tinha ganhado (de um cliente), mas que a veterinária esclareceu que orquídeas não causam alergia em pet. E ele pareceu um pouco enciumado, dizendo para eu falar para o meu admirador secreto do prejuízo que tinha me dado, meu gato espirrando, meu IPhone roubado e mais os gastos veterinários. 

– Eu sempre vou culpar as flores. – Ele finalizou, debochando. 

– Acho que mais importante do que apontar culpados é focar na solução. – Me irritei. 

– Sim, vc eu posso ficar só culpando mesmo.

– Te acho um pouco babaca as vezes, olha esse seu áudio, rindo e debochando, “esse gato aí”, não é “esse gato aí”, é o Pintadinho, vulgo meu filho. – Foi nesse tal áudio que ele reclamava das flores e do meu “admirador secreto”.

– Vc q disse que é só um gato. – Ele resgatou da parte que eu falava “Isso que é só um gato, imagine se fosse uma criança.” – Adoro o Pintado, mas realmente sou meio babaca mesmo.

– Pois saiba que a pessoa que me deu as flores foi a mesma que me ajudou com o problema do celular, mesmo sem ter nenhuma ligação de que foi culpa das flores. Diferente de certas pessoas que quando tem a oportunidade de estar comigo, fica fazendo piadinha de mau gosto, inferiorizando o meu corpo. E mesmo vendo que me chateou, não teve a menor humildade de se desculpar na hora. Te falta muito tato pra lidar com mulheres.

– Ok.

– Boa noite. – Finalizei irritada. 

– Pois é. Paramos por aqui. Boa noite. 

Daí, meia hora depois, ele voltou na conversa, dizendo o seguinte:

– Só era brincadeira com um pouco de ciúme envolvido, e as piadinhas de mau gosto, eram só piadas, pela quantidade de vezes que a gente transou, pensei que era evidente que gosto do seu corpo. Mas percebi que a gente não pode ser amigos, pois sempre vai ficar um mal estar, vou ter que ficar medindo palavras para não parecer ofensivo e isso demanda mais energia que o próprio relacionamento. Então é isso, te desejo tudo de bom, melhoras para o Pintadinho e sorte com o cara das flores.?

Eu nem respondi. Já estava de saco cheio das atitudes dele e percebi que era importante pra ele, parecer que era ele que tava colocando um ponto final na história. 

17 dias depois ele postou no status do WhatsApp a seguinte frase: 

“Será que todo ***** (o nome dele) está destinado a ser um cuzão?”

Não me aguentei e cutuquei:

– Está lidando bem com a solidão?

– Lido melhor com ela do que magoar as pessoas.

E foi isso. Nunca mais nos falamos. Deixei de segui-lo no Instagram e quando ele percebeu, retribuiu. 

Paramos de ficar em junho de 2024 e desde então não consegui ter qualquer envolvimento mais profundo com ninguém. Está mesmo muito difícil se relacionar hoje em dia. 

Dádivas da Minha Jornada

Querido diário, 

Esses dias, uma seguidora sugeriu uma pauta completamente inédita, em um dos meus vídeos no TikTok:

Isso me fez refletir muito e cheguei à conclusão de que não poderia simplesmente gravar um vídeo respondendo, sem mencionar o quanto cada conquista significou pra mim. E nada como um post escrito para esmiuçar mais esse assunto. Vamos começar com o meu objetivo principal, que me motivou a iniciar na atividade:

A vontade de sair de casa

Desde nova sempre quis ter o meu próprio dinheiro. Ainda na adolescência, por volta dos quinze, dezesseis anos, revendia Avon e fazia bordados em roupa (uma vizinha pegava roupas para bordar de uma fornecedora, bordado este feito com miçangas, vidrilhos, paetês e etc, e distribua para suas “funcionárias”), tínhamos prazo para entregar as peças e o valor da mão de obra era muito baixo, coisa de R$ 0,25 por peça (a mais cara que bordei foi R$ 1,00 por ser jeans, uma coisa horrível, o dedo ficava todo furado da agulha), o máximo que pude tirar num mês bom, em que me matei de bordar, foi R$ 50. Pra você ver como pagava pouco, rs.

Também sempre tive muita vergonha do lugar onde eu morava. Bairro ruim, barulhento (os vizinhos ligavam o carro de som bem alto no meio da rua), casa simples e pequena, sem reboco… eu tinha vergonha de levar qualquer amiga lá.

Então minha grande ambição sempre foi sair dali. Ir morar num lugar bonito, que eu me sentisse segura, sem goteiras no telhado, sem entulho na porta de casa quando chovia, enfim, nunca me conformei com a pobreza. 

Antes de ingressar neste meio, trabalhei em call center, como recepcionista em uma escola de idiomas, vendedora numa agência de viagens e meu último emprego CLT foi na loja de uma companhia aérea, vendendo passagem. Quando decidi começar a trabalhar com os encontros, não vi essa oportunidade com maus olhos, pelo contrário, me empolguei muito com a ideia, obviamente pela questão financeira, mas também pela aventura sexual, pois, sempre fui muito interessada em sexo, mesmo antes de fazer de fato. Aprendi, sozinha, a me masturbar, muito nova, e, ainda virgem, me masturbava, fantasiando que estava transando com algum cara que eu tava a fim naquele momento. (Já rolou até com personagens de filmes, rs, muito tarada). O curioso era que na presença desses tais caras eu era muito tímida, mas, sozinha, em casa, eu me acabava na imaginação. Enfim, tudo isso pra dizer que realmente me encontrei nessa atividade.

Ao iniciar, o intuito era unir o útil ao agradável e juntar o montante necessário para comprar um apartamento à vista. Por que apartamento e não casa? Achava sofisticado, seguro, elegante, sempre me imaginei morando em um. Iniciei em janeiro de 2015 e em dezembro de 2016 me mudei para a minha primeira moradia sozinha. De aluguel mesmo, queria viver essa experiência logo e esperar até completar o montante do imóvel à vista, me pareceu adiar um sonho de algo que eu sequer sabia se estaria viva para realizar, se demorasse muito, afinal, nunca sabemos o dia de amanhã. Então chegamos aqui na minha primeira 1º conquista: A Independência. Fui morar sozinha, num condomínio grande e muito aconchegante, próximo do Centro de Guarulhos. Foi um belo upgrade de moradia e localização. 

Depois meu sonho passou a ser comprar aquele apartamento que eu morava, mas, após um ano morando nele, fui convencida a me mudar para São Paulo, afinal, eu ia e voltava todos os dias para atender e cursar a faculdade de Jornalismo, que ingressei no mesmo mês em que iniciei os encontros.

Chegamos então na 2º conquista: Conquistei um sugar daddy que me ajudou bastante e graças a ele me tornei uma moradora paulistana. Me mudei para São Paulo e morei por alguns meses na Av. Brigadeiro Luís Antônio.

Com influência de um outro cliente, consegui tirar meu visto para os Estados Unidos, algo que, alguém na minha condição, estudante universitária, sem emprego fixo, jamais conseguiria sozinha. O plano era que eu viajasse com ele, mas a viagem acabou não dando certo, porém, meu visto sim e aí viajei sozinha para Miami, para assistir ao show da Taylor Swift no Hard Rock Stadium! ? Chegamos então na 3º, 4º e 5º conquista: Visto para o país que eu sempre tive muita vontade de conhecer; a oportunidade de fazer uma viagem internacional sozinha e a chance de assistir ao show de uma artista que eu sou muito fã e que, até então, nunca tinha vindo para o Brasil. (Para ler o relato dessa viagem, só clicar aqui.)

Deixo aqui o meu agradecimento a esse cliente que me ajudou e infelizmente não viajou. ?

Não vou citar a faculdade de Jornalismo como uma conquista advinda do “Job”, pois, quando ingressei, pagava as mensalidades com o meu salário CLT, contudo, o meu TCC, um livro documentário com o tema: “O Preconceito com a Prostituição” (o qual tirei a nota máxima), sim, pois só fiquei interessada em abordar este assunto, por trabalhar nesse meio. E também, posteriormente, pude pagar pelo curso de atuação na Escola de Atores Wolf Maya, que foi mais caro que a faculdade, cujo curso eu jamais teria condições de arcar, se não tivesse essa renda mais abundante. Então chegamos na e 7º conquista: O TCC de um tema que só tive interesse e conhecimento por trabalhar com isso; e os recursos necessários para poder cursar uma outra área que despertou o meu interesse nesse processo. 

No final de 2018, no mesmo ano em que viajei para os Estados Unidos pela primeira vez, alcancei uma outra conquista ainda mais significativa, a que me motivou a entrar para esse trabalho: A aquisição do meu apartamento!! ?? Curioso que quando me mudei para a Brigadeiro Luís Antônio, minha mãe profetizou que dali eu sairia para o meu próprio, e assim foi concretizado. Eis então, minha 8º conquista. ?

Deixo aqui o meu agradecimento para o meu ex sugar daddy, que contribuiu muito para esse sonho. ?

No começo de 2019 me formei (em Jornalismo), me mudei para o apê novo, e aí nasceu um segundo sonho dentro de mim: Proporcionar o mesmo para a minha mãe. Queria que ela também deixasse de morar naquele bairro feio que eu detestava ir para visitá-la. Mas, como nesse momento era um sonho que necessitava de maior planejamento, fiz o possível para tornar a sua moradia mais aconchegante, chegando então na 9º conquista: A reforma da sua casa. Rebocamos, colocamos piso, azulejo, telhamos uma parte do quintal, tudo que foi possível fazer para melhorar aquela estrutura precária, fizemos. O que até valorizaria a venda do imóvel depois.

Posso colocar como 10º conquista, meu relacionamento com um ex cliente que resultou em casamento, durante a pandemia. Não no papel, mas moramos juntos por um ano e pouquinho, fazendo com que eu parasse com as atividades nesse período. Vivi uma experiência de relacionamento completamente nova, que foi muito boa para o meu desenvolvimento pessoal. Descobri como é ser bem tratada, como também que não gosto de ser limitada. Pude conhecer mais sobre mim mesma. 

Ao retornar para os atendimentos, em 2022, chegamos a minha 11º conquista: Mais viagens internacionais! Pude realizar o sonho de conhecer Paris, depois também viajei para Londres, Roma, Bogotá e Nova York. Só quem já viajou pra fora sabe como é uma experiência gostosa. (Lá no começo também viajei para o Chile, Argentina e Uruguai.) E detalhe, todas essas vezes, com tudo pago pelo cliente. 

Falando em viagens, não poderia deixar de citar a 12º conquista: A oportunidade de fazer Cruzeiro. Graças a esse trabalho, pude viver tal experiência três vezes! Duas com clientes e uma viajando com a minha mãe, para que ela também conhecesse.

Ainda falando em viagens, vamos a 13º conquista: Assistir apresentações artísticas em outros países. Conheci o cabaret “Crazy Horse” em Paris, no qual fiquei apaixonada! ? (Atrações com temática sensual, música e dança, me atraem bastante.) Também assisti a peça “Moulin Rouge” duas vezes! Sendo uma em Londres e outra em Nova York, (amei tanto esse espetáculo, que vê-lo, de novo, em outro país, foi como assistir pela primeira vez, senti a mesma emoção). Assistir aos famosos espetáculos da Broadway, ir ao museu de cera em Nova York, são conquistas culturais que não poderia deixar de citar também. Ainda assisti a um espetáculo musical de ópera em Paris! (Tudo bem que eu dormi durante a apresentação, tava muito cansada com a rotina de turista, dorme tarde e acorda cedo, mas valeu a experiência!) Consumir cultura e entretenimento é um dos meus hobbies, então imagine como me senti, conhecendo representações artísticas mundo a fora. ?

Na 14º conquista, preciso mencionar a Disney!! Não fui na de Orlando (ainda), mas a de Paris deu pra sentir o gostinho!! ?

Agora vamos para conquistas mais sérias. Pude assumir a responsabilidade de oferecer um plano de saúde melhor para a minha mãe. Fiquei indignada com a qualidade do seu antigo convênio, (o que ela podia pagar), uma vez que precisei acompanhá-la numa cirurgia, e ali me despertou um alerta. Eis então a 15º conquista: Poder proporcionar um acompanhamento médico melhor para a pessoa mais importante da minha vida. 

Falando nessa mulher maravilhosa, responsável por eu estar nesse mundo, ao voltar para os atendimentos, pude realizar o meu segundo principal sonho: Uma moradia melhor para ela! Cinco anos após a aquisição do meu primeiro apartamento, pude adquirir um segundo para a minha véia. E sabe o que é mais incrível? Consegui exatamente naquele condomínio grande que morei sozinha! Não o mesmo apartamento, um ainda maior! ?? Deus é pai e não padrasto! (Os haters vão ficar loucos comigo usando o nome de Deus nas minhas conquistas como acompanhante. ?) A 16º conquista foi muito, mas muito significativa. No mesmo instante em que eu estava no uber, em Londres, me locomovendo do aeroporto para o hotel, minha mãe estava pegando as chaves com a corretora, foi um dos momentos mais felizes de nossas vidas! ?

Agora voltando a falar de estudos, é claro que não parei na escola de Atores Wolf Maya, como 17º conquista, pude participar da montagem de um musical, com o empurrãozinho de um cliente, (ele tinha essa parceria com a instituição por eles locarem o seu teatro) que me deu esse curso de presente. Vivi essa experiência por um ano, resultando em seis belíssimas apresentações em São Paulo. (Clientes mais íntimos me assistiram e super gostaram! ?) 

Deixo aqui um agradecimento a esse cliente que acreditou no meu talento. Merda pra gente! ?

Como 18º conquista, ainda mantendo a linha dos estudos, posso colocar aqui as aulas de canto, dança, de interpretação, Workshops que pude fazer, tudo em prol do meu desenvolvimento como artista, graças a essa renda e a disponibilidade de tempo, que nenhum trabalho CLT me concederia. 

Agora falando de conquistas supérfluas, presentes caros, na 19º conquista, vamos de bolsa Louis Vuitton, outra da Yves Saint Laurent (essa eu mesma comprei), pulseira da Pandora com vários charms, anel da Tiffany, acessórios da Gucci, perfumes importados, entre outros… os clientes são mais generosos do que qualquer homem que já me relacionei na minha vida pessoal. 

No início desse ano atingi a 20º conquista: Me tornei uma mulher motorizada! ? Vrum! Vrum! Já tinha carta de motorista desde os dezoito anos, mas, pela falta de prática, tinha medo de dirigir. Após demasiados estresses com motoristas de aplicativo, que odeiam levar e buscar em motel, e taxistas folgados, que param longe e não manobram de volta, de propósito, decidi dar um jeito nisso, não dependendo mais deles. Fiz algumas aulas em dezembro do ano passado e em janeiro já rompi essa barreira! (Que delícia ter mais essa independência!! ??)

Para fechar, com a 21º conquista, coloco aqui o meu desenvolvimento sexual por me relacionar com diversos tipos de homens. Alguns preconceituosos dirão: “Credo! Dez anos transando com tudo que é macho”, mas eu vejo com outro olhar: “Dez anos descobrindo os prazeres, ao estar na intimidade com outras pessoas.” Esses homens me mostraram como é sentir prazer, cada um a sua maneira. E mesmo aqueles que não foram bons, também me ensinaram algo, graças a eles pude descobrir o que eu não gosto, o que eu não quero e o que eu não aceito. Tem coisas que eu fazia antes e hoje não faço mais e tem coisas que antes eu não fazia e hoje eu gosto. Um constante aprendizado. Me desenvolvi muito como pessoa e como mulher, desenvolvimento esse que não viria vivendo a minha antiga vida. 

Obviamente nem tudo foram flores, (é importante destacar, senão vão dizer que estou glamorizando), mas quem disse que a vida é flores o tempo inteiro? Não somos felizes 100% do tempo, não fazemos o que queremos a todo momento. Em qualquer profissão terão dias bons e ruins, o importante é o bom se sobressair. Dou bastante destaque para as coisas boas sim (e não estou romantizando), pois são elas que fazem tudo valer a pena. As coisas ruins deixo para entretenimento, na sessão “Clientes Desagradáveis” e “Soltando o Verbo”, se deleite!

Sempre bom lembrar, que o intuito das minhas postagens não é incentivar que outras mulheres entrem no “Job”, que isso seja uma vontade genuína delas mesmas. Ninguém me influenciou a entrar nesse meio, além da minha própria ambição e vontade. Sim, eu tenho a Mentoria para mulheres que querem ingressar, mas não com o intuito de incentivar ou lucrar, tanto que sempre peço para que leiam essa postagem antes de tudo e reflitam sobre os aspectos psicológicos, e o investimento cobrado é simbólico, apenas para dificultar para as curiosas, senão toda mulher entraria em contato querendo, só pelo entretenimento. A mentoria foi lançada justamente para que essas mulheres ambiciosas e sem nenhuma vivência no assunto, não caiam em situações ruins, aumentando ainda mais o percentual de profissionais do sexo traumatizadas.   

Enfim, então por que compartilho? Apenas para que, quem sabe, possa tocar o coração daquelas pessoas preconceituosas, que acham que nada de bom pode surgir disso. Para que vejam que aquilo que elas apontam como indigno, sujo e ruim, talvez não seja desse jeito. Vivo muito bem com o que eu faço, sou bem resolvida, em paz com a minha consciência, e tenho um legítimo apreço pelo sexo. A mulher tem todo o direito de gostar de transar tanto quanto o homem, e ainda poder ganhar com isso é incrível. A profissional desse meio merece respeito.

P.S.: Não falo pelas que não gostam e entram nessa por extrema necessidade. Essas eu concordo que jamais deveriam. 

Ainda não alcancei tudo que almejo, mas estou no caminho.