Descobri muitas coisas sobre mim mesma, nesse tempo que estive fora. Descobri que sou uma mulher movida a emoções, a adrenalina e novidades. Senti falta das aventuras, das transas casuais, dos presentes, dos desafios, da minha liberdade e, principalmente, da independência que essa vida sempre me proporcionou.
Eu sempre adorei tanto vivenciar essas experiências, que escrever sobre elas depois, aqui no blog, me possibilitava revivê-las através das palavras. Amo escrever, mas desde que seja um assunto que me apeteça muito também. Como o sexo! ?
Quando criei o OnlyFans foi uma maneira de continuar tendo um pouco dessa sensação e continuar vivendo esse universo. Mas chegou um momento em que só a sensação já não me satisfazia mais. Eu queria viver de verdade. De novo. Sentia falta de marcar encontros, de me perfumar para sair, de chegar no hotel e especular se os funcionários ali presentes sabiam o que eu estava indo fazer, rs, de encantar o cliente com o que eu sei fazer de melhor e de sentir muito prazer junto com ele também. ?
Enfim, estava com saudade dos nossos dates! ❤️ Cada dia que passava eu ficava mais desejosa de sentir isso novamente. Por meses fiquei maturando esses pensamentos, até que chegaste esse momento.
Antes de anunciar o meu retorno, com exclusividade, para os meus inscritos do OnlyFans, surgiu a oportunidade de reviver essa experiência com uma amiga – quem me acompanha já até imagina quem seja, Manu Trindade, – num ménage delicioso com um cliente em comum, muito sortudo, e foi a partir desse momento que todas as minhas dúvidas acabaram e eu fui consumida por uma enorme certeza.
Estou com a agenda hiper, mega restrita, pois estou conciliando com outras atividades pessoais. Então, para sair comigo, somente se estiver inscrito no meu OnlyFans (uma maneira de valorizar todos que estão lá me acompanhando) e alguns ex-clientes, poucos, somente aqueles especiais que criei certo vínculo.
Olha eu aqui de novo! Sim, para dar continuidade a postagem anterior! Aliás, já te adianto que esse post deu 6 páginas do word! ? Se preferir, pode ler em etapas, como quando estamos lendo um livro. ?
Imagino que você tenha ficado curioso para saber se passei ou não no tal teste. A propósito, qual o seu palpite?? ?
(Pausa dramática)
Preciso dizer que eu já estava desacreditada, pois encerrou o prazo de resposta e nada de eu receber o e-mail com a devolutiva da audição. “Não passei, é isso, não era pra ser.” Pensei conformada. Soube de dois amigos que receberam a resposta que tinham passado, o que só reforçava essa ideia.
Daí… dois dias depois do término do prazo de resposta, quando eu já não nutria mais nenhum tipo de expectativa, recebi uma notificação no e-mail. Era eles! Abri sem a menor empolgação, pensando se tratar de uma simples mensagem de agradecimento por ter participado (que era exatamente o que estava escrito nas primeiras linhas), até que, continuando a leitura, leio a seguinte frase: “pois você foi aprovado para o evento…” (What?????) ??? quem me visse naquele momento, pensaria que tinha aparecido a imagem de um bicho na tela do meu telefone, de tão expressiva que fui! ?
Era a personagem que eu queria? Não, não era. Na verdade, nem imaginei que fosse ter a personagem que peguei, então fiquei dividida entre a felicidade de estar dentro e uma leve frustração por não ser a personagem que eu tinha pensado. “Não seja ingrata”, me repreendi mentalmente. “Um puta evento desse será excelente para o seu currículo, fora o networking, além de ser uma experiência completamente diferente de tudo que você já fez até o momento.” O meu eu mais sábio me dava vários tapas na cara.
Daí lembrei de um vídeo muito legal daquele ator que fez o Latrell no filme “As Branquelas”, em que ele diz: “Prefiro ter um papel pequeno numa produção foda, do que ser o protagonista numa produção ruim”. Um consolo válido. Não seria a protagonista, mas estaria dentro do negócio e isso era o mais importante!
Mas a verdade é que eu estou cada vez mais apaixonada pela minha personagem. Ela possui uma relevância maior do que julguei num primeiro momento. Engraçado que fui pesquisar mais a fundo a história dela e é impressionante como a putaria me persegue, rs. Deixarei esse enigma sobre ela com vocês:
“De acordo com o livro original, […] no passado, tinha o costume de se hospedar no quarto, seduzia jovens rapazes e fazia sexo com eles. No entanto, arrependida de seus atos… […] enquanto tomava banho.”
*
Os ensaios começaram essa semana e vou compartilhar um pouco de como tem sido.
O primeiro dia parecia início de ano letivo. Todo mundo centralizado num determinado ambiente, esperando sermos chamados para dentro. Uma rápida olhada nas pessoas. Pessoas bonitas, alguns rostos conhecidos. Mal parava para cumprimentar um e outro já surgia. – O mundo das artes é mesmo pequeno. – Pessoas que já trabalhei em outros eventos, pessoas que gosto e outras que não aprecio tanto assim. Assinamos nosso nome numa lista, com especificação do horário que cada um chegaste e incrivelmente todos foram pontuais, rs.
Me inseri num grupo de conversa, ao avistar algumas pessoas conhecidas. Que energia gostosa. Todo mundo animado com a oportunidade e ansiosos pelo que estaria por vir. Como é um evento completamente inédito, a expectativa e curiosidade estava altíssima.
Com um pouco de atraso fomos convidados a entrar no grande teatro. Indicaram um espaço para colocarmos nossas bolsas e cadeiras foram trazidas, formando uma grande roda de conversa. Dois produtores estavam presentes. Ambos se apresentaram, contando suas bagagens artísticas (um deles é bem conhecido no meio dos musicais) e depois foi solicitado que um por um do elenco fizesse o mesmo.
Algumas apresentações foram interessantes, engraçadas e outras tediosas, com detalhes irrelevantes. Chegou a minha vez. Fui sucinta, não achei necessário trazer à tona toda a minha trajetória artística, apenas falei que estava no teatro desde 2018 e que a minha experiência com aquele gênero vinha desde o ano passado, quando trabalhei no meu primeiro grande evento. Falei do meu trabalho atual (aquele que conflitei sair ou não), já fazendo aquela singela propaganda do evento e, surpreendentemente, arranquei muitas risadas ao dizer: “Inclusive, quem ainda não foi, vão conhecer, eu faço a guia lá e sou muito boa!” ? convencida, mas de uma maneira fofa e extrovertida. ?
Depois dessa longa apresentação individual, todos fizemos uma pausa de meia hora, que usei para comer alguma coisa.
Ao retornamos aos nossos lugares, foi aí que o negócio começou a ficar bom. Um dos produtores nos revelou tintim por tintim de como será o evento e ainda que ouvi-lo contar, não trouxesse a mesma emoção do que seria viver tudo aquilo que ele estava dizendo, saber de toda aquela parafernália e efeitos, na íntegra, causava muitos murmúrios entre o elenco, de satisfação e surpresa, com a mega produção que estávamos lidando. Ouso dizer que será o trabalho mais incrível e inesquecível que já participei até agora. Estou muuuuito, muuuito ansiosa pelo que está por vir. Distribuíram os roteiros, fizemos uma leitura conjunta e então finalizamos o primeiro ensaio.
No segundo dia formaram grupos com o elenco que estará junto em cada setor e posso dizer que estou muito satisfeita com as pessoas que estão no meu. Mas ainda que eu tenha gostado deles, estou fazendo um exercício diário de não me prender a ninguém, buscando interagir sempre com todo mundo. Aliás, gostaria de criar uma lacuna de assunto aqui.
Como contei no primeiro capítulo dessa nova fase (que você pode recapitular clicando aqui), até o momento trabalhei em três grandes eventos. E em cada um tem sido um aprendizado diferente. No meu primeiro trabalho, que durou três meses (não se espante, vida de artista é assim mesmo, dinâmica, estilo nômade, sem aquela rotina e segurança de um CLT que – sendo bem honesta – me entedia, gosto de emoção e adrenalina), eu fiz a besteira de me fechar numa bolha, interagindo somente com dois amigos que eu já conhecia. Me privei de criar relações e isso contribuiu para que determinadas pessoas tivessem uma ideia errada sobre mim.
Mesmo não criando muitos laços, foi através desse meu primeiro trabalho que consegui o segundo. Uma das atrizes do evento, que, por acaso, interagi um pouco mais nos últimos dias, indicou uma galera para esse segundo e eu estava entre as suas indicações.
Nesse segundo trabalho colhi o que plantei no primeiro. Muitas pessoas do elenco já estavam conectadas, devido ao trabalho anterior, enquanto eu me sentia uma novata, ainda que não fossem desconhecidos para mim. – Meus amigos não seguiram nesse.
Foi aí que começou o aprendizado. Aprendi que, no meio profissional, não devemos nos prender a pessoas, limitar o nosso círculo, ainda que tenhamos maior afinidade com umas do que com outras. É necessário se permitir criar multi relações interpessoais. Parece óbvio, mas foi algo que precisei vivenciar para aprender.
Então fiz isso no segundo trabalho e o resultado foi surpreendentemente positivo. Me descobri uma pessoa carismática, admirada e querida. Inclusive, foi uma grande surpresa quando duas pessoas que, por alguma razão que desconheço, não gostavam de mim pelo que interpretaram a meu respeito no trabalho anterior, mudaram suas percepções, ao me conhecerem melhor, nessa segunda jornada trabalhando junto.
Então passei a entender e a valorizar mais a importância de fazer contatos. Contatos que surgem através da sua boa relação com as pessoas e, claro, com a reputação que se cria a respeito do seu trabalho.
*
Mas então, voltando a experiência atual, estou exercitando isso, de não me prender a ninguém e interagir com todo mundo igual. Uma vez ouvi em algum lugar que “fazer o bom vizinho é ser falso”, mas não é bem assim. É simplesmente ser você mesmo, o tempo inteiro, com quem quer que seja. E é legal pois não sou mais eu que vou até as pessoas, deixo que elas venham até mim. Está sendo um exercício muito edificante. Às vezes atraio as mesmas pessoas, às vezes pessoas diferentes e assim as relações vão se formando.
Enfim, ontem foi o terceiro dia de ensaio e fizemos alguns exercícios de interpretação muito legais, que vou compartilhar aqui para aqueles que não tem a menor ideia de como é o meio artístico.
O primeiro exercício eu já tinha feito antes, durante as aulas de teatro e talvez também em algum outro workshop de atuação.
É um exercício com situações hipotéticas. Quem está nos dirigindo começa pedindo que andemos pelo espaço. Daí vamos andando entre nós, nos cruzando sem ordem, como se estivéssemos andando na Times Square, gente para todo lado. Daí ele vai criando situações para que busquemos agir conforme essas eventualidades atingem a gente.
Começou:
Você está indo para algum lugar. – Daí cabe a você criar a sua história. Está indo para onde? Para o trabalho? Para a escola? Encontrar alguém?
Eu imaginei que estava indo encontrar um date, então estava animada na caminhada, visivelmente empolgada e cheia de expectativas pelo encontro.
Daí nesse trajeto foram se formando nuvens no céu e a temperatura foi caindo. – Daí geral começa a fazer sinais de que está com frio, passando as mãos pelos braços, esfregando uma mão na outra, coisas desse tipo.
Vai esfriando cada vez mais, caindo para 15 graus.
De repente você percebe que o chão está molhado. – Daí todo mundo começa a andar com mais cautela, se imaginando pisando numa poça de água.
Gradativamente a água vai subindo.
Está na altura do seu calcanhar;
Da canela;
Dos joelhos;
Da cintura;
Umbigo;
E nesse momento você percebe que a água está suja, cor escura, para depois se transformar numa água de esgoto mesmo.
Aquela água fedida e nojenta chega na altura dos seus peitos. – Nessa hora comecei a sentir ânsia de verdade.
Chegou no pescoço e você tá quase sendo coberto por aquela água podre, mal consegue continuar andando.
Como falei pra vocês, eu já fiz esse exercício antes, mas em nenhuma dessas outras vezes senti de fato que aquilo estava acontecendo comigo. Eu apenas buscava interpretar como eu agiria dentro daquela situação, mas desta vez, senti real, vivendo aquilo mesmo! Consegui imergir de verdade! Me deu ânsia, tossi algumas vezes e até lágrimas escorreram dos meus olhos! Ainda borrei meu rímel. Fiquei muito impressionada e orgulhosa da minha evolução.
Enfim a água foi reduzindo, nos levando para um desfecho de nos depararmos com uma praia, para que lavássemos toda aquela inhaca impregnada na nossa pele.
O segundo exercício já foi mais leve e divertido. O propósito deste era que conseguíssemos, com o mínimo movimento possível, demonstrar o que estávamos indo fazer. Ele queria nos mostrar que “menos é mais”, pois no evento que vamos trabalhar, nossa interpretação terá que ser mais contida, nível cinema e não expansiva, nível teatro. Então tínhamos que, um por um, andar numa linha reta e, quando chegássemos no meio desta, executar algum pequeno movimento, que desse a entender o que estávamos indo fazer a partir daquele movimento. O ideal era que ficasse claro, para quem estivesse assistindo, pois isso significaria que conseguimos transmitir a mensagem certa para o visitante, mesmo com rápidas ou curtas aparições no evento.
Lá foi o primeiro participante do desafio. Ele fez aquela discreta contração de quando estamos com ânsia e já ficou claro que estava indo vomitar, hipoteticamente falando. A segunda fez uma torcida de nariz, que mostrava que estava indo espirrar. E assim foi indo, até que chegou a minha vez. Adivinhem o movimento que eu fiz? ?
Felizmente ninguém teve a mesma ideia que eu. Andei até o meio do caminho estipulado, no momento de fazer o sútil movimento, olhei para o elenco que assistia e fiz um olhar safado com uma singela e rápida levantada de sobrancelha. Todo mundo caiu na risada na mesma hora, alguns até bateram palmas, diante da minha ousadia. ??? Quem mais teria a coragem de simular publicamente que estava indo transar (hipoteticamente falando)? Somente o meu eu Sara Müller mesmo! ?
Esse exercício foi bem extenso, imagina 40 pessoas fazendo cada uma na sua vez. Tiveram vários engraçados, como a menina cheirando o ombro, representando que estava indo passar desodorante, ou o menino que travou as pernas de um jeito estranho, representando que estava indo no banheiro. Ou a outra que olhou para os pés, representando que ia amarrar o cadarço. Curioso que também tiveram aqueles que não entenderam o exercício, que faziam no trajeto inteiro, o movimento que era pra ser pequeno e somente em determinado ponto do percurso. Fora aqueles que você sequer entendia o que a pessoa estava indo fazer. ?
Depois teve um novo exercício, agora já focado no roteiro do evento, em que buscamos recriar a cena de nossos personagens.
Voltei para casa me sentindo super leve, sabe? Uma sensação muito gostosa, cuja só é possível quando se está fazendo o que gosta. O mesmo tipo de sensação que eu sentia quando saía dos encontros que eram agradáveis. – Porque também gosto de sexo, rs.- Estou muito feliz de estar conseguindo sentir as mesmas boas sensações e vibrações em outro ramo de atividade também.
Voltei mais rápido do que eu imaginava! Hoje para dissertar sobre o processo das entrevistas de emprego, ou melhor, como é dito no meu meio profissional: audições.
Aconteceu um episódio novo desde a última postagem! Um evento MEGA incrível será lançado em setembro e há uma semana recebi as informações do casting. Cachê muuuito interessante (o dobro do que sou paga atualmente), mas também trabalha mais, muito mais. O que também não seria um problema para mim, sou jovem, saudável e com horários bastante flexíveis. Me encantei por ser uma novidade. Um evento completamente inédito, chique, porém, temporário.
Mandei meu material por e-mail, me responderam para agendar o horário da audição, que, por acaso, foi hoje! Primeira vez que vou numa audição dentro de um teatro enorme e famoso, como aquele. Ainda que o evento não for ocorrer lá, esse link entre eles passou muito um ar de credibilidade e requinte. Me agendaram para 16:30, cheguei com 12 minutos de antecedência e fui direcionada para os procedimentos de praxe nessas situações, sendo uma entrevista de emprego ou audição, as mais organizadas sempre consistem em você preencher uma ficha, anexar seu currículo (no meu meio chamado de currículo artístico) e aguardar a sua vez. Havia bastante gente. O pessoal da seleção eram muitos simpáticos, divertidos, brincalhões… ahhh eu amo o mundo das artes, dificilmente você se depara com alguém azedo.
Pela primeira vez fiz uma audição em que também tiravam foto minha lá na hora, segurando uma sulfite com o meu nome escrito em letras garrafais de canetão. Me senti na audição do programa Popstar, que passava alguns anos atrás no SBT, com aquela multidão de gente, cada uma na sua vez, sendo fotografada segurando um número. A propósito, o meu número, coincidentemente, era o mesmo do ano que eu nasci (os dois últimos números no caso). Seria esse um bom presságio? Pensei, supersticiosa.
Percebi que chamavam por grupos. Enquanto aguardava notei também como se vestir de preto nas audições é mesmo um ritual seguido à risca. Vocês sabiam disso? Isso serve para que o selecionador te veja como uma tela em branco, que ele possa ver todas as possibilidades de caracterização com o seu perfil, sem que tenha uma roupa estampada gritando, chamando mais a atenção do que você. Eu já conhecia essa singela regrinha e fui pleníssima num pretinho básico.
Eu não estava nervosa, um friozinho na barriga de leve, mas nada mais que o natural esperado para a situação. Eu já sabia como seria a logística do teste (uma amiga minha também estava participando e foi agendada mais cedo, ou seja, me passou todas as coordenadas depois, hehe). O que, em todo caso, não era uma grande novidade ou diferente do que costumava ser nas audições. Elas seguem o mesmo mecanismo.
Primeiro você apresenta uma cena individual e depois terá uma cena de improviso em grupo. Acho que isso também é comum nos empregos tradicionais, o grupo ter que criar um produto e depois vender para os selecionadores. Nesse caso eles passam um tema, nos dão pouco tempo para criar uma história e então, o pouco que foi ensaiado, vira um caos quando vai para o “ao vivo”.
Mas voltando a sala de espera. Fiquei mais de 1h aguardando. Tomei tanto cuidado de chegar no horário, mas se tivesse me atrasado, sequer seria percebido. Não me importei com a demora, tinha tirado a tarde para isso e estava mais contente pela oportunidade, do que nervosa pelo chá de cadeira. Vou poupá-los das minúcias da espera e vamos para o que interessa: Enfim chegou a vez do meu grupo!
Me devolveram a ficha que eu tinha preenchido, para que eu a levasse para o próximo selecionador que conduziria a partir dali. Olhei para ela e notei um escrito que não era meu, que dizia “grupo 11”. Questionei se mais alguém tinha alguma marcação similar e não, até que uma menina respondeu que só do lado de dentro. Abri a minha ficha e me deparei com mais uma anotação nova. Tinham escrito o que me pareceu ser uma possibilidade de personagem para mim. Se apenas com as minhas características físicas, me consideraram, imaginem quando vissem a minha cena?! Pensei, confiante e entusiasmada. Não conhecia a, talvez, personagem, designada preliminarmente, mas rapidamente pesquisei no google e gostei do que vi. ?
Ahh, deixa eu falar da minha cena para vocês! O evento que trabalho hoje e esse que me candidatei possuem a mesma temática, ou seja, é claro que eu aproveitaria o repertório da minha personagem atual. Infelizmente tive que reduzir / adaptar o monólogo para apenas um minuto, pois eles pediram cena “bem curta”, apesar de eu querer mostrar a minha cena bem completa, rs.
O grupo inteiro entrou e todos se assistiam nesse momento das cenas individuais. O meu nervosismo inicial não foi nem por eles estarem assistindo e sim pela avaliação dos selecionadores mesmo. Aliás, adivinha quem foi chamada primeiro?? ? O meu número vinha antes de todos que estavam ali. Inacreditável. Assim que o ouvi sendo chamado, junto com o meu nome, pensei: “Nossa justo eu serei a primeira?!” ??♀️ Geralmente nessas situações eu dou um sorrisinho sem graça, mas na mesma hora me policiei, elevei a postura, fiz cara de séria e procurei demonstrar total confiança, ainda que por dentro o coração estivesse batendo acelerado!
Tive que começar o meu texto já no auge do negócio, pois não teria tempo para o crescente da cena. No monólogo adaptado em 1 min, tratei de compilar os principais pontos da minha interpretação e consegui combinar 7 momentos de nuances potenciais, isso sem perder o sentido, mesmo pulando de uma parte para outra de repente. Fiquei bem orgulhosa dessa faceta inclusive, hehe. ?
O selecionador já tinha avisado que alguns ele poderia cortar, outros poderiam se estender, mas nada isso queria dizer se a pessoa foi bem ou mal. Então, estava ciente de que dos meus 7 elementos a mostrar, talvez nem todos fossem vistos, dependendo de ele querer ver mais um pouco ou já estar satisfeito com o que foi visto.
E lá fui eu! Respirei fundo e entrei na personagem. Mudei minha voz, meu jeito de me expressar e olhei para o vazio entre um selecionador e outro (admiro muito quem tem a ousadia de encarar a pessoa que o está avaliando, já eu prefiro olhar para o nada). Ouvi minha voz causando eco em determinadas frases e achei ótimo, mostrava que a projeção estava boa.
Confesso que no começo foi estranho. Estranho apresentar essa personagem, em específico, fora do seu habitat natural. Ali não tinha a caracterização, muito menos o cenário ou a ambientação, e as pessoas para o qual eu apresentava também não eram o público de onde costumo apresentar. Então foi estranho, como se eu levasse o meu gato para passear e ele estranhasse o lugar diferente.
Será que eles estavam a vendo com a mesma intensidade que ela costuma ser vista dentro do evento? Dos 7 elementos cênicos, consegui mostrar 6 (um percentual excelente) e até tinha me esquecido da possível interrupção, até ela acontecer. Notei também que enquanto eu apresentava, o selecionador fazia anotações. “Ai meu Deus, será que me saí bem? Será que eles gostaram?”, pensei, curiosa, enquanto me encaminhava para um ponto da sala.
Veio a segunda atriz. Achei a cena dela fraca, fiquei com a impressão que até durou menos que a minha, mas a projeção estava boa. Veio o terceiro e após a sua saída, o selecionador fez um pequeno adendo, nos relembrando da importância da projeção da voz. Não achei que os dois, que foram depois de mim, tivessem se saído mal nessa questão, então, quando o selecionador disse isso, na hora disparou um alerta em mim, de que talvez eu não tivesse projetado o suficiente, já que dois depois de mim, no meu entendimento estavam, e pelo visto, para os selecionadores não.
Foram poucos que gostei, mas o que eram bons, mandavam muito bem mesmo! Daí chegou na parte que eu menos gosto das audições: os improvisos em grupo. Segundo o selecionador, essa cena teria muito mais peso, pois eles avaliariam justamente como nos posicionamos numa situação de crise imediata, envolvendo outras pessoas, que, no caso, seriam os clientes da atração. Ele criou uma situação hipotética. Aqui ele também avaliaria as pessoas para determinado papel, cujo papel é o mesmo que eu já faço no evento que eu estou. Daí você pensa: “moleza então”, mas não. Dinâmicas em grupo são muito sabotadoras. Todo mundo quer se destacar, as falas se sobrepõem a outras, rola uma confusão cênica e você sequer tem tempo hábil para criar um roteiro. Afinal, essa é a proposta: improviso, lidar com o inesperado.
Sinto que não me saí bem nessa. Primeiro que não consegui imergir na cena proposta tão rapidamente, exigia um preparo emocional que, imediatista daquela maneira, eu não consegui acessar. Consegui me destacar? Talvez, mas acredito que não do jeito que eles queriam.
Daí me vem a seguinte reflexão: de que adianta essa logística de processo, sendo que, numa situação real de trabalho, não existiria aquele contexto?! E porque aquilo teria que ser levado em consideração, sendo que, não é porque você não foi bem ali, que você não se sairia melhor numa situação real, uma vez que não teria essa pressão de estar sendo avaliado, já tendo adquirido a devida vivência e experiência dentro do verdadeiro contexto.
Minha vontade era de falar em particular com o selecionador depois, dizer-lhe: “Olha, esse papel eu já faço, e faço muito bem, não leve esse fiasco em consideração”. Mas não tomei tal atitude, pois achei que poderia ser visto como desespero ou arrogância, por querer tentar uma conveniência em relação aos outros candidatos. Torcendo aqui para que vejam no meu currículo, rs. ??
Por sorte a cena acabou logo. Tão já eles cortaram, finalizaram a audição e informaram que a resposta sairá em dois dias. Fui embora com uma sensação que não gosto muito, a sensação de que não consegui mostrar o meu real potencial. Em testes confio quando dependo de mim mesma em cena, mas não quando dependo dos outros. Será que terei um retorno positivo?? Torçam por mim!! ??
Sumida, mas ainda estou por aqui! Será que ainda tem alguém acompanhando este blog também? Rs. Saudade de vocês, sabia? Saudade dos encontros, das aventuras, do sexo casual, dos presentes… mas é uma nostalgia gostosa, eu precisava alçar outros voos e cá estou eu, um ano depois, reportando esta saudade inesquecível de vocês! ❤️
Gostaria de postar mais, de compartilhar os novos dilemas que tenho vivido (sério, muitas vezes fico com vontade de colocar o meu lado escritora pra fora), mas fico com receio de abrir demais a minha vida pessoal, agora que nada mais tem relação com este blog. Enfim… quem sabe aos poucos rompo estes bloqueios e vou trazendo situações novas por aqui?
Vocês devem estar se perguntando: “O que a Sara está fazendo da vida agora?”, “Por onde andas?”, “Está feliz?” Bom… vou contar algumas novidades pra vocês…
Desde que parei de atender, estou investindo na minha carreira artística. Em algumas postagens do passado, eu até cheguei a mencionar que estava estudando atuação, pois então, já me formei e agora atuo na área, apresentando peças de teatro, atuando em eventos, alguns trabalhos como modelo, coisas desse tipo.
O que é muito legal e gostoso, mas ainda estou no começo, então sem o glamour dos grandes artistas. Na verdade, no início foi um grande baque para mim, a desproporção salarial, em relação ao que eu estava acostumada como acompanhante. Sério, vocês não têm ideia de como o mercado artístico não valoriza o ator! Até que você seja um artista da Globo ou Netflix, é vergonhoso as propostas de cachê oferecidas e como eu venho de um patamar financeiro muito superior, imaginem quão foi o meu choque. ? Há poucas semanas vivi um grande dilema profissional, mas, primeiro preciso contextualizar para vocês.
Desde que me joguei nesse novo caminho, trabalhei em dois grandes eventos de personagem (este é o meu terceiro grande trabalho como atriz, até o momento) e, surpreendentemente, em todos esses lugares por onde passei, meus personagens se destacaram muito (toda carismática ela ?), ao ponto de pessoas, que eu nem conheço, me acharem no Instagram e me enviarem mensagens elogiosas, às vezes se apresentando como meus fãs, me cumprimentando pela excelente performance, referente a determinado personagem que eu estivesse fazendo. Sério, surreal de bom! É como ter um pouco do que eu tinha com os meus clientes, mas sem os mimos físicos e sem o teor sexual envolvido, rs.
Daí, com essas graduais conquistas, consegui um papel fixo, personagem protagonista, de um determinado evento, cujo estou até hoje, há 6 meses. Sou apaixonada pelo que faço, fissurada na personagem que criei, mas, durante esse tempo, paralelamente fiz outros trabalhos parecidos, que me fizeram ver o quanto não estou sendo devidamente reconhecida financeiramente por este.
Dias e dias ensaiava mentalmente uma conversa com os donos do evento, realçando a importância da minha personagem para pedir um aumento. De tanto eu canalizar essa energia, o universo fez surgir a oportunidade, sem que eu precisasse mover um dedo e lá estava eu, tendo a reunião mais importante dos últimos tempos.
*Tambores de suspense*
Gente… foi… simplesmente… frustrante. O reajuste oferecido foi tão simbólico e o dono vendia como se fosse um grande aumento. Mesmo me tornando a única do elenco a receber um poquito mais, continuava muito longe do que almejo.
Só me restava duas opções: Aceitar ou Sair. A razão dizia: “Sai! Você merece muito mais do que isso! Se abra para outras oportunidades que surgirão”, já o coração: “Fica! É aqui que você sente o ‘flow’, a sua energia transcende quando você está exercendo a sua arte”. Decisão muito difícil.
Fui trabalhar com o pensamento de que aquele seria o meu último dia e não consegui sentir nenhuma sensação de despedida. Para variar, em determinado momento, um cliente do evento pediu para tirar foto comigo. Ele sabia o meu nome real, já me seguia no Instagram e, para fechar, ainda elogiou: “Você é fera!”, me fazendo encarar aquilo como um sinal de que, independente do cachê, eu estava no caminho certo e que deveria continuar.
Alguma vez vocês já passaram por isso? De querer mais, mas não ter forças para sair, por apego ao que foi construído até ali? Às vezes me sinto num relacionamento abusivo, mulher de malandro, que sabe que precisa mudar, mas não consegue desvincular. É muito difícil quando tem sentimento envolvido.
Uma noite dessas, desabafando com um amigo, ele me fez o seguinte questionamento: “O que você vai perder saindo de lá?”, respondi que perderia a minha personagem (sério, sou muito apaixonada por ela, brilhamos muito juntas). Daí ele disse: “Você não vai perder, ela é sua, ninguém fará como você! Uma outra personagem, ainda mais foda, você deixou para trás. É essa mensagem que você quer transmitir para o universo? De que você se contenta com isso? Para que outras portas sejam abertas, algumas tem que se fechar”.
Profundo, né?
Sigo aqui nesse job que todos me aconselham a largar, mas, que meu lado artístico não me permite deixar. Sendo fortemente alimentada pelo reconhecimento alheio, enquanto o financeiro deixa a desejar. Vou lhes mantendo informados, se este cenário mudar.
P.S.: À parte disso, continuo ativa no meu OnlyFans! ? Se você tem saudade do que vivemos ou do que não vivemos, te espero devassamente por lá!
Hojeestou aqui para falar sobre um assunto pra lá de delicioso!! O orgasmo múltiplo feminino! Algo que, inesperadamente, recentemente, tive o prazer de conhecer! ? Orgasmo múltiplo é o tipo de coisa que a mulher pode nunca ter tido na vida, mas quando acontece, imediatamente ela sabe que está tendo um! ?
As duas (únicas) vezes que tive (por enquanto, se Deus quiser, rs ??), foi sendo chupada! Pude notar similaridades em como aconteceu, então compartilho aqui para que, quem sabe, ajude alguém a chegar lá também! ?
Mas antes de falar do múltiplo, vamos falar do orgasmo normal, o que costumamos ter, para contextualizar melhor. Quando gozamos, normalmente, acontece da seguinte maneira: vem uma explosão deliciosa na frente, que, geralmente, dura um segundo, no máximo dois, e depois sentimos as pequenas doses daquela explosão inicial, diminuindo e ficando mais leve a cada segundo. É bem rápido, mas ainda assim muito extasiante.
Quando você tem orgasmo múltiplo, aquela explosão inicial vem mais de uma vez! Uma na sequência da outra. Rápidas, mas muito intensas!
Como eu estava dizendo lá em cima, comigo aconteceu durante um sexo oral, sendo maravilhosamente chupada. ? Eu, infelizmente, não sou o tipo de mulher sortuda que goza somente com a penetração, tem que ter o manuseio no clitóris também. Maaaaas, se estou sendo chupada, aí sim, consigo gozar nas mãos de outra pessoa, ou melhor, na língua dedicada que me saboreia. ?
Então acredito que a maneira mais fácil de acontecer um orgasmo múltiplo feminino com a maioria das mulheres, seja através do sexo oral, uma vez que o clitóris está no centro das atenções. O(a) parceiro(a) deve chupar a mulher com todo o capricho e dedicação, como já costuma fazer. O momento decisivo é quando ela está prestes a gozar! A pessoa que está chupando precisa, no momento certo, desacelerar a chupada, um segundo antes da mulher começar a gozar. Mas não desacelerar muito! Uma voltagem a menos apenas, uma regressão bem sutil!
Quando estou prestes a gozar, a velocidade lá embaixo está frenética, para que eu chegue no ápice, no entanto, quando eu gozo, se a velocidade frenética continua, o meu orgasmo dura menos tempo, pois a região fica sensível mais rápido. Então, o truque é desacelerar no exato momento em que a pessoa for gozar! Ela ficará mais sensível por conta do orgasmo e mais suscetível ao prazer por a língua estar mais gentil. Mas lembre-se: tem que ser uma desacelerada leve, como se fosse do seis pro cinco e não do seis pro dois, senão ela perde o timing na cara do gol! Ou seja, não é uma tarefa fácil, dado ao calor do momento, rs.
Eu sugeriria criar um código com o(a) parceiro(a), para que quando você for gozar, avisá-lo(a) no exato segundo antes disso acontecer. Uma pressão com as pernas, apertando ele(a), um puxãozinho no cabelo, pequenos gestos que não vão desconcentrá-la também.
Experimente e depois vem correndo comentar! Estou mega curiosa para saber de outras experiências, além das minhas também!
Olá meus amores!! Espero que todos vocês estejam bem!!
Hoje estou aqui para compartilhar uma mega novidade!! E como sou a louca dos textos, é claro que não vou só compartilhar a notícia, mas sim contar como tudo aconteceu!!
Estava eu em mais um dia de vida, quando abri meu e-mail profissional para ver o que tinha de bom. Logo de cara me deparei com a mensagem de uma produtora da Jovem Pan (para quem não conhece, Jovem Pan é uma rádio, basta sintonizar 100.9 em São Paulo, e você ouvirá as músicas que tocam), cuja rádio ouço desde a minha adolescência!
Na mesma hora meu coração disparou! Ela me convidava para dar uma entrevista, para o programa: Documento Jovem Pan, que seria transmitido no canal da Jovem Pan News, uma vertente jornalística deles, no audiovisual. Eu queria muito participar da entrevista, mas, ao mesmo tempo, tive receio do risco da exposição. Imagina, trabalhei por seis anos como acompanhante, sem que não viesse a público a minha real identidade (nem do lado de cá, alguém que descobrisse sobre a minha vida paralela também) e agora surgia essa proposta interessantíssima de contar um pouquinho da minha história.
Entrei em contato com a Marina Harriz e busquei saber melhor desse convite. Minha imagem seria divulgada? Minha voz? Todos os meus pedidos foram atendidos. Marcamos a entrevista para dali a dois dias, (rápido assim, estratégia de jornalista, que eu entendo bem, para que a fonte não desista, rs) e no grande dia eu só conseguia sentir frio na barriga. Uma hora antes do horário combinado, um motorista enviado por eles já esperava na minha portaria, me fazendo sentir muito vip, rs.
Chegando lá fui recepcionada por um outro produtor que também participaria da entrevista, um rapaz alto, muito educado e simpático. Entramos no prédio e subimos até o vigésimo andar, ou será que era vigésimo quarto? As emoções não me permitem lembrar. Enquanto nos encaminhávamos para a sala de reuniões, passei por uma parede enorme de vidro em que pude espiar a redação deles. “Nossa que demais!!”, pensei eufórica. Era muito louco estar num lugar em que anos atrás, quando ainda cursava a faculdade de jornalismo, era o meu sonho trabalhar. Não propriamente na redação deles, mas redação de qualquer meio de comunicação em que a minha função fosse escrever.
Eu estava bem tensa para dar a entrevista, apesar de ter ensaiado possíveis perguntas, nada se comparava ao “pra valer” mesmo. Eu queria mostrar o quanto sou interessante, bem-humorada e empolgante, como sempre costumo ser por aqui, porém ao vivo, sem pausas para voltar e reformular qualquer texto.
Eu seria filmada de costas, na edição, a minha imagem seria desfocada e a minha voz alterada. Talvez vocês estejam pensando: “Que diferença faz alterar a voz, quando tem vídeos com você falando publicados aqui?”, pois eu lhes respondo, a diferença é que eu não sabia qual seria o alcance da reportagem, não poderia arriscar ser reconhecida por qualquer pessoa da minha vida particular à essa altura. A entrevista toda durou exatamente uma hora, mas, sabendo que eu não era a única entrevistada deste tema, fiquei curiosa em descobrir quais trechos eles usariam.
Entrevista encerrada, lhes presenteei com o meu livro, conversamos um pouco e então o motorista me trouxe de volta para casa. Fui super bem tratada desde a ida, até a despedida. Equipe maravilhosa e muito bem preparada. ????
Até sair a reportagem, todos os dias, eu ficava repassando a entrevista na minha cabeça. “Poxa, eu poderia ter falado da viagem aos Estados Unidos”, “Caramba, esqueci de mencionar que também era presenteada com joias”, “poderia ter especificado melhor os lugares que eu conheci”, análises que permeavam os meus pensamentos, detalhes que talvez não fizessem tanta diferença, mas que só quem também já foi entrevistado sobre determinado assunto e esqueceu de falar alguma coisa, vai entender. ?
Enfim a entrevista saiu! Ai meu coração!!! Muita emoção!!! Muita calma nessa hora!! Eu fui a última acompanhante da reportagem e todo esse percurso, até chegar na minha parte, foi assistido com muita euforia! Notei que usaram imagens do meu vídeo Sadomasoquista em alguns trechos da reportagem para ilustrar a sensualidade que o tema pedia, e ainda que tais imagens não demonstrassem ter qualquer relação comigo, me senti preenchida. Tinham partes minhas por todo o documentário! ❤️❤️❤️ Usaram uma frase minha solta, quando contei sobre a minha experiência como sugar baby e depois daquela entrevistada gringa, chegou o meu momento! Lá estava eu, brilhando na telinha:
Depois de mim, trouxeram o depoimento de Oscar Maroni, dono do Bahamas Hotel Club, e imagens do meu vídeo “Aquela Menina Mulher” fecharam a reportagem com chave de ouro! ?
Sério gente, tô sem palavras para tudo isso que aconteceu! Foi uma conquista muito significativa participar de uma entrevista em que a prostituição de luxo é abordada de maneira respeitosa, como realmente deveria ser, também por toda a sociedade. A reportagem, como um todo, foi muito bem elaborada, adorei assistir o depoimento das outras entrevistadas e caso queiram assistir o vídeo completo também, é só dar play abaixo:
Para finalizar quero dizer que essa conquista é nossa! Minha e de vocês, que me leem, pois, se ao longo dos anos, não tivessem me dado a devida notoriedade, isso nunca aconteceria! Muito obrigada, mesmo, à todos que me acompanham!!
Alugamos um quarto de hotel. Uma diária cara, apenas para passarmos uma data comemorativa fora de casa. Quando chegamos no local, me surpreendi que fosse um hotel que no passado já fui para me encontrar com algum cliente. Deu uma nostalgia de leve pelos velhos tempos e tive a ideia de usar isso a meu favor. Propus que brincássemos de acompanhante e cliente. Depois de nos acomodarmos como hóspedes, pedirmos uma refeição e conhecermos a suíte, me ausentei por breves minutos, fazendo hora no corredor, enquanto dava-lhe o tempo para adentrar no espírito da coisa. A regra que impus era para que não saíssemos do personagem. Bati na porta como se fosse realmente um encontro pago com um desconhecido.
Sara Müller sou eu, mas também uma personagem. Uma doce mulher que não tem problemas, que está sempre feliz e disposta a agradar. Sim. A Sara é também um pouco de mim, mas em determinados aspectos ela é melhor, por estar sempre contente e com muita vontade de dar. ?
Não achei que fosse conseguir encarnar esse meu eu com alguém que eu já conhecesse em outro contexto, mas deu super certo! Toda tímida e sorridente, adentrei não suíte fingindo não conhecê-lo. Coloquei minha bolsa na mesa e logo nos beijamos, após um rápido cumprimento. Era como se eu realmente estivesse atendendo de novo, mas com o plus de ser com alguém que eu sabia que seria muito gostoso. ?
Depois de um longo tempo nos beijando, com ambos ainda de pé, ele me ofereceu algo para beber, me deixando escolher entre vinho e espumante. Optei pelo espumante. ? Comecei a puxar assunto como se realmente não o conhecesse, perguntando de onde ele era, por conta do sotaque que eu, particularmente, já nem percebo mais, rs, e engatamos uma conversa introdutória.
Perguntei se ele já teve outras experiências com acompanhantes, o que geralmente eu perguntava nos encontros mesmo. É sempre interessante saber se você é a primeira vez do cliente ou se é um consumidor frequente do serviço. ? Ele disse que já fazia muito tempo que não saía com ninguém e seguimos brindando nossas taças. Elogiei seu bom gosto para música e então voltamos a nos beijar.
Depois ele delicadamente retirou a taça da minha mão e perguntou se eu gostaria de ir para o quarto. Respondi que sim, mas não conseguimos ir de imediato, pois ele me virou de costas para beijar minha nuca e eu imediatamente comecei a esfregar, de leve, a minha bunda no seu pau, ainda por cima da roupa.
Ai que delícia. ?Eu só conseguia pensar que precisávamos praticar aquilo mais vezes! ? Quando enfim fomos para a cama, as coisas ficaram ainda mais quentes. ? Ele me deitou e já foi se posicionando na beirada da cama para me chupar. Ahhh como é bom quando a iniciativa do sexo oral parte primeiro deles. Ainda que às vezes possa ser um trabalho, e que a preocupação de agradar o outro deva ser da prestadora do serviço, quando eles o fazem primeiro parece que rompe a barreira do dinheiro, como se fosse uma situação real e casual, em que a mulher é mais paparicada para o homem conseguir o que ele quer, aos pouquinhos. (Não que ela não quisesse também, mas vocês me entenderam! ?)
Daí ele me chupou por algum tempo e quando parou já comecei a me movimentar para chupá-lo também. Ele ficou de pé e começou a descer sua cueca e bermuda, ao que eu me ajoelhava na sua frente, na mesma altura em que o seu pau entraria na minha boca. ? Comecei a chupá-lo mentalizando que aquele não era um pau conhecido e sim uma completa novidade. Funcionou. O ambiente contribuiu muito para que me sentisse dentro de outra situação, embarquei completamente na brincadeira.
Pensei em chupar até que ele pedisse para transar, deixar que ele conduzisse conforme suas vontades, como eu costumava fazer para agradar os clientes. Mas decidi fazer melhor. A vantagem de ser uma brincadeira, é poder agir diferente quando lhe convém, então não esperei que ele pedisse e sem sentir qualquer insegurança de que ele pudesse pensar que eu estava acelerando o processo, fiquei de pé na sua frente, acomodando seu pau entre as minhas pernas. Comecei a roçar. ?
Roçando o seu pau todo babadinho na minha entrada, sem sentir a menor preocupação de estar fazendo aquilo. Eu sabia que era alguém conhecido, mas ao mesmo tempo mentalizava que não era e conseguia sentir as duas coisas mais antagônicas ao mesmo tempo: a segurança e o perigo. Logo ele me deitou, vindo por cima de mim e agi como se a presença de um preservativo fosse algo importante. “Espera, calma, o que você está fazendo? Precisamos de uma camisinha”. Ele seguiu ignorando, como se soubesse que no fundo eu também estava pouco me importando com aquilo.
Todo mundo que já transou sem camisinha com alguém que não estava comprometido, sabe muito bem como é deliciosa essa sensação. Por mais receio que tenhamos de pegar uma DST, o tesão, poucas vezes, consegue se sobressair a esses pensamentos. A loucura se apresenta tão apetitosa e tentadora, que você não consegue considerar que possa existir uma consequência ruim, vivendo algo tão incrível e prazeroso daquela magnitude. Você então o faz e o durante é tão forte e intenso quanto o grande ápice do final.
Olhei para ele me comendo no frango assado, na beirada da cama, no pelo, e mentalizei que aquela de fato fosse a primeira transa que estávamos tendo. Primeira transa. Sem proteção. No primeiro encontro. Foi um tesão tremendo imaginando isso! ???
Estava tão gostoso que nem tive pressa de pegar o vibrador e após um tempo curtindo a pura sensação da penetração, comecei a masturbar o meu clitóris com os meus próprios dedos. Quando decidi usar o vibrador, ele quis trocar de posição, para comigo de quatro. ? Nesse exato segundo de troca de posições, em que seu pau precisou fazer uma rápida pausa ao sair de mim, o interfone do quarto tocou. Parecia até que tinha sido planejado.
A refeição que tínhamos pedido chegou muito antes do previsto! Nesse momento percebi que ele quase saiu do personagem, ao dizer “O pedido chegou”, mas rapidamente o fiz voltar, quando o questionei se ele tinha pedido alguma coisa, como se eu não soubesse de nada, rs. ? Ele fechou a porta do quarto para que eu ficasse mais à vontade e quando retornou senti que tínhamos deixado escapar um pouco do clima. Então voltei a chupá-lo, como no início, e recomeçamos todo o processo. Me comeu novamente no frango assado, até que avançamos para de quatro outra vez. Que delícia de transa! ? Voltei a mentalizar que era a nossa primeira e percebi que ele fez o mesmo, pois metia com uma força e gemidos que não me lembrava de já ter visto!
Gozamos quase ao mesmo tempo, mas fui poucos segundos antes. Totalmente extasiados, deitamos, trocamos algumas carícias, até que decidimos nos alimentar, com o pedido que havia chegado. Achei que manteríamos a brincadeira, mas, ao nos direcionarmos para a cozinha, ele soltou: “Posso ter a ***** de volta?” Ele reconheceu que entrar na personagem deixou meu comportamento diferente. Mais tímida, menos íntima, e me alegrou saber que o meu verdadeiro eu era ainda mais encantador aos seus olhos, apesar dos meus rompantes e momentos, de uma pessoa normal, rs. A partir disso voltamos a ser o casal que somos, aquele que se conhece há mais tempo, que conversa sem receio e que ainda trocam confidências.
Resolvi vir aqui compartilhar essa situação, como uma dica para os casais que estiverem lendo. Mesmo que a sua(eu) parceira(o) nunca tenha sido uma acompanhante, arrisquem brincar disso também! Aposto que será uma experiência muito louca e diferente para vocês. É muito verdade quando dizem que as brincadeiras sexuais apimentam a relação e de fato isso acontece. Vocês saem do comum, da mesmice e vê como o outro reage numa situação completamente diferente. É instigante. Atraente. Inovador. Deixo o campo dos comentários para que compartilhem alguma experiência diferente que já fizeram também, que tenha agregado na relação do casal. Vamos trocar figurinhas! ?
Alguns conteúdos sobre a violência contra a mulher me chamaram atenção. Chocada e interessada, comecei a seguir o perfil. Alguns dias se passaram e uma postagem recente dessa página, apareceu no meu feed. Resolvi fuçar naquela conta novamente.
Na época (coisa de poucas semanas atrás) tinha 47 mil seguidores. Olhei com mais atenção as postagens e percebi que seguiam sempre a mesma linha de crítica social. Criticando o abuso que ocorre com muitas mulheres, ao se envolverem com qualquer coisa relacionada ao sexo. Algumas postagens bastante relevantes e outras sensacionalistas. Comecei a ficar muito incomodada quando vi uma postagem sobre um esquema de prostituição pelo qual eu sabia como funcionava. E o que estava escrito ali era pura distorção. Não me contive a até comentei:
Eles escreveram a notícia como se as garotas que entraram no esquema fossem pobres vítimas! Oi? Elas estavam sendo todas muito bem pagas por algo que elas mesmas aceitaram! Detesto hipocrisia! Eu mesma participei do tal processo e só não fui adiante pois não concordei com a cláusula de transar com o cara sem preservativo! Tudo isso foi condicionado no momento da seleção, ou seja, nenhuma menina chega na hora H sem ter concordado com tudo!
A partir do momento que eu vejo algo errado em qualquer coisa, imediatamente já começo a investigar mais (coisa de jornalista investigativa, rs) e resolvi olhar o destaque intitulado “Prostituição” dessa página. Me deparei com um conteúdo totalmente extremista:
Prostituição é estupro pago?! Oi?! Que visão mais distorcida é essa??! Trabalho sexual não é trabalho? What?! Perante a lei pode não ser mesmo, mas para as mulheres que exercem tal profissão e para os clientes que pagam por este serviço, é muito! Aliás, toda atividade remunerada é um TRABALHO!
Novamente não me contive. Desta vez enviei uma mensagem no privado, abordando essas manchetes agressivas que em nada eu concordava!
Fala sério, que absurdo! Parecia que eu estava lendo um livro do século passado – no qual precisei ler para o meu TCC da faculdade – , sobre a história da prostituição, em que tudo, até o próprio autor da obra, é contra a atividade, falando mal, a todo custo, a cada frase.
A página me respondeu.
Se pautam pelo todo? Claro que não, né? O todo é O Todo e eu não estou incluída nele! Não é porque eles estudaram somente sobre as oprimidas que a prostituição não possa ter os dois lados! Continuei o debate:
Novamente me responderam:
99%?? Mas não é meixmo! Se querem dizer que são a maioria ok, mas dizer que são 99% é muita forçação de barra! Que dados estatísticos são esses que deixaram de fora todas as acompanhantes de luxo e modelos ficha rosa? Elas representam apenas 1% desse Brasilzão? Certeza? Sei não, hein!
Sim, continuei debatendo pois é um assunto que me interessa e argumentaria até o final. Já eles, por sua vez, estavam ficando cada vez mais sem munição. Me responderam perguntando de onde vinha a minha certeza.
Nesse ponto do debate percebi que nada que eu dissesse os fariam repensar os seus conceitos. Eles continuariam falando mal da prostituição, independentemente de quem estivesse defendendo, como se marginalizar a atividade fizesse com que a mesma fosse extinguida instantaneamente.
Ignoraram todos os meus argumentos e apenas perguntaram qual porcentagem eu chutaria, já que não concordava com os 99%. Respondi 70% (ainda concordei que, talvez, com a maioria das mulheres não seja uma experiência satisfatória), o que só lhes deu manga para contra-argumentar:
Nem sei se o meu percentual estimado está correto, talvez seja até mais (ou menos), mas a essa altura isso era o que menos importava. Apontei para um problema muito maior! O problema não é a prostituição em si, mas a maneira como essas mulheres adentraram nesse meio! Pois se o problema fosse a atividade, não existiriam pessoas “bem sucedidas” como eu, por exemplo.
É muito fácil falar de prostitutas menores de idade no Nordeste, mas entrar na questão de como elas foram parar nesse meio, nada, né? A família que vende a própria filha, tudo bem? A culpa é da prostituição por existir ou de pessoas que se apoiaram nela, de maneira errada, para tirar proveito financeiro? Os problemas dessas mulheres não começaram em onde eles foram parar e sim em como elas foram.
Nesse momento em que me aprofundei mais no x da questão, fui ignorada. Claro, é muito conveniente calar a boca quando não se tem mais argumentos. Eu só fico preocupada com os números de pessoas alienadas que seguem essa página. Essas 70% ou 99% de mulheres aliciadas continuarão existindo e vivenciando péssimas experiências, enquanto a prostituição continuar não sendo corretamente abordada.
Vamos debater a respeito também? Qual a opinião de vocês sobre isso?
Eu nunca te contei, mas por um período, enquanto acompanhante, eu tinha um desejo latente em ser agenciada por Booker. Mesmo que ele ficasse com um percentual do encontro, pois imaginava ganhos mais interessantes, além da oportunidade de me relacionar com clientes de poder aquisitivo maior, que talvez não se arriscassem contatando uma gp diretamente, sem um intermediário lhe garantindo total anonimato.
No entanto, apesar de ter muitos bookers à solta por aí, só tive duas experiências e uma delas foi bem traumática (hoje já superada). A primeira experiência foi mais light. Uma mulher. Ela queria marcar um almoço para conversarmos, mas foi logo quando comecei, minha agenda bombava, eu não conseguia uma brecha para encontrá-la e sempre priorizava os meus clientes. Ela insistiu por um tempo, até recomendou que eu ocultasse o valor do meu cachê no meu site, recomendações essas que ignorei. O blog é meu e eu deixo disposto a informação que eu quiser, pensei. Ela acabou desistindo e não me contatou mais.
A segunda experiência que tive já foi mais intensa. Presencial.
Quem me acompanha há mais tempo, deve lembrar de uma postagem que fiz com o título “Despedida de Solteiro”. Foi um post muito acessado, em que relatei a minha participação nesse tipo de evento com outras acompanhantes. Infelizmente a postagem não está mais disponível no blog, as meninas que estiveram presentes já não atendem mais e vez ou outra me enviavam mensagens para que eu removesse os seus nomes. Para evitar de ficar editando toda hora, preferi ocultar.
Nessa despedida, conheci uma garota que não foi citada em tal relato, pois no evento em si não tivemos nenhuma interação. Era uma ruiva, com um ar de sabichona. Ela falou sobre um booker que a agenciava e vendeu a ideia como se fosse a coisa mais incrível do mundo. Para ser agenciada por ele, bastava apenas uma visita no seu apartamento para que ele me conhecesse e se gostasse de mim, estaria no esquema! Confesso que no fundo achei um pouco estranho que fosse somente isso e questionei mais alguns pontos, mas a ruiva foi muito enfática, dizendo que ele era gay, e que no mínimo seria divertido ir lá conhecê-lo. Se a própria estava dizendo isso, confiei.
Na época eu ainda residia em Guarulhos, mas já morava sozinha, e não tinha muita manha de andar em São Paulo. Até então, só encontrava os clientes nos hotéis Lido, Gloria ou Metrópolis, por estarem localizados próximos a estações de metrô. Não tinha o hábito de usar Uber (coisa que só comecei a fazer mais tarde, quando me mudei para São Paulo). Combinamos que eu iria até o apê dele por minha conta (no Morumbi) e na volta ele chamaria um Uber pra mim, até Guarulhos.
Cheguei no apartamento dele por volta das 19h ou 20h, não me recordo ao certo, só sei que já tinha anoitecido. O prédio, na época, me pareceu bem sofisticado, assim como o apartamento dele, que possuía até uma jacuzzi na varanda. Ao me receber tive a impressão dele ser bem articulado, carismático. Me ofereceu uma bebida (cuja garrafa ele abriu na minha frente), bebericamos, conversamos, ele me mostrou algumas partes do seu apartamento, disse que era dono de uma marca de maquiagem e ainda me mostrou alguns mimos que eu ganharia quando fosse embora (bolsa e maquiagem).
Após um tempo de conversa na varanda, com a jacuzzi atrás de nós borbulhando naquela luz verde que emergia de dentro da água, e uma música agradável de fundo, ele começou a ficar mais à vontade. Tirando sua roupa. Não ficou completamente nu, mas ainda assim foi estranho uma pessoa se despir daquele jeito sem nenhum contexto. Depois quis me mostrar o restante do seu apartamento e chegamos no quarto. Ele se sentou na cama e percebi que queria algo a mais comigo.
Sendo bem sincera com você, não vou ser hipócrita dizendo: “Teste do sofá? Que coisa imoral! Jamais faria!” O problema aqui é que: eu fui enganada! Aquela ruiva aliciadora disse que ele era gay! Não disse que eu precisaria mostrar quaisquer “habilidades”. E sério, se ela tivesse sido transparente quanto a isso, eu talvez aceitaria da mesma forma, mas iria outro dia, em outro momento, mais preparada para aquilo.
Naquele dia eu tinha atendido três clientes e três era o meu limite diário. Mais do que isso minha xana ficava assada, me impedindo de trabalhar pelos próximos dias. Então não é que eu não estava disposta a transar com ele se fosse preciso, eu não estava disposta Naquela noite. Me senti ludibriada e não estava preparada fisicamente, nem psicologicamente para isso.
Ele tentou me beijar, me seduzir, mas não rolou. Não me forçou, mas via-se que ele não estava gostando da rejeição. Nosso encontro minguou e no seu comportamento pude perceber que se eu não queria dar para ele, então não fazia sentido a minha presença ali, reduzida a uma grandiosa insignificância. Não me deu os tais mimos, chamou o Uber pra mim e me acompanhou até a portaria do prédio.
Eu disse para ele que podíamos marcar outra data, que naquele dia eu já tinha atendido e não estava disposta (preocupada ainda em dar satisfações) e ressaltei que a garota disse que ele era gay. Ele manteve a cordialidade, mas o que veio a seguir me mostrou que ele só estava mantendo a pose.
Nos despedimos e me encaminhei até o Uber que ele tinha chamado. Um minuto depois que a corrida iniciou, ele a cancelou, comigo dentro do carro. Achei aquilo tão baixo. Na hora me bateu o desespero e lhe enviei uma mensagem, perguntando porque ele tinha feito aquilo. Ele respondeu o seguinte: “Se você não tem obrigação de transar comigo, então também não tenho obrigação de pagar a sua viagem”. Ainda recebi mensagens malcriadas da ruiva por eu ter revelado que ela o apresentou como gay, sendo que a errada, por ter mentido, era ela!
Eu comecei a chorar dentro do carro, assustada com a situação. Eu não tinha o hábito de pegar Uber e desembolsar mais de R$ 100 numa corrida pra mim era uma fortuna (ainda é na verdade, rs). O motorista foi super bonzinho, tentando me acalmar, devia ter achado que era um namorado meu me sacaneando, não fazendo a menor ideia de que eu era uma gp e que quem chamou a corrida foi um booker criminoso. Por sorte eu tinha dinheiro na bolsa, dos atendimentos do dia. Paguei a viagem com dignidade, mas fiquei realmente muito transtornada com toda aquela situação.
Eu jamais havia sido tratada com tal desrespeito, por ninguém e tampouco pelos clientes, ao contrário, era mimada e paparicada, então aquela situação pra mim foi a pior experiência possível. Hoje, quando olho pra trás, não acho mais tão assustador assim, mas na época foi muito. Era o meu segundo ano como acompanhante, cabaço em muitas coisas, fiquei traumatizada de lidar com outros bookers. Ainda fiquei me culpando, pensando: “Se eu tivesse dado pra ele, nada disso teria acontecido”.
Na época fiquei com muita vontade de soltar o verbo aqui, nessas páginas, igual eu sempre fazia com os clientes desagradáveis ou com as postagens do “Cuidado Ao Abordar Uma GP”, mas eu não sabia o alcance do meu blog, temia chegar até ele e sofrer alguma retaliação, visto que ele tinha o meu endereço no seu aplicativo do Uber.
Quatro anos depois, em junho deste ano, descubro que ele foi indiciado por tráfico de mulheres! Saiu numa edição do Fantástico a reportagem:
Na época me culpei por não ter dado certo, mas a vida se encarrega de todas as coisas. Ainda bem que não rolou! Me ralei no chão para evitar que um acidente maior acontecesse e o machucado fosse mais profundo.
Por essas e outras que decidi lançar o serviço de Coach para garotas iniciantes. Acho que muito da minha experiência como acompanhante poderia ter um propósito ainda maior, tive muito crescimento pessoal e financeiro, nesse período de quase 6 anos. Sempre existiu a prostituição e sempre vai existir! É a profissão mais antiga do mundo! Modelo ficha rosa, acompanhante, messalina, garota de programa, puta, meretriz, muitos nomes, pequenas diferenças, a atividade principal continua sendo a mesma. Então por que não ensinar a essas mulheres os traquejos da profissão? Principalmente as novas, sem que elas precisem penar para entender como funciona esse mercado. Dicas para que situações recorrentes sejam evitadas e que “ossos do ofício” também possam ser encarados de forma mais amena possível.
Eu tive sorte, não tive traumas. Mas quem garante que com todas também será assim?
Que saudade dessas páginas…! Essa semana naveguei por você, relendo postagens antigas e senti um falta daquela satisfação em alimentá-lo. Aliás, passamos tantos momentos bons, engraçados, tensos e até melancólico juntos. Assim como ciclos se renovam, acredito que esteja na hora de te trazer novidades também! Mas claro, sem perder a sua essência das publicações.
Desde o princípio, sempre quis ser mais do que uma acompanhante comum, sabe? Quando adentrei nesse ramo, me deparei com uma profissão completamente marginalizada pela sociedade e isso me incomodava bastante, porque no fundo eu sabia que não era sujo e indigno como muitos viam. Eu não podia falar para ninguém o que eu fazia, mesmo que fosse algo que além de pagar as minhas contas, me privilegiasse conquistar meus objetivos, porque eu sabia que a partir do momento que eu revelasse, poderiam me tratar diferente, me olhar diferente e eu não queria esse tipo de julgamento. Optei pela privacidade muito mais por uma questão de evitar polêmicas, do que por preconceito de minha parte.
Estudei jornalismo na faculdade e para o TCC escrevi um livro reportagem sobre “O Preconceito Com A Prostituição” – ainda convidei para a minha banca uma professora que, sem nunca ter dito abertamente, eu tinha consciência de que a mesma sabia o que eu fazia, a convidando justamente para mostrar que eu era uma puta com propósito! Rs. – Acho que eu nunca contei nessas páginas sobre esse meu processo durante a faculdade, né? Pois irei contar agora!
Trabalho de Conclusão de Curso
No meu último ano da faculdade (2018) a minha cabeça estava uma bagunça. Envolvida por um cliente casado, cujo envolvimento me atrapalhava muito como profissional e também como estudante, ele tinha muito ciúmes dos meus clientes e eu matava muitas aulas para encontrá-lo a noite.
Quando brigávamos (o que acontecia com muita frequência) eu chegava aos prantos e atrasada em muitas aulas importantes, o que fazia com que eu estivesse ali, mas sem estar presente. Não me dediquei as aulas que mais precisava e quando começou o trabalho de preparação do TCC me vi num trio com mais duas amigas, sendo completamente levada pela correnteza. Eu não me identificava com o tema definido por uma delas (“Casamentos Inter-religiosos”), mas também não tinha a menor ideia do que eu poderia fazer.
Quantas vezes entrei em conflito comigo mesma, pensando: “Após quatro anos de faculdade, é sobre isso que será o meu TCC?”. Eu me sentia uma inútil. Não conseguia dar um rumo para a minha vida acadêmica, não me conectava com o tema definido e ao mesmo tempo não fazia a menor ideia do que eu poderia fazer de diferente.
Até que, numa noite, após sair de um encontro, ir para a aula e continuar refletindo sobre tal encontro, me dei conta do óbvio: O tema que eu tinha maior afinidade era o sexo! Na hora me deu um start e pensei: “É isso! Preciso falar sobre sexo!” Mas o que sobre sexo eu poderia falar, que fosse relevante para a sociedade?? Fiquei pensando, pensando, até que me ocorreu: “Eu poderia falar sobre o preconceito que a sociedade tem com a Prostituição!” Imediatamente foi como se tudo ganhasse um novo significado. Faltava apenas uma semana para a entrega do pré-projeto do TCC, no meu grupo já estava tudo encaminhado e eu me vi empolgada em começar tudo do zero.
Cheia de dedos falei com a professora no final da aula, receosa que ela fizesse qualquer associação por eu ter tanto interesse no assunto. A nossa conversa foi melhor do que eu imaginava. Ela achou o tema relevante, polêmico e super diferente, mas não me incentivou a trocar, àquela altura do campeonato, visto que o pré projeto do meu grupo estava quase finalizado. Ela disse: “O pré-projeto de vocês já está quase pronto e tá ficando muito bom! Resta muito pouco tempo pra você recomeçar sozinha agora”. Acreditem, eu saí da mesa dela mega empolgada pela aprovação do tema, do que desestimulada pelo tempo escasso que eu tinha.
De repente o TCC ganhou um brilho pra mim! Eu me empolguei de refazer todo o processo, ainda que até ali eu mal tivesse contribuído. Assim que cheguei em casa, toda engajada e animada por ter encontrado o meu propósito, já comecei a reescrever a justificativa, os objetivos e etc. Avisei as minhas amigas que trocaria de tema e me diverti com as suas reações espantadas, rs. O que eu tive seis meses para fazer, fiz em uma semana. Perfeito não ficou, mas ruim também não. Meu pré-projeto foi aprovado e eu estava em êxtase!
Para o projeto final entrevistei quatro perfis específicos de clientes, de acompanhantes e estudei sobre a origem da prostituição. Tretei com a minha orientadora (nem tudo são flores), mas no dia da banca, apesar de algumas sugestões de melhorias advindas da péssima orientação que tive, consegui tirar dez! Foi muito incrível aquela sensação maravilhosa de objetivo alcançado! ??
Tive a minha glória com o TCC, mas não levei o projeto adiante. Quando termina você só quer curtir o fechamento daquele ciclo. Quantas e quantas vezes não iniciei a edição do meu livro reportagem, alterando para as sugestões que foram feitas e abandonei? (Quem sabe agora retomo?)
Tudo isso para dizer que desde o início eu sempre fui muito insatisfeita com a maneira como essa atividade é tratada. Não tem treinamento, preparo, você aprende tudo na raça e se tiver sorte não sairá traumatizada. A própria palavra que define a atividade é pesada, pejorativa e feia. Então cá estou eu para mudar esses conceitos e ajudar essas mulheres que querem trabalhar como acompanhante, querem ter a sua independência financeira e não sabem por onde começar.
Coaching
Como já venho falando disso há algum tempo, meu próximo livro (que está quase saindo do forno) será direcionado a essas mulheres, que querem adentrar na profissão, ou simplesmente conhecer mais sobre, agregando maior tempero as suas relações íntimas.
Dias atrás recebi um contato pelo Instagram de um ex cliente, me solicitando uma mentoria para uma jovem que quer começar na atividade. Fui remunerada por isso, então já posso dizer que tive a minha primeira pupila! ? Conversamos por duas horas via WhatsApp e foi uma conversa muito interativa e produtiva. É uma delícia essa sensação de poder agregar conhecimento na vida de alguém.
A minha mentoria consiste em um bate papo de pelo menos duas horas, para discutirmos tudo que é necessário para começar, desde o seu preparo psicológico até o dia a dia da profissão.
Em nenhum momento pretendo incentivar essas meninas a entrarem nessa atividade. Quando chegarem até mim, essa decisão já terá sido tomada por elas mesmas. O meu papel é apenas instruí-las para que tenham as melhores experiências possíveis nesse meio. Mais do que apenas passar o caminho das pedras, eu quero acompanhar a evolução delas de perto. Quero que vejam em mim alguém que realmente possam contar.
Quem sabe esse blog volte a ser mais movimentado com postagens desse tipo sobre essas novas vertentes?